Uma vez que nunca escrevi nada a minha vida inteira, nada mais normal do que atribuir esta recente e súbita carreira de blogueiro ''frenético'' ao Criador. É ''de cima'' que recebemos continuamente idéias e inspirações, e às vezes sequer somos capazes de captar tudo que nos é oferecido...No entanto, também é possível replicar que as minhas limitadas idéias ''partidárias'', ''clubísticas'', ''regionalistas'' não podem ser tidas como a ''vontade de Deus''. E isto também é verdade...Ou seja, há de fato uma clivagem, uma separação entre a inspiração e o resultado. ''Inspirar'' algo, fornecer idéias continuamente, significa primordialmente- sei que as pessoas mais ''ortodoxas'' terão dificuldades de entender isto...- que a ação do Criador se dá muito mais no sentido de proporcionar as condições para a realização daquilo que mais queremos...Isto se choca um pouco com o ''seja feita a Vossa Vontade'', não é? Talvez sim, com a interpretação tradicional que estas palavras recebem...Afinal, que ''vontade'' é esta que deve ser satisfeita? Como ser impessoal, não-localizado, atemporal, o Criador na verdade não pode ter ''desejos'' como um ente comum...Não quer nada, não deseja nada. Somos nós, na nossa condição limitada atual, que possuímos milhões de desejos, e ''bombardeamos'' continuamente o cara ''lá de cima'' com os nossos pedidos, nas mais variadas formas. O cineasta David Lynch estevve recentemente no Brasil para lançar o seu livro sobre Meditação. É no silêncio que, paradoxalmente, temos mais chances de nos conectar ao Todo. Neste momento de pacífica homenagem ao Cosmo- a ''Vossa Vontade'' entendida como pacífica aceitação da verdadeira natureza de tudo o que existe- já não há mais separação entre o nosso ''eu'' e todo o resto. Somos ''inspirados'', bebemos na verdadeira Fonte de todas as idéias, todas as criações, que abre as suas portas e elimina todas as barreiras que nós próprios criamos para nos separar do que desejamos, ou dizemos desejar...A verdadeira grandeza, de fato, está em abrir mão dos próprios anseios para realizar a vontade de outrem. ''Amar, ao invés de ser amado'', como diz a Oração de São Francisco de Assis. O Criador está aí para servir-nos, na realidade, e não é nem um pouco ''diminuído'' por esta nobre função...A vida, em essência, é serviço...
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Próximos e distantes...
Embora só estejamos- aqui de São Paulo- a duas horas e meia de avião de Buenos Aires, para citar um exemplo, é meio difícil assistir filmes dos ''hermanos'' aqui. Assim como películas uruguaias( sábado assisti ''Acne'', com imagens de Montevidéu), chilenas, peruanas, venezuelanas, bolivianas...É muito mais fácil ver os mais recentes ''blockbusters'' de Hollywood- que, pagos na bilheteria daquele país, entram no Brasil a custo zero para seus produtores- que os trabalhos dos vizinhos, aliás muito mais próximos da nossa realidade...Por isto amamos estes festivais de cinema: eles fazem a integração que normalmente não somos capazes de fazer. Reduzem as ''distâncias culturais'', uma vez que no plano físico estamos tão próximos...E ainda podemos nos dar ao ''luxo'' de dispensar por momentos, durante a exibição, a leitura de legendas...A Mostra promoveu ,no último sábado, um debate sobre a produção cinematográfica latino-americana. Infelizmente foi no mesmo horário da exibição de ''Acne''. Fiquei com as desventuras de um adolescente com a cara cheia de espinhas que só pensa ''naquilo''...Alcnol.
Perto do fim das menções a restaurantes?
Vai chegar um momento em que irei parar de fazer alusões aos muitos restaurantes que conheço aqui. Uma vez que é natural que freqüente alguns deles mais de uma vez( notem que, mesmo no que se refere aos ''muito bons'' ou ''excelentes'', é praticamente impossível repetir a ida na mesma semana, tal a quantidade de ótimas opções que a cidade proporciona...), chegará uma hora em que não teremos mais ''novidades'' a mencionar...Ou melhor, todos estes posts gastronômicos se tornarão um pouco mais raros...Por enquanto, posso adiantar que ainda temos muita coisa boa a apresentar. Talvez só estejamos, de fato, no começo de toda esta estória...Alcnol.
Corre-corre nos dias da Mostra de Cinema...


