O feriado nem foi este. Foi outro, o da Sexta-Feira Santa e da Páscoa. Mas o resultado é uma surpreendente Rua Pamplona, uma das vias mais movimentadas da cidade de São Paulo, deserta. No alto de um dos prédios o apelo ou mensagem de cunho religioso: ''Jesus. Ama''. O que significaria isto? Amemos a Jesus, eis um dos possíveis significados. Ou um apelo a Deus- ao filho de Deus, como é melhor conhecido- para que ame mais seus outros irmãos. Ou, tirando quaisquer pontos ou vírgulas, um simples ''Jesus Ama''( afinal, somos todos ''filhos de Deus''- assim como Jesus. Será que isto significaria que somos ''irmãos'' de Jesus Cristo, mas sem todos os seus atributos, ou ''filhos'' dele? Como se vê, questões religiosas são necessariamente ''complicadas''...será que o autor da frase tinha consciência de todas estas minúsculas questões decorrentes?). A única coisa concreta é que, neste dia, estávamos em uma Rua Pamplona semi-deserta, e São Paulo sem multidões se acotovelando pelos cantos é um pouco menos São Paulo...Alcnol. PS: Poderia o amor de Jesus ser dirigido a um objeto concreto, a um ser em especial? Afinal, não era ele um pouco humano, tal como todos nós? Que mania de complicar as coisas...
sexta-feira, 24 de abril de 2009
O ''Muro da discórdia''
Mal começou sua construção, e o ''muro'' inventado pelas autoridades da cidade do Rio de Janeiro já começou a ser ''torpedeado'' por seus opositores. É o que nos mostrou o ''Estadão'' do último dia 19 de abril, na reportagem ''Favelas vão à Justiça contra muros''. ''O simbolismo do muro é muito ruim', reclama o presidente da Federação das Favelas do Rio Rossino de Castro. ''Querem transformar as comunidades em gueto''. Entrevistado, o Mestre em Antropologia Luiz Antônio Machado vai além: afirma que ''o muro é parte da situação de criminalização dos favelados''. De outro lado, o diretor da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio, que comanda a construção dos 14 quilômetros em concreto jura que este não é o objetivo: ''Pelo amor de Deus. Já fizeram comparação até com o Muro de Berlim. Isto é uma loucura''. Ícaro Moreno Júnior garante que a decisão de construir os muros ''tem dois objetivos: proteger o meio ambiente e, limitando o crescimento da favela, abrir chance para um planejamento urbano''. Segundo o Estadão, ''o voverno não vai fechar o acesso às comunidades, que não ficarão cercadas. No Santa Marta, por exemplo, o muro está sendo construído em apenas uma lateral da favela, a que faz divisa com a mata. A questão é se o muro vai realmente conter a expansão das favelas ou se será destruído para a construção de mais casas(nosso grifo). ''Ele será um indicador fácil à fiscalização'', defende Moreno Júnior. ''Se alguém invadir a área será logo identificado''. Dura a situação do verde restante na cidade do Rio de Janeiro. Sua defesa, mais do que urgente, transformou-se- uma vez mais, diga-se- em ''questão de Estado''. Aos moradores daquelas ''comunidades'' não afeta a destruição iminente de morros como o Dois Irmãos, assolado por uma favela vizinha e crescente. Quem se importa com a degradação de vida, em uma cidade cercada e sitiada por ''comunidades'' controladas por traficantes ou milícias e ameaçada de perder suas últimas áreas verdes? O verde ali, ignorado por quase todos e devastado como simples ''coisa'' pertencente a ninguém e obstáculo para a construção de mais moradias em um processo de especulação imobiliária que não dá sinais de esgotamento, terá a defendê-lo- caso vingue a desesperada iniciativa das autoridades- apenas um muro...O Estado confessa ser incapaz de fiscalizar a destruição das matas na cidade do Rio de Janeiro para a construção de mais casas nas favelas, os moradores das favelas ignoram solenemente a questão ambiental e de qualidade de vida envolvida para protestarem contra mais esta tentativa de ''criminalização'' de suas ''comunidades'', e só se fala em um Muro( comparável, segundo os mais alarmistas, ao ''Muro de Berlim''...). Em primeiro lugar, questionável é uma fiscalização que, a esta altura do campeonato, não utiliza instrumentos modernos como imagens de satélite( a Prefeitura de São Paulo diz utilizar tais métodos, por sinal)para detectar invasões clandestinas. Em segundo lugar, imaginemos a fiscalização- apoiada necessariamente por um número gigantesco de agentes da Polícia- derrubando