Brasil e Chile possuem um longo histórico de boas relações.
Foi em Santiago que diversos brasileiros se refugiaram após o Golpe Militar de março de 1964. Graças aos inúmeros relatos dos mesmos, que tiveram de encontrar abrigo novamente após o Golpe Militar protagonizado por Augusto Pinochet em 11 de setembro de 1973, o Chile sempre esteve presente em nosso imaginário.
Nem se fale da forte cultura chilena, representada pelo músico Victor Jara, pelo poeta Pablo Neruda, pela escritora Isabel Allende( sobrinha do Presidente deposto), pela poetisa Gabriela Mistral, etc.
De uns tempos para cá, as notícias vindas do Chile foram bem mais auspiciosas: forte crescimento econômico( taxas como a que teremos este ano, de cerca de 7%, são bem mais comuns por lá. O Chile, segundo diversas previsões, é o país latino-americano mais próximo de chegar a padrões do chamado ''Primeiro Mundo''. Estima-se que isto se daria por volta de 2025), um sistema tributário simplificado( para se ter uma ideia, todas as transações e compras, por menores que sejam, originam notas fiscais- em que os clientes podem saber quanto pagaram de imposto, inclusive), abertura para o exterior( os impostos de importação chilenos são significativamente menores que os nossos, o que faz com que diversos produtos estrangeiros custem bem menos do que em terras brasileiras).
Isto não se deu de graça. A política econômica imposta pelo regime Pinochet- com a adoção de duras medidas comandadas pelos chamados ''Chicago Boys''( economistas ultra-liberais adeptos da chamada ''Escola de Chicago'')- levou à privatização de vários dos principais setores daquele país, incluindo a Previdência Social. Os governos de esquerda que se sucederam após a abertura democrática( a chamada ''Concertación'', aliança entre o Partido Socialista e a Democracia Cristã) não tiveram coragem, assim como aqui, de mexer nos pressupostos de uma economia que estava dando certo- no que agiram com sabedoria...
Isto fez com que aquele país experimentasse um prolongado crescimento. Poder-se-ia falar, até, em um chamado ''Modelo Chileno de Crescimento'', já que este país cresceu a taxas que poderiam qualificá-lo como um dos ''tigres'' da América Latina...
Ao contrário de diversos países latino-americanos, o Chile é hoje presidido por um empresário( Sebastián Piñera, ex-dono da LAN- principal companhia aérea daquele país). Em recente encontro das 20 principais economias mundiais, para discutir medidas que previnam a chamada ''Guerra Cambiária'', o Presidente chileno aproveitou para fechar acordos de livre comércio com a Malásia, além de visitar Japão e China. Agiu como um verdadeiro ''caixeiro viajante'', em defesa dos interesses de seu país...O Chile, embora se aproxime do Mercosul, possui também cerca de 50 acordos de livre comércio com algumas das maiores potências mundiais...
Falaremos mais da pujante economia chilena, da qual tivemos diversos sinais durante esta curta estadia em Santiago, ao longo desta série de posts...
Alcnol.
PS: As fotos ilustram o forte nevoeiro que fazia em Santiago no início da manhã( que depois daria espaço para um calor de 29 graus naquele dia da chegada)e de uma ''escultura'' feita com malas no Aeroporto da capital chilena...