Mudança é, e sempre foi, a palavra ''mágica'' em época de eleições. Aqui, e em todas as partes. ''Change'' é o slogan predileto de Obama e, para surpresa de muitos, até mesmo os republicanos parecem ter descoberto o efeito desta simples palavrinha. Em conseqüência, o discurso de McCain na convenção republicana se assemelhava ao discurso de um feroz oposicionista, contra os ''burocratas de Washington''( OBS: John McCain é senador em Washington há muitos anos...)e pela ''mudança''. Se, aparentemente, todos queremos a ''mudança'', quais podem ser os obstáculos? E mais: será que as pessoas querem mesmo as tais de mudanças? Vejamos um exemplo no mundo da ficção. Imagine que você é um náufrago, e foi parar em uma ilha deserta do Pacífico. É de se imaginar que você- e os demais membros da tripulação e passageiros do seu navio, avião, etc. - queira por todos os motivos voltar para casa. Certo? Errado. Em ''Lost'', seriado de que acabei de assistir todos os episódios da Primeira Temporada e brevemente iniciarei a segunda, nem todos tem uma reação tão previsível. Aqueles que mais abraçam a mudança, e se sentem como ''peixes dentro d'água em meio às incertezas e perigos do destino( como o personagem ''John Locke''), representam ,na verdade, uma minoria. O filho de outro personagem- ''Michael''- chega, sugestivamente, a botar fogo no primeiro barco que eles constroem para escapar da ilha...O motivo: ele está farto de tantas ''mudanças''( dos Estados Unidos para a Inglaterra, e depois para a Itália e, enfim, para a Austrália...!). O medo de uma nova mudança pode fazer com que queiramos queimar a nossa única chance de escapar de uma ilha deserta no meio do nada...''Mais vale'', na cabeça destas pessoas, ''um pedaço de solo firme embaixo de nossos pés''- mesmo que seja em uma ilha!- do que correr o risco de uma nova aventura...É por isto, exatamente por isto, que a mudança tão apregoada por muitos acaba, na verdade, sendo característica de poucos. MUDANÇAS TEM PREÇO, ÀS VEZES BEM ALTO...As mudanças drásticas que o mundo experimentou após a crise de 29 nos Estados Unidos geraram, como conseqüência imediata na Alemanha, um exército de novos seguidores e eleitores para os nazistas...Quando as coisas apertam, quando a crise se avizinha, na verdade este é o momento em que, embora da boca para fora continuem defendendo novidades, as pessoas menos querem saber de qualquer espécie de mudança...Nem toda mudança é fácil, nem toda mudança é para melhor...É por isto que, em meio a uma das maiores crises de todos os tempos com o fechamento de inúmeras empresas e o surgimento de milhões de novos desempregados, a América tradicional- aquela do interior, das regiões produtoras de alimentos, das inúmeras cidadezinhas- morre de medo, na verdade, de qualquer tipo de mudança. Justamente por estarem em meio a uma das maiores mudanças de todos os tempos...Os chineses, ao contrário, embarcaram com tudo no trem das mudanças. E destroem cidades inteiras, se necessário, para construir uma nova hidrelétrica ou estrada...Este é o preço, caro, que se paga por uma mudança. Vá perguntar para os camponeses da China se eles estão gostando de todo este processo...Não, porque eles estão ''pagando um alto preço'' pelas mudanças tão benéficas para os habitantes dos grandes centros...E o Brasil? O Brasil sofreu uma das maiores mudanças de sua História há quase duas décadas. O Governo Collor, reconheça-se este que foi um de seus poucos méritos, abriu o mercado para produtos importados. O Brasil, na sua opinião, precisava de um ''choque de modernidade''. Collor abriu, e os demais governantes não tiveram coragem de fechar as portas novamente...As pessoas gostaram de ter acesso a bons produtos, a preços mais acessíveis...Todos queremos o ''novo''. Todos queremos ''mudar''. O paradoxo da mudança, tema deste post, é que- quando vivemos tempos de ''Revolução Permanente'', em que a mudança, mais do que novidade, faz parte indissoluvelmente do nosso dia-a-dia- todas estas dolorosas mudancinhas nossas de cada dia vão minando cada vez mais a nossa vontade de experimentar...E a curiosidade, com o risco de ''errar'' ou ''acertar'', é o alicerce de qualquer processo de mudança digno do nome. Por isto fala-se tanto em ''mudanças'', prega-se tanto as ''mudanças'' em qualquer Manual de Negócios digno do nome, promete-se tanto as tais das ''mudanças'', e a maior parte das pessoas- como aquele simples garotinho lá de ''Lost''- quer mais é queimar as poucas balsas que podem nos salvar deste pequeno pedaço de solo no ''fim de mundo''...Pequeno mas ''nosso'', e ''firme'' ( até que chegue a primeira maré e alague toda a nossa ''ilha'', a ''ilha'' das nossas certezas e convicções). Pergunto: quem quer mudar? Cuidado, é ''arriscado''...
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Pensando ao contrário...
Nas livrarias, há tempos que o livrinho com as letras invertidas na capa chamava a minha atenção. Até o momento em que deparei com um não plastificado, e comecei a lê-lo ao acaso. Foi impossível sair da loja sem levar um...Simplesmente TUDO tinha um enorme significado... Eis uma obra de difícil classificação, dada a sua utilidade para executivos, estudantes, profissionais de todas as áreas, qualquer um que queira aperfeiçoar sua vida. O autor, Paul Arden, não é modesto: ao lado de seu nome, na capa, há a informação de que ele é o ''autor do livro mais vendido do mundo''. Será este? Seria este ''Tudo o que você pensa, pense ao contrário''? Selecionamos um pequeno trecho, para dar ''água na boca'' aos nossos leitores: ''NÃO EXISTE UM PONTO DE VISTA CERTO: Existe um ponto de vista convencional ou popular. Existe um ponto de vista pessoal. Existe um ponto de vista amplo que a maioria compartilha. Existe um ponto de vista insignificante que apenas poucos compartilham. Mas não existe um ponto de vista certo. Você está sempre certo. Você está sempre errado. Depende apenas do pólo a partir do qual você é olhado. Avanços em qualquer campo se baseiam em pessoas com o ponto de vista insignificante ou pessoal'' ( páginas 78/79). Isto combina com o meu jeito de pensar. Só que eu usei inúmeros textos para tentar transmitir esta mensagem tão bem condensada pelo autor Paul Arden neste ''livrinho'', e neste pequeno trecho... Eis uma bela prova do velho ditado: ''os melhores perfumes vem nos menores frascos''...Para concluir este post, o texto ''ROUBE: Roube de qualquer lugar que resulte em inspiração ou incendeie sua imaginação. Devore filmes, música, livros, pinturas, poemas, fotos, conversas, sonhos, árvores, arquitetura, placas de rua, nuvens, luz e sombras. Escolha para roubar apenas coisas que falem diretamente á sua alma. Se fizer isto, seu trabalho( e roubo)será autêntico. A autenticidade é inestimável. A originalidade não existe. Não se dê ao trabalho de ocultar seu roubo- celebre-o se quiser. Lembre o que Jean Luc Godard disse: ' Não importa de onde você tira as coisas- importa é para onde você as leva'. Ao final Paul Arden acrescenta, em letras minúsculas: ''Roubei isto de Jim Jarmusch'' ( cineasta norte-americano). Este texto ''Roube'' está na página 94...Aos que acharem caro um livro que custa, no Brasil, R$29,90, um lembrete: ele vale muito mais do que isto...Se eles optassem por uma edição ''baratinha''/''popular'', teriam de cortar boa parte das inúmeras ilustrações que fazem parte desta bela e inspiradora obra...PS: Título em inglês- ''Whatever you Think, Think the Opposite''. Edição brasileira: Editora Intrínseca, Rio de Janeiro, 2008.
domingo, 7 de setembro de 2008
Com a cara na parede...
Não sou um planejador. Segundo uma amiga nissei, no exterior as pessoas adquirem ingressos para espetáculos musicais com mais de um ano de antecedência. Certamente alguns meses no caso da Sala São Paulo de música clássica. Eu prefiro ler um dos suplementos culturais que são publicados nos jornais locais às sextas-feiras, que levo para cima e para baixo, e escolher na base da ''intuição''. Se é bom para mim? Até agora tem sido, mas de vez em quando tem seus inconvenientes...Uma semana atrás fui assistir uma mostra de cinema uruguaio no Memorial da América Latina. Enquanto fazia hora, decidi passar no Sesc mais próximo para garantir, com algumas HORAS de antecedência, um ingresso para uma peça que está em cartaz na unidade provisória do Sesc na Avenida Paulista. ''Cordélia Brasil'', com Maria Padilha. A moça do Sesc olhou a telinha do computador, olhou, ligou para um superior, e informou que ''não havia mais ingressos para a peça''. E amanhã, eu perguntei? Ela olhou novamente, e estava tudo reservado! Olhou uma semana após, justamente este final de semana, o último da peça em cartaz, e também nada de ingressos...Voltei contrariado para o Memorial da América Latina e, após cerca de meia hora de espera, alguém informou que ''o rapaz encarregado da exibição do filme ainda não havia chegado''. Fui embora consolar-me na Livraria Cultura do (Shopping)Villa Lobos...Hoje aconteceu algo parecido. Me programei desde sexta-feira para uma mostra de todos os filmes de Alain Resnais no CCBB/SP. Definitivamente Resnais não é um cineasta ''popular'' em terras brasileiras, apesar do imenso sucesso da película ''Medos Privados em Lugares Públicos''- já comentada neste blog. Porém o cineasta ''cult'' francês, em uma cidade do porte de São Paulo, e foi o que duramente descobri, é bem capaz de atrair cerca de 100 fãs de sua obra. Ainda mais em um domingão à tarde...Mesmo chegando com uma hora de antecedência ao CCBB, situado nas imediações da Praça da Sé, em uma verdadeira ''operação de guerra'' em que saí apressado do restaurante e peguei um táxi para deslocar-me, os ingressos já estavam esgotados...''Quem manda não planejar'', já ouço sua voz recriminando-me. A mostra está só começando: terei uma nova oportunidade na próxima sexta-feira de ver os mesmos filmes que perdi hoje. Mas tudo isto só ilustra a dificuldade que é viver em um lugar cheio de gente...A Mostra de Cinema de São Paulo também está chegando e, desta vez, talvez seja hora de um pouco mais de ...planejamento...Quem vive por aqui sabe o quanto faz diferença uma escolha mais apropriada de horário( chegar aos restaurantes uma da tarde ao invés de três; assistir a primeira sessão de cinema dos domingos, ao invés da super-lotada segunda sessão; deixar para ir ao cinema durante a semana, de noite, ao invés de nos finais-de-semana). Todos estes são pequenos detalhes que, somados, podem fazer a diferença entre um programa bem-sucedido e outro não...PS: Para ''chorar as mágoas'' dirigi-me a uma ótima doceria francesa nas imediações da Avenida Paulista- chamada ''Patisserie Douce France''- com telhado de vidro e mesas com uma bela visão da rua. Detalhe: o sorvete deles, sensacional, é de FABRICAÇÃO PRÓPRIA...Tem sabores ''café'', ''avelãs'', entre outros. Eles também fazem chocolates, doces e tortas incomparáveis. Porém mesmo aqui, em um domingo à tarde, só havia uma mesa. Dentro da doceria, sem visão de fora nem teto de vidro...Quem manda não planejar as coisas???!!!
Mudanças no Blog?
