Os mais observadores já devem ter percebido que, no momento, este blog tem 2 medidores- uma vez que ainda não consegui desativar o menos eficiente deles...O número impressiona: cerca de 70 acessos até agora. Mas vamos esclarecer. Atribua-se à minha própria pessoa cerca de 60 destes acessos. Não é difícil calcular: eu posto cerca de 3 a 4 textos por dia. Cada um destes acessos conta como um número...O importante aqui não é ter um número inchado artificialmente. Não ganho por isto. Mas sabemos o perigo que representam estas medições: vários golpes já foram perpretados com isto. O site recebe por acessos. Eles inflam artificialmente os números... Alguém sai perdendo nesta estória, claro que quem pagou- ou ''engoliu gato por lebre''. Aqui não tem nada disto. Mesmo considerando-se que, provavelmente, o número de acessos de outras pessoas ao blog tenha ficado em cerca de 10, o efeito disto é mais psicológico. Antes eu escrevia para mim mesmo, e para o meu umbigo. Não me passava pela cabeça a idéia de que estes toscos comentários se tornassem públicos. Hoje, bem ou mal, com o reloginho na cabeça eu começo a escrever para os intervalos. Explico: fecho o blog com um número na cabeça. ''50''. Ao acessar novamente, o lógico seria que estivesse marcando 51- uma boa idéia. Se estiver marcando 53, eu sei que outras duas pessoas estiveram aqui. Isto serve mais, embora pareça insignificante, como MOTIVADOR- uma vez que o blog tem se notabilizado até agora pela falta de comentários...Salvo os do amigo paraibano ''blogedups'' ( www.blogedups.blogspot.com)...Alguém passava por aqui, e depois me escrevia um email dizendo que tinha gostado dos textos. Mas, no blog mesmo, não havia sinal da passagem desta testemunha...Agora há um pequeno marcador. Ou melhor, dois marcadores por enquanto. As raras testemunhas agora deixam rastros, e eu me alimento disto para fazer outros textos. No mínimo este, sobre esta bobagem toda...Se, quando pensava escrever apenas para mim mesmo, produzi esta quantidade incrível de 109 textos, imaginem agora...Escrevo agora para meu próprio umbigo- não vou traí-lo- e para vocês( um ou dois, não importa), os ''intervalos''. Sejam bem-vindos! O circo não pode parar...
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Interpretar, uma eterna brincadeira...
Claro que a respeitabilíssima profissão de ator não se resume a glórias. É constituída de muito trabalho árduo, requer muita habilidade. Mas a impressão que nos dá, também, é que interpretar é muito parecido com o que fazíamos quando éramos crianças: um eterno ''faz-de-conta''. Um dia brincávamos de ''mocinho'' e ''bandido''. No outro, de ''médico'' e ''enfermeira'' ( sem maiores detalhes, por favor! Estou apenas dando um exemplo...). No futebol, eu brincava de ser ''Pelé'', ''Zico'', ''Rivelino'', mas no fundo era apenas outro ''becão'' de várzea...A sensação que os grandes atores nos passam é que tudo aquilo não passa de uma brincadeira. Seres privilegiados estes , que podem ''brincar de faz-de-conta'' infinitas vezes vida afora. Podem ser vilões, mocinhos, ricos, pobres, interpretar toda a vasta malta de seres que compôem esta fugaz existência humana. Por tudo isto, por este ''faz-de-conta'' seguido- e captado por este escriba( me contradigam se estiver falando alguma grande besteira...)- temos a impressão de que os atores não envelhecem. Assisti recentemente uma peça de teatro aqui em São Paulo chamada ''O Homem Inesperado'', com Paulo Goulart e Nicette Bruno. Fala de uma viagem de trem, e das impressões interiores de um grande escritor e uma fã, que reluta em aproximar-se do ídolo. Os dois atores veteranos, casados na vida real, mostram ali não só o amor que tem um pelo outro. Mostram toda a paixão pelo que fazem. É grandioso mas também parece, a nós que estamos observando, uma grande brincadeira...Aqueles cenários de faz-de-conta, cada um dos dois relatando seus pensamentos para a platéia, que ri á vontade, e todos nós fingindo que acreditamos que os dois personagens não podem escutar os seus monólogos interiores ditos em voz alta...Brincalhões estes atores... Minha impressão pessoal sempre foi a de que o cinema, a TV, o teatro são formas de expressão ''inferiores'' á ''GRANDE ARTE'' que é a literatura. Peguemos por exemplo qualquer obra-prima literária, e sua versão cinematográfica será certamente bastante reduzida em comparação ao livro que a gerou. Isto porque o visual geralmente apela para o explícito, em detrimento da imaginação. Porém, isto não tira o mérito destes valorosos seres que escolheram ''brincar'' vida afora, ''fazendo de conta'' que são tantas pessoas. Nós, para falar a verdade, os invejamos...Eles não envelhecem, em comparação aos demais...O tempo parece congelado para estas criaturas...Eles mantém vida afora, até morrer, uma eterna expressão de travessura...Concluindo, o que nos pareceria inicialmente ''inferior'' á ''grande'' literatura, é na verdade, uma outra forma de expressão- que acaba alçando-se a uma altura semelhante ou mesmo maior, em determinados momentos, pelo talento dos maiores integrantes desta trupe de ''farsantes'' e ''brincalhões''...