Vida de cinéfilo, nos dias da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, é assim: um intenso corre-corre entre salas distantes umas das outras( shopping Bourbon/Pompéia, cinemateca na Vila Mariana, cine IG, Cinemark Cidade Jardim, etc.), e, para diminuir os custos e evitar engarrafamentos, nada melhor do que usar a eficiente malha do metrô paulistano. Fotos da Estação Barra-Funda do metrô...PS: Minha maior ''façanha'', ano passado, foi conseguir sair de uma sessão na Cinemateca e, em cerca de meia-hora, chegar no Cine Unibanco Arteplex do Frei Caneca para pegar a sessão seguinte( detalhe: a Cinemateca fica a 15 minutos a pé do metrô, assim como o shopping Frei Caneca...).
Mais Augusta: Galeria e sebo em frente aos cinemas Espaço Unibanco...



De vez em quando vamos ao cinema famoso da Augusta sentido centro, e deparamos com todos aqueles vendedores de livros em banquinhas instaladas nas calçadas próximas. Na galeria em frente ao Espaço Unibanco também há um sebo, o que permite um ''programa casado'' com o filme que iremos assistir( só não dá para perder a hora!).Alcnol.
Loja de esportes: que tal um chinelinho de dedo da Lusa???


Que tal um pouco mais de comportamento ''primitivo''?
Sabe-se que o ser humano, na Antigüidade, costumava reverenciar o sol, a lua e as estrelas como ''Deuses'' distintos. Os chamados ''pagãos'', todos os que possuíam pensamentos espirituais distintos da Igreja ''oficial'' e do chamado ''Deus Único'', também eram simpáticos a este conceito de vários ''Deuses''. No final do mês de dezembro havia uma festa ''pagã'', que foi devidamente apropriada pelos católicos como o Natal...Em plena Idade Média, os druidas veneravam a natureza. A natureza era o seu ''Deus''. Os druidas, aliás, costumavam abraçar as árvores- tal o seu amor pela natureza, ou melhor, pelo seu ''Deus''...Pois estas práticas ditas ''primitivas'' foram substituídas, no decorrer do tempo, por uma conjunção de fatores: no plano religioso, pela idéia de um ''Deus Ùnico''- motivo pelo qual foram massacradas milhares de pessoas adeptas das antigas tradições- e no plano científico pela noção cartesiana de um cientista apartado de seu objeto de estudo. Esta conjunção de idéias religiosas e científicas contribuiu decisivamente para promover o maior período de crescimento econômico de toda a história da Humanidade, assim como a época de maior destruição da natureza e de enormes massacres de povos ''primitivos'' em nome da chamada ''civilização''...Como Deus estava agora ''lá em cima'', distante de nós, aqui ''em baixo'' tudo era permitido. Colonização de nações, escravidão, exploração selvagem do meio-ambiente, massacres políticos e religiosos, tudo isto era comum até pouco tempo atrás( a metade do século XX). O antropocentrismo estava em alta, bem como uma visão utilitarista da existência. Tudo isto nos conduziu, na realidade, ao atual impasse em que estamos vivendo: o ''crash'' das Bolsas é o marco de um momento de violentas crises em todos os planos( político, econômico, social, espiritual, ambiental, científico). O que nos conduziu até aqui não poderá ser mantido por muito tempo mais. Não restam mais tantas árvores a desmatar, nem tantos campos de petróleo a descobrir...Talvez seja chegado o momento de olhar um pouco para trás e perguntar: não seria melhor que o ser humano tivesse continuado a ver a natureza e seus fenômenos como ''Deuses''? Não seria melhor um mundo em que fôssemos todos um pouco ''cariocas'', daqueles que aplaudem o pôr-do-sol em Ipanema? Não seria melhor um mundo em que não mais separássemos o nosso Deus das ações que praticamos no nosso cotidiano? Talvez seja chegado o momento, tal como na propaganda de uma marca de automóveis, de ''rever os nossos conceitos''. Um pouco mais de ''primitivismo'' não faria mal a ninguém...Alcnol.
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