Todos nós, torcedores dos outros clubes, vibramos com a derrota do Grêmio para o Flamengo. Isto havia dado outro ânimo para um campeonato que parecia ter um vencedor antecipado. E ontem, novamente tivemos oportunidade de torcer contra o tricolor gaúcho. O gol do Náutico só nos deu alento. Uma nova derrota do Grêmio só estimularia ainda mais as outras equipes, e ''botaria fogo'' no Brasileirão. Mas a briosa equipe gaúcha jamais se rende, como nos mostram inúmeras lições do passado. O mesmo Náutico que o diga...E não é que, aos 48 minutos do segundo tempo, o Grêmio conseguiu várias coisas com um único golzinho? Primeiro, acabou com a festa da equipe da casa... Depois, este empate suado acabou tendo ''gosto de vitória'' para a equpe gaúcha. E ainda, mostrou para todas as outras equipes que o tricolor gaúcho está bem vivo na disputa pelo título. E, salvo o Palmeiras, nenhum dos potenciais competidores do Grêmio venceu...Futebol é isto: só se deve comemorar após o apito final...
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
''Indo aonde nenhum homem jamais esteve''...
Já falei aqui neste mesmo espaço sobre os inúmeros lançamentos de boxes com temporadas de séries de TV, novas e antigas. Para entender a quarta temporada de ''Lost'', quando acabei adquirindo o gosto por este seriado, é necessário assistir tudo desde o início. Assim, sou forçado a comprar as caixinhas com as temporadas 1,2 e 3...Com as caixas em nossas máos, assim como fiz com as temporadas 1,2 e 3 de ''Jornada nas Estrelas''( Star Trek)- a série ''clássica''- é irresistível a idéia de promovermos sessões ''seguidas'' de episódios: um sábado inteiro, um domingo inteiro assistindo nossos seriados prediletos...Às vezes tomamos conhecimento da qualidade de uma série ''antiga'' graças à reprise de um episódio na TV a Cabo. Foi o caso da continuação de ''Jornada'', a ''Jornada nas Estrelas- Nova Geração''. Inicialmente, minha pretensão era a de me limitar aos personagens- ''Capitão Kirk'', ''Doutor Spock'', ''Uhura''- da idolatrada série clássica dos anos 60. Não canso de revê-los, rever os melhores episódios deste programa que, infelizmente, durou tão pouco...Mas assisti um episódio da ''Nova Geração'' no Scifi Channell. Gostei. Depois, vi em uma loja de departamentos uma promoção com uma caixinha da série por metade do preço...Depois, assistindo vários episódios, foi surgindo a ambição de ter tudo, todas as 7 temporadas da ''Nova Geração''. Não, não concretizei ainda este projeto. Esqueceram das 3 temporadas de ''Lost''? Sem contar ''Jeannie'', ''A Feiticeira'' e várias das mais antigas...Bom, toda esta introdução foi apenas para falar de um episódio interessantíssimo que assisti recentemente de ''Jornada nas Estrelas- a Nova Geração''. O título do episódio, aliás um ''carro chefe'' de todas as Star Trek, é mais ou menos ''indo aonde nenhum homem jamais esteve''. O Capitão Picard e sua equipe recebem a bordo da ''Enterprise'' dois cientistas, que pretendem realizar diversas experiências dentro da nave estelar. Em uma delas, a ''Enterprise'' inexplicavelmente dispara e atinge uma velocidade sem precedentes. Resultado: a nave ultrapassa esta galáxia e mais duas outras, ficando a uma distância de 2 MILHÕES e 700 MIL ANOS-LUZ da Terra...Pouca coisa, algo que poderia ser percorrido de volta em cerca de meros...300 ANOS...Em meio ao pasmo e surpresa generalizados, o andróide ''Data'' informa que a velocidade nunca passou de 1 dobra e meia( baixa para os padrões da nave...). Então, como eles puderam ir tão longe? E como voltar? Na tentativa de retornar, a ''Enterprise'' volta a acelerar acima de quaisquer padrões conhecidos. E chega a um lugar UM BILHÃO DE ANOS-LUZ de distância da Terra!!! Principal característica do lugar: os pensamentos dos tripulantes seriam materializados de imediato.Não haveria diferença entre o nosso pensamento e a realidade...Assim, o Capitão Picard se ''reencontra'' com a mãe já falecida, e um dos tripulantes se debate em meio às chamas que ameaçam matá-lo( até que o Capitão o estimule a ''apagar'' as mesmas com o uso de seu pensamento...). Primeiro eles terão de aprender a lidar com a situação, ''domar'' sua imaginação, para finalmente conseguirem iniciar a viagem de volta para o lar( aliás, quase todas as situações extremas expostas em ''Jornada'' usualmente tem soluções ''mentais'' e não físicas, como em jogo de xadrez...). Novamente, para perplexidade geral, ''Data'' informa que os registros indicam que a velocidade nunca passou de um ponto baixo, e que, no plano material, eles não haviam saído do lugar...Espiritualmente, também se debate a existência de mundos superiores não-físicos, onde as coisas se processariam exclusivamente por meio do pensamento, dispensando ações no plano material. Porém, no atual estágio em que nos encontramos, uma vez que as nossas visões e desejos não se realizam de imediato, temos a impressão de que há uma ''realidade'' superior, ''difícil''' de modificar. Esta ''impressão'' é, na verdade, o nosso maior obstáculo. É preciso ''suspender o véu'' das nossas falsas impressões e conceitos- sobre o mundo e sobre nós mesmos- para que possamos ver tudo como é, de fato. O universo é mental, e somos- meio atrapalhadamente, é verdade- seus principais criadores. Para ver tudo isto, às vezes um pouco de ''Ficção Científica'' não faz mal...
