(Em homenagem aos 153 mortos do acidente aéreo na Espanha): A gente sempre acha que terá uma vida ''normal'', com início- meio e fim. Usualmente pensamos que acharemos, qualquer dia destes, tempo para dizer a certas pessoas que as amamos, ou para podermos proporcionar a nós mesmos momentos de leveza e alegria perdidos nas lembranças de nossas infâncias felizes...Precisamos- em meio ao caos de motocicletas e carros velozes em relação aos quais temos de estar atentos o tempo inteiro porque ''a cidade grande não perdoa pequenos erros'', helicópteros que decolam e pousam sobre nossas cabeças, inúmeros aviões que partem ou chegam( e este pode ser também o nosso vôo, o ''último vôo...)- manter em meio a todo este ''caos'' uma aparência de ''normalidade''. Acreditar que, em meio a tantos mortos e feridos que alimentam as estatísticas de toda esta aparente ''normalidade'', nós estaremos aqui amanhã, com todos os nossos órgãos perfeitos e funcionando...Em meio a tanta dor naquele aeroporto, lá como aqui as pessoas que podem prestar alguma informação nestas horas somem. A dor diante das evasivas e silêncio é ainda maior do que a própria dor derivada do que ocorreu...Sabemos que o avião caiu, acidentou-se. Mas a falta de dados concretos sobre o que houve manterá este vôo da Espanair e seus passageiros ''em suspenso'' por mais alguns dias...Talvez não haja mesmo o que explicar ou especular: o transporte mais veloz e ''seguro'' que existe também tem seus dias em que nada dá certo...Nervosos olhamos para nossos laptops, escutamos nossos Ipod's, lemos nossos jornais, livros ou revistas, ansiosamente esperando outro ''vôo''( ou partida de ônibus, ou viagem que faremos de automóvel, ou passeio que faremos por qualquer uma das ruas desta cidade no dia de hoje) que está para partir...O nosso nervosismo reflete apenas temor diante do óbvio: a vida é incerta...