Esta série de posts sobre a cidade de Curitiba-PR surgiu de um pequeno espanto: após inúmeras viagens até aquela cidade, ainda consegui descobrir uma região que me era completamente desconhecida...
E não era muito longe não. Não era nenhum lugar ''periférico''. A poucos passos do centro da cidade, toda uma área se oferecia a meu olhar e eu, espantado, a descortinei como quem visita uma cidade estranha pela primeira vez...Lembrei até das andanças por Montevidéu( Uruguai), onde estive recentemente, em que ''tudo era novo''- já que nunca estivera ali em toda a minha vida...
Surpreender-se com alguma coisa torna-se cada vez mais raro em um mundo em que tudo está interligado, um ''mundo plano''( termo criado pelo jornalista norte-americano Thomas Friedman)...
Outro dia, em um restaurante, ouvi um membro de um grupo de executivos referir-se a Montevidéu. Segundo ele, que se hospedou no centro, ''em poucas passadas foi possível conhecer a cidade toda''...
Eu, que dei muitas passadas por lá, ainda saí com uma imensa frustração e vontade de conhecer o resto( o Prado, o bairro de Carrasco, o clube Peñarol, etc.). Mas opinião é opinião...
Para estes executivos, aos quais é possível por exemplo hospedar-se em um Hotel Sheraton, é possível desfrutar do mesmo padrão onde quer que estejam( Praga, Cingapura, Caracas, Toronto, Mumbai, etc.). Um quarto ''clean'', com uma TV de plasma gigante ligada na CNN, o laptop ligado graças ao sistema ''wi-fi'' do hotel. Para eles, todos os lugares são meio ''parecidos'' e, em certo sentido, eles tem razão...
A gastronomia uruguaia não é tão diferente assim da paulistana. Assim como os Shoppings...
As ''tarjetas'', digo, os cartões de crédito das mesmas bandeiras que conhecemos são aceitos em todas as partes.
Se você fala inglês, sempre encontrará algum funcionário mais solícito que também saiba falar esta língua. Não se sentirá ''perdido'', nem ''fora de casa''.
Porém, se as comodidades da vida moderna tornam tudo meio ''parecido''- confortável para aqueles que disponham de meios para pagar tudo isto- por outro lado a Globalização também ressalta as diferenças: adeptos da religião muçulmana que migraram para outros países fazem questão de usar as suas vestimentas típicas, como um sinal de que são fiéis às suas tradições. Eles não querem ser esmagados pela ''massificação''...
Toda esta introdução para falar de uma das capitais brasileiras que mais misturam o ar de ''pequena vila'' com as características de uma grande metrópole. Curitiba é este lugar...
Começamos este post com a foto de baixo, que mostra um cruzamento de várias ruas diferentes no bairro do Alto da Glória. Já afirmei antes que gosto muito destas divisões, que nos obrigam constantemente a escolher o melhor caminho...Estas bifurcações são um espelho de nossas próprias existências...
Enquanto passávamos ali, em plena metade da tarde de um dia da semana- durante a Bienal do Livro do Paraná- era possível ouvir o canto dos pássaros, sentir a vegetação fresca- soprando ao rumo dos ventos- enquanto caminhávamos por ruas semi-desertas...Tal como em uma pequena cidade do interior...
São locais como este, pequenos ''oásis'', que revelam que a homogeneização da atualidade não atingiu todo o mundo. E nem conseguirá fazê-lo. Nos lembramos, naquele momento, de uma reportagem do jornal paranaense ''Gazeta do Povo'', que tratava das antigas casinhas de madeira, tão características da cidade em outros tempos, que ainda podiam ser encontradas em alguns bairros. Que bairro exatamente eu não me lembrava mais. Porém, já que estávamos em uma região da cidade que jamais visitáramos anteriormente, por que não tentar encontrá-las?
O resultado desta busca você verá nos posts seguintes...
Alcnol.