O trecho a seguir foi extraído do livro ''A vaca roxa'' (Purple Cow), de Seth Godin:
''A Vaca é rara porque as pessoas tem medo. Se você for notável, provavelmente algumas pessoas não gostarão de você. Faz parte da definição de ''notável''. Ninguém consegue, jamais, elogios unânimes. Para um tímido, não há nada melhor do que passar despercebido. Somente os notáveis recebem críticas. Onde você aprendeu a ser reprovado? Se você for como a maioria dos americanos, na escola de primeiro grau. É a partir daí que se aprende que ser enquadrado é a coisa mais segura a fazer. É muito mais seguro colorir dentro dos limites do desenho, não fazer muitas perguntas em classe e, o que quer que aconteça, certifique-se de que o trabalho de casa enquadra-se no formato solicitado. Nossas escolas são administradas como fábricas. As crianças fazem fila em linhas retas, são separadas em grupos( chamados graus)e nos esforçamos para que não haja desalinhamentos. Ninguém deve se destacar, ficar para trás, se adiantar ou fazer bagunça. Fazer tudo de modo seguro, de acordo com as regras. Essa parece ser a melhor maneira de se evitar o fracasso. Na escola, pode até ser. Infelizmente, essas regras estabelecem PADRÕES para a maioria das pessoas( o seu chefe, por exemplo?) e esses padrões são perigosos. São essas regras que, em última análise, podem levar ao insucesso. EM UM MERCADO SUPERLOTADO, ENQUADRAR-SE É FRACASSAR; NÃO SE DESTACAR É O MESMO QUE ESTAR INVISÍVEL''( nosso grifo). Continuando, em outro trecho o autor afirma que ''fomos educados com base em uma falsa crença. Acreditamos, de maneira equivocada, que a crítica leva ao fracasso. Desde os tempos de colégio somos induzidos a acreditar que ser notado é quase sempre ruim. E´algo que nos leva ao gabinete do Diretor, e não a Harvard. Ninguém diz: '' É isto aí! Eu gostaria de me preparar para reagir à crítica séria!''. Apesar disso...esta é a única maneira de se tornar notável(...)Com freqüência reagimos à nossa aversão a críticas procurando nos esconder e evitando fazer coisas que possam desencadear respostas negativas. Dessa forma, garantimos( ironicamente) o nosso insucesso! Se ser notável é a única maneira de se destacar na multidão e ser tedioso, mas estando seguro, a única maneira de se evitar críticas, bem, aí está uma escolha e tanto, não é mesmo? ( nosso grifo). Você não é o projeto. Críticas ao projeto não são críticas a você. O fato de precisarmos ser lembrados disso é uma evidência do quanto estamos despreparados para a era da Vaca. Aqueles cujos projetos jamais serão objeto de crítica são os que, em última análise, fracassam''( ''A Vaca Roxa'', Seth Godin, Editora Campus, páginas 72 a 75, trechos selecionados). Seth Godin é Publicitário. Mas quem disse que suas sábias palavras não se aplicam a muitas outras carreiras???
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Campos de concentração no Rio de Janeiro...
