sábado, 20 de novembro de 2010

Metrô de Santiago, entre um destino e outro...

Pegar o metrô, tanto lá como aqui, requer um pouco de paciência nos horários de pico. Porém, nos mínimos detalhes, percebe-se que os chilenos são bem mais preparados no uso do transporte público. 
Eles, para dar um exemplo, se colocam de lado para permitir que todos os passageiros que desejam sair de um vagão o façam com maior facilidade...É um comportamento natural, espontâneo...
Isto não precisa ser repetido o tempo todo pelo alto-falante, como se faz por aqui...
Um bom exemplo de educação, que é muito mais do que a obtenção de títulos emitidos por instituições de ensino...
Embora cheio, em alguns horários, não deparei no metrô de Santiago com as tradicionais cenas de atropelo e empurra-empurra, comuns aqui na hora do ''rush''. Claro que estas são impressões superficiais. O verdadeiro contato com os habitantes de uma cidade só se trava no dia-a-dia, que requer maior convivência. Nossos 5 dias na capital chilena não permitem emitir opiniões mais aprofundadas do que estas...
Só posso afirmar, com toda a certeza, que o metrô do Chile serve de modo eficaz e veloz- com vagões percorrendo as estações em pouco mais de um minuto de diferença entre um e outro- seus usuários. E que me vali dele inúmeras vezes para ir de uma ponta a outra de Santiago...
Alcnol.

Feira Internacional do Livro de Santiago...

Para se ter uma  ideia da importância deste evento, basta reparar um pouco mais no gigantesco local escolhido para abrigá-lo: a ex-Estação de Trens Mapocho, hoje um Centro Cultural.
O Chile, felizmente, é um país de leitores. Os encontramos frequentemente em lugares públicos como o metrô. Jovens e pessoas de idade lendo o seu jornal, ou livro. Isto também se vê na capital paulista, porém em menores proporções...


Santiago possui muitas livrarias, para satisfazer este público. Não é difícil dar de cara com uma, porém com uma particularidade: papelarias também são chamadas de ''livrarias''. Confundir uma com a outra, porém, é bastante difícil...
Segundo números oficiais, a Feira do Livro de Santiago recebeu- em seus 12 dias de funcionamento- o expressívo número de 260 mil frequentadores( mais de 20 mil por dia). Lá, como aqui, os números de eventos como este são ''inflados'' graças á visitação compulsória de escolares.
Com uma vantagem para o Chile: os alunos de lá são um pouco mais comportados( vários trajam até mesmo terno e gravata), e é até mesmo possível flagrar alguns folheando alguns livros- afinal o principal propósito daquela festiva ''excursão''...
É possível, em função disto, transitar com maior facilidade pelos estandes, salvo em determinados momentos pelo assédio de alguns vendedores( estes sim, os mesmos em toda parte...). E o ruído de todos aqueles estudantes reunidos- felizmente entrando de modo alternado e organizado na Feira- é mais tolerável, comparado com as Feiras e Bienais daqui...
Bom, mas o assunto principal refere-se a livros. Registramos a presença de Bibliotecários, do jornal ''El Mercurio''( principal periódico chileno), de muçulmanos, do Instituto Pablo Neruda, de livrarias com uma amostra mais ''comercial''( imperando os ''best-sellers'' e os livros de ''auto-ajuda''). O estande da ''LOM'' concentrou os tradicionais livros históricos ou de esquerda, com relatos sobre o Golpe que derrubou o Presidente Salvador Allende. Até adquiri um, sob o título ''o que você estava fazendo no dia 11 de setembro de 1973''. Postais com a foto do poeta Pablo Neruda. E um mapa completo de Santiago, para orientar meus futuros passeios por aquela capital...
Minhas principais aquisições literárias, porém, se deram em livrarias ''extra-feira''. Uma delas com o peculiar nome de ''Feria del Libro''- com várias filiais espalhadas pela cidade...E se concentraram mais no aspecto literário, em uma tentativa de conhecer novos escritores chilenos- além dos consagrados Roberto Bolaño e Pablo Neruda...
Alcnol.

A caminho da Feira do Livro de Santiago: Parque Forestal e Museu de Belas Artes...

A maior vantagem de se fazer certos percursos a pé é a descoberta de lugares interessantes como estes...

Mal comportamento no trãnsito: em Santiago também tem...

É possível ver alguns veículos parados sobre a faixa de pedestres no final da tarde. Assim como automóveis impedindo a passagem de outros em cruzamentos( vide foto). A ''praga'' da má direção parece ter se disseminado mundialmente...
Por outro lado, o comportamento de boa parte dos motoristas em relação a pedestres é bem distinto do de São Paulo. Lá eles dão preferência aos pedestres( ''peatons'')nos cruzamentos...Não saem ''a toda'' mal abre o sinal, como em certas cidades brasileiras...
A condução de veículos motorizados é, sem sombra de dúvida, um bom reflexo de uma sociedade. Neste quesito, a nossa perde ''de goleada'' para a do Chile...
Alcnol.