O maior risco de ser prolixo é que sempre é possível encontrar alguma coisa que já dissemos em sentido contrário do que estamos defendendo hoje...E se, em uma vida inteira, as pessoas já se chocam com as nossas guinadas( já dizia o grande Raul: ''prefiro ser uma metamorfose ambulante''...), é engraçado constatar que, mesmo em um blog despretensioso de pouco mais de um ano, as mesmas coisas também acontecem...É assim que o amigo ''dudaleu'' - ao melhor estilo do crítico de cinema do ''Estadão'' Luiz Carlos Merten, que tem um blog quase só de textos e com apenas UMA imagem- coloca-se totalmente contra a idéia de postar minhas fotos neste blog. ''Faça um outro blog só com imagens'', sugeriu. E ainda ''ameaçou'' apontar a ''incoerência'' desta minha atitude em relação ao texto apaixonado em que defendi a força das palavras...Antes uma explicação: todo este diálogo foi travado por email. Mesmo os meus conhecidos, sabe-se lá por que, ficam intimidados com a simples idéia de opinar neste blog. Eles, talvez muito mais informados e fundamentados do que eu na minha ''ingenuidade'' de expor-me em público, tem ''medo''. É assim que recebo seus comentários por email, e o blog continua como no início: ''imaculado'', ''virgem'' de opiniões e comentários, exceto as de seu megalomaníaco e paranóico criador...Posso- não só posso como ''sei'' que isto já acontece em grande quantidade- estar falando as maiores bobagens aqui, e que o silêncio pode simplesmente ser apenas uma forma educada de não nos contarem o ''mico'' que estamos pagando...Enfim, a idéia do amigo foi a de criar- algo muito mais próximo a partir do momento em que comprei outro celular para tirar as minhas fotos e postá-las por aqui- um ''blog de fotos''...Uma outra idéia que passa por minha cabeça é a de um blog em língua inglesa. Algo bem factível, uma vez que sou capaz de ler textos nesta linguagem, e fiz um curso há muitos anos de inglês. E até entendo alguns trechos de filmes e programas sem legenda. Só não vão- como nas provas do Itamaraty, em que eles vão ''descontando'' cada pequeno erro até chegarmos a um resultado próximo de zero...- esperar que eu tenha a mesma facilidade do Português nativo. Talvez não seja um desastre completo em relação ao que é postado na Internet por estes dias...Enfim, concluindo, idéias não faltam. Talvez seja mais apropriado testá-las aqui, e esta é a minha grande diferença em relação ao amigo, do que dispersar todos estes pequenos esforços na criação de uma série de ''micro-blogs'' relacionados mas nem tão conhecidos...Mudanças virão, é certo, mas em dosagens homeopáticas e microscópicas. O maior ''defeito'' das pessoas mais velhas é que elas costumam repetir-se automaticamente, sem pensar. Os mais jovens não: embarcam ''de cabeça'' em qualquer nova ''onda'', e não tem medo de experimentar coisas. Será que isto é ''bom''? Ou ''ruim''? Idéias para um futuro post...
''Restaurante de sobremesas'' - II
O tal ''restaurante de sobremesas'' , não por acaso mostrado em um programa sobre a culinária ''chique'', tem um padrão capaz de decepcionar boa parte dos ''gourmets'' nacionais: as porções eram todas extremamente pequenas...Como nos restaurantes que seguem a culinária francesa, aqui e mundo afora. Este , afinal, foi o primeiro grande choque que tive com os restaurantes ''chiques'', em especial os franceses. Sempre tinha, além de uma incômoda sensaçáo de estar sendo ''roubado'' por pagar caro para comer só aquele ''pouquinho'', fome ao final da refeição...! Isto por desconhecer que a cozinha francesa adota todo um complexo ritual, no qual nada deve ser descartado: entrada, prato principal e sobremesa. No dia em que, enfim, experimentei pedir uma entrada, as coisas mudaram, e hoje sou ''fã'' deste tipo de cozinha...Claro que isto continuará a chocar mentes e estômagos em um país onde tudo é tradicionalmente ''over'': fartas porções de entrada, ''pratões'' que quase nunca são devorados até o fim, sobremesas gigantescas com MUITO açúcar...Desperdício...Onde mais encontramos isto é nos restaurantes que seguem as culinárias italiana e portuguesa, muito populares entre nós. Assim como nos chamados restaurantes ''a quilo''( não por acaso os lugares onde mais ganhamos ''quilos'' extras...), churrascarias e nas feijoadas... O ''chique'' é justamente o oposto de tudo isto: pratos belos e decorados, com aquela pequena porção do que pedimos no centro( carne, peixe, frango, etc.). Começa a ser comido com ''os olhos'' primeiro. Depois, caso costumássemos comer rápido tal como nas lanchonetes americanas, devoraríamos o ''pratinho'' em segundos...As tais sobremesas do ''restaurante de sobremesas'' eram assim: cabiam em uma colher...Decepcionados? Mui provavelmente sim, pois não dava para repetir...O ''chique'', para não se tornar ''abominável'', tem de ser necessariamente lento. É assim que os franceses, todos em geral muito magros em comparação com seus similares norte-americanos e brasileiros, passam HORAS degustando pequenas porções e beberiscando- em um agradável RITUAL...Demonstrando assim que alimentar-se é algo mais complexo do que simplesmente botar comida na boca- e no estômago. O ''chique'' ainda choca, especialmente naqueles dias em que estamos com uma imensa fome. Nestas horas, o melhor é procurar o ''PF'' mais próximo, capaz de aplacar mais habilmente os nossos instintos animais. Enchendo o prato até a borda, e repetindo a sobremesa...Isto é que dá ''comer com fome'', pensaremos ao final da pantagruesca refeição. Para não exagerarmos nas porções o melhor conselho continua este: tanto nos restaurantes quanto nas compras em supermercados, o melhor é sair de casa já meio alimentado...
sábado, 6 de setembro de 2008
''Restaurante de Sobremesas(??!!!)''
Sexta-feira à noite. Após retornar para casa fiquei um tempo navegando pelos canais da TV a Cabo, até deparar com o ''Travel & Living''. Na tela um festival de delícias, no programa ''Cozinha Chic''. Antes um esclarecimento: não gosto de cozinhar. Mas aprecio o resultado...O programa, entremeado por comerciais de TV da Argentina(???!), o que aumenta ainda mais a nossa sensação de viagem, mostrou um estranho ''restaurante de sobremesas'' de Barcelona, na Espanha. Você não entendeu errado. O chef- um ''chef de sobremesas''- esclareceu que, antes de criar o seu peculiar estabelecimento, andava decepcionado com o papel secundário que as sobremesas tinham nos restaurantes tradicionais. E decidiu criar um em que elas fossem o ''carro chefe'', a atração da casa, com liberdade total para misturar sabores salgados com doces...O resultado, mostrado no programa- que nos deixou literalmente com ''água na boca''- são iguarias incomparáveis como ''sorvete de cenoura'' ou um similar de mostarda(???!!). Juro que algumas das sobremesas mostradas eram bem melhores que estas...Com aquela aparência que as coisas tem nestes restaurantes ''inovadores''( para isto é que existe também a função de ''designer de sobremesas''...). Constatar que alguém pode virar, de uma hora para outra, um ''chef de sobremesas'' em um restaurante dedicado exclusivamente para elas acaba, além de despertar nos telespectadores um enorme apetite, enfatizando que neste mundo não há nenhum limite ''intransponível'' exceto o de nossas mentes. Antes de saber que isto era ''possível'', a idéia sequer passava por minha cabeça. Alguém acreditou nisto, e concretizou...''Restaurantes de sobremesas'', saibam vocês, existem...E o que mais existe neste mundo que nós julgamos ''impossível'' mas está lá, existe? Por que alguém considerou aquilo viável?
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Nevoeiros...
Estou apaixonado pelo universo de ''Lost''. Tanto que, após assistir vários capítulos seguidos da primeira temporada, me aproximo cada vez mais do final da mesma. E quero mais. Já tenho a segunda caixinha. Falta a terceira. Mas este é o entretenimento, digamos assim, ''doméstico''. No último domingo eu queria esquecer todos os filmes ''cabeça''. Minha vontade era a de entrar em um destes cinemas de shopping, para assistir qualquer um destes inúmeros ''blockbusters'' em cartaz- por pura diversão. Nada de pensar. Nada de refletir sobre os bastidores da estória. Comprei ingresso para um filme ''tipo B'' chamado ''O Nevoeiro''( The Mist). Embora os efeitos especiais e as criaturas desta estória de Stephen King aproximem esta película dos filmes ''crash'' ele, na melhor tradição dos ''filmes-zumbi'' de George Romero, faz pensar. E como...O universo é semelhante ao de ''Lost'': imagine o que você faria em uma situação extrema em que tivesse que lutar pela própria sobrevivência? Todos pensamos que, em momentos como este, a tendência natural seria a de superarmos as nossas humanas diferenças em prol de alguma atividade em comum. Ledo engano...Em ''O Nevoeiro'' várias pessoas estão fazendo compras em um supermercado de cidade do interior americano. De repente alguém entra ensanguentado no mercado, dizendo que ''alguma coisa no nevoeiro lá fora havia provocado isto''...O mais legal do filme é ver as distintas reações a este fato: há os céticos, que não acreditam em nada e querem sair do mercado de qualquer forma ;os religiosos, para os quais tudo aquilo não passa de um ''castigo de Deus''; os práticos, para os quais é preciso organizar alguma forma de defesa das pessoas que se encontram naquele lugar. O mais assustador é que a ''coisa'' lá fora não tem forma, não se sabe como é nem como surgiu. Ela vai se manifestando em forma de tentáculos, depois de alguns bichos bem horripilantes...O grande ''barato'' de ''O Nevoeiro'' é que a estória toda, todas as mortes, são entremeadas por momentos de calmaria em que se debate qual seria a melhor atitude a tomar. Mistura de terror com ''filme cabeça''? Uma personagem, crente extremista, passa a polarizar cada vez mais as atenções, atraindo em torno de si um grupo cada vez maior com sua histeria ( qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência...). Descobre-se, no decorrer da estória que o trabalho de um grupo de cientistas havia ''aberto o portal para uma outra dimensão'', de onde estariam vindo os seres com aparência pré-histórica...Claro que, como na série ''Arquivo X'', os militares e o governo são culpados em grande medida, e ainda tentam acobertar a trapalhada toda...Não revelo, em respeito àqueles que porventuram possam querer assistir este perfeito ''filme B'', o interessante e irônico ''grand finale''...Eu não queria pensar assistindo filmes como este ''O Nevoeiro''. Mas, ''infelizmente'', a estória é boa, e faz-nos pensar mesmo ''contra a vontade''. Um cineasta argentino retratou os anos do Governo Menem como um longo nevoeiro. Estaria este falando dos anos Bush? Estariam as maiores cabeças do cinema norte-americano na inocente área dos filmes de terror? Surpresa agradável este ''O Nevoeiro''...
O Questionário de Palin...
Segundo a Folha de São Paulo de hoje, quinta 04 de setembro de 2008, ''foi revelada ontem parte do questionário de 70 perguntas que Sarah Palin teve de responder quando sondada para ser vice de McCain.''. Responda rápido, sem pensar: ''Você já baixou pornografia na Internet?'' (!!!), ''Você já pagou por sexo?'' (brrrrr!), ''Você já comprou ou usou drogas?'' ( inclui tabaco e álcool??!!!) e ''Você já foi infiel em seu casamento?" ( ''Jimmy'' Carter confessou, certa vez, ter sido infiel ''em pensamento''...Se este for o critério, quantos sobrariam???). A única coisa que Palin tem em comum com Hillary, ao que parece, é o sexo...Ou melhor, o fato de pertencer ao sexo feminimo- já que, segnndo consta, republicanos repudiam sexo pago, pela Internet, fora do casamento, pornografia e certos hábitos pouco usuais proibidos por parte dos estados americanos...O que sobrou de sexo, além do tradicional ''papai e mamãe'' com a própria esposa, afinal???
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Ladeiras...