Não sou eu que eu estou inventando isto. Segundo o jornal ''O Globo'' de 16/9, o novo presidente do Tribunal Regional Eleitoral( TRE-RJ)do Estado do Rio de Janeiro, se diz chocado com estado de pavor e coação que encontrou em favelas da Zona Oeste da ''Cidade Maravilhosa''. O desembargador Alberto Motta Moraes, segundo o periódico, afirmou que conheceu ''um campo de concentração sem arame farpado''. Motta Moraes, ainda segundo a reportagem, ''comentou ainda sobre a moradora de nome Cristina que conversou com ele, agradecendo a presença das tropas federais na ''Coréia''. Segundo o magistrado, a moradora contou que está deixando o local onde vive há anos por imposição do tráfico, que também teria lhe tirado o pequeno comércio que o marido falecido deixou: - Ela disse que estava feliz porque vai pegar um ônibus para o Ceará na terça-feira e, como as tropas federais ficam no local até a terça, ela poderá retirar seus pertences de casa. E chegou a me confidenciar que pretende queimar tudo o que construiu para não deixar para os traficantes(...)''. O desembargador aproveitou para criticar a questão da segurança pública no estado, lembrando que não existe a idéia de ''espaços vazios'': ''Se a autoridade não se faz presente, alguém se faz presente. Não existe ausência de autoridade, o que existe são tipos de autoridade. Infelizmente, lá a autoridade que manda não somos nós, nem as forças federais. Somos nós enquanto estamos lá; quando sairmos, serão outros os que mandam. Infelizmente é assim''. Me digam: isto que estamos vivendo se assemelha a um ''Estado Policial'', como dizem lá nos gabinetes de Brasília? Um bando armado se apodera de vastas regiões da segunda maior cidade do país, impondo o seu terror e as suas próprias leis, transformando os moradores daquelas ''comunidades'' em reféns e confiscando bens. Qual é o nome disto? Seria isto ''caso de polícia''? Isto é- sem meio-termo ou palavras conciliatórias- TERROR, TERRORISMO...Uma autoridade visita um destes lugares e o compara a um campo de concentração, tal o pavor e o pânico de seus moradores, mas também deixa claro que a atual presença do Poder Público tem hora e data certas para acabar...Cuidado, senhores governantes: a História mostra que as situações de ''dualidade de poder'' não se sustentam por muito tempo. O MAIS FORTE SEMPRE ACABA VENCENDO. Vá perguntar para algum daqueles milhares de moradores- ou melhor, PRISIONEIROS- quem eles consideram o lado ''mais forte''...
Boa, Jabor!
O colunista Arnaldo Jabor, em sua coluna nos jornais ''O Globo'' e ''O Estado de São Paulo'' publicada às terças-feiras, afirmou algo que eu já suspeitava há muito tempo: ''ele aparece todos os santos dias na TV, rádio e jornais, pois descobriu o Brasil real e aí está o seu gênio- descobriu algo que ninguém mais viu antes: que o Brasil não precisa de governo; basta parecer que tem'' ( extraído do texto ''Lula é o nosso único acontecimento'', de 16/09/2008). Mas cuidado, Jabor. Hoje em dia os leitores costumam interpretar literalmente tudo o que lêem, sem margem para nuances e ironias. Assim, os mais apressados podem pensar que ''até o Jabor aderiu''...
''Perigo! Batatas fritas- II ''
''Coincidentemente'', boa parte dos que defendem o chamado ''Estado Mínimo'' pertencem aos estratos mais poderosos da sociedade. Como assim? As empresas defendem a não intervenção do Estado na economia, em nome do chamado' 'livre mercado''. Mas haveria um direito ilimitado a reajustar preços? Haveria um direito ilimitado a vender mercadorias de qualquer modo, sem padrões mínimos de qualidade e desatendendo normas públicas de saúde? A intervenção estatal, respaldada por instrumentos como o Código de Defesa do Consumidor, visa proteger em especial os mais fracos, os ''hipossuficientes''. O consumidor, em seu litígio contra as empresas, é usualmente a parte mais fraca. O CDC assumiu claramente a sua defesa, e estabelece inclusive a chamada ''inversão do ônus da prova'': o Juiz pode determinar que a empresa, que tem livre acesso e controle sobre os dados técnicos dos produtos que vende, prove ''que não agiu de determinada forma'', ''que o produto não é lesivo à saúde do consumidor'', etc. Isto é severo, draconiano, mas plenamente justificado pela desigualdade entre as partes. Como irá um consumidor provar que um produto é lesivo? Custeando caríssimos testes de laboratório? Efetuando pesquisas, pagas do seu próprio bolso? A