barracos ''ilegais'' em ano eleitoral. Algum governante terá coragem para isto? Para finalizar, manifestamos nosso ceticismo com iniciativas como a deste ''muro'' que são feitas por etapas, dando tempo a seus opositores de se manifestar...Quando fechou a Rua XV de Novembro para o tráfego de veículos motorizados o ex-Prefeito de Curitiba, Jaime Lerner ,agiu de surpresa, durante a noite, e de uma vez só...E os opositores, segundo o ex-Prefeito em seu livro ''Acupuntura Urbana'', acabaram apoiando tardiamente a medida...Resumindo: não se trata de apoiar ou condenar o muro proposto pelo Governo do Estado do Rio. Que ele seja necessário, mostra a situação em que vivemos- e o pouco caso com que nossa população trata o Meio Ambiente( será necessário construir novo ''muro'' para proteger o que resta da Floresta Amazônica???). Anunciar uma medida drástica como esta e não implementá-la de imediato só dá força para seus opositores- e nos traz dúvidas sobre a vontade real dos governantes que anunciaram tal medida...O verde do Rio de Janeiro não está em situação muito diferente do restante de sua população, afinal: protegendo-se desesperadamente por trás de grades e muros, enquanto as autoridades vão anunciando medidas mirabolantes e sucessivas que duram tanto quanto as ondas e marolas típicas daquela bela cidade...Alcnol.
Boas notícias existem, raras mas existem...
A notícia, por si só, pretende ser algo excepcional, fora dos padrões habituais. Senão, não seria notícia...E as boas notícias, até mesmo por sua raridade, poderiam ser qualificadas como as ''verdadeiras notícias''( fatos incomuns). Mas, para nossa sorte e sobrevivência, continuam ocorrendo. Algumas, estas ainda mais excepcionais, provindas até mesmo de um dos 3 Poderes da República( no caso, o Judiciário). Vejam só esta reportagem publicada no jornal paranaense ''Gazeta do Povo'' do último dia 20 de abril: ''Motorista terá de pagar pensão vitalícia''. Segundo a matéria, de Mauri König, ''o Tribunal de Justiça do Paraná condenou uma mojtorista a pagar pensão vitalícia ao mecânico que teve a perna direita amputada num acidente de trânsito por ela provocado, cabendo ainda à seguradora indenizá-lo por danos morais. A sentença não é comum no Brasil, onde as reparações financeiras permanentes costumam ser estipuladas em caso de morte, favorecendo os dependentes da vítima(...)Como Amélio tinha carteira assinada, com salário de R$559,00, além da pensão mensal a motorista terá de pagar-lhe o décimo-terceiro salário(...)No caso julgado, também pesava contra ela uma ação criminal na Vara de Delitos de Trânsito, cessada com uma proposta de transação de pena e prestação de serviços à comunidade. Para o advogado Reginaldo Koga, a decisão do TJPR segue uma tendência dos países desenvolvidos. No Japão, por exemplo, os motoristas temem( nosso grifo)se envolver em acidentes de trânsito porque as leis são rigorosas e as infrações costumam ser milionárias. ''O rigor das leis serve de alerta para os condutores'', diz Koga, que morou quatro anos no Japão''. Há muito tempo defendemos a aplicação de penas pecuniárias( OBS: em dinheiro)para incidentes como este. Nosso Código de Trânsito, elaborado na contramão da carnificina diária que vem ocorrendo nas ruas e estradas deste país, prevê penas baixas e institutos despenalizadores como a ''transação de pena'' e a ''prestação de serviços à comunidade''( mal fiscalizadas, aliás...). Além disto, de nada serviria colocar motoristas infratores nas cadeias super-lotadas ao lado de meliantes comuns( provavelmente retornariam à sociedade ''formados'' no mundo do crime...). O melhor é atingí-los naquilo que eles mais valorizam: o bolso...Este ano já tivemos oportunidade de comentar uma sentença dos Juizados Especiais de Curitiba que condenou torcedores ''brigões'' a comparecerem a Delegacias no dia e no horário dos jogos de suas equipes. Agora, mais uma vez a Justiça Paranaense inova e dá um bom exemplo para o restante do Brasil ao estabelecer uma pensão vitalícia para um atropelado vivo. O grande mal deste país é que boas iniciativas como esta não são generalizadas e seguidas por outros Estados ou Municípios. E ficamos como sempre, tentando ''inventar'' leis de próprio punho- ignorando solemente práticas bem-sucedidas de países como o Japão...Ou mesmo de outras localidades do nosso próprio país...Alcnol.