Rio e Belo Horizonte tem um perímetro urbano, digamos assim, meio irregular As montanhas fazem parte do cenário local. No Rio não dá para andar livremente pelas mesmas, se é que vocês estão me entendendo...Mas em BH é possível, e ainda mais: é muito divertido ver todas aqueles morros integrados ao cenário local. Curitiba, o centro de Curitiba, é uma cidade plana. Talvez por isto, o pequeno declive próximo ao estádio do Atlético-PR é chamado, pomposamente, de ''Baixada'' ( só quem já esteve lá sabe que não é uma região como a Baixada Fluminense, e sim apenas uma área um pouco mais baixa que o resto...). Brasília, nas suas asas sul e norte, também tem pequenos declives. O suficiente para dizermos que, ao caminhar pela W3 Sul em sentido à Rodoviária, alguém está ''subindo a W3''. E São Paulo? São Paulo não tem morros no perímetro urbano. É possível- em vários lugares como a Barra Funda, a Avenida 23 de Maio, a Avenida Sumaré, entre outras- contemplar, ao fundo, as montanhas que circundam a capital paulista. Dentre elas o belo Parque da Serra da Cantareira, já mostrado em alguns filmes nacionais...Se São Paulo não tem propriamente montanhas, tem, em compensação, um relevo bastante interessante. O Estádio do Pacaembu, por exemplo, fica no fundo de um vale. Enquanto assistimos uma partida de futebol, podemos contemplar os inúmeros prédios ao redor e à distância, em um belo cenário. A Avenida Paulista, geográfica e mentalmente, é um divisor entre duas regiões da cidade: centro e Jardins. Ela e suas inúmeras torres de TV estão situadas numa das mais elevadas áreas da metrópole. Por estar no alto, quando nos encaminhamos para qualquer uma das duas regiões normalmente temos a clara sensação de que ''estamos descendo''. E para baixo, como diz o ditado, ''todo santo ajuda''. Em compensação, quando estamos em ''baixo''- onde estão situados vários restaurantes e supermercados- e precisamos voltar para a proximidade da Paulista, é necessário ''subir''. Imaginem o exercício que representa uma ''subida'' a pé, com várias sacolas de mercado na mão...Não há camisa que resista ao suor...E são apenas 10 minutinhos de subida! Certas ruas/alamedas, como a famosa Ministro Rocha Azevedo ou a Peixoto Gomide, ainda são mais íngremes- um verdadeiro ''teste para cardíaco''...Todos conhecem parte da topografia paulistana pela São Silvestre: costuma-se ''descer'' a Rua da Consolação, e a prova é geralmente decidida na ''subida'' da Avenida Brigadeiro Luís Antônio...Entre tantas descidas e subidas diárias acabamos nos acostumando a, em determinados momentos, chegar a lugares especiais de onde é possível contemplar toda uma região. Por isto, a região do Alto de Pinheiros possui uma praça chamada de Praça ''do pôr do sol''. Do alto da própria Vila Madalena também somos capazes de olhar para um imenso horizonte verde que nem parece fazer parte de uma das megalópoles mais poluídas do planeta...Este eterno ''sobe-desce'' paulistano assemelha-se às nossas existências, a não ser por um detalhe: ''descer'', na cidade, é gostoso- é como uma brincadeira- em comparação às inúmeras ''quedas''( quase nunca desejadas) que a vida, de graça, nos proporciona o tempo inteiro...Como está a ''sua'' ladeira? Você está suando, perdendo o fôlego para subir? Ou desce com a leveza de uma pluma? Melhor seria subir ''como um pássaro ou como um avião''? Sobe. Desce...
O fim, a neve, o éter...
Certas situações clássicas nos remetem ao fim: um problema grave de saúde, a visão de uma pessoa bastante idosa, um acidente de automóvel/ônibus/avião. Parece que nestas horas, principalmente nestas horas, nos damos conta de que a nossa permanência aqui tem data e hora para terminar. Não nos pergunte quando, que seja o mais distante possível, mas tem...A neve, para mim, tem um efeito um pouco diferente. Não conheço a neve pessoalmente, ''ao vivo'', falo do frio das imagens de cinema e TV que, exatamente pela distância e desconhecimento, assume ares de algo etéreo, ''imortal'', ''perfeito''. A neve- lembrar também que o gelo suspende o processo de decomposição dos corpos, servindo para conservar inúmeros seres bem antigos que já passaram por este pequeno planeta- remete à idéia de SUSPENSÃO do tempo. Nestas horas lembramos do personagem do filme ''Na Natureza Selvagem'', que tanto elogiamos neste blog, no momento em que ele atinge a sua ''meta'': chega ao Alaska. Toda aquela brancura espalhada pelo cenário inóspito parece surreal: temos a impressão de que aquilo está fora da realidade, do que conhecemos, o gelo- e o decorrente frio que emana de todos aqueles blocos de gelo- é tudo o que existe, ''desde sempre'', e nada mais há fora daquilo. O calor acelera, dá energia, alegra uma multidão de fiéis apreciadores do sol, e o frio congela. Congela as pessoas- que, dizem, envelhecem menos em lugares frios- e as lembranças. Justamente por nos remeter ao extremamente físico- à preocupação com o que é mais básico: a pura necessidade de sobrevivência- lugares gelados acabam, paradoxalmente, pelo estado de suspensão que provocam em todos nós, levando-nos também a algo além, ao infinito cósmico. Neles nos vemos como realmente somos: seres espirituais, infinitos, que não podem envelhecer ou morrer, que não podem ser atingidos por algo tão limitado quanto é o tempo e sua ação sobre os nossos corpos. Apenas um porém: mas o cosmo não é escuro como o éter? Como conciliar a extrema brancura do gelo com a ''escuridão'' infinita dos céus? Em nossas mentes embriagadas( êpa!)e extasiadas diante de tanta beleza e silêncio já não dá para distingüir entre uma coisa e outra. Brancura e escuridão se entrelaçam em inúmeras danças e jogos entre si, uma como o ''portal'' da outra, não importa, reflexos da dualidade deste mundo-tudo nos remetendo ao infinito...
Sucesso Duradouro...
Em uma época em que os filmes duram tanto quanto as pipocas consumidas durante sua exibição, é surpreendente que uma película continue a fazer sucesso UM ANO após a sua estréia. Este é o caso do filme francês, dirigido por Alain Resnais, ''Medos Privados em Lugares Públicos''. Acabei de assistí-lo, pela segunda vez. E não foi em uma das acanhadas salas do cine Belas Artes, um belo e tradicional cinema de rua da cidade de São Paulo( no cruzamento da Avenida Paulista com a Rua da Consolação). Foi em uma das duas maiores salas deste complexo cinematográfico, ocupada pela metade. O filme, a esta altura um filme ''velho'' - quase uma ''antigüidade'' pelos padrões do mercado- mostra as agruras de um grupo de ''solteirões'' em Paris. Um casal procura um apartamento de 3 cômodos para morar, sendo que um destes quartos será destinado ao ''estúdio'' de trabalho do homem. Detalhe: ele é um ex-militar desempregado...E, não só por isto, a relação dos dois vai mal...Um corretor imobiliário que se interessa por uma colega de trabalho...crente radical...A crente que toma conta de idosos que a maltratam, e ela aguenta tudo com sua atitude ''cristã'' de ''oferecer a outra face''...A irmã do corretor e seu grupo de amigas, que se reúnem em cafés para fofocar e sonhar com o ''homem ideal''. Ela própria já marcou diversos encontros com desconhecidos, que nunca correspondem aos padrões descritos nas revistas especializadas...O filme mostra os problemas e dá esperanças, cruza alguns destes personagens. Mas não ''resolve'' as coisas, ao modo americano ( final feliz, etc.). Então é ''triste''? Talvez. Mas nos oferece boas oportunidades para gargalhar...Tudo é muito sutil, à ''maneira francesa'' de narrar uma estória. Durante toda a exibição Resnais mostra a belíssima neve caindo ao fundo da tela, em um inverno sem fim. Provavelmente uma metáfora relacionada à difícil situação dos personagens...Ao final a pequena multidão deixa a sala em silêncio, não sabemos se em reverência diante da obra-prima apresentada ou se incomodada pelas situações abordadas neste filme( solidão, incomunicabilidade). Poderia ser em Paris como em São Paulo. O sucesso de ''Medos Privados em Lugares Públicos'' aponta que, ao menos aqui em São Paulo, o que é mostrado tem uma profunda relação com a realidade de inúmeras pessoas. ''Solidão na cidade grande'', o antigo tema paradoxal que, aqui pelo menos, tem público constante e cativo...
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Pequena Grande Decisão
Um país, assim como uma vida, não é feito apenas de grandes decisões. Embora esperemos ansiosamente por estas, são as pequenas que, na verdade, acabam decidindo o nosso destino. Há pouco tempo manifestamos o nosso apoio irrestrito e entusiástico à Lei Seca. Felizmente, onde há fiscalização, as pessoas começam a se adaptar à mesma. Um passo simples, mas em direção àquele país em que todos queremos viver: mais seguro, mais limpo, mais feliz. Por outro lado, o número de pequenas decisões em sentido contrário não é restrito. Primeiramente, aquela decisão do Supremo Tribunal Federal, contestada veementemente por juízes de graus ''inferiores'', no sentido de liberar as candidaturas de políticos condenados em primeira instância- sob o pretexto de que ''ninguém é culpado até o trânsito em julgado'' ( última condenação, sem direito a recurso). Há pouco tempo, o mesmo Tribunal também editou uma polêmica Súmula Vinculante sobre o uso de algemas, que vem sendo discutida até hoje...Mas não quero falar daquilo que eu- e as torcidas juntas de Flamengo, Corínthians, Vasco da Gama, São Paulo, Grêmio e Internacional- não apóio...O objetivo deste post é APLAUDIR uma recente decisão da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça( STJ), no sentido de que a embriaguez ao volante é um agravante no risco dos seguros de vida, e pode implicar mesmo a perda do benefício. Como brasileiros, a gente não pode comemorar muita coisa nos últimos tempos. Mas uma pequena decisão jurídica, no mesmo sentido da chamada Lei Seca e em claro apoio a esta, mostra que, se não há razão para botar a camisa amarela e sair com a bandeira nacional nas ruas, pelo menos ainda dá para respirar.... São decisões como esta que oxigenam a vida pública nacional que, por instantes, parece irrespirável. E nos dão até mesmo esperança: quando se está no ''fundo do poço'', qualquer passo para cima já é um avanço...E mostra o imenso efeito regenerador de um pequeno gesto, contraposto a milhares de decisões e atitudes ''erradas'' ( entre aspas por respeito aos que pensam de modo contrário, e apóiam tais decisões...).
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Sistemas...
Postei o meu texto anterior ainda em jejum, pensando: ''- Pronto! Creio que ''concluí'' isto aqui, e agora posso tomar meu café da manhã''. ''Infelizmente'', as idéias não ficam esperando por nós. E, quando temos a felicidade de captá-las da Fonte Infinita, o melhor é largar tudo e botar as ''mãos na massa''. É assim que volto, logo após, ainda sem o café...Falávamos de escolhas. Escolhas inconscientes, que fazemos muito cedo, e que afetam nosso modo de enxergar a ''realidade''. Escolhas que permanecem invisíveis para todas aquelas pessoas adestradas segundo um modelo que poderíamos chamar de ''realista''. Segundo este modelo, muito apreciado por jornalistas em geral e seus leitores/telespectadores( dentre os quais humildemente me incluo), é preciso ver o mundo ''como ele é''- com todas as suas mazelas. Assim, dia-a-dia, necessitamos estar ''por dentro'' das inúmeras catástrofes que estão ocorrendo Planeta Terra afora. Este é o método comum de pensar em ''problema- solução''. Só tem um inconveniente: quanto mais problemas reviramos, mais problemas estamos atraindo...Jornais não refletem suas cidades. Você tem sempre a sensação, ao sair de uma ''pesada'' leitura de jornal sobre um dos lugares que tanto amamos, de que ''faltou alguma coisa aqui''. Algo foi ''perdido''. Não se fala, ao menos com a mesma ênfase, sobre o que está funcionando bem...Ao lado deste modelo ''realista'', tão popular, há um outro modelo/escolha: pensar, deliberadamente, nas coisas segundo uma forma assumidamente parcial, que seja conforme os nossos objetivos. Pensar ''que dia lindo'' ou ''que dia horrível'' não alterará de nenhum modo o plano fático, em um primeiro momento. Mudará apenas a nossa forma de enxergá-lo. Se todas as coisas são escolhas, é igualmente válido ESCOLHER pensar no lado positivo de tudo, correto? ''Dia lindo'' é uma opção válida para todos os dias...Não tem efeitos colaterais negativos...Escolher ver o mundo como ''bom'' não quer dizer que não teremos mais conflitos ou dificuldades. Estas estão no mundo externo, na cabeça das demais pessoas que nos rodeiam, parecerão extremamente ''reais'' para uma multidão, mas já não nos afetam. O que elas vêem como ''desagradável'', nos vemos como ''passageiro''. O que elas vêem como ''difícil'', nos enxergamos como um ''pequeno obstáculo''. Não conseguiremos jamais ver o mundo com olhos ''positivos'' o tempo inteiro. Há momentos em que temos uma grande vontade de ''chutar o pau da barraca'' e dar um grito enorme de descontentamento. Somos humanos, não é mesmo? Ver como ''bom'' ou como ''ruim'' não mudará- repetimos- o que está do lado de fora. Não de imediato. Mudará a nossa forma de RECEBER tudo isto, e o que faremos com todas estas coisas. E, ao mudar o nosso modo de pensar as coisas, estaremos contribuindo duplamente para ''transformar'' o mundo: o nosso próprio, como criadores que somos, atraindo elementos/fatos semelhantes ao que estamos emitindo; e o do planeta como um todo, a médio ou longo prazo, que estará sendo afetado por nossa nova maneira de pensar e agir...Não somos ''pequenos demais '' para estas ''tarefas''. Ninguém se vê como ''insignificante'' ou ''modesto'' na hora de emitir opiniões ou elaborar planos ''mirabolantes'' para ''salvar'' o nosso país, o mundo ou melhorar a vida das outras pessoas...Se não pudermos controlar os nossos próprios pensamentos e a nossa reação ao mundo exterior, então quem é que poderá fazê-lo??? Se você perguntou ''só isto?'', não se deu conta ainda do ''buraco sem fundo'' em que está entrando, um outro Universo...