O ''lado boêmio'' de Santiago: Rua Lastarria...

( Ordem das  fotos: de baixo para cima...).
O Patagonia Resto/Bar tem um folheto que lista várias das atrações históricas da região. O Museu de Belas Artes é uma delas.
''Perca'' alguns minutos para dar, pelo menos, uma voltinha até o final da Rua Lastarria. Você não vai se arrepender...
Em meio a edifícios tradicionais, pracinhas, feiras-livres, cinemas de rua, é possível sentir ali um pouco da verdadeira alma de Santiago. Daquilo que, felizmente, a dita ''modernidade'' não é capaz de suprimir...
Alcnol.
PS: Iremos, caminhando, até a Feira do Livro. Não perca, nos próximos posts... 
PS2: Nas fotos de cima deste post o ''onipresente'' Cerro Santa Lucia, bem ali pertinho...

Segundo dia em Santiago, e um almoço no ''bairro boêmio''( Rua Jose Vitorino Lastarria)...

Sem querer, esta viagem para  Santiago- do ponto de vista gastronômico- acabou assumindo o formato de uma ''escada'': fomos, ali, do mais ''simples''( Mercado Municipal)ao mais sofisticado( surpresa...).
Neste segundo dia de passeio, o destino foi o restaurante ''Patagonia''- proximidades do metrô Universidad Catolica.
Instalado em uma tranquila ruazinha, pudemos contemplar durante os agradáveis momentos em que estivemos ali executivos/as empurrando suas malas de rodinhas, casais com crianças pequenas, pessoas de idade, ciclistas. Ou seja, uma ''fauna'' humana caracterizada pela diversidade...
Um poeta sentou-se em uma mesa próxima e, enquanto lia alguns trechos de seus livros, tomava bem lentamente um simples café. Depois recebeu alguns companheiros, e o tema certamente deveria ser a Feira Internacional do Livro de Santiago- nosso próximo destino...
Abrindo a nossa refeição, ''pinchas de albóndegas de cordero com salsa( molho)de cabernet( huuummmm!)y romero''( tradução: almôndegas de cordeiro com molho de cabernet).
Infelizmente não foi possível provar um dos ''carros-chefe'' da casa, a famosa parrilla com carnes de cervo, cordeiro, javali, novilho e vegetais grelhados. Também não estava disponível a carne de javali, individual.
Contentamo-nos com um ''cordeiro magallonico'', com polenta e molho de vinho( sic)com frutos do bosque.
O que dizer? 
''Magnifique''...
O ''Patagonia Resto/Bar'' também serve- raridade na cidade- uma água mineral extraída no Sul do Chile, de muita qualidade. Sutil como uma Perrier, para dar um exemplo...O nome é ''Puyehue''...
Encerramos a lauta refeição com sorvetes artesanais de pistache e baunilha. O detalhe é que são servidos com frutas no fundo do copo( identificamos maçã e banana). Frutas, por sinal, não faltam na capital chilena. Detalhes mais adiante...
Preços?
Digamos que não há muita diferença, em termos de preço, entre as refeições que tivemos em Santiago e as que temos corriqueiramente na capital paulista.
O Chile não é um país para ''pechinchas''. Ao contrário da Argentina, onde a desvalorização da moeda local em relação à nossa acabou resultando em ótimos preços para brasileiros, os preços do Chile estão rigorosamente iguais aos nossos( na parte gastronômica, diga-se).
Há opções baratas, como aqui. E os melhores restaurantes oferecem  ''pratos executivos'' durante a semana na hora do almoço, exatamente como em qualquer parte do Brasil.
Optamos porém, já que só podíamos passar uma vez nos lugares citados durante nossa permanência em Santiago, por pratos que fazem parte do cardápio normal de cada casa. Sai mais caro, contudo nos dá uma noção mais precisa do que o estabelecimento pode fazer de melhor...
Assim como quase todo mundo, não posso ter ''todas as coisas ao mesmo tempo''. O ideal seria ficar em um hotel 5 estrelas, comendo nos lugares mais caros e fazendo inúmeras compras. Para comer melhor, ao menos no meu caso, é preciso cortar um ''pouquinho" nas acomodações e nas compras...Cada um tem suas prioridades, e uma das minhas é comer bem...Disto não abro mão... 
Alcnol.
PS: No próximo post, passeio pela Rua Lastarria- imediações do ''Patagonia Resto/Bar''. E, em seguida, Feira Internacional do Livro de Santiago( ponto alto desta viagem...). 

De ''Las Condes'' ao centro, rapidamente? Vá de metrô...


Segundo dia em Santiago: bairro de ''Las Condes'' e um ''paseo'' de esculturas...


