Neste post nós chegamos ao ''fim'' da parte menos glamorosa da famosa Rua Oscar Freire. Cruzamos a movimentada Avenida Rebouças, e iniciamos um movimento rumo ao ''final''- para os automóveis- ou ''início''- segundo a numeração oficial- da famosa ''passarela'' da capital paulistana. Aqui já estamos na parte mais famosa e conhecida da Rua. Um dos mais bonitos ''shoppings a céu aberto'' do mundo...O nome do bucólico edifício? Edifício Ipanema...Está, como vemos, no lugar certo: ''Edifício Ipanema'', Rua Oscar Freire, São Paulo...Terminamos este post, mas não a jornada até o começo da Oscar Freire, em frente à doceria Cristallo...Aceitam um cafezinho? Alcnol.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Flagrantes de uma São Paulo ''gelada''...
Isto sim eu chamo verdadeiramente de frio, sem aspas. São Paulo amanheceu com temperaturas próximas dos 10 graus, em plena ''primavera''. Nas fotos alguns flagrantes de relógios de rua e de pessoas ''encasacadas'', buscando fugir da sensação de frio. Claro que, como São Paulo é uma verdadeira ''caixa de ressonância'' nacional- e um lugar onde as pessoas estão aglomeradas e conversando cotidianamente umas com as outras- nem é preciso ser um ''gênio'' para saber que o assunto do dia- salvo nos bancos e no mercado financeiro- é o ''frio''...As pessoas daqui, muitas vindas de outros Estados, tem uma baixa tolerância ao frio, muito menor do que os habitantes lá de Curitiba e demais capitais do Sul do país...Alcnol.
''O outro lado da Oscar Freire-3''
Estamos terminando o nosso passeio por aquele lado ''obscuro'' da Rua Oscar Freire que pouca gente vê. Neste ''tour'', agora apresentamos fotos de uma clínica veterinária em plena Oscar Freire(!), de um restaurante que só trabalha com produtos orgânicos( como passei depois do almoço não deu para provar a comida...), uma interessante lojinha em frente à estação Sumaré do metrô com camisetas interessantes, produtos relacionados à capoeira e estátuas e lembrancinhas feitas no Sertão Nordestino(casa vermelha), de uma casinha com exemplo de pequeno comércio na região e de mais um botequim- esta tradição paulistana...Alcnol.
Em defesa da comida...
Há poucos dias tivemos oportunidade de nos pronunciar, neste blog, em relação à possibilidade ou não de o Governo restringir a comercialização de produtos notoriamente nocivos à saúde de seus consumidores.Entre eles, as batatas-fritas...Eis que, esta semana, enquanto percorríamos a Fnac da Avenida Paulista, um título de livro salta aos nossos olhos: ''Em defesa da comida- um manifesto'', de Michael Pollan. O ''manifesto'' vem por inteiro na contracapa da obra. Entre as propostas: 1- Não coma nada que sua avó não reconheceria como comida; 2- Evite comidas contendo ingredientes cujos nomes você não possa pronunciar; 3- Não coma nada que não possa um dia apodrecer; 4- Evite produtos alimentícios que aleguem vantagens para sua saúde; 8- Coma uma variedade maior de alimentos; 12- Coma com ponderação, acompanhado, quando possível, e sempre com prazer. Em sua obra, Michael Pollan qualifica este longo movimento em direção aos alimentos industrializados- nos dias de hoje corriqueiramente ''enriquecidos'' de um número sem fim de vitaminas, etc.- de ''nutricionismo''. A era do ''nutricionismo'', segundo o autor, também é a era da desinformação, das informações desencontradas: ora se veda- com o apoio da ciência médica- produtos tradicionais como leite e ovos, ora se ''libera'' os mesmos. Ora se incensa a margarina como um saudável substituto para a ''perigosa'' manteiga, ora se descobre- para nosso alarme!- que a ''saudável'' margarina, feita com gordura ''trans'', é um produto altamente letal para nós e nossos filhos...Tal como as pesquisas eleitorais, as chamadas pesquisas ''científicas'' muitas vezes tem por trás de si um ''patrocinador''- não raras vezes uma associação de produtores de um dos alimentos ou substâncias analisados( café, leite e derivados, cigarros, carne, etc.). Segundo Michael Pollan, a indústria alimentícia cria e lança no mercado cerca de 17 mil novos produtos por ano...Muitos destes, embora enriquecidos com açúcar ou dezenas de produtos químicos desconhecidos, chegam mesmo a ostentar rótulos auto-intitulando-se como ''saudáveis'', ''naturais'', ''fibrosos'', ''benéficos para o coração''( inclusive as margarinas...!). Na era da desinformação/confusão, o que o autor desta obra propõe é que retornemos ao básico. ''Quando óleo de milho, batatas fritas(sic)e cereais matinais açucarados podem todos se gabar de fazer bem ao coração, as alegações quanto a benefícios para a saúde se tornam irremediavelmente corrompidas(...)Enquanto isto, os alimentos genuinamente saudáveis para o coração na seção de hortifrutigranjeiros, sem a influência financeira e política