Monólogos infinitos...
Travamos inúmeras conversas com outros indivíduos durante o nosso dia. No entanto, sobre os assuntos mais importantes, é impossível convencer as demais pessoas sobre o que quer que seja...Isto porque CADA UMA das aproximadamente seis bilhões de pessoas que habitam o Planeta Terra é capaz- em meio a bilhões/trilhões de informações que estão disponíveis a cada momento- de captar apenas um número muito restrito: dizem que cerca de 7 bits por segundo. E pior: costumamos captar em geral apenas aquilo que reforce as ''nossas'' idéias...O grande problema não é estar ''certo'' ou ''errado'' ( padrões com que rotulamos nós mesmos e os outros vida afora). A dificuldade é tentar convencer uma outra pessoa que pensa fortemente de modo diverso. Uma vez que ela ESCOLHEU ao longo de sua existência um conjunto de idéias que, segundo ela própria, refletem sua vida com perfeição, todos os fatos decorrentes apenas irão REFORÇAR estas mesmas idéias...Ou seja, se você ESCOLHEU enxergar o mundo como ''bom'' ou ''ruim''- e esta escolha geralmente é feita na infância- TODOS os demais acontecimentos só servirão para REFORÇAR a sua escolha. O MUNDO É NOSSO ESPELHO...Por isto, uma vez que contamos com uma imensa ''arena pública'' onde atualmente exprimimos nossas idéias, medos e anseios, a impressão que isto passa- por momentos- é a de uma imensa TORRE DE BABEL. Judeus reclamam de Palestinos, e vice-versa. Pegue um religioso fanático muçulmano, e um outro norte-americano, e você notará as inúmeras semelhanças no modo de pensar. Exceto pelo fato de que um considera o outro ''errado'' e ''pagão'', e vice-versa...Uma dificuldade a mais, em relação ao que estamos tratando, é que NÓS próprios não estamos fora de todo este jogo. Não há como deixar de escolher idéias entre as inúmeras que existem. E as nossas próprias escolhas- vistas ingenuamente não como tal, mas como a ''própria realidade''( com todos os elementos e fatos postos à nossa disposição para reforçar este nosso ''sistema individual'' de ver a vida)- podem estar sendo benéficas para nós, ou não. Ninguém pode ''fazer a cabeça'' dos outros. Nossas próprias idéias podem atravancar o nosso caminho em direção ao que queremos. Como resolver tudo isto? Estar CONSCIENTE de tudo isto já é um primeiro passo...Quando estamos cientes de que as nossas próprias idéias fazem parte de uma escolha, e podem ou não refletir com precisão a realidade que nos cerca, já estamos neutralizando um pouco um dos maiores riscos de uma Torre de Babel- que podem explodí-la a médio ou longo prazo: o fanatismo. Entre ''estar certo'' e ''ser feliz'', prefiro a segunda alternativa...
domingo, 31 de agosto de 2008
Uma notícia boa e outra ruim...
A boa é que- segundo o critério concebido por meu pai, para o qual o candidato ideal deve ter experiência administrativa prévia- São Paulo estaria, desta vez, em ''boas mãos'': os 3 candidatos favoritos são a ex-prefeita Marta Suplicy, o ex-governador Geraldo Alckmin e o atual prefeito Gilberto Kassab. E Maluf? Maluf não vale...Este é o lado bom da atual campanha. O pior lado é que, justamente por já terem administrado alguma coisa, e ''beneficiado'' alguma parcela da população, a atual disputa eleitoral acabou se transformando em um ''campeonato para apurar quem mais fez''. Perde-se longos minutos no horário eleitoral discutindo assuntos ''interessantíssimos'' como os ''CEUs''( centros de ensino)de Marta, as AMAS( centros de atendimento médico ambulatorial)de Kassab e as FATEC's( faculdades de ensino técnico)de Alckmin. A eleição virou um ''campeonato de clientelismo''...Claro que a Prefeitura deve investir no social. Proporcionar ensino e saúde a quem precisa. Porém, o pior lado disto tudo é o fato de que tudo é mostrado e empurrado goela abaixo dos potenciais eleitores ao melhor estilo ''fulano de tal é o cara, e vai fazer muito mais''. Personalismo, favores, clientelismo, populismo. E este é o programa dos candidatos a Prefeito, mais ''assistível'' do que o ''show de horrores'' do horário eleitoral para vereadores...As idéias não mudam. Os ''marqueteiros'' e suas fórmulas mirabolantes não mudam. O ''marqueteiro'' de Marta Suplicy é o mesmo de Lula, e vem ''requentando'' os bem-sucedidos ''slogans'' da última campanha Presidencial. Alckmin não decidiu ainda se quer ser conhecido como ''Geraldo'' ou ''Geraldo Alckmin''. Kassab é o mais claro: quer permanecer no Poder, e bombardeia a ex-prefeita para criar uma polarização entre os dois. Mas, voltando ao tema do post, e se você não precisa de escola ou posto de saúde? Você mora na cidade, conhece vários de seus problemas- inúmeros bem antigos( o péssimo estado de conservaçao do centro, por exemplo...). Não há como se interessar pelo que vem sendo discutido. O PT, que sempre elevou o nível do debate político ao introduzir vários temas chamados ''ideológicos''( tal como a honestidade na política), desde a eleição de Lula vem pautando os pleitos por baixo: o ''Bolsa Família'' deixou bem claro quem - e o que- decide as eleições neste país... E isto aprofundou ainda mais o ''fosso cultural'' que nos separa. Desiludidos, eleitores ricos ou de classe média apelam para DVD's ou TV a Cabo na hora do programa eleitoral. E os candidatos ficam lá, tentando iludir a única audiência ''cativa'' que sempre possuíram, com promessas de ''pão e leite''...
sábado, 30 de agosto de 2008
Lembrando mais uma vez...
Inúmeros destes posts já foram gerados por lembranças de fatos ocorridos em plena rua, ou por simples conversas na hora do almoço ou em casa. Se for em casa é mais fácil: basta correr para a frente do computador e digitar. Porém ontem, na hora do almoço, tive pelo menos 3 idéias excelentes para posts seguidas, em função da animada conversa que estava tendo com outra pessoa. E nada de papel e caneta nestas horas...''Perdi'' em definitivo as 3 idéias na hora da sobremesa, um pudim de tirar o fôlego...Aí compreendi, finalmente, que um ''verdadeiro escritor'' não sai de casa sem um laptop( os mais abonados...)ou um simples bloquinho de anotações. Com a idade que tenho, já não é mais tempo de continuar a confiar exclusivamente na claudicante ''memória''. Se é que alguém que constantemente refere-se à realidade entre aspas pode aspirar possuir alguma memória: memória do que? do ''real'' ou do ''imaginário''? Por que simples reflexões acabam gerando extensas auto-recriminações? Ah, sim. Lembrar de comprar caneta e bloco de anotações...
Pesadelos de blogueiro...
Primeiro o fato real. Ontem à noite, enquato tentava postar os últimos dois textos, o blogger apenas dava respostas ''nonsense'' como estas: ''o email apontado não existe'', ''digite novamente sua senha'', ''crie sua conta nova no Google'', ''este email da conta nova já tem proprietário'', e por afora, durante angustiantes 30 minutos...Pensei que o blog tinha ido para o ''beleléu'' desta vez. Não posso mais acessá-lo. Que drama...Mas isto não foi o fim. Postei, ao final do angustiante processo, os dois textos. E não é que, durante o sono, tive um sono relacionado? Agora não foi o Blogger o augoz, e sim o Governo Chinês(?!!!). Eles não haviam gostado do que eu havia escrito sobre aquele país- inclusive das matérias sobre a 25 de março!- e designaram um grupo de hackers para ''apagar totalmente o blog'' !!! E eu tentando tomar alguma medida para impedir este insano gesto. Claro que, na mesma hora, fui tomado por um IMENSO arrependimento por haver escrito ou pensado qualquer coisa sobre a China em qualquer dia de minha vida...Digitava inúmeros códigos, como se entendesse alguma coisa sobre computadores, e mesmo assim o blog inteiro ia sumindo progressivamente, passo a passo...''Amigos'' me perguntavam porque não tinha desistido de escrever sobre temas políticos( e se John McCain ou Lula não tiverem a mesma idéia?, penso do alto de minha megalomania...). Sonhos são isto: paranóia e megalomania juntas, manifestadas... Enquanto as pessoas citadas não tiverem a ''genial idéia'' de eliminar este blog, vocês poderão continuar a ler insanidades como as reveladas neste post...PS: E se tudo isto não for mesmo um ''aviso'', e eu devesse realmente parar de falar destes assuntos???
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Diversão de blogueiro...
Vários cronistas já comentaram os estranhos resultados apontados por seus relógios que registram acessos- como o statcounter.com, por exemplo. Dá até a ''impressão'' de que a gente não faz outra coisa senão ficar olhando o mapinha com os acessos por países, e as estranhas pesquisas feitas no Google que acabam dando como resultado um leitor a mais...Não é impressão: talvez esta seja a única evidência de que há algo acontecendo no site. Uma evidência particular, que não posso mostrar aos outros, mas uma evidência. Começamos a escrever blogs meio na ''porra-louquice''. No início a gente ''aporrinha'' meio mundo: parentes, amigos, conhecidos, ex-colegas da Faculdade, pessoas que encontramos na rua...''Leiam o meu blog'', imploramos, Por Favor, leia o meu blog- é legal''. E, também no início desta louca empreitada, começamos tudo como um tradicional ''diário'' de nossas vidas, como um relatório do que vem acontecendo- geralmente inchado por nossa prolixidade e pela evidente falta do que falar realmente de novo. Esquecemos um pequeno detalhe: a coisa é pública, está aí para todos verem...Depois, com o tempo, já ''desiludidos'' pela falta de resposta de todas aquelas pessoas que tanto chateávamos no inicio, começamos a perceber que nos outros blogs há medidores. E que colocar um reloginho daquele no site não é tarefa das mais difíceis. Você vibra quando vê o nome de algum lugar de que só ouviu falar de nome, e que está acessando o ''seu'' blog... A idéia, pelo simples fato de que o ''seu'' blog é monolingüístico, é atingir algumas cidades do território nacional. Algumas a gente conhece, outras não. Até o inesquecível dia em que você nota, sempre no statcounter, que há uma bandeirinha de um outro país. Detalhe: ninguém comenta nada. Até os seus amigos, aqueles que você encontra pela rua ou os que mandam emails elogiando o site, mesmo estes ficaram ''intimidados'' pela idéia de comentar em público as coisas que você está escrevendo lá. Só nós, mesmos, na nossa ingenuidade, pensamos que não é ''arriscado'' andar por aí postando nossos pensamentos e idéias, repletos de erros de português e reflexões- para os leitores mais assíduos isto já é evidente- contraditórias... Mas você só percebe que ''perdeu inteiramente o controle'' sobre todo o processo quando as bandeirinhas dos países vão se multiplicando( um abraço para os leitores da Turquia!), e que, dos inúmeros textos que vamos postando sem parar, em um ritmo muito mais frenético do que o mais fiel e paciente dos leitores possa acompanhar, não há nenhuma ''ordem'' na leitura. Ou seja, não é livro. As pessoas podem fazer o que quiserem com o que lêem, ler quando quiserem, e o que quiserem. Aquele textinho ''despretensioso'' que postamos há alguns meses pode estar- e como isto aumenta o nosso nervosismo na hora de escrever qualquer coisa!- sendo visto com lupas neste exato instante...Não o que escrevemos hoje, na esperança de termos ''evoluído'' alguma coisa como ''escritores''/narratores/cronistas. Não. Justamente aquele texto lá que você postou ''nas coxas'', querendo manifestar alguma idéia ''original'' para não quebrar 0 ritmo do blog e saciar a curiosidade de seus eventuais leitores( mais para ''testemunhas'' do que qualquer outra coisa), é justamente aquele texto de meses atrás que está sendo lido. Você não tem mais ''controle'' sobre o que criou, não pode mais apagar coisas já ditas, poderia tentar ''melhorá-las''/revisá-las se tivesse tempo e disposição para tal e, simultaneamente, não estivesse preocupado em escrever uns outros posts por dia para provar que está ''vivo''...Agora você já deve estar se perguntando se, afinal, saber que estamos sendo lidos- e é o que indicam os números crescentes do reloginho marcador- é divertido, como fiz alusão no título deste post, ou se é simplesmente mais uma forma de auto-tortura deste iniciante no mundo da ''blogosfera''. Prazer e tortura, ao mesmo tempo, para não fugir deste universo de ''perversões'' que é a Internet... Tem ''tara'' de tudo quanto é tipo. A minha é ficar digitando inúmeras destas letrinhas, sobre diversas coisas que me interessam, e depois ficar olhando por vários minutos os números do reloginho... A sua é ler, quando por acaso houver alguma coisa mais interessante. Não existem ''taras sadias''. Tara é tara. Loucura é loucura. Enquanto você ao menos pode esconder a sua, a minha fica por aqui- aos olhos do( a esta altura) mundo...