A última crônica de Diogo Mainardi e suas possíveis interpretações...
Segundo o imperdível cronista da revista ''Veja'', em seu texto desta semana- sob o título ''Temperamento de Rebanho''- ''O Brasil fracassa no esporte pelo mesmo motivo por que fracassa como país: temos uma sociedade acovardada, fujona, avessa à luta. Tudo aqui é feito para desestimular a disputa, para reprimir o desafio pessoal, para amolecer o caráter: o parasitismo estatal, a política fundada no escambo, a cultura baseada no conchavo, a repulsa por idéias discordantes. Esse nosso temperamento de rebanho inibe qualquer forma de atrito, qualquer tipo de inconformismo, qualquer espécie de enfrentamento. Quando temos de competir, afinamos. Por isso aprovamos uma escola que produz analfabetos. Por isso aprovamos governantes que roubam. A gente se satisfaz com facilidade: basta fazer o quatro''. Certo, Diogo. Porém, após a leitura sobre o livro que mostra as formas ''fixa'' e ''construtiva'' de pensar, observamos o texto de Diogo Mainardi com outros olhos. Quantas vezes não fazemos, no nosso dia-a-dia, reflexões semelhantes ou ainda mais duras? Estivesse certo o nosso Diogo, e ainda não teríamos saído da Idade das Cavernas como país...E inúmeras empresas brasileiras não estariam disputando mercados mundo afora...Brasileiros e argentinos disputam um estranho campeonato: o ''campeonato'' das reflexões de ''por que o nosso país não deu certo''...Ainda lembro de todas aquelas livrarias em Buenos Aires, com diversos ''best sellers'' repetindo este mesmo ''mantra''. Brasileiros e argentinos adoram fazer este tipo de ''reflexão'' de preferência com amigos, em uma mesa de bar...Certo, Diogo. Temos verdadeiramente esta ''mentalidade de rebanho''. E quando o líder do rebanho vai na direção errada, então é um horror...Porém, e aqui estabelecemos uma diferença substancial em relação às pessoas que gostam de fazer reflexões semelhantes às de Diogo Mainardi- e sem o seu brilhantismo- se pensarmos nestes fatos de modo ''construtivo'' e não ''fixo'', veremos que as coisas não ''são'' deste modo para toda a eternidade...Este, na verdade, é o nosso maior desafio: como sair desta situação de ''rebanho'' para podermos construir uma nação de fato forte e soberana? A mentalidade de ''rebanho''- vista de modo construtivo- pode e deve ser modificada para que possamos dar saltos maiores, conquistando inúmeras ''medalhas'' em todos os campos de nossas vidas. Devemos ler textos como o de Diogo Mainardi não com o fatalismo dos que reconhecem com pesar- ''é isto mesmo''- mas sim com a mentalidade aberta daqueles que, ao mesmo tempo em que aceitam a triste verdade mostrada naquelas breves e duras palavras, também se perguntam: ''e o que faremos com isto?''. Menos reflexões, uma vez que estamos todos ''fartos'' de saber que as coisas se processam assim atualmente no nosso país, e mais ações- eis o que precisamos. Menos ideologia e mais pragmatismo, eis o que o Brasil anda necessitando um pouco...Como saímos do ''rebanho''? Talvez pensando um pouco mais como indivíduos livres...