Ainda Henry Miller...
Em uma outra postagem, eu citei o livro de Henry Miller ''Os livros da minha vida''. Porém, como as menções foram numerosas, e os trechos escolhidos de trás para frente da obra, diversos trechos interessantes foram suprimidos na ocasião. Motivo pelo qual estamos novamente abordando este assunto. Interessa-nos, especificamente, o que ele diz sobre a leitura. Ou melhor, do alerta que Henry Miller, um escritor, faz sobre o risco do ''excesso de leitura''. Vejamos: ''Dei-me conta de que vinte a trinta mil livros( uau! este comentário é nosso...)é uma média razoável para um indivíduo culto do nosso tempo. Quanto a mim, ainda que possa estar a incorrer em erro, duvido que tenha lido mais de cinco mil''( p. 148). Esta outra citação de Henry Miller, de uma frase de Miguel de Unamuno, se aplicaria perfeitamente à nossa atual verborragia veiculada pela Internet: ''Todos os dias, diz Miguel de Unamuno, acredito menos na questão social, na questão política, na questão moral, e em todas as questões que as pessoas inventaram para não terem de enfrentar resolutamente a única questão real que existe: a questão humana. Desde que não a enfrentemos, tudo o que nos limitamos a fazer é produzir um tal ruído que simplesmente não a podemos ouvir" (p.141). É, como vocês podem constatar eu estou retrocedendo. As páginas vão recuando: 148, 141...Nesta hora, o escriba amador que sou se transforma em mero ''catilógrafo''. Nosso único trabalho torna-se o de escolher, aqui e ali, os trechos mais marcantes da obra deste gênio, e reproduzí-los neste espaço. A maior frustração de qualquer aspirante a escritor é justamente esta, a de pensar: ''por que diabos eu não escrevi isto?''. Mesmo o gigante Henry Miller assume, por vezes, o papel menor de dar voz aos sábios que o precederam, ou foram seus contemporâneos. No fundo, há uma sensação de que, aqui, em todo este trabalho de reflexão desenvolvido séculos afora por escritores, filósofos, artistas, juristas, sábios espirituais, há um sentido maior de UNIDADE, de CONEXÃO. Está tudo INTERLIGADO, e nós podemos escolher interagir, por meio do pensamento, com quaisquer destas figuras todas. Mesmo que nosso papel se resuma a citar o que de melhor elas fizeram...A maior mensagem do livro de Henry Miller , a meu ver aquela que sintetiza toda a obra, é a que se segue: ''(...)Neste momento, um impulso irresistível leva-me a dar um conselho gratuito. É o seguinte: LEIAM O MENOS POSSÍVEL, MENOS QUE O POSSÍVEL! ( nosso grifo). É certo que invejei aqueles que se afogavam em livros. Também eu desejaria secretamente ler até o fim todos os livros que acalentei durante tanto tempo no meu espírito. Mas sei que não é importante. Estou agora consciente de que não precisava ter lido NEM UM DÉCIMO( nosso grifo)do que li. A coisa mais difícil na vida é aprendermos a fazer apenas aquilo que é extremamente vantajoso e vital para o nosso bem- estar''( p.26). Conselho difícil de seguir este...Mas o mestre está, mais uma vez, certo...Difícil também resistir à tentação de citar mais alguns trechos desta bela obra. Porém, o principal está aqui. A tarefa está concluída. O livro- ''Os livros da minha vida'', Henry Miller, Ed.Antígona- tem muito mais, é o que queríamos dizer como conclusão. Henry Miller tem também o mérito de me fazer despertar para a obra de Krishnamurti, mas isto é tema para um outro ''post''...O que Krishnamurti diz sobre ''o observador''...Me aguardem...
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