Inúmeros livros e textos já foram escritos sobre a ''Lei da Atração''. O mais famoso deles é o recente ''O Segredo'', que originou inclusive um DVD de nome semelhante. É interessante constatar que uma idéia simples, aparentemente de fácil decodificação, possa ter algumas ''complicações'' decorrentes. O propósito deste post é tentar idenficar algumas destas dificuldades. Imagine que você é o Diretor de um filme. E pensa, rotineiramente, nas coisas que lhe desagradam, e que você jamais pensaria em incluir na sua obra: - ''Detesto vias engarrafadas, detesto pessoas que não sabem se portar em público, detesto dias nublados, detesto ser pressionado para criar algo em pouco tempo, detesto comida chinesa em caixinha, detesto jiló, detesto desertos, detesto carros pequenos/ carros muito grandes, detesto matemática, etc, etc. etc.''. Qual é mesmo o tema deste filme??? Posso correr o risco de simplificar demasiadamente as coisas, mas, se fosse resumir o que é a tal de ''Lei da Atração'', diria que ela funciona de um modo ligeiramente diferente. Sua lógica é a de ''gosto'', ''gosto'', ''aprecio'', ''gosto muito'', ''adoro''. Vejam bem: o mundo existente é muito maior do que o que identificamos no nosso dia-a-dia. As coisas físicas não são ''boas'' nem ''ruins''. Elas são, simplesmente, e acabou. Rótulos fazem parte do nosso sistema de avaliação. O que acontece com as coisas que, por não as apreciarmos suficientemente, não caem sob as órbitas dos nossos ''radares''? Para nós, elas ''não existem''. Jamais algo em que não pensemos sequer por um segundo irá se materializar em nossas vidas, uma vez que só podemos ''criar'' o que é concebível em nossas mentes...Assim como poderei ir, por exemplo, um dia a Manaus, se isto não faz parte dos meus planos? Vai a Manaus quem quer, quem gosta...Isto é fácil de entender. Mais difícil é entender como podemos ter criado- uma vez que se concorde com a noção de que somos ''co-criadores'' junto com o Universo- tantas coisas ''desagradáveis'' em nossas vidas...Aí entra o papel, indispensável, da apreciação. Nossa forma predominante de pensar é pelo sistema binário de sim/não. ''Gosto/não gosto''. Acontece que, pelos padrões deste mundo, o ''não'' não existe...Nas NOSSAS mentes pode fazer sentido uma idéia como esta: a de que quando queremos algo ''não frio'' estamos, ''na verdade'', fazendo alusão a algo quente...O ''não frio'', uma vez que o não não existe, passa simplesmente a idéia de que desejamos o frio- QUE É JUSTAMENTE O QUE ESTAMOS QUERENDO EVITAR COM OS NOSSOS INÚMEROS ''NÃOS''...Na verdade, gastamos boa parte de nossas vidas combatendo coisas que não tem a menor importância em si mesmas. Uma pessoa chata, um emprego maçante, cidades que não apreciamos, cônjuges que não são do jeito que esperávamos, pais/filhos que nos decepcionaram, etc. Por mais desagradáveis que estas coisas possam parecer, elas não tem importância ''por si só''.É a nossa reação a elas que dá a dimensão que elas aparentam ter, para nós mesmos...Como ''Dons Quixotes''- talvez venha daí a grande popularidade deste livro de Cervantes- vamos combatendo inúmeros ''moinhos de vento''( nome, aliás, de um belíssimo bairro de Porto Alegre-RS...)vida afora. E ainda reclamamos do porque estas coisas parecem ''intermináveis''...Talvez a única saída surja de uma simples troca de uma lógica binária de sim/não para uma ainda mais simples: de sim/sim. Do que é que gostamos, de verdade? Por que dedicamos tão pouco tempo para as coisas que mais apreciamos, para passar boa parte do tempo lutando contra aquilo que desprezamos? Do que é que gostamos mesmo? Eu criei este blog, na verdade, para poder lembrar a mim mesmo o quanto gosto de algumas coisas bem simples: passear, viajar, comer bem, ler bons livros, assistir bons filmes, amar, escrever. E não é que, quanto mais falo nestas simples coisas, mais elas se manifestam em minha vida? Hoje, na movimentada Avenida Angélica, em uma gigantesca árvore que parecia querer abraçar a via em seus dois lados, ouvia-se nitidamente o canto de vários passarinhos. Ele estava lá, e já passava do meio-dia, enquanto uma multidão se deslocava rapidamente rumo aos inúmeros restaurantes da região. Tudo isto estava à disposição de quem quisesse ouvir. Bastava unicamente silenciar o ritmo frenético dos nossos pensamentos, e parar um pouco para ouvir o canto dos pássaros em uma das mais movimentadas avenidas da cidade de São Paulo...No final das contas, as coisas a que dizemos ''sim'' ou dizemos ''não'' estão deixando aqui e ali seus inúmeros rastros por nossas vidas. Que tal tentarmos dizer unicamente, ou pelo menos mais vezes do que o normal, simplesmente ''sim''? O ''sim'' rompe barreiras, abre portas, abre caminho para os nossos maiores sonhos. Quiçá descubramos todos, algum dia, que ser feliz é simples como um ''sim'' dito inúmeras vezes...
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