Bandidos capixabas fazem festas com o dinheiro do crime...
Esta surpreendente revelação foi feita pelo jornal ''A Tribuna''- de Vitória/ES- no último dia 20 de abril. Segundo o periódico capixaba, ''traficantes que moram em bairros nobres( sic)da Grande Vitória chegam a alugar sítios ou comprar casas de praia( sic)para organizar raves durante os finais de semana. Até mesmo um traficante carioca chegou a patrocinar um churrasco: ''No período em que ficou escondido no Estado, o acusado de ser o chefe do tráfico do morro do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul da cidade do Rio de Janeiro, Paulo César Figueiredo, o ''Bolão'', organizou churrascos e festas fechadas para a família. Bolão ficou cerca de quatro meses morando em uma mansão no bairro do Jucu, em Vila Velha, levando uma vida de luxo. Ele vivia com a mulher e os sogros e foi preso no último dia 9. De acordo com moradores da Barra do Jucu que não quiseram se identificar, apesar de ''Bolão'' ter sido sempre discreto, suas festas, realizadas normalmente à beira da piscina( sic), chamavam a atenção dos vizinhos''. Ainda segundo a reportagem do jornal do Espírito Santo, um policial revelou que ''alguns traficantes possuem até aparelhagem de som para os eventos''...Difícil mesmo é acreditar na ''clandestinidade'' destas festas e operações feitas com tanto requinte e com tanto profissionalismo, quase que à luz do dia...Esta situação infelizmente reflete o quadro em que estamos atualmente: bandidos fazem festas de grande porte para comemorar suas façanhas, a população finge que ''nada vê''( por medo ou por cumplicidade), enquanto a Polícia- sempre a última a saber- afirma estar ''investigando'' algo que os próprios meliantes fazem pouca questão de esconder...Alcnol.
Número impressionante...
Segundo artigo de Bob Herbert, do The New York Times, em coluna traduzida e publicada pelo ''Estadão'', ''EUA contam 120 mil mortos em chacinas desde 2001''. Em se tratando de Estados Unidos, o número é alarmante. Lembremos que o número de mortos na Guerra do Vietnã( de norte-americanos mortos, evidentemente...)foi de 40 mil, cerca de 1 terço deste apurado em um período de apenas 8 anos. 120 mil mortos é quase 25 vezes o número de mortos no Iraque e no Afeganistão, os conflitos atuais que envolvem os Estados Unidos.E não são mortos em uma situação de virtual Guerra Civil como a que vivemos no Brasil. São pessoas assassinadas em chacinas como a de Columbine( tema de filme, completou 10 anos recentemente)ou como aquela que vitimou um brasileiro Doutor em Matemática que dava aulas em um centro para imigrantes. Mortes banais, perpretadas por malucos ou estudantes com um detalhe em comum: todos ARMADOS, legalmente ARMADOS com a conivência do Estado norte-americano. Segundo o jornalista do The New York Times, ''o Texas é um dos Estados que estudam leis para permitir armas em universidades. Os defensores dizem que isto permitirá que alunos e professores se defendam contra assassinos como o que matou 32 pessoas em Virgínia Tech há dois anos. Eles gostariam que as armas fossem tão comuns como laptops ou celulares. Um legislador texano referiu-se a pessoas desarmadas em campus como 'patos sentados''. Liberar armas em universidades, no nosso modo de ver a questão, equivaleria a tentar apagar um incêndio com querosene...Suicidas são comuns mundo afora, inclusive em países desenvolvidos como o Japão. Mas o número impressionante de 120 mil mortos em chacinas como a de Columbine mostra que uma vontade suicida, combinada com o uso livre de armamentos, pode contribuir decisivamente para que o assassino leve consigo muitas outras pessoas inocentes. Michael Moore já indagou em um de seus filmes por que o Canadá, país vizinho dos EUA, registra baixos índices de assassinatos. Não dá para negar que um motivo é óbvio: jovens canadenses não tem licença para andar armados, seja por que razão for...Alcnol.
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