Esta estranha estória eu assisti em ''Jornada nas Estrelas- Nova Geração'': a tripulação da ''Enterprise'' chega a um idílico planeta, onde as pessoas se vestem todas com sumários trajes brancos e desconhecem a criminalidade. Os tripulantes da nave visitante ficam espantados com tanta paz, que é quebrada no instante em que o jovem alferes ''Wesley Crusher''- que estava brincando com os jovens do local- tropeça e atinge uma estufa de cultivo de novas plantas. Ele violou, indiscutivelmente, a ''Lei'' do local. Esta ''Lei'' determina que ''qualquer transgressão será punida com a Pena de Morte''...Seria simples para qualquer outro povo resolver a situação. Bastaria, ''simplesmente'', retirar a nave com toda a sua tripulação, incluindo o jovem alferes...No entanto, como é célebre, a ''Enterprise'' é uma nave do nosso século XXIV. Nele, a primeira diretriz de uma Terra unida a uma pacífica Federação de Planetas, é a ''não interferência'' nos assuntos de outros povos...O episódio acaba, assim, adquirindo conotações jurídicas. É ''uma lei contra a outra''. Ou melhor, seria razoável aplicar a draconiana lei local- cujo instrumento seria uma injeção ''indolor'' que causaria a morte do menino em instantes- ou a Diretriz ''Número 1'' da Federação, pela qual a nave não poderia interferir nos assuntos internos de outros povos, ou seria mais razoável defender a vida do rapaz contra uma ''Lei'' absurda que este desconhecia? Complicado...O Capitão Picard, comandante da ''Enterprise'', após uma longa reflexão, decide salvar a vida do menino...Tudo isto mostra que a aplicação do Direito não é uma simples subsunção à pura letra da Lei, seja ela qual for, uma vez que inúmeras vezes as Leis postulam diferentes orientações. E ,nestas horas, há que se sopesar, ponderar os diversos valores em conflito. Ver qual é o interesse mais importante, mais digno de ser defendido no caso concreto. No caso exposto, o bem jurídico mais relevante era a vida...A vida daquele menino estava acima da Lei Local e mesmo da ''Diretriz Número 1 da Federação''...Constatamos então que a Lei, aplicada sem a devida flexibilidade, pode levar a seríssimas injustiças...
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
''Mata fechada, no meio de São Paulo''...
Esta linda área verde fica nas proximidades da Rua Augusta, entre as ruas Caio Prado e Paranaguá. Já havia visto esta mata de longe. Ontem, passando por ali, celular em punho, resolvi ''aventurar'' e entrar nela- se fosse possível. Era. A área, próxima de ser transformada em Parque pela Prefeitura, também está sendo disputada por uma construtora(?!!!)e um super-mercado(???! para que mais um?). Como vocês podem ver pelas fotos, é uma mata cerrada, um dos últimos exemplares de Mata Atlântica da cidade de São Paulo. E está localizada em uma região que tem pouquissimo verde, próxima ao centro...Seria ''irracional'' derrubar estas lindas árvores para construir edifícios residenciais ou mais um super-mercado, não é? É por estas e outras que a humanidade se encontra no atual patamar...
Conversas no interior de um táxi...
O que mais se tem tempo para fazer no interior de um táxi é conversar e olhar a paisagem ao redor. Especialmente em São Paulo, onde os automóveis andam em geral a uma velocidade extremamente reduzida...Taxistas costumam falar sobre o tempo, futebol e, ocasionalmente, sobre política. Como lidam com inúmeras pessoas diferentes, eles geralmente adotam uma posição cautelosa no início do papo: ''e então, Doutor, quem é que vai levar as próximas eleições para Prefeito de São Paulo?'', ele perguntou. Respondi de pronto: o candidato ''anti-PT'', ''aquele que enfrentar a Marta no segundo turno leva, basta somar os votos de todos aqueles que não estão escolhendo o PT no Primeiro Turno''...''É mesmo'', ele redargüiu. ''Não conheço ninguém que vai votar na Marta( Suplicy). Como é que ela está na frente das pesquisas?". ''- Bom, eu repliquei, o PT tem muitos votos na periferia. Lá, ela já fez várias carreatas ao lado do Presidente Lula. Depois, o senhor costuma conversar geralmente com quem anda de táxi. Vá perguntar para os que andam de ônibus ou metrô, e certamente achará vários eleitores da Marta...''. ''- Pode ser'', ele reconheceu. ''E o Maluf? O que é que os senhores acham do Paulo Maluf?''. Eu respondi com outra pergunta: ''o senhor é dono de uma empresa, e quer contratar um funcionário para uma função da mais alta responsabilidade. Existem dois candidatos ao posto, um inexperiente mas sem ficha suja, e outro com um currículo maravilhoso- mas com um detalhe: a ficha dele é ''complicada'', ele já sofreu inúmeros processos...Quem o senhor contrataria?'' ''- O honesto sem currículo'', ele respondeu sem pestanejar. Nesta hora ele revelou que provavelmente iria votar em Geraldo Alckmin, do PSDB. Porém, quando estávamos chegando ao destino da corrida, ele voltou sutilmente ao assunto Maluf: ''Mas o Maluf fez uma porção de coisas nesta cidade, né?''. E, ao nos despedirmos, ele ainda criticou o Alckmin por ''ter abandonado o Governo do Estado de São Paulo para concorrer à Presidência da República...''. Aí você já percebe como são as ''peças'', né? Sutilmente, com habilidade e cuidado para não ofender os seus clientes, eles vão puxando o assunto para o que verdadeiramente lhes interessa...Só espero que este motorista ''no fundo malufista'' não seja o reflexo de um setor ainda mais expressivo da população, que pouco se importa com a ficha policial de seus candidatos e com a chamada ética...PS: Imagens tiradas em outra corrida de táxi, na Avenida Ibirapuera, durante a volta...
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