intervenção ''parcial'' do Poder Público, amparada pela lei, justifica-se no sentido de que visa ''reequilibrar o jogo'' entre dois jogadores que tem características muito diversas: as poderosas empresas, e os consumidores. Alguém questiona este tipo de intervenção estatal? Alguém, salvo as empresas, claro, vislumbra neste tipo de ação um ''risco à liberdade individual''? Toda a reclamação em torno da chamada ''Lei Seca'' funda-se em argumentos semelhantes. Os proprietários de veículos motorizados, não casualmente pertencentes aos estratos economicamente mais elevados da população, reivindicam o ''direito'' de conduzir os seus carrões livremente. No entanto, antes da Lei, diariamente os meios de comunicação noticiavam inúmeros casos de acidentes causados por condutores alcoolizados. Que interesses estavam em jogo? De um lado, o dos motoristas. De outro, o de suas vítimas: crianças, ciclistas, idosos, pedestres em geral - neste país ''coincidentemente'' pertencentes às camadas mais pobres da população- bem como até mesmo os condutores de outros veículos menos ''possantes''( motocicletas e ''fuscas'' ,atingidos por caminhonetes SUV e caminhões...). O que é a ''Lei Seca''? Uma iniciativa, patrocinada pelo Estado e com o apoio inequívoco da sociedade, no sentido de regular o uso de veículos automotores. O consumo de álcool continua livre. Mas não ao volante...Por que se quer proibir o consumo de cigarros em lugares públicos? Para proteger os fumantes passivos que, segundo as pesquisas médicas, são as grandes vítimas de todo este ''fumacê'' produzido pelos fumantes inveterados...Elimina-se o direito dos fumantes fumarem? Não, condiciona-se. Para defender o interesse daqueles que não fumam...E as batatinhas fritas? Há muito se sabe que a gordura vegetal hidrogenada- gordura ''trans''- usada em sua preparação é altamente letal à saúde. Aqui a ação do Estado requer, além da repressão e proibição do uso destas substâncias venenosas e cancerígenas, também a educação das pessoas para que não consumam produtos preparados desta forma. Padarias, pizzarias, lanchonetes tem feito ''ouvidos de mercador''. Não tem aplicado as recomendações estatais no sentido de não utilizar estas substâncias no preparo de alimentos. Em decorrência, o Ministério da Saúde tem acenado com uma virtual proibição total da gordura ''trans'', no longo prazo de ''3 a 5 anos''. Foi contra isto que se insurgiu aquele artigo da Revista ''Época''. Pergunto: o direito dos comerciantes de substâncias tóxicas pode se sobrepor ao DIREITO À SAÚDE das pessoas em geral? Os operadores do Direito são corriqueiramente colocados diante de conflitos como este. A melhor saída sempre é PONDERAR, sopesar os direitos em conflito, tentar reequilibrá-los por meio de uma ação do Poder Público que resguarde os interesses de todas as partes. E o ''perigo'' de todas estas intervenções do Estado, em contraposição aos direitos individuais, por mais legítimas e justificadas que sejam? Se você ainda não vislumbrou, diante do visível ''encolhimento'' do Estado nos últimos anos e da privatização de diversos serviços outrora públicos, um outro risco, um risco ainda maior- o de sermos manipulados e controlados por todos estes oligopólios privados que agem cada vez mais desenvoltamente no terreno econômico- faço questão de dar-lhe as boas-vindas a este ''mundo novo''. Mas claro que, inteligente como você é, e temeroso de idenficar-se nos modernos ''lugares públicos'' como a Internet, em que grandes empresas e anônimos usualmente captam os nossos dados e passos com propósitos obscuros, você já deve ter ''sacado'' de onde podem advir os maiores riscos para as liberdades individuais...Será que as grandes empresas- que atualmente fazem inúmeros testes no sentido de estudar o comportamento dos consumidores por todas as formas- caso elas descubram uma maneira ''infalivel'' de vender os seus produtos, poderemos confiar que terão a capacidade de ''auto-regular-se'' e usar estas técnicas sem violar a vontade dos consumidores? Poderemos, caso esta hipótese se concretize- e não estamos muito longe disto- estar novamente diante de um conflito entre liberdades: a ''liberdade de vender'' versus a ''liberdade de escolher o que comprar e de adquirir ou não um produto''. Que liberdade seria mais digna de proteção por parte do Poder Público? De que lado você se posicionaria?
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