No post anterior mencionamos o tema de capa da revista ''Gula'' deste mês: as carnes exóticas.
Este domingo- de sol, mas frio- repleto de atrações culturais( Festival de Cinema Francês, Mostra Roman Polanski ), esportivas( última rodada do Campeonato Brasileiro antes da Copa do Mundo)e, digamos, ''existenciais''( Parada Gay), só poderia começar com um roteiro gastronômico. E 3 opções na região dos Jardins vieram de imediato à nossa mente: ''Dalva e Dito'', ''Dui''( Alameda Franca)e ''Zucco''( Haddock Lobo ).
Nossa opção só veio após uma breve caminhada em que passamos também pelo ''Le Vin''( Alameda Tietê)e pelo ''Paris 6''( Haddock Lobo). Quando deparamos com a varanda do ''Zucco''( agora coberta por um vidro que a separa da rua), a decisão estava tomada...
Melhor ainda quando, após uma breve passada pelo cardápio, reparamos que havia uma excelente opção de carne ''exótica'': ''paleta de cabrito''...A varanda do ''Zucco'' mais parecia uma gigantesca ''tela''( também temos esta impressão no ''Tatou'', mais abaixo na esquina da Oscar Freire com a Haddock Lobo)onde víamos uma heterogênea ''fauna'' desfilar: clientes do restaurante chegavam em vistosos automóveis, e eram discretamente observados por outros convivas; um casal desceu velozmente a rua em duas bicicletas, fazendo o ''tipo atlético''; jovens passeavam em grupos; idosos moradores da região davam suas caminhadas ou procuravam algum restaurante para almoçar; crianças davam risadas enquanto chegavam ou saíam do ''Zucco''. Pode-se dizer que ''o mundo''( uma representativa amostra do mundo)''estava ali''...
Sem a menor pressa, abrimos nossa refeição com uma ''polenta morbida''( de mole, em italiano, e não de morte- como é mais comum lembrar)de rabada. Deliciosa...Enquanto beberiscávamos nossa água mineral e nos deliciávamos com o ''couvert'' da casa, alguns reflexos de raios de sol se infiltravam pela varanda do estabelecimento- enchendo-a de luz...
Neste estado de ''encantamento'' e ''semi-desligamento'' das tragédias do cotidiano, chegou a nossa ''paleta de cabrito''( incrivelmente não mencionada na matéria da ''Gula''). Como descrevê-la? Crocante na superfície e, ao mesmo tempo, bastante macia em seu interior. Preparada nos vistosos fornos da casa, que são melhor contemplados por quem ocupa as mesas de dentro...
O ''Zucco'', excepcionalmente, consegue ir além dos ''modismos'' gastronômicos da metrópole, que ergue tantos restaurantes quanto os abandona por fastio ou gosto pela ''novidade''. Culpa também de muitos amadores, que pensam que ser dono de restaurante tem ''glamour'' e é ''fácil''...Os responsáveis pela casa, ao contrário, possuem bastante ''know-how'' no ramo e, com o tempo, percebemos o quanto isto faz diferença.
Tanto tempo após sua inauguração, é maravilhoso constatar que tanto a cozinha quanto o atendimento estão ''afiados'' como sempre. E isto faz desatar os nós que prendem nossas línguas: por que não elogiar tão prodigamente quanto criticamos? A crítica barata é um sinal de pobreza muito maior do que a simples falta de alguns trocados no bolso...Aliás, gorjetas altas( ou salários altos) não compensam a falta de reconhecimento- em qualquer ramo em que trabalhemos...O que é bom ( ou melhor, ótimo )deve merecer tanto- ou mais- destaque do que eventuais falhas. E é para isto que estamos aqui, não é mesmo?
Alcnol.
PS: Nem mesmo em dias de agitação- e ''paradas'' ou manifestações diversas- a região dos Jardins perde seu ar ''bucólico'' nas manhãs de domingo. Enquanto milhares de pessoas se dirigiam para a Avenida Paulista- ou para a vizinha e sempre congestionada Alameda Santos- as Alamedas da Jaú para baixo estavam semi-desertas, e ótimas para nossos pequenos passeios.
Apenas alguns lugares- como o próprio ''Zucco'', a ''Rodeio'', o ''Tatou'' na Oscar Freire, a doceria Cristallo desta última rua, o ''Melhor Bolo de Chocolate do Mundo''- se mostravam lotados por volta das 15 horas, enquanto apreciávamos nosso pequeno ''tour'' por este lugar que consegue, ao mesmo tempo, ser uma tranquila ''vila'' e a mais moderna metrópole- capaz de abrigar todas as ''tribos''...Até a dos ''contemplativos''...
PS2: ( Fotos)- a ''paleta de cabrito''( desossada); 2- a polenta com rabada; 3- edifício na Haddock Lobo com um jardim no lado de fora, característica das construções mais antigas; 4- prédio comercial com aspecto ''modernoso'', em frente ao ''Zucco''...
domingo, 6 de junho de 2010
Um pequeno mal-entendido, com final feliz...
A revista ''Gula'' deste mês( junho )traz uma matéria de capa sob o título ''O Exótico da Vez''. Segundo o periódico, carnes exóticas como paca, cateto e capivara ganham cada vez mais espaço entre os grandes chefs.
Seguindo uma indicação desta mesma matéria, decidi almoçar na ''Casa do Churrasqueiro''- à espera, quem sabe, de alguma carne de javali...Segundo a ''Gula'', ''além de abrigar uma excelente loja, que oferece carnes como javali, jacaré, capivara e galinha d'angola, a ótima churrascaria prepara receitas com estes cortes- e a melhor costela de boi da cidade''.
Quando cheguei lá, era um pouco diferente...A loja realmente vende estas carnes, mas elas não constam do cardápio do restaurante...
Mas, embora tenha pensado em ir embora por causa desta pequena decepção, decidi ficar por causa das opções de cordeiro( paleta e picanha de cordeiro).
E não me arrependi...
Minha lógica era a de que ''um lugar que sabe vender carnes- e acessórios para preparar churrascos- deve também saber prepará-las bem''...E eu estava certo desta vez...
A picanha de cordeiro, em generosa porção, estava excelente. Devorei-a, assim como a farofa de acompanhamento, em poucos minutos- ora acompanhando-a com um molho, ora pura...Um prato memorável, sem observações negativas...
Ah, e a Casa do Churrasqueiro? Como é? Um ambiente simples, como o de uma cantina italiana- destas bem comuns na cidade de São Paulo. No telão, ligado no Sportv, dava para assistir uma partida de ''showbol'' entre Brasil e Peru e, por incrível que pareça, perdemos...
Nada melhor do que uma suculenta carne de cordeiro para ''consolar-nos'', não é?
Alcnol.
PS: Diante deste pequeno ''fracasso'', continuamos a procurar algum lugar na capital paulista que sirva as já citadas carnes de caça( com a devida autorização do Ibama, é claro...).
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