Pesquisado...
Sabem aquele famoso comentário ''não acredito em institutos de pesquisa porque nunca respondi nenhuma pesquisa, e nem conheço ninguém que tenha respondido''? Eu não posso mais usá-lo...E isto desde maio, quando respondi a uma extensa pesquisa do Datafolha- verdadeira homenagem ao amigo ''dudaleu'', autor dos blogs''Lelê por dudu'' (www.leledudu.blogspot.com), sobre o dia-a-dia de sua filhinha, e de seu próprio ''O Observador''( www.blogedups.blogspot.com), e ''fã'' há vários anos do Grupo Folha- que levou quase uma hora. Ainda tive de dar o número do telefone para eles checarem, o que dá mostra da seriedade da pesquisa...Agora, ela está sendo publicada todos os domingos, com o nome de ''DNA Paulistano''. Uma pesquisa por regiões da cidade. Na minha, tive até dificuldade de mencionar algum problema...Lembrei, após alguns momentos de hesitação, de uma esquina próxima de casa em que não há semáforo( isto não é minimamente ''problemático'' para mim, mas lembrei dos concidadãos motoristas...). A cidade ''limpa'', de propagandas, anda bem sujinha por estes dias, mas este não é um problema apenas ''do meu bairro''...Eles perguntam qual é o nosso time de futebol( o meu, claro, é o São Paulo, mas há um bairro no extremo da zona leste em que cerca de 40% dos moradores são corintianos...quanto mais miserável o bairro, mais corintianos...). Também respondemos qual é(???)o nosso partido político preferido. Alguém teria? Qual seria o motivo para respondermos esta espécie de pergunta? E quantas vezes por semana freqüentamos livrarias( quase todos os dias...), cinema( 2 a 3 vezes por semana...)e shopping centers( ao menos uma vez por semana...). Em uma região próxima aqui de casa- a Consolação- cerca de 22% dos moradores vão aos cinemas ao menos uma vez por semana, e principalmente a pé. ''Coincidentemente'', esta região concentra alguns dos melhores cinemas de rua de São Paulo( Belas Artes e Espaço Unibanco), o que justifica tamanha adesão dos moradores...Também perguntam o de praxe: grau de escolaridade e renda familiar ( acho que caímos neste ítem, porque não temos mais nenhum automóvel...o país inteiro entrando na ''classe média'', e em casa não há um automóvel e nenhuma máquina de lavar...). Respondida a pesquisa, e acompanhando o resultado no jornal nosso de todos os domingos, ainda resta uma frustração e um desejo: quero, ao menos até o final desta campanha eleitoral para Prefeito e Vereadores, ter a oportunidade de exprimir a ''minha opinião''. Quem sabe o fato de ter de escolher alguém me motive também a optar por alguma ''corrente de opinião'' na hora da pesquisa...Pena que não tenho dupla cidadania para poder votar nas eleições americanas, mas isto já é uma outra estória. Quem sabe, caso não fosse candidato a Presidente dos Estados Unidos, Obama não daria um bom Prefeito de São Paulo?
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Atraindo(ou tentando atrair...)com a ''Lei da Atração''
Inúmeros livros e textos já foram escritos sobre a ''Lei da Atração''. O mais famoso deles é o recente ''O Segredo'', que originou inclusive um DVD de nome semelhante. É interessante constatar que uma idéia simples, aparentemente de fácil decodificação, possa ter algumas ''complicações'' decorrentes. O propósito deste post é tentar idenficar algumas destas dificuldades. Imagine que você é o Diretor de um filme. E pensa, rotineiramente, nas coisas que lhe desagradam, e que você jamais pensaria em incluir na sua obra: - ''Detesto vias engarrafadas, detesto pessoas que não sabem se portar em público, detesto dias nublados, detesto ser pressionado para criar algo em pouco tempo, detesto comida chinesa em caixinha, detesto jiló, detesto desertos, detesto carros pequenos/ carros muito grandes, detesto matemática, etc, etc. etc.''. Qual é mesmo o tema deste filme??? Posso correr o risco de simplificar demasiadamente as coisas, mas, se fosse resumir o que é a tal de ''Lei da Atração'', diria que ela funciona de um modo ligeiramente diferente. Sua lógica é a de ''gosto'', ''gosto'', ''aprecio'', ''gosto muito'', ''adoro''. Vejam bem: o mundo existente é muito maior do que o que identificamos no nosso dia-a-dia. As coisas físicas não são ''boas'' nem ''ruins''. Elas são, simplesmente, e acabou. Rótulos fazem parte do nosso sistema de avaliação. O que acontece com as coisas que, por não as apreciarmos suficientemente, não caem sob as órbitas dos nossos ''radares''? Para nós, elas ''não existem''. Jamais algo em que não pensemos sequer por um segundo irá se materializar em nossas vidas, uma vez que só podemos ''criar'' o que é concebível em nossas mentes...Assim como poderei ir, por exemplo, um dia a Manaus, se isto não faz parte dos meus planos? Vai a Manaus quem quer, quem gosta...Isto é fácil de entender. Mais difícil é entender como podemos ter criado- uma vez que se concorde com a noção de que somos ''co-criadores'' junto com o Universo- tantas coisas ''desagradáveis'' em nossas vidas...Aí entra o papel, indispensável, da apreciação. Nossa forma predominante de pensar é pelo sistema binário de sim/não. ''Gosto/não gosto''. Acontece que, pelos padrões deste mundo, o ''não'' não existe...Nas NOSSAS mentes pode fazer sentido uma idéia como esta: a de que quando queremos algo ''não frio'' estamos, ''na verdade'', fazendo alusão a algo quente...O ''não frio'', uma vez que o não não existe, passa simplesmente a idéia de que desejamos o frio- QUE É JUSTAMENTE O QUE ESTAMOS QUERENDO EVITAR COM OS NOSSOS INÚMEROS ''NÃOS''...Na verdade, gastamos boa parte de nossas vidas combatendo coisas que não tem a menor importância em si mesmas. Uma pessoa chata, um emprego maçante, cidades que não apreciamos, cônjuges que não são do jeito que esperávamos, pais/filhos que nos decepcionaram, etc. Por mais desagradáveis que estas coisas possam parecer, elas não tem importância ''por si só''.É a nossa reação a elas que dá a dimensão que elas aparentam ter, para nós mesmos...Como ''Dons Quixotes''- talvez venha daí a grande popularidade deste livro de Cervantes- vamos combatendo inúmeros ''moinhos de vento''( nome, aliás, de um belíssimo bairro de Porto Alegre-RS...)vida afora. E ainda reclamamos do porque estas coisas parecem ''intermináveis''...Talvez a única saída surja de uma simples troca de uma lógica binária de sim/não para uma ainda mais simples: de sim/sim. Do que é que gostamos, de verdade? Por que dedicamos tão pouco tempo para as coisas que mais apreciamos, para passar boa parte do tempo lutando contra aquilo que desprezamos? Do que é que gostamos mesmo? Eu criei este blog, na verdade, para poder lembrar a mim mesmo o quanto gosto de algumas coisas bem simples: passear, viajar, comer bem, ler bons livros, assistir bons filmes, amar, escrever. E não é que, quanto mais falo nestas simples coisas, mais elas se manifestam em minha vida? Hoje, na movimentada Avenida Angélica, em uma gigantesca árvore que parecia querer abraçar a via em seus dois lados, ouvia-se nitidamente o canto de vários passarinhos. Ele estava lá, e já passava do meio-dia, enquanto uma multidão se deslocava rapidamente rumo aos inúmeros restaurantes da região. Tudo isto estava à disposição de quem quisesse ouvir. Bastava unicamente silenciar o ritmo frenético dos nossos pensamentos, e parar um pouco para ouvir o canto dos pássaros em uma das mais movimentadas avenidas da cidade de São Paulo...No final das contas, as coisas a que dizemos ''sim'' ou dizemos ''não'' estão deixando aqui e ali seus inúmeros rastros por nossas vidas. Que tal tentarmos dizer unicamente, ou pelo menos mais vezes do que o normal, simplesmente ''sim''? O ''sim'' rompe barreiras, abre portas, abre caminho para os nossos maiores sonhos. Quiçá descubramos todos, algum dia, que ser feliz é simples como um ''sim'' dito inúmeras vezes...
Blogando...
A grande e gostosa tentação que é a de apertar o botãozinho no alto da página- ''próximo blog''- e sair ''blogando'' por aí...Em meio a inúmeras páginas, que mostram viagens por Roma ou eventos em Cingapura ou no Uruguai( a Maratona Internacional de Punta Del Este...), o mais gostoso é o fato de que ''estamos em movimento''...Ao contrário da mídia ''tradicional''- costumeira, rotineira, com articulistas fixos em cada dia da semana- a sensação é de permanente surpresa. Nem tudo é como a gente esperava, nem tudo é tão bom quanto o que costumamos ''pescar'' aqui e ali em meio ao conhecido, mas é uma aventura. Uma aventura que está a apenas alguns ''cliques'' de distância...Como é gostoso este mundo em que pessoas ''comuns'' blogam, mostram-se, mostram orgulhosamente seus lindos bebês ou a sua vidinha tradicionalmente vista como ''rotineira'', postam as viagens que já fizeram ou estão fazendo neste momento, estabelecem um contato ''virtual'' com outros fãs de seus artistas prediletos ou simplesmente conosco, que estamos apenas dando uma ''espiadinha'' nesta loucura toda...Gostosa loucura esta dos blogs...
O desafio de Obama...
Barack Obama é uma verdadeira unanimidade, mundo afora. Conquistou os europeus, deixando alemães e franceses extasiados. E no entanto, a nível interno, sua candidatura ainda não decolou. Por que será? Será esta mais uma prova do antigo ditado ''santo de casa não faz milagre''? A rigor, nem há uma alternativa de fato a Obama. John McCain significa simplesmente mais do mesmo, uma continuação um pouco melhorada dos anos Bush. A mídia festeja Obama, os eleitores de Obama o idolatram- arrecadam milhões de dólares e lotam eventos públicos- e, no entanto, as pesquisas mostram há semanas um incômodo empate entre os dois...Tudo isto é meio desagradável: lembra as antigas campanhas de Lula. Uma maratona de gigantescos comícios pelas principais capitais, carreatas, inúmeros eleitores vestindo camisetas vermelhas e portando bandeiras do PT, para, ao final, sermos todos ''surpreendidos'' pela eleição do ''outro'', do adversário pouco carismático: não importa se Collor ou FHC. Quem votava no ''outro''? Os grotões, e a imensa massa de eleitores silenciosos -que não se pronunciavam, não brigavam, não agitavam bandeiras, não respondiam a pesquisas, e estavam apenas esperando o dia das eleições para dar o ''troco'' naquela multidão de cabos eleitorais da esquerda...Hoje estes eleitores dos grotões e dos ''currais eleitorais'' votam no Lula que está no Poder, mas esta já é outra estória...Aqueles que esperavam uma ''lavada'' de Obama e dos democratas nestas eleições parecem pensar que toda aquela imensa massa de eleitores de George Bush teria, de uma hora para outra, tomado um ''chá de sumiço''. Vã ilusão. As igrejas protestantes continuam lá, e seus membros votam, as pequenas comunidades do interior continuam lá, e também tem um grande peso no resultado final- que prevemos em outro texto, com larga antecedência, será apertado...Ninguém conseguiu aferir até agora qual será a influência do ''fator raça'' neste pleito: os opositores de Obama alegam que ele é ''despreparado'', ''elitista''(?!!!), sem contar os mais radicais- que o (des)qualificam como ''muçulmano'', ''anticristo'', ''gay'', etc. Barack Obama provoca muito mais resistências pelo que ''é'' do que por suas moderadas propostas. Ele simboliza uma guinada para uma América mais aberta para o mundo, juntando-se aos esforços dos demais países contra o Aquecimento Global, menos intervencionista no plano mundial e, principalmente, representa uma América que já é, queiram ou não seus opositores, multi-racial. Nem todos vêem com bons olhos estas mudanças. As pesquisas mostram que o ''outro lado''- embora ''invisível'' e com menor peso na arena pública- continua vivo, e bem vivo. Com chances concretas de vitória. Obama, inteligentemente, soube tirar partido do ''ôba,ôba'', do ''já ganhou'' de Hillary e seus assessores. Esperamos que, desta vez, ele próprio não seja vítima do mesmo erro...