dos produtos embalados a alguns corredores dali, estão mudos. Mas não tome o silêncio dos inhames como um sinal de que eles nada têm a dizer de valioso sobre saúde''( nosso grifo- página 172). ''Não coma nada que sua bisavó não reconhecesse como comida'', eis um de seus principais conselhos. Mas, afinal, o que é comida? E para que precisamos nos alimentar? Nosso grande dilema, quando se trata de comida, é a suposta oposição entre dois propósitos igualmente relevantes: comer para nutrir o próprio corpo, para ganhar energia, para ter saúde( propósitos de uma alimentação ''saudável'') ou comer por prazer, por ''gosto'', pelo sabor dos alimentos( intenções de um bom ''gourmet'' assim como dos adeptos das mais diversas variações de ''fast food''...). Eu mesmo ainda não consegui resolver este incômodo dilema...Mas sabemos todos que o ''prazer'' de hoje pode ter um alto preço amanhã- e não só na área dos alimentos...Por mais que as industrializadas comidas ''modernas'' sejam estigmatizadas por seus críticos, é preciso reconhecer que sua força maior reside na pressa dos seres humanos da atualidade. Enquanto o homem dedicava, na antigüidade, cerca de metade do dia para preparar seus alimentos, hoje ele leva menos de uma hora deste mesmo dia para consumí-los. O resultado, segundo Michael Pollan, é que enquanto ''em 1960 os americanos gastavam cerca de 17,5% da renda com alimentação e 5,2% da renda com saúde, hoje os gastos com alimentação caíram para 9,9% enquanto os gastos com saúde subiram para 16% da renda nacional''( páginas 202/203). Bom para quem? Para hospitais, Planos de ''Saúde''., entre outros...A alimentação hoje é farta e mais acessível do que nunca em toda a estória da humanidade. Nada mais fácil do que preparar um disco de queijo com condimentos e colocá-lo em um forno( falo das pizzas, alimento preferido dos paulistanos...), ou esquentar pequenas rodelas de queijo e igualmente colocá-las em um forno para assá-las por cerca de um minuto ou dois( pão de queijo), ou preparar rapidamente milhões de sanduíches para uma multidão de apressados consumidores. As pessoas tem pressa, cada vez mais pressa- que o digam as multidões de apressados que acotovelam uns aos outros em um grande centro como São Paulo...Comida farta, acessível a qualquer hora do dia, e sequer temos de nos preocupar com os seus efeitos: afinal, inúmeras pesquisas estão ''garantindo''- sem contar a ''fiscalização'' do Governo- que estamos consumindo alimentos ''saudáveis'' e ''enriquecidos'' por diversas vitaminas...Você acredita, de fato, nisto? Crê que um suco acondicionado em uma caixa, que pode durar vários meses, tem o mesmo valor da mesma fruta que você compra na feira? Que comprimidos, fabricados e vendidos a peso de ouro por um laboratório qualquer, tem o mesmo valor alimentício que os vegetais que sua avó ou tataravó comia fartamente? Que um líquido cheio de conservantes e adoçantes tenha o mesmo valor que a ''velha'' e tradicional água? Além dos importantes alertas dados por Michael Pollan neste valioso livro( em inglês intitulado ''In defense of food''- Penguim Books), ainda há um outro motivo para refletirmos. Outro dia, o noticiário ''Bom dia Brasil'' mostrou que diversos produtos- que contém menos do que 0,2% de gordura ''trans''- podem ostentar em seus rótulos que ''são isentos'' da mesma...Só que, para nosso horror, fomos informados também que estes resultados são apurados em cima de porções como ''30g'' ou uma unidade...E que, claro, quase ninguém se limita a comer um único biscoito...O resultado é que, consumindo moderados 3 ou 4 biscoitos destes recheados que são vendidos nos supermercados, estaremos consumindo- sem saber porque os rótulos estão dizendo que tais produtos são ''livres de gorduras trans''- mais do que o dobro da dose diária ''recomendável'' de tais gorduras...! ''Complicado'', diriam os paulistanos. O que você prefere: ficar fazendo tais cálculos toda vez que colocar uma porção de comida na boca, ou, como recomenda inteligentemente Michael Pollan, voltar ao que é certo, ao que vem da natureza, ao que sua bisavó alegremente comia??? A escolha é sua. Em um momento em que várias pessoas mal conseguem pensar no dia de hoje, a idéia de que iremos pagar um elevado preço ''daqui a alguns anos'' parece até mesmo confortadora...Alcnol. Fotos da lotada Praça de Alimentação de um shopping daqui de São Paulo...PS: Ainda não sabemos também qual é o efeito de todos estes produtos químicos adicionados aos alimentos, somados uns aos outros no interior de nossos corpos em proporção geométrica...Afinal, os laboratórios só são capazes de afirmar que uma substância- isolada- ''não faz mal à saúde''...Já somos todos meio ''mutantes'', cobaias de desconhecidas e perigosas experiências na área ''alimentar''...
