Como dizia a famosa e antiga música do saudoso Tim Maia, ''é primavera, te amo, é primavera, trago esta rosa para te dar...''. Florescem as árvores em São Paulo, apesar de tudo...Olha o coro: ''é primavera''...
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Torcida são-paulina já tomou as ruas...
Por todas as partes, o tradicionalmente retraído e desconfiado torcedor do São Paulo já mostra toda a sua confiança no título próximo. No mercado onde flagramos esta cena, um outro freguês perguntou a esta torcedora: ''e aí? vamos ser campeões?''. O que vocês acham que ela respondeu? Eu acho que não nos tiram este título ''nem a bala''...Sorry, gremistas...
Botequim na Oscar Freire- a prova...
''Rua Atlântica''???! Em São Paulo???!
Conheço a famosa Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, que faz jus ao nome: fica em Copacabana, a poucos metros do mar...No entanto, ao rumar para o bistrô de Pinheiros que comentamos no último post, passamos por uma ''Rua Atlântica'' no meio dos Jardins. Qual será o motivo deste prosaico nome de rua? Afinal, o mar mais próximo está a cerca de 60 km de distãncia( que nos feriados podemos atingir em meras 5 horas de espera no meio dos engarrafamentos...). Mas São Paulo tem milhares de ruas que merecem ser batizadas. E esta rua tranqüilona aí levou o nome de ''Rua Atlântica''. Surpreendeu-nos, no nosso caminho, assim como acho que pode surpreender vocês também. ''Onde está'', perguntarão novamente, ''o mar?''
Almoço em Pinheiros- no ''Le Manjue Bistrô''( produtos orgânicos)...
Uma ampla parcela da população desta cidade prefere a rapidez e o preço à saúde, isto é um fato. Daí tantas pizzarias, padarias, lugares que servem ''cachorros quentes''. Mas também é uma realidade o fato de que a mesma cidade é servida por uma ampla rede de restaurantes vegetarianos- estamos relatando isto aqui quase todos os dias...Pelo histórico, podemos dizer que os restaurantes e entrepostos de produtos orgânicos tem travado uma árdua luta para se implantar por aqui. Seria impensável pensar, no momento, em um estabelecimento que sirva apenas produtos da chamada ''culinária viva''- como no Rio de Janeiro. Só este ano, os apreciadores de produtos orgânicos aqui em São Paulo tiveram dois contratempos, com o encerramento das atividades do restaurante ''Empório Siriúba''- memorável lugar, com um belíssimo jardim onde comíamos à sombra das árvores- e do Empório Orgânico Taya- ambos situados nos Jardins. Por isto mesmo, a notícia da abertura de um novo estabelecimento da linha de produtos orgânicos- este ''Le Manjue Bistrô'', na Rua Inácio Pereira da Rocha, 273, Vila Madalena- deve ser saudado com aplausos por todos aqueles que buscam a alimentação mais saudável e, ao mesmo tempo, saborosa. O chef, quem diria, é o mesmo Renato Caleffi- que conduzia a cozinha nos tempos do Siriúba, com uma inventiva linha de pratos que incluía até mesmo uma inédita ''sopa de banana''...Caleffi é especialista em gastronomia funcional e molecular, tendo criado e adaptado diversos pratos para celíacos(alérgicos ao trigo), intolerantes à lactose, diabéticos e desintoxicantes. Além da preocupação com a saúde, o lugar também está ligado à chamada Responsabilidade Social: em parceria com a ONG ''Projeto Arrastão'', treina e recruta jovens talentos, dando-lhes não só a oportunidade de conquistarem o primeiro emprego como também de exercerem sua cidadania. Diversas peças da decoração, quadros e utensílios expostos no ''Le Manjue Bistrô'' foram confeccionados por jovens desta mesma ONG, e estão á venda no local- com renda totalmente convertida para os projetos desta instituição. A decoração original do lugar mescla traços da ''Belle Époque'' francesa e elementos da arte modernista brasileira, estilo concebido durante a Semana de Arte Moderna de 1922( entre os seus representantes podemos citar Mário de Andrade, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral). Bom, e a comida? Começamos com uma sopa de abóbora de entrada, acompanhando pedaços pequenos de torrada e uma colher com caldo de goiaba. O prato principal foi penne integral com hambúrguer orgânico( só a carne, bem macia e saborosa...). Fechando, compota de jaca com uma bola de sorvete de doce de leite orgânico- além de uma pequena farofa de quinua cobrindo tudo isto. Eu ficaria até bastante surpreso com a qualidade e delícia desta refeição, se já não conhecesse o trabalho anterior deste chef no Empório Siriúba. Quem disse que não se pode aliar a saúde ao gosto? E ao preço, pois tudo isto- incluindo o café orgânico no fecho- saiu por módicos 30 reais( detalhe: este é o prato executivo; pedidos ''a la carte'' podem ter preços diferenciados). Ao sair, ainda descobri que o bistrô fica a poucos passos da Rua Fradique Coutinho e, melhor!, da Livraria da Vila- um ótimo ''programa casado''...PS: Aquele pano pintado e cheio de flores é o guardanapo do restaurante( deu até pena de ter de sujá-lo após a refeição...).
Último dia da Mostra Indie 2008: documentário japonês ''Emprego Temporário, Agonia Permanente''...