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Momentos de uma partida de futebol...
Todos nós, torcedores dos outros clubes, vibramos com a derrota do Grêmio para o Flamengo. Isto havia dado outro ânimo para um campeonato que parecia ter um vencedor antecipado. E ontem, novamente tivemos oportunidade de torcer contra o tricolor gaúcho. O gol do Náutico só nos deu alento. Uma nova derrota do Grêmio só estimularia ainda mais as outras equipes, e ''botaria fogo'' no Brasileirão. Mas a briosa equipe gaúcha jamais se rende, como nos mostram inúmeras lições do passado. O mesmo Náutico que o diga...E não é que, aos 48 minutos do segundo tempo, o Grêmio conseguiu várias coisas com um único golzinho? Primeiro, acabou com a festa da equipe da casa... Depois, este empate suado acabou tendo ''gosto de vitória'' para a equpe gaúcha. E ainda, mostrou para todas as outras equipes que o tricolor gaúcho está bem vivo na disputa pelo título. E, salvo o Palmeiras, nenhum dos potenciais competidores do Grêmio venceu...Futebol é isto: só se deve comemorar após o apito final...
''Indo aonde nenhum homem jamais esteve''...
Já falei aqui neste mesmo espaço sobre os inúmeros lançamentos de boxes com temporadas de séries de TV, novas e antigas. Para entender a quarta temporada de ''Lost'', quando acabei adquirindo o gosto por este seriado, é necessário assistir tudo desde o início. Assim, sou forçado a comprar as caixinhas com as temporadas 1,2 e 3...Com as caixas em nossas máos, assim como fiz com as temporadas 1,2 e 3 de ''Jornada nas Estrelas''( Star Trek)- a série ''clássica''- é irresistível a idéia de promovermos sessões ''seguidas'' de episódios: um sábado inteiro, um domingo inteiro assistindo nossos seriados prediletos...Às vezes tomamos conhecimento da qualidade de uma série ''antiga'' graças à reprise de um episódio na TV a Cabo. Foi o caso da continuação de ''Jornada'', a ''Jornada nas Estrelas- Nova Geração''. Inicialmente, minha pretensão era a de me limitar aos personagens- ''Capitão Kirk'', ''Doutor Spock'', ''Uhura''- da idolatrada série clássica dos anos 60. Não canso de revê-los, rever os melhores episódios deste programa que, infelizmente, durou tão pouco...Mas assisti um episódio da ''Nova Geração'' no Scifi Channell. Gostei. Depois, vi em uma loja de departamentos uma promoção com uma caixinha da série por metade do preço...Depois, assistindo vários episódios, foi surgindo a ambição de ter tudo, todas as 7 temporadas da ''Nova Geração''. Não, não concretizei ainda este projeto. Esqueceram das 3 temporadas de ''Lost''? Sem contar ''Jeannie'', ''A Feiticeira'' e várias das mais antigas...Bom, toda esta introdução foi apenas para falar de um episódio interessantíssimo que assisti recentemente de ''Jornada nas Estrelas- a Nova Geração''. O título do episódio, aliás um ''carro chefe'' de todas as Star Trek, é mais ou menos ''indo aonde nenhum homem jamais esteve''. O Capitão Picard e sua equipe recebem a bordo da ''Enterprise'' dois cientistas, que pretendem realizar diversas experiências dentro da nave estelar. Em uma delas, a ''Enterprise'' inexplicavelmente dispara e atinge uma velocidade sem precedentes. Resultado: a nave ultrapassa esta galáxia e mais duas outras, ficando a uma distância de 2 MILHÕES e 700 MIL ANOS-LUZ da Terra...Pouca coisa, algo que poderia ser percorrido de volta em cerca de meros...300 ANOS...Em meio ao pasmo e surpresa generalizados, o andróide ''Data'' informa que a velocidade nunca passou de 1 dobra e meia( baixa para os padrões da nave...). Então, como eles puderam ir tão longe? E como voltar? Na tentativa de retornar, a ''Enterprise'' volta a acelerar acima de quaisquer padrões conhecidos. E chega a um lugar UM BILHÃO DE ANOS-LUZ de distância da Terra!!! Principal característica do lugar: os pensamentos dos tripulantes seriam materializados de imediato.Não haveria diferença entre o nosso pensamento e a realidade...Assim, o Capitão Picard se ''reencontra'' com a mãe já falecida, e um dos tripulantes se debate em meio às chamas que ameaçam matá-lo( até que o Capitão o estimule a ''apagar'' as mesmas com o uso de seu pensamento...). Primeiro eles terão de aprender a lidar com a situação, ''domar'' sua imaginação, para finalmente conseguirem iniciar a viagem de volta para o lar( aliás, quase todas as situações extremas expostas em ''Jornada'' usualmente tem soluções ''mentais'' e não físicas, como em jogo de xadrez...). Novamente, para perplexidade geral, ''Data'' informa que os registros indicam que a velocidade nunca passou de um ponto baixo, e que, no plano material, eles não haviam saído do lugar...Espiritualmente, também se debate a existência de mundos superiores não-físicos, onde as coisas se processariam exclusivamente por meio do pensamento, dispensando ações no plano material. Porém, no atual estágio em que nos encontramos, uma vez que as nossas visões e desejos não se realizam de imediato, temos a impressão de que há uma ''realidade'' superior, ''difícil''' de modificar. Esta ''impressão'' é, na verdade, o nosso maior obstáculo. É preciso ''suspender o véu'' das nossas falsas impressões e conceitos- sobre o mundo e sobre nós mesmos- para que possamos ver tudo como é, de fato. O universo é mental, e somos- meio atrapalhadamente, é verdade- seus principais criadores. Para ver tudo isto, às vezes um pouco de ''Ficção Científica'' não faz mal...
A última crônica de Diogo Mainardi e suas possíveis interpretações...
Segundo o imperdível cronista da revista ''Veja'', em seu texto desta semana- sob o título ''Temperamento de Rebanho''- ''O Brasil fracassa no esporte pelo mesmo motivo por que fracassa como país: temos uma sociedade acovardada, fujona, avessa à luta. Tudo aqui é feito para desestimular a disputa, para reprimir o desafio pessoal, para amolecer o caráter: o parasitismo estatal, a política fundada no escambo, a cultura baseada no conchavo, a repulsa por idéias discordantes. Esse nosso temperamento de rebanho inibe qualquer forma de atrito, qualquer tipo de inconformismo, qualquer espécie de enfrentamento. Quando temos de competir, afinamos. Por isso aprovamos uma escola que produz analfabetos. Por isso aprovamos governantes que roubam. A gente se satisfaz com facilidade: basta fazer o quatro''. Certo, Diogo. Porém, após a leitura sobre o livro que mostra as formas ''fixa'' e ''construtiva'' de pensar, observamos o texto de Diogo Mainardi com outros olhos. Quantas vezes não fazemos, no nosso dia-a-dia, reflexões semelhantes ou ainda mais duras? Estivesse certo o nosso Diogo, e ainda não teríamos saído da Idade das Cavernas como país...E inúmeras empresas brasileiras não estariam disputando mercados mundo afora...Brasileiros e argentinos disputam um estranho campeonato: o ''campeonato'' das reflexões de ''por que o nosso país não deu certo''...Ainda lembro de todas aquelas livrarias em Buenos Aires, com diversos ''best sellers'' repetindo este mesmo ''mantra''. Brasileiros e argentinos adoram fazer este tipo de ''reflexão'' de preferência com amigos, em uma mesa de bar...Certo, Diogo. Temos verdadeiramente esta ''mentalidade de rebanho''. E quando o líder do rebanho vai na direção errada, então é um horror...Porém, e aqui estabelecemos uma diferença substancial em relação às pessoas que gostam de fazer reflexões semelhantes às de Diogo Mainardi- e sem o seu brilhantismo- se pensarmos nestes fatos de modo ''construtivo'' e não ''fixo'', veremos que as coisas não ''são'' deste modo para toda a eternidade...Este, na verdade, é o nosso maior desafio: como sair desta situação de ''rebanho'' para podermos construir uma nação de fato forte e soberana? A mentalidade de ''rebanho''- vista de modo construtivo- pode e deve ser modificada para que possamos dar saltos maiores, conquistando inúmeras ''medalhas'' em todos os campos de nossas vidas. Devemos ler textos como o de Diogo Mainardi não com o fatalismo dos que reconhecem com pesar- ''é isto mesmo''- mas sim com a mentalidade aberta daqueles que, ao mesmo tempo em que aceitam a triste verdade mostrada naquelas breves e duras palavras, também se perguntam: ''e o que faremos com isto?''. Menos reflexões, uma vez que estamos todos ''fartos'' de saber que as coisas se processam assim atualmente no nosso país, e mais ações- eis o que precisamos. Menos ideologia e mais pragmatismo, eis o que o Brasil anda necessitando um pouco...Como saímos do ''rebanho''? Talvez pensando um pouco mais como indivíduos livres...