''O outro lado da Oscar Freire-2''
Conseguimos achar, em plena Oscar Freire- do lado de Pinheiros- um lado mais tradicional, antigo, preservado em meio à profusão de ''arranha-céus'' que toma conta da cidade de São Paulo. Entre eles, uma vila de casinhas- mais uma: não resisto a entrar cada vez que acho uma! - e um antigo prédio de apenas dois andares com uma moradora de um dos apartamentos na varanda. Conversamos com ela, que vive ali há mais de 50 anos. Seu maior medo é que ''tombem'' o prédio. Acho que ela confundiu ''tombar''- declarar o prédio de interesse histórico, proibindo quaisquer alterações- com ''derrubar''...Alcnol.
A ''estranheza'' do senador Barack Obama...
Muitas pessoas, em especial quando se trata de política, gostam de ''slogans'' ou imagens simples que facilitem a apreensão da mensagem de um determinado candidato. A política torna-se, assim, uma mera extensão de um cotidiano em que estes mesmos indivíduos manifestam corriqueiramente uma aversão ao novo, às experiências...Não vamos discutir aqui os programas de governo dos dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos. Falamos, isto sim, de impressões- algumas consolidadas após o debate pela televisão ontem à noite. John McCain, diga-se de passagem, é um grande comunicador. Fala mansa, vai soltando pequenas ''farpas'' contra o adversário...Seu linguajar é mais simples, na busca de familiaridade com o ''eleitor comum''. Trabalha, com certa eficiência, com o medo que muitas pessoas tem do ''desconhecido'' senador Obama...Já este, tem ''contra si'' diversas peculiaridades: é mestiço( Sarah Palin chegou a insinuar publicamente que ele ''não é como nós''...), e sua inteligência faz com que ele- na busca da melhor frase- chegue a hesitar ou mesmo gaguejar em um debate pela TV...Além disto, é ''novo''...Enquanto McCain, e por isto ele ainda se sustenta nas pesquisas, é o ''velho'', ''o conhecido'', o ''familiar'', Obama é a ''nuance'', a ''zona cinzenta'', o ''inqualificável'', o ''novo'' e, para muitos dos que optam pelos republicanos, o ''perturbador''. É exatamente isto que o senador Obama está fazendo em sua inédita campanha pela Presidência dos Estados Unidos: ele está ''sacudindo''/ ''perturbando'' um jogo tradicional de ''cartas marcadas'' em que pessoas ''como ele'' eram apenas espectadores...Nos momentos de crise, pode ser confortador para inúmeras pessoas optar por alternativas conhecidas. Salvo quando estas alternativas sejam a mera repetição das escolhas que fizemos no passado, e que nos levaram à crise atual. O senador McCain seria uma ótima escolha em ''tempos normais''. Tem um excelente ''handicap'' para governar bem os Estados Unidos. Seu heróico passado o habilita. No entanto, quando entramos em uma época de incertezas e instabilidade, o melhor comandante é aquele que não tem medo de experimentar nem de lidar com o novo. Obama, tanto por suas idéias quanto por aquilo que ele representa- uma América ''miscigenada'' do século XXI e mais aberta para o mundo- é o comandante mais apropriado para os desafios que virão...Alcnol. PS: Enquanto assistíamos o debate, pela CNN, olhávamos constantemente para os gráficos na tela que mostravam a audiência no estado de Ohio( um dos estados decisivos para as eleições). As cores mostravam a audiência do candidato que estava falando entre homens e mulheres. Quando o senador McCain falava, a audiência tendia a ficar no meio do gráfico, com poucos ''picos''. McCain, além disto, atraía muito mais eleitores homens que mulheres. O senador Obama, ao contrário- detentor de extraordinário carisma- levava constantemente o gráfico para o topo, e era muito mais visto/escutado pelas mulheres...Sem alusões sexistas aqui, isto mostra algo que já é conhecido por todos nós: as mulheres são muito mais ''abertas'' ao novo do que os homens- mais conservadores e tradicionalistas...Homens caminham em linha reta pelas ruas, enquanto as mulheres ''driblam'' e contornam...
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