Nada melhor para escapar de um ''veranico''( com temperaturas de até 30 graus Celsius)como o que estava fazendo naqueles dias em que estivemos na capital do Chile do que ''fugir'' para bairros mais arborizados. ''Las Condes'', que mostramos neste post, é um deles.
Abriga o centro financeiro de Santiago também, que mostraremos mais à frente...
Tal como em Montevidéu, que visitamos em agosto deste ano, os edifícios de classe média não estão cercados. Não há guaritas, seguranças, muros. Ao contrário: os apartamentos de primeiro andar de alguns destes edifícios chilenos meio que se ''projetam'' sobre a calçada, como se não quisessem exatamente esconder-se...As portas são fechadas, com porteiros no interior de suas dependências. Mas  é só. 
''Las Condes'', pelo noticiário local, é um dos bairros mais visados por bandidos. Algumas casas sofreram assaltos durante o período em que estivemos visitando a cidade, e estes fatos receberam grande destaque nos jornais chilenos. No entanto, a criminalidade é praticamente uma novidade por ali. O país é um dos mais seguros da América Latina, e os ''Carabineros''( Polícia Militar do Chile)podem sempre ser vistos percorrendo várias das ruas.
Mostraremos, nos posts seguintes, mais alguns edifícios que ilustram a qualidade de vida de que gozam os moradores daquela cidade. Com áreas comuns entre edifícios, abertas...
As primeiras fotos deste post mostram a Municipalidad( espécie de sub-prefeitura)de ''Las  Condes''. Que, naquele momento, estava promovendo uma espécie de mostra artística( vide corações)com o intuito de incentivar a doação de órgãos.
Atravessando o prédio da Municipalidad de ''Las Condes'', deparamos com um ''paseo de esculturas'' na vizinha Calle( Rua)''La Pastora''. São ao menos 10 esculturas a céu aberto, espalhadas por toda aquela via. Um espetáculo.
Não serão, aliás, as únicas esculturas que mostraremos no transcorrer desta viagem. Santiago é um verdadeiro ''Museu a céu aberto'', com inúmeras manifestações artísticas que refletem o profundo gosto estético do povo chileno...
Deixamos agora ''Sanhattan''- o centro financeiro de Santiago, Chile- com destino a...ao segundo almoço em solo chileno...
Alcnol.

No metrô de Santiago, rumo a um novo destino...


''Deslumbrado''? Eu?

Uma amiga brincou comigo chamando-me de ''caipira'', pois eu só exalto as maravilhas de cada lugar que visito.
Difícil mesmo conter meu ''deslumbramento'' diante das maravilhas de Santiago, talvez a cidade mais bela que eu tenha visto em toda a minha vida...
Minha maior ''tentação'', neste primeiro dia, era fotografar tudo o que se oferecia aos meus olhos no bairro de Providencia, onde me hospedei.
Voltando ao tema do ''deslumbramento'', creio que este marca uma nova fase de minha vida. Como todos,  passei vários anos lutando contra o que me desagradava. Com resultados pouco significativos, assim como ocorre com quase todo mundo...
Este blog marca o início da segunda fase, em que estou mais concentrado em- sem culpa alguma- coisas de que gosto. Conhecer lugares novos em minha cidade ou em outras, viajar, comer bem...Talvez tenha descoberto um pouco tarde que o nosso propósito nesta existência é sermos o mais felizes que possamos, mas creio que ainda há tempo de desfrutar o máximo possível- não é mesmo?
Isto não significa que os problemas tenham sumido de minha vida, ou que eu esteja procurando ''alienar-me'' deles. 
Volta e meia, até mostro algumas coisas bem desagradáveis aqui- a sujeira e o abandono dos lugares públicos na capital paulista é uma destas coisas...
No entanto, o mais importante é mostrar aquilo de que gosto. Este não é propriamente um diário de minha pessoa, enaltecendo-me, e sim daquilo que aprecio- e que possa, eventualmente, interessar a outros indivíduos...
Por buscar preponderantemente aquilo de que gosto, boa parte de meus comentários sobre lugares, restaurantes, etc. são elogiosos. Nada me obriga a estar ali. Eu os escolho, buscando sempre o melhor. Em Santiago, nesta série de posts, isto não será diferente...
Alcnol.
PS: Como este post assumiu um aspecto quase ''confessional'', revelo em primeira mão uma novidade. Tal como o personagem de Júlia Roberts em ''Comer, Rezar e Amar'', filme recente que me marcou muito, também estou em período ''sabático''- antes de maiores transformações.
Farei neste final de ano 3 viagens importantes, antes de um fato que implicará em uma mudança de cidade- graças a uma oportunidade profissional nova que se coloca no horizonte deste escriba.
O blog, porém, manterá este aspecto de ''viajante''. Dentro e fora da  metrópole que habitarmos. Afinal, sempre foi uma dificuldade manter aqui qualquer aspecto ''local'' exclusivo...