A mente e o sucesso
O principal fator de sucesso está na mente, na nossa forma de pensar/reagir a cada circunstância que é posta em nosso caminho. Este é o grande mérito do livro ''Por que algumas pessoas fazem sucesso e outras não, de Carol S.Dweck, recém-publicado no Brasil pela Editora Fontanar. Com base em inúmeras pesquisas, e no trabalho com jovens, a autora demonstra que os indivíduos acabam se dividindo em duas grandes formas de pensar: o ''pensamento fixo''- segundo o qual as coisas ''são'' ou ''não são'': ''somos'' talentosos ou não, ''nascemos com o dom'' de fazer uma coisa ou não- e o ''pensamento construtivo'', segundo o qual- através de nossos esforços e contínuo auto-aperfeiçoamento- podemos ''adquirir a capacidade'' de fazer alguma coisa. E como se comportam as pessoas que pensam de cada uma destas formas diante dos desafios da vida? Os de ''pensamento fixo'', que muitas vezes em suas infâncias foram rotulados como ''inteligentes'' ou ''talentosos'', sentem pânico diante da possibilidade de perderem tais ''títulos''. A conseqüência é que, diante de situações problemáticas, eles tendem a colocar a ''culpa'' nos outros( fugindo da responsabilidade)e até mesmo a ''desistir'' de lutar contra os fatos ''inevitáveis''. Em suma, eles não lutam contra tais situações...Como lidam com o fracasso? Segundo Carol S. Dweck, ''não farei nada'', ''ficarei na cama'', ''vou encher a cara'', ''vou comer'', ''vou dar uma bronca em alguém se tiver oportunidade'', ''vou comer chocolate'', ''vou ouvir música e ficar de cara feia'', ''vou entrar no armário e ficar lá dentro'', ''vou arranjar uma briga com alguém'', ''vou chorar'', ''vou quebrar alguma coisa''. Que mais posso fazer?(...)Quando propus a mesma situação a pessoas de código mental construtivo, eis o que responderam: ''Preciso esforçar-me mais na aula e ser mais cuidadoso quando estacionar o carro. E imagino que meu amigo teve um dia difícil'', ''A nota cinco mostra que devo dedicar-me muito mais às aulas, mas ainda tenho o resto do semestre para melhorar a média''. Houve muitas outras respostas como estas, mas acho que você já entendeu. Agora, como estas pessoas enfrentariam o fracasso? Claro que de frente''( páginas 14/15). São raros livros como este, em que o autor coloca a síntese da obra nas primeiras páginas e vai exemplificando a sua tese no decorrer da mesma. Escritores raramente mostram o ''pulo do gato'' em um livro só, ou porque não o descobriram ou porque seria ''pouco lucrativo'' revelar tudo o que sabem de uma só vez... Não é o caso deste livro. Aliás, é um pouco difícil rotular esta obra: a autora é psicóloga, o título parece com o de livros de ''auto-ajuda'', mas ela também faz o estudo de diversos casos ocorridos no mundo dos negócios( como quando compara os executivos Lee Iacocca e Jack Welch, respectivamente exemplos de pensamento fixo e pensamento construtivo...). Indubitavelmente, podemos afirmar que tal leitura- dolorosa mas reveladora- ajudou a revelar um pouco mais sobre nós mesmos. Sobre nossos pontos fracos, em inúmeras áreas da vida...Valeu como uma( ou melhor, várias)sessões de análise. Além de minha própria tendência a pensar de modo ''fixo'', acabei percebendo- nestas Olimpíadas- o quanto as pessoas deste país tendem a pensar de modo semelhante. E com resultados semelhantes...Enquanto Maurren Maggi soube dar a volta por cima, após uma acusação de dopping que poderia ter acabado com sua carreira, inúmeras vezes seguidas vários dos melhores competidores brasileiros- no momento em que disputavam medalhas de ouro- simplesmente curvaram-se diante das dificuldades. Literalmente, ''entregaram o ouro''...Foi o caso das meninas do futebol, de Diego Hipólyto, da seleção de vôlei masculino, etc. etc. etc...Vivemos em um país de pessoas que pensam pela cartilha do código fixo: como as coisas não melhoram automaticamente, nós simplesmente nos omitimos. Entregamos, por desgosto, o destino de nosso país nas mãos daqueles que são os menos motivados e gabaritados para promover qualquer mudança: os políticos. Inúmeras vezes, nós brasileiros fazemos comentários ou agimos movidos por esta estúpida mas influente lógica de ''tudo ou nada''. Divulgamos com todas as letras as nossas imensas mazelas, enquanto os índices de queda na criminalidade em determinados lugares( inclusive neste nosso Estado de São Paulo)são objeto de pequenas notas de rodapé, escondidas e envergonhadas no meio de tantas desgraças...Nosso linguajar ajuda a explicar um pouco mais as coisas: abusamos da voz passiva e de expressões indiretas- ''eles'' não querem, ''somos vítimas'', ''ninguém merece isto''- mostramos o tempo inteiro nas conversas o quanto estamos insatisfeitos, mas não fazemos nada para mudar todo este quadro...Preferimos pensar que o êxito de outras nações é devido ao seu ''dom'', à sua ''habilidade em lidar com situações complicadas'', à ''bondade e educação de seus habitantes'', como se não fosse decorrente de um longo e árduo processo que envolveu até mesmo guerras pelo caminho...O ''código da mente'', o ''código do sucesso''- ou do fracasso- como resultado de uma forma de pensar muito mais em soluções do que nos problemas, este livro promove uma ''revolução'' no nosso modo de ver a vida. Nunca é tarde para abandonar os nossos mal-sucedidos conceitos de ''pensamento fixo'' , e abraçar sem restrições a grande idéia que sintetiza o melhor do pensamento construtivo: ''quanto mais difícil o problema, melhor''...Alguém duvida que vários dos nossos maiores ''gênios'' pensavam deste modo ''construtivo''???
sábado, 23 de agosto de 2008
Condições ''adequadas''...
Não há família ''ideal''. Não existe país ''perfeito''. Não há hora ''certa''. Não existe tempo meteorologicamente ''bom'' ou ''ruim''. Não há idade ''adequada''. Não existe pessoa ''perfeita'', ''ideal''. Não existe peso ''próprio''. Não há lugar, cidade ''ideal''. Não existe momento ''adequado'', ''próprio''. A ÚNICA CONDIÇÃO que precisamos para atingir QUALQUER COISA está bem aqui, dentro de nós, no interior de nossas mentes. Não somos ''condicionados'' por quaisquer fatos, por mais importantes que sejam. NADA se contrapõe a uma vontade forte, ilimitada, sem resistência. Quando sabemos o que queremos, e não opomos nenhuma resistência, atingimos nossas metas tão rapidamente como uma flecha atinge o seu alvo...
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
''A sorte está lançada''...
Enquanto continuamos a elaborar cotidianamente os textos deste blog, não há muito tempo para voltar atrás. De rever textos antigos. Este prazer é seu, caro leitor. A nós são reservados todos os ''riscos'': de ter feito algo muito ruim, de contradizer algumas idéias que eu mesmo expus aqui, de dizer absurdos, de cometer inúmeros erros de Português, etc. Digo ''riscos'' entre aspas porque tenho feito justamente isto, à exaustão, por uma vida inteira. A única diferença é que agora estou fazendo estas coisas ''em público'', o que pode gerar eventualmente algum espanto por parte de alguém menos avisado...O ''risco'' é ainda maior porque o ritmo de leitura de um blog não é como o de um livro. O blog, claramente, vai sendo ''descoberto'' o tempo inteiro, e seus leitores tem suas preferências. Muitas vezes por um texto ''antigo'', do qual não tenho mais a menor idéia...Este é outro ''risco'' a assumir: quando não se faz algo especializado, de tema único, temos de constantemente ''inventar'' assuntos novos. Alguns de ''preferência do leitor'', outros não. A vantagem é que cada um escolhe o que for, para si, mais interessante. Este papel, individual, ninguém pode substituir...A desvantagem é a heterogeneidade, assumida, de um blog constante mas irregular, de ''altos e baixos''( e todas as chamadas obras ''de arte'' não são assim também, na verdade? compramos um CD de um grupo que amamos, só por causa de duas ou três músicas...assistimos inúmeros filmes, na metragem usual de uma hora e meia ou duas horas, para gostar de verdade só de cerca de meia hora...e quantos livros não tem um imenso ''blá-blá-blá'', para chegar ao tema principal apenas nos parágrafos finais?). A partir do momento em que postamos estas letrinhas todas, não dá mais para ter arrependimento. Não dá para apagar. Mesmo que, de uma hora para outra, eu decidisse acabar com tudo, eliminar totalmente o blog, a forma usual de leitura- salvando para o computador de cada um- me impediria de voltar para o ''ponto inicial'' e dizer que ''nada havia ocorrido''. Não tem volta. Mais do que uma ''exposição'' de suas obras de arte, geralmente quem se ''expõe'' é o próprio artista...Com todas as conseqüências- boas ou ruins- que isto geralmente acarreta...Escrever é repetir o tempo inteiro as palavras que o grande Júlio César proferiu quando cruzou o rio Rubicão- queimando os navios com a finalidade de eliminar qualquer possibilidade de recuo- para penetrar na Itália e avançar com suas tropas até Roma: ''a sorte está lançada''...
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Resistindo ao ''fim''
(Em homenagem aos 153 mortos do acidente aéreo na Espanha): A gente sempre acha que terá uma vida ''normal'', com início- meio e fim. Usualmente pensamos que acharemos, qualquer dia destes, tempo para dizer a certas pessoas que as amamos, ou para podermos proporcionar a nós mesmos momentos de leveza e alegria perdidos nas lembranças de nossas infâncias felizes...Precisamos- em meio ao caos de motocicletas e carros velozes em relação aos quais temos de estar atentos o tempo inteiro porque ''a cidade grande não perdoa pequenos erros'', helicópteros que decolam e pousam sobre nossas cabeças, inúmeros aviões que partem ou chegam( e este pode ser também o nosso vôo, o ''último vôo...)- manter em meio a todo este ''caos'' uma aparência de ''normalidade''. Acreditar que, em meio a tantos mortos e feridos que alimentam as estatísticas de toda esta aparente ''normalidade'', nós estaremos aqui amanhã, com todos os nossos órgãos perfeitos e funcionando...Em meio a tanta dor naquele aeroporto, lá como aqui as pessoas que podem prestar alguma informação nestas horas somem. A dor diante das evasivas e silêncio é ainda maior do que a própria dor derivada do que ocorreu...Sabemos que o avião caiu, acidentou-se. Mas a falta de dados concretos sobre o que houve manterá este vôo da Espanair e seus passageiros ''em suspenso'' por mais alguns dias...Talvez não haja mesmo o que explicar ou especular: o transporte mais veloz e ''seguro'' que existe também tem seus dias em que nada dá certo...Nervosos olhamos para nossos laptops, escutamos nossos Ipod's, lemos nossos jornais, livros ou revistas, ansiosamente esperando outro ''vôo''( ou partida de ônibus, ou viagem que faremos de automóvel, ou passeio que faremos por qualquer uma das ruas desta cidade no dia de hoje) que está para partir...O nosso nervosismo reflete apenas temor diante do óbvio: a vida é incerta...
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
A Física dos Anjos
O livro interessante, recém-editado pela Aleph, mostra um diálogo entre Matthew Fox- teólogo e ministro da Igreja Episcopal dos Estados Unidos(Comunhão Anglicana)- e Rupert Sheldrake- biólogo, mundialmente famoso por suas teorias dos Campos Mórficos e da Ressonância Mórfica, autor do livro ''A sensação de estar sendo observado''( no qual analisa cientificamente inclusive a telepatia, e a ''comunicação'' entre animais e seus donos...). Os dois debatem, neste livro que analisamos, os textos de 3 religiosos ocidentais que trataram da questão dos anjos: Dionísio, o Areopagita, um monge sírio cujo clássico As Hierarquias Celestiais foi escrito no século VI, Hildegarda de Bingen, madre superiora alemã do século XII, e São Tomás de Aquino, teólogo-filósofo do século XIII. Selecionamos alguns trechos deste inusitado diálogo entre um religioso e um cientista sobre os anjos. SOBRE A INTUIÇÃO: ''São especialistas em intuição, e podem auxiliar nossa intuição. Esse é um dos motivos pelos quais anjos e artistas são tão amigos. Quando olhamos para as maravilhosas imagens de anjos criadas pelos artistas, estamos lidando não apenas com quadros, mas com um relacionamento entre estes dois seres. A intuição é a estrada pela qual os anjos vagam''( Matthew- página 16). PAPEL DO UNIVERSO: ''Isso é muito interessante porque, no século XX, perguntaram a Einstein: 'Qual a pergunta mais importante na vida?' E ele respondeu: 'O universo é um lugar amistoso ou não?' É a mesma pergunta. Eu digo a meus alunos que sempre que nos deparamos com os anjos ao ler a Bíblia devemos pensar em Einstein, porque estamos lidando com a mesma questão. É a maior questão cosmológica. Podemos confiar no cosmo? O cosmo é afável ou não?''