Não preciso nem ir muito longe para comprovar isto. A alguns metros de onde moro foi inaugurado um novo restaurante de frutos do mar. O nome- Saint Tropez- lembra a Europa. Mas a decoração do restaurante, e os pratos servidos, fazem-nos pensar que estamos na Bahia. Em uma pequena cidade baiana...Dentro há palmeiras, a decoração( com luminárias antigas, parede com pedras, muita luz natural). E os pratos? Apesar dos nomes em francês- será alguma conexão com países da América Central?- como ''bouillabaise'' ou ''baiannaise'', este último( um de meus favoritos)é simplesmente uma nova versão da tradicional moqueca baiana. É leve, apetitoso, leva bastante leite de côco. O dono do lugar é especialista na criação de ambientes. Tem um que nos remete ao mediterrâneo de influência árabe. O outro lembra um café parisiense, daí o próprio nome: Paris. Mas São Paulo, como nenhuma outra cidade, tem esta capacidade de mimetizar, de reestilizar coisas conhecidas de outros lugares com um toque paulistano- em especial na qualidade do serviço e na receptividade. Há um número infinito de botecos ''estilo carioca'', o que só comprova que o Rio de Janeiro é uma das obsessões do imaginário paulistano, bem como restaurantes que servem parrilla argentina. Por tudo isto, podemos dizer sem sombra de dúvidas que é uma cidade em que, por si só, por conter o mundo inteiro em si, sentimos muito menos vontade de viajar que em outros lugares. Necessidade alhures, aqui a viagem- esta para fora, para outros lugares- é uma opção. Redundância falar em ''viajar para fora''? Não, quando se conhece São Paulo- um lugar onde também é possível ''viajar para dentro''...E com a mesma sensação de descoberta...