A mente e o sucesso
O principal fator de sucesso está na mente, na nossa forma de pensar/reagir a cada circunstância que é posta em nosso caminho. Este é o grande mérito do livro ''Por que algumas pessoas fazem sucesso e outras não, de Carol S.Dweck, recém-publicado no Brasil pela Editora Fontanar. Com base em inúmeras pesquisas, e no trabalho com jovens, a autora demonstra que os indivíduos acabam se dividindo em duas grandes formas de pensar: o ''pensamento fixo''- segundo o qual as coisas ''são'' ou ''não são'': ''somos'' talentosos ou não, ''nascemos com o dom'' de fazer uma coisa ou não- e o ''pensamento construtivo'', segundo o qual- através de nossos esforços e contínuo auto-aperfeiçoamento- podemos ''adquirir a capacidade'' de fazer alguma coisa. E como se comportam as pessoas que pensam de cada uma destas formas diante dos desafios da vida? Os de ''pensamento fixo'', que muitas vezes em suas infâncias foram rotulados como ''inteligentes'' ou ''talentosos'', sentem pânico diante da possibilidade de perderem tais ''títulos''. A conseqüência é que, diante de situações problemáticas, eles tendem a colocar a ''culpa'' nos outros( fugindo da responsabilidade)e até mesmo a ''desistir'' de lutar contra os fatos ''inevitáveis''. Em suma, eles não lutam contra tais situações...Como lidam com o fracasso? Segundo Carol S. Dweck, ''não farei nada'', ''ficarei na cama'', ''vou encher a cara'', ''vou comer'', ''vou dar uma bronca em alguém se tiver oportunidade'', ''vou comer chocolate'', ''vou ouvir música e ficar de cara feia'', ''vou entrar no armário e ficar lá dentro'', ''vou arranjar uma briga com alguém'', ''vou chorar'', ''vou quebrar alguma coisa''. Que mais posso fazer?(...)Quando propus a mesma situação a pessoas de código mental construtivo, eis o que responderam: ''Preciso esforçar-me mais na aula e ser mais cuidadoso quando estacionar o carro. E imagino que meu amigo teve um dia difícil'', ''A nota cinco mostra que devo dedicar-me muito mais às aulas, mas ainda tenho o resto do semestre para melhorar a média''. Houve muitas outras respostas como estas, mas acho que você já entendeu. Agora, como estas pessoas enfrentariam o fracasso? Claro que de frente''( páginas 14/15). São raros livros como este, em que o autor coloca a síntese da obra nas primeiras páginas e vai exemplificando a sua tese no decorrer da mesma. Escritores raramente mostram o ''pulo do gato'' em um livro só, ou porque não o descobriram ou porque seria ''pouco lucrativo'' revelar tudo o que sabem de uma só vez... Não é o caso deste livro. Aliás, é um pouco difícil rotular esta obra: a autora é psicóloga, o título parece com o de livros de ''auto-ajuda'', mas ela também faz o estudo de diversos casos ocorridos no mundo dos negócios( como quando compara os executivos Lee Iacocca e Jack Welch, respectivamente exemplos de pensamento fixo e pensamento construtivo...). Indubitavelmente, podemos afirmar que tal leitura- dolorosa mas reveladora- ajudou a revelar um pouco mais sobre nós mesmos. Sobre nossos pontos fracos, em inúmeras áreas da vida...Valeu como uma( ou melhor, várias)sessões de análise. Além de minha própria tendência a pensar de modo ''fixo'', acabei percebendo- nestas Olimpíadas- o quanto as pessoas deste país tendem a pensar de modo semelhante. E com resultados semelhantes...Enquanto Maurren Maggi soube dar a volta por cima, após uma acusação de dopping que poderia ter acabado com sua carreira, inúmeras vezes seguidas vários dos melhores competidores brasileiros- no momento em que disputavam medalhas de ouro- simplesmente curvaram-se diante das dificuldades. Literalmente, ''entregaram o ouro''...Foi o caso das meninas do futebol, de Diego Hipólyto, da seleção de vôlei masculino, etc. etc. etc...Vivemos em um país de pessoas que pensam pela cartilha do código fixo: como as coisas não melhoram automaticamente, nós simplesmente nos omitimos. Entregamos, por desgosto, o destino de nosso país nas mãos daqueles que são os menos motivados e gabaritados para promover qualquer mudança: os políticos. Inúmeras vezes, nós brasileiros fazemos comentários ou agimos movidos por esta estúpida mas influente lógica de ''tudo ou nada''. Divulgamos com todas as letras as nossas imensas mazelas, enquanto os índices de queda na criminalidade em determinados lugares( inclusive neste nosso Estado de São Paulo)são objeto de pequenas notas de rodapé, escondidas e envergonhadas no meio de tantas desgraças...Nosso linguajar ajuda a explicar um pouco mais as coisas: abusamos da voz passiva e de expressões indiretas- ''eles'' não querem, ''somos vítimas'', ''ninguém merece isto''- mostramos o tempo inteiro nas conversas o quanto estamos insatisfeitos, mas não fazemos nada para mudar todo este quadro...Preferimos pensar que o êxito de outras nações é devido ao seu ''dom'', à sua ''habilidade em lidar com situações complicadas'', à ''bondade e educação de seus habitantes'', como se não fosse decorrente de um longo e árduo processo que envolveu até mesmo guerras pelo caminho...O ''código da mente'', o ''código do sucesso''- ou do fracasso- como resultado de uma forma de pensar muito mais em soluções do que nos problemas, este livro promove uma ''revolução'' no nosso modo de ver a vida. Nunca é tarde para abandonar os nossos mal-sucedidos conceitos de ''pensamento fixo'' , e abraçar sem restrições a grande idéia que sintetiza o melhor do pensamento construtivo: ''quanto mais difícil o problema, melhor''...Alguém duvida que vários dos nossos maiores ''gênios'' pensavam deste modo ''construtivo''???
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