sábado, 16 de outubro de 2010

''O outro lado de Curitiba'': perto do ''final''( ? )...

Quando me vejo na iminência de sucumbir ao discurso ''catastrofista'' feito pela mídia, gosto de perguntar: ''minha vida, de verdade, é tão ruim assim?''.
Eu, como muitas outras pessoas, tenho na realidade uma existência muito melhor do que a chamada ''realidade'' que vemos nos meios de comunicação...
Ao mesmo tempo em que tomamos conhecimento de fatos horripilantes, violentos mundo afora- e vejam bem: não prego que seja necessário fugir deles. Ao contrário: sou ''viciado'' na leitura de jornais e revistas...- deparamos, em nosso cotidiano, com inúmeros fatos que mostram, ao contrário, que tudo está ''bem''...Paradoxal, não?
Só consegui ver isto quando deixei de me preocupar exclusivamente com o chamado ''macro'', e passei a adotar uma certa visão ''micro'' da existência. Este blog marcou esta radical ''guinada'' em minha vida...
Revendo estas imagens do que batizei como ''o outro lado de Curitiba'', impossível não pensar que, ao menos no momento em que as registrei, estava tudo ''certo''. Se morresse ali, naquele exato instante, partiria com a recordação de que a vida é repleta- muito mais do que de ''catástrofes'', atropelamentos, acidentes e assassinatos- de momentos felizes como aquele. Que agora estou a compartilhar com todos os que lerem este post...
Alcnol.

''O outro lado de Curitiba'': Estádio Couto Pereira e arredores...

Já mostramos o Estádio Couto Pereira( do Coritiba Football Club)em diversas outras ocasiões. Até mesmo em partidas de futebol disputadas na terça-feira de Carnaval( acreditem!)...
Uma particularidade deste Estádio consiste na alimentação que é servida nos jogos disputados em dias mais frios, tão constantes na capital paranaense: até mesmo pedaços de pizza são oferecidos nas lojinhas da Praça de Alimentação...Os mais famintos chegam a pegá-los com a mão mesmo...
Gorrinhos para a cabeça e capas de chuva- ou casacos de frio- fazem parte da indumentária dos torcedores do alviverde. Certamente algo bem diverso da dos torcedores de Ceará ou Fortaleza, para citar um exemplo...
Mas não é o Couto Pereira o tema deste post, e sim os seus arredores. As ruas arborizadas e tranquilas do bairro Alto da  Glória, onde tiramos estes retratos, certamente constituem um ''must go''- um lugar de visitação praticamente obrigatória- para aqueles que desejam conhecer de fato a capital paranaense.
Com uma advertência: como diz a famosa música, ''você não sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui''...
Alcnol.

Centro de Curitiba e um raro condomínio de casinhas...

Cenas como esta ainda são comuns em algumas regiões da cidade de São Paulo- Pinheiros, em particular.
Uma rua constituída completamente por casinhas antigas...
Algumas ainda abertas ao tráfego de veículos e pedestres. Outras, adaptadas aos ''novos tempos'' de violência urbana, com portões na entrada e até mesmo guardas em guaritas...
Esta ruazinha aí, no centro da cidade de Curitiba- PR, é fechada. Aproveitamos um raro momento em que a cancela estava aberta, certamente devido à  entrega de alguma encomenda, para fotografá-la...
Na capital paranaense é a única que já vi até hoje no centro da cidade...
Resiste, enquanto altos edifícios são construídos ao seu redor...
Um motorista de táxi me contou que vilas como esta eram comuns na época de sua infância.  Algumas casas deste tipo abrigavam até mesmo pensionatos para moças e rapazes, que vinham do interior para estudar na capital...
Pensionatos?
Acho que estou mesmo ficando velho...
Alcnol.

''O outro lado de Curitiba'': e as tais casinhas de madeira, típicas da cidade, das quais eu havia falado? Ei-las...

Curitiba já foi toda assim. Lendo a coluna ''Nostalgia'', do jornal ''Gazeta do Povo'', é possível vislumbrar uma cidade praticamente plana, sem altos edifícios. Isto lá pelos idos do século passado...
Naquela época, como também na época da fundação desta capital, o padrão era justamente constituído por estas casinhas de madeira- que hoje estão praticamente à beira da extinção...
Seu fim iminente foi objeto de matéria deste mesmo periódico paranaense. Onde podemos ainda vê-las? Em alguns parques, como o ''Bosque do Papa'', o ''Bosque Alemão''- onde abrigam inclusive uma Biblioteca Infantil- o Parque Tingui( Memorial Polonês), entre aqueles de que me recordo...
Nem seria de bom tom pregar que elas constituíssem o padrão das construções em uma época em que a madeira e as florestas já não são tão abundantes como no passado...
Porém, sua subsistência é também o símbolo de uma certa resistência à verticalização que, ali como em tantas outras cidades brasileiras, ameaça homogeneizar tudo...
Neste, bem como em diversos outros posts, costumamos mostrar edificações ''anacrônicas''- edifícios baixos, casas de madeira, que outrora já foram o padrão da cidade de Curitiba-PR até meados do século XX- como uma reação, inútil é verdade, frente à ''Modernidade'' em que ingressamos: uma ''Modernidade'' de ruas repletas de automóveis, rumo a Condomínios fechados dentro e fora dos limites das principais cidades...Ali mesmo, perto destas casinhas que ilustram o post, deparamos até com ruas sem saída- graças à construção de vários destes condomínios verticais de alto padrão...
Com o crescimento econômico que nosso país experimentou nos últimos 16 anos de Plano Real, a ''moda'' agora passou a ser esta: casais, com filhos, necessitam de espaço. Para isto, adquirem uma casa ou apartamento em algum condomínio distante. E, para deslocar-se, precisam também de um carro...E contribuem para congestionar ainda mais as ruas e avenidas das principais capitais brasileiras...Sem contar o aumento da emissão de substâncias poluentes...
Brasil afora testemunhamos um gigantesco processo de elevação de edificações em regiões, como a que vai do Aeroporto de Salvador-BA ao centro da cidade, que antes eram vazias e repletas de matas...Brasília vive o mesmo processo de expansão descontrolada, em áreas como Águas Claras e até mesmo o entorno do Park Shopping...
Necessário se faz, neste momento, o registro de algumas destas edificações antigas. Pois já não se sabe se conseguirão resistir a tanta barbárie. Continuamos- aqui e nas divisas da Amazônia, alvo de cobiça por parte de criadores de gado e plantadores de soja- como se tivéssemos 2 ou 3 planetas Terra para ''desbravar'' e ''conquistar''. A iminente catástrofe climática apontada por tantos cientistas desmente tanto ''otimismo''...
Claro que todas estas ''racionalizações'' foram feitas '' a posteriori''. Melhor mesmo é deixar a razão de lado, e curtir toda a beleza destas simples edificações que marcam a ligação deste com os tempos de outrora- conexões que só a memória sentimental é ainda capaz de fazer...
Afinal, as casinhas de madeira ainda resistem em algumas regiões de Curitiba...
Alcnol.