Como todo bom paulistano, neste sábado eu fui para a nossa ''praia'' para passear: o shopping. Entre cafés, livraria e muitas lojas, acabei escolhendo entrar em uma loja de departamentos. Após muito tempo- e não só neste dia- sem achar uma mísera peça que me agradasse, encontrei uma calça interessante. Decidi prová-la. No provador, enquanto estava experimentando a peça, ouvi uma voz de criança bem próxima: ''Papai, papai, eu te amo!''. O pai parecia estar provando também alguma roupa, e também falava ao celular, mas replicou ''eu também, minha filha''. A menininha continuou repetindo o ''papai, papai, eu te amo!'', eu terminei de experimentar a minha calça e saí. Enquanto olhava para o restante da loja, e procurava um caixa, vi um casal perto de mim com uma menina de seus 4/5 anos feliz e saltitante. Parecia ser a que proferira aquelas belas e inesquecíveis palavras, que desanuviaram todo um ambiente normalmente ''carregado''. Embora sérios, concentrados, os pais não ralhavam com ela, nem diziam os inevitáveis ''não faça isto, não pode fazer aquilo''. E a bela vozinha da menina continuava ecoando na minha cabeça. Fez com que eu passasse a olhar TUDO ao redor com outros olhos. Em outro caixa, um pai segurava um bebê que chorava enquanto o irmãozinho mais velho, com camisa de time europeu, agitava-se e brincava. As palavras daquela menina ainda ecoavam, enquanto eu via o restante do shopping. Entrei em outras lojas, tomei um suco perto dos cinemas. Logo após, ao voltar para casa, acho que o efeito se perdeu, um pouco. O motorista de táxi veio com aquela velha conversa fiada do ''esfriou, né?''. Eu repliquei com um seco ''não acho''. Lá fora estava fazendo meros 18 graus, eu de bermuda e camiseta de manga curta, muito longe de sentir qualquer espécie de ''frio''. O bem-estar que as palavras da menininha provocaram em mim já estava bem para trás...Vejam só como são tênues as nossas mudanças de humor...