Segundo a resenha do catálogo da Mostra Indie 2008, ''O Diretor Hiroki Iwabuchi documenta sua bizarra situação e os sentimentos contraditórios que tem como trabalhador temporário. Ele conseguiu um trabalho na fábrica da impressora Canon através de uma agência de empregos, é em tempo integral, mas temporário. Nos dias da semana monta cartuchos de tinta, enquanto aluga um apartamento e usa uma bicicleta cedidos pela agência. Nos fins de semana procura trabalho em Tóquio, onde sonha morar(...)''. Confesso que perdi um pouco o entusiasmo por esta mostra ao assistir um filme japonês meio ''sujo'', com má qualidade de imagem. Pensei até que seria por conta do fato de estar ''mal acostumado'' com as imagens digitais da TV a Cabo. Mas hoje, no último dia oficial da Mostra, decidi ''arriscar'' e assistir este documentário japonês, mais por conta do tema interessante. Não me arrependi...É até irônico que este filme- um dos mais ''desagradáveis'' da Mostra, por conta da realidade que traz à tona- tenha imagens ''bonitas'', ''redondas''. Pois o que ele revela é justamente o pior da realidade do trabalho no Japão, uma das maiores potências do Planeta Terra: a vida dos funcionários ''temporários'', trabalhadores de meio-período. Sem direito a férias remuneradas, horas extras, bônus e demais vantagens, os temporários já representam um terço da mão-de-obra total no País do Sol Nascente. A Canon, famosa empresa apresentada no filme, chegou a empregar 20 mil trabalhadores com direitos normais, e 20 mil temporários, no período mostrado pelo documentário...''Fifty- fifty''...Boa parte dos trabalhadores temporários é jovem: entre eles, a proporção de temporários chega a 1/5 da força de trabalho. O jovem mostrado neste interessante documentário recebe cerca de 180 mil ienes, dos quais restam- após pagar a Faculdade e o aluguel- meros 60 mil ienes. Por conta disto ele, como muitos dos temporários, passa uma parte relevante de seu tempo ''livre'' nos Mangás Cafés- que tem pacotes especiais por várias horas- ou nas lanchonetes ''fast food'' que todos já conhecemos( certamente sendo atendido por outros ''temporários'' ou pessoas sub-empregadas...). Comprar um pacote de várias horas em um cybercafé pode representar a diferença entre dormir na rua ou ter, provisoriamente, um ''teto'' sobre sua cabeça...Os temporários são definidos por alguém, em um debate pela TV, como ''escravos''. Termo muito apropriado...Outra ironia é o fato de que os temporários- uma realidade tão forte no Japão que eles fazem inclusive grandes manifestações na capital japonesa em defesa dos seus direitos- tenham crescido significativamente justo nos chamados ''anos de ouro'' da economia mundial- antes do ''crash econômico de 2008''...Não são só os trabalhadores chineses os mais maltratados nesta estória. Mundo afora, sob o pretexto de caso contrário levarem seus negócios para o país oriental, funcionários de importantes empresas ocidentais passaram a ter tradicionais direitos trabalhistas minimizados ou simplesmente eliminados- uma realidade não muito diferente da mostrada neste documentário japonês...Empregos bem remunerados, uma vida inteira de trabalho na mesma empresa? Esta já não é mais a realidade do Japão, descobrimos espantados diante deste belo- mas também duro, ''inconveniente''- filme. O personagem se faz interessantes perguntas: ''se sou escravo, sou escravo de quem?''( resposta: de um sistema impessoal, e transnacional- sem nome nem endereço...); ''e qual será a minha perspectiva dentro de 10 anos?''( resposta: a mesma de hoje, trabalhar incessantemente- sem férias- e até morrer- uma vez que muito provavelmente estes trabalhadores temporários todos não terão os mesmos Direitos Previdenciários que os demais...). A Crise Econômica abriu novamente os nossos olhos para os chamados ''problemas sociais''- que nunca deixaram de existir mas foram convenientemente escamoteados pelos filmes e pela mídia. Este documentário ''Emprego Temporário, Agonia Permanente'' marca um modo desconfortável, incômodo, duro- mas necessário- de acordarmos novamente para a dura realidade que nos cerca...Alcnol. PS: Imagem do saguão do Cinesesc...
Um dia, quando eu quiser lembrar do passado...
Um dia bem distante no futuro, quando eu quiser lembrar do passado, quero lembrar daquela noite de festejos e alegria no mundo inteiro. Quero lembrar das horas passadas em claro, das projeções de voto nos Estados, do discurso da vitória em Chicago. Quero lembrar dos buzinaços, dos abraços trocados entre desconhecidos, do sorriso de volta na cara de todo mundo. Quero lembrar do dia em que o mundo, de repente, lembrou que era um só. Do dia, e da prolongada noite, em que descobrimos que o que afeta um país não é apenas problema daquele país, mas da humanidade como um todo. Quero lembrar do dia em que redescobrimos o conceito de humanidade, em que relembramos o que é ser bom, honesto, ético, digno, solidário e não solitário...Quero lembrar do dia em todos fomos jovens outra vez, idealistas e esperançosos. Quero lembrar do dia em que a palavra ''paz'' voltou ao nosso vocabulário, ao menos como um ideal distante. Quando eu quiser lembrar do passado, que me surjam na mente as imagens deste dia 04 de novembro de 2008, a maior prova da capacidade de reação das pessoas que habitam este planeta Terra...No dia e na noite em que nos tornamos um só, para o bem e para o mal, reunidos enfim neste mágico instante...Alcnol.
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