Lembro-me de uma viagem que fiz há muitos anos ao litoral paulista. Foi um choque ver aquelas praias todas, já naquela época, ocupadas por casas e mansões. Em determinados trechos, foi preciso rodar de carro por vários minutos até poder ver o mar. Este foi o primeiro contato com a ocupação de territórios ''estilo paulista''. Hoje isto não choca mais ninguém, tornando-se mesmo o modelo nacional de ocupação de nosso extenso litoral. Florianópolis, como já abordei em um outro post, caminha a passos largos para isto. A mesma sensação desagradável que tive em outra época, por Caraguatatuba e São Sebastião, tive no último fim-de-semana em Campos do Jordão. Não negamos a ninguém o direito de possuir os seus imóveis em lugares belos e estratégicos. Porém, é preciso saber ''retirar os ovos sem matar as galinhas''. Em Campos do Jordão, pude constatar, a natureza- que é a principal razão para deslocar-nos para aquela região- está muito castigada. Quase todos os morros estão TOMADOS por milhares de casas, a maior parte delas desocupadas. Claro que, com todo este ''agito'', era inevitável que uma IMENSA FAVELA tomasse um morro inteiro na entrada da cidade. Imagino quantas árvores, quantas ARAUCÁRIAS- espécie rara, tão comum naquela região- foram derrubadas para dar espaço a todas estas construções. E uma GRANDE DECEPÇÃO foi rodar boa parte da cidade para ver uma cachoeira ''urbanizada'', a cachoeira mais ''chinfrim'' que já vi em toda a minha vida: mais parecia as quedas do belo Parque Tanguá, em Curitiba, todas com a intervenção humana. Um fiapo de água, com cimento ao redor. A de Campos do Jordão perdia, sinceramente, para as cachoeiras urbanas do Parque Tanguá...Mas este é o modelo paulista de ocupação, caracterizado pela privatização de áreas públicas. Assim, todos querem ter os seus imóveis nas praias- e Guarujá mais parece uma ''cidade fantasma'' com todos aqueles prédios vazios e quase ninguem nas ruas- e suas casas na montanha. Resulta que, para darmos a todos o seu direito de ter casas na praia ou na montanha, podemos acabar com a própria montanha...ou com a praia...Por tudo isto saí com a sensação de ter passado por uma extensão de São Paulo, uma extensão dos shoppings, uma extensão dos condomínios...A própria São Paulo, por incrível que pareça, parece ter muito mais vida, parece estar menos tocada pela mão do homem que as suas extensões próximas...Ao menos aqui os condomínios de casas estão longe...