( Matthew). A pergunta assume uma importância ainda maior quando pensamos que o Universo não se materializa do mesmo modo para todas as pessoas. Logo, a nossa forma de vê-lo influenciará de modo decisivo nos acontecimentos que atraímos ao longo de nossas existências...POLARIZAÇÃO ''EM CIMA/EM BAIXO''(Rupert): ''Acredito que sim. Mas também acho que existe valor nas imagens ''em cima/abaixo''. Quando olhamos para cima, vemos o céu. Olhar para os céus é muito importante. Acredito que a maioria de nós, no mundo moderno, não olha para cima tanto quanto deveria(nosso grifo). Nosso olhar é fixo na terra e nas coisas da Terra. Quase tudo o que compramos e vendemos vem da terra, assim como o dinheiro com que as compramos ou vendemos. O Céu, o ambiente celestial, a potencialidade sem limites do espaço, a grande variedade de seres celestiais, simplesmente não faz parte do nosso olhar. (Matthew): Efetivamente, estamos olhando para cima ou para fora? Por exemplo, se formos para um lugar alto o suficiente, digamos sobre uma montanha ou desde um avião ou satélite, sabemos que estamos olhando para fora, e é justamente quando o universo se torna vasto. Em outras palavras, só olhamos para fora desta maneira limitada porque nossos olhos não estão no topo da cabeça. É uma restrição anatômica termos de erguer a cabeça para vermos as estrelas. Mas nem sempre é assim. Quando há horizontes- gosto desta palavra, horizontes- olhamos para fora, além da terra. E estou pensando agora sobre aquilo que chamam de grande céu, em Montana, onde realmente sentimos o horizonte lá fora, onde podemos ver o céu apenas olhando para a frente. E me lembro uma vez, em Dakota do Sul, saindo de uma ''tenda do suor''( ritual indígena de purificação), e a Via Láctea estava realmente em chamas: era possível ver todas as estrelas, mas elas passavam como um arco-íris desde a Terra, em um espaço curvo, voltando para a Terra de novo. Mas, como você diz, nas cidades as pessoas são forçadas a olhar para cima mais vezes, porque destruímos o horizonte. De qualquer forma, não deixo de concordar com sua idéia principal , porque é a vastidão do cosmo que estamos perdendo por causa da maneira como olhamos o mundo. (Rupert): Concordo que olhar para fora é uma boa maneira de colocar a questão. E a melhor maneira de olhar para as estrelas é deitando-se no chão( nosso grifo). Assim, podemos olhar sem ter de virar o pescoço, e podemos realmente apreciar o céu. Imagino que os primeiros observadores das estrelas eram pessoas como os pastores, que dormiam a céu aberto''( páginas 40/41). SOBRE A NOSSA VERDADEIRA DIMENSÃO: ''Deixando de lado a idéia de que a alma está no corpo, vamos simplesmente dizer que o corpo está na alma(nosso grifo). A que distância, quão próximos do horizonte nossos campos de alma podem vagar? Em outras palavras, nossos pensamentos, nossas esperanças, nossos sonhos, nossas paixões, nosso conhecimento? De alguma maneira, tudo o que estamos falando está encapsulado em nosso campo de alma. Só podemos falar sobre o que sabemos, ou sobre o que imaginamos que sabemos, e assim nossos campos, ou seja, nossas almas, estão crescendo de várias maneiras, conforme alcançamos os perímetros do universo. Então, podemos dizer que há um despertar do campo humano(nosso grifo). Estamos renunciando á pequenez da alma circunscrita à glândula pineal ou ao córtex cerebral que a Era Moderna dispensou a ela enquanto dinâmica ''encapsuladora'', a consciência de tudo o que podemos saber''( Matthew- página 45). SOBRE A IMPORTÂNCIA DOS PADRÕES: ''Por que estamos em uma busca por padrões? Talvez seja isto que a mente faz. Ou ela cria padrões ou os descobre. Por qualquer razão, a mente procura padrões(nosso grifo). É interessante a afirmação de Erich Jantsch de que ''Deus é a mente do universo'', e que a mente evolui. Seria o mesmo que dizer que Deus é o padrão do universo, a mente por trás do padrão? Nossa busca por comunhão com o Divino é uma busca por comunhão com o padrão das coisas. Por isto, há uma grande alegria e um grande êxtase em encontrar padrões. Quer os encontremos por meio da ciência, quer por meio da contemplação, os padrões nos encantam. O que é uma peça musical, o que é uma dança? Toda arte não é, de alguma forma, um padrão? Talvez toda a criatividade. O próprio caos, como estamos aprendendo, se diferencia da ordem porque tem um padrão mais sutil( Matthew- página 62). Buscamos padrões, o tempo inteiro. Criamos os nossos próprios padrões. E, como eles são inúmeros e distintos, cada ser neste planeta vai moldando a sua própria existência por meio dos padrões que vai desenhando ou encontrando nas areias do cosmo...PAPEL DA ESCURIDÃO: (trecho da obra de Hildegarda de Bingen- Deus disse...)''É ali onde reinam as trevas, mas essas trevas estão, simultaneamente, a serviço de todas as luzes de minha reputação. Como a luz poderia ser reconhecida senão pela escuridão? E como alguém reconheceria a escuridão senão pela escuridão? E como alguém conheceria a escuridão senão por meio do esplendor radiante de meus servos de luz? Se não fosse assim, então meu poder não seria perfeito; pois nem todos os meus feitos maravilhosos poderiam ser descritos''. ( Rupert): ''(...)A luz é formada por ondas. Um lado é luz; o outro escuridão. E, como Hildegarda diz, a escuridão é necessária para que a luz seja reconhecida. Toda percepção depende do contraste(nosso grifo)''. ( Matthew): ''E fica claro que o Criador fez os quatro pontos, incluindo a escuridão. Mas a escuridão, segundo ela, está a serviço de todas as luzes. Portanto, a escuridão serve à luz, e a luz serve á escuridão(nosso grifo). (...)Na verdade, a escuridão também é um de nossos professores. Os místicos se referem a esse mergulho na escuridão como a via negativa. (...)( Rupert): Presume-se que corresponda à escuridão, à vastidão do espaço. (Matthew): E também à vastidão da região escura da alma, onde você sente que não há chão quando mergulha na dor, no sofrimento e no pesar verdadeiros. O pesar não tem chão nem teto. Ele toca o infinito, como se nunca fosse acabar''(nosso grifo- páginas 145/146/147, trechos selecionados). Percebo, a esta altura, que não selecionei nenhum trecho sobre os inúmeros que falam sobre os anjos. Diante da magnitude e beleza deste profundo diálogo, pouco importa- ao final- se acreditamos ou não na existência dos mesmos...Cada leitor faz a sua leitura particular sobre o que foi dito, e aqui selecionado única e exlusivamente para servir como ''aperitivo'', um convite a lermos esta obra tão original...Selecionei muitos trechos mais, mas é bom ficar por aqui. Meu estômago ronca, os dedos doem, sinto uma imensa vontade de tocar o solo com os meus pés, voltando meus olhos para cima em mais este dia ensolarado na grande metrópole que se gaba de ''nunca parar''...
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Em mãos certas...
O SP-TV Primeira Edição de hoje, 19/8, mostrou uma cena raríssima: uma nota de 100 REAIS foi perdida em uma estação de trem da CPTM. Prontamente um garotinho de pouco mais de 10 anos, sem hesitar, achou-a e entregou-a a um segurança da estação. Este, também sem pestanejar, entregou-a ao setor de achados e perdidos. Tudo isto filmado, documentado...Não é animar cenas como esta? Tal como a natureza, tão maltratada e destruída, a sociedade tem uma capacidade de regeneração e auto-cura considerável. Assim como aquela nota foi parar nas mãos certas, e não na de oportunistas que só querem saber dos próprios interesses, precisamos fazer um esforço para que os bens públicos também caiam em mãos como aquelas. Que pensam mais em dar do que em receber, que não buscam recompensas, que pensam nas outras pessoas...Impossível? Se os Tribunais Superiores não se importam em eliminar os ''fichas sujas'' da política, nós temos de fazê-lo- com os nossos meios. Não dá para votar em candidatos cuja ficha mais parece prontuário policial...Uma nota em boas mãos volta para nós- em serviços, em mais escolas, hospitais, polícia nas ruas, transporte de qualidade. Em mãos menos abonadas, precisaremos fazer o ''milagre da multiplicação'' para não termos de pagar ainda mais impostos- outras notas- para custear tudo isto e outras coisas mais...
Brasil X Argentina
Depois de assistir um dos piores primeiros tempos de partidas de futebol que já assisti- normal em se tratando de um Brasil X Argentina, jogo super-disputado- pensei: é impossível jogar menos do que isto aí. A tendência é melhorar...Na Globo, Arnaldo César Coelho- éx-árbitro de futebol- havia previsto que o jogo ''iria para a prorrogação''. Mas o futebol não é dado a ''acasos''. Ganhou, e bem, a equipe que demonstrou um mínimo de senso tático e determinação. Ganhou quem soube, como no primeiro gol, abrir a defesa fechada do adversário com uma jogada pelas pontas...O Brasil, pasmem, só chutou a sua primeira bola a gol aos 52 minutos de jogo...Não adianta reclamar: o melhor do futebol brasileiro estava ali: Ronaldinho Gaúcho, Pato, Rafael Sóbis, Thiago Neves, Diego...Esta pode ter sido a última chance do Brasil em Olimpíadas uma vez que, por pressão dos clubes europeus, estuda-se a possibilidade de eliminar esta modalidade dos Jogos Olímpicos. O ''país do futebol'' agora torce, desesperadamente, para as MENINAS- Marta, Cristiane, Formiga- antes tão desprezadas e criticadas mas que, hoje, estão apresentando um futebol muito melhor do que o de muitos marmanjos...O gol de Cristiane contra a Alemanha, passando por 3 zagueiras, foi algo que não vemos há muito tempo. Para não admitir que as Olimpíadas já acabaram, quem sabe apareça algum outro ouro ''casualmente''- de um outro César Cielo. É triste comentar estas Olimpíadas...Mal vejo a hora de voltar a falar do Campeonato Brasileiro, tão criticado mas nosso...
Somos ''imperfeitos''. E daí?
Por que amamos as crianças? O que amamos nelas? Talvez, em se tratando de seres nitidamente ''incompletos'' e em estado de construção, amemos nelas o seu potencial, a chance que elas tem de se tornarem pessoas bem melhores que nós mesmos ou que aqueles com os quais convivemos...Amamos as crianças, enquanto criticamos os nossos semelhantes ''defeituosos'' e ''imperfeitos''. Nas pessoas ''adultas'' não toleramos as mesmas falhas e imperfeições que achamos engraçadas nos nossos ''fedelhos'', na suposição de que, como seres crescidos, elas deveriam ''saber como se portar''. Em função disto tudo, nossas relações com os mais próximos são repletas de incompreensão e conflitos. Passamos boa parte do tempo reclamando das ''falhas'' dos que estão por perto...Porém, quem disse que há- em qualquer parte deste planeta- algum ser que possa ser avaliado como ''completo''? Assumamos não a nossa suposta ''perfeição'' e ''completude'', mas sim a nossa ''imperfeição''... Somos todos- adultos e crianças- seres em estado de construção...Vejamo-nos a nós mesmos bem como a TODOS os demais do mesmo modo que o Criador nos vê , sem exceção: como crianças- das mais diversas idades- brincando no ''parquinho'' chamado Planeta Terra...Somos, ao contrário de nossos corpos, seres infinitos, em permanente estado de aperfeiçoamento e evolução. Estamos aprendendo, todos. Então, que tal amarmos uns aos outros PELOS MESMOS MOTIVOS PELOS QUAIS AMAMOS AS CRIANÇAS- estes seres visivelmente ''incompletos'' e ''imperfeitos''???
A solução está na simplicidade...
Quantas vezes as pessoas utilizam nesta ''Paulicéia Desvairada'' a expressão ''complicado''...Na verdade, no mundo, não existe nada ''complicado'', de fato. Certos problemas são complexos. Há que se considerar mais de um ângulo da estória para resolvê-la. No entanto, mesmo nestes casos a solução invariavelmente reside no mais simples...Como estamos preocupados mais com resultados do que com problemas, fico animado com a notícia que vi no ''Estadão'' do último dia 16/8: ''Ao menos 40 cidades dos EUA retomam a aposta nos bondes: Cincinnati planeja linha circular de 12 km, que vai custar US$132 milhões''. Enquanto isto, para fazer 1 QUILÔMETRO de metrô, em São Paulo, gasta-se muito mais...Segundo a matéria, na verdade a tradução de um texto do ''New York Times'', Portland(Oregon)construiu o primeiro sistema de bondes modernos dos Estados Unidos, em 2001. As vantagens deste meio de transporte ficam evidentes quando se constata que ''desde que Portland anunciou o novo sistema, mais de 10 mil unidades residenciais foram construídas e US$3,5 bilhões foram investidos em propriedades num raio de dois quarteirões de distância da malha''. Detalhe: estamos falando em reocupação de áreas centrais das grandes cidades, abandonadas pela classe média que- lá como aqui no Brasil- debandou em massa para condomínios localizados nos arredores dos grandes centros...A finalidade da implementação dos bondes, informa-nos a matéria, ''é estimular a economia, aliviar os congestionamentos e atrair jovens profissionais e casais cujos filhos já saíram de casa de volta para a cidade, tirando-os do subúrbio. Uma dúzia de cidades dispõe atualmente de linhas de bonde, incluindo New Orleans, que está recuperando um sistema devastado pelo furacão Katrina, Denver, Houston, Salt Lake City e Charlotte inauguraram sistema de bonde na última década''. Sem contar o sistema mais famoso, o de São Francisco- que costumamos admirar nos filmes...Para adotar a nova ''moda'', o Brasil terá de iniciar praticamente do zero: salvo o sistema do Rio de Janeiro, que serve o bairro de Santa Teresa, as principais capitais brasileiras desativaram os seus bondes há muito tempo...Motivados por aquele que parecia ser a principal solução ''do momento'': o automóvel...Hoje, a principal saída apontada para os crescentes engarrafamentos que ameaçam paralisar as principais metrópoles do Brasil- o metrô- é uma proposta caríssima e, por isto mesmo, de longo prazo. O metrô da capital da República, Brasília, custou mais do que um BILHÃO de reais...O metrô paulistano cresce lentamente, com obras também na faixa dos BILHÕES. Agora é esperar que algum ''gênio'' nacional repare na nova ''moda'' que vem do Norte, e que é bem mais em conta...
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