domingo, 31 de agosto de 2008

Uma notícia boa e outra ruim...

A boa é que- segundo o critério concebido por meu pai, para o qual o candidato ideal deve ter experiência administrativa prévia- São Paulo estaria, desta vez, em ''boas mãos'': os 3 candidatos favoritos são a ex-prefeita Marta Suplicy, o ex-governador Geraldo Alckmin e o atual prefeito Gilberto Kassab. E Maluf? Maluf não vale...Este é o lado bom da atual campanha. O pior lado é que, justamente por já terem administrado alguma coisa, e ''beneficiado'' alguma parcela da população, a atual disputa eleitoral acabou se transformando em um ''campeonato para apurar quem mais fez''. Perde-se longos minutos no horário eleitoral discutindo assuntos ''interessantíssimos'' como os ''CEUs''( centros de ensino)de Marta, as AMAS( centros de atendimento médico ambulatorial)de Kassab e as FATEC's( faculdades de ensino técnico)de Alckmin. A eleição virou um ''campeonato de clientelismo''...Claro que a Prefeitura deve investir no social. Proporcionar ensino e saúde a quem precisa. Porém, o pior lado disto tudo é o fato de que tudo é mostrado e empurrado goela abaixo dos potenciais eleitores ao melhor estilo ''fulano de tal é o cara, e vai fazer muito mais''. Personalismo, favores, clientelismo, populismo. E este é o programa dos candidatos a Prefeito, mais ''assistível'' do que o ''show de horrores'' do horário eleitoral para vereadores...As idéias não mudam. Os ''marqueteiros'' e suas fórmulas mirabolantes não mudam. O ''marqueteiro'' de Marta Suplicy é o mesmo de Lula, e vem ''requentando'' os bem-sucedidos ''slogans'' da última campanha Presidencial. Alckmin não decidiu ainda se quer ser conhecido como ''Geraldo'' ou ''Geraldo Alckmin''. Kassab é o mais claro: quer permanecer no Poder, e bombardeia a ex-prefeita para criar uma polarização entre os dois. Mas, voltando ao tema do post, e se você não precisa de escola ou posto de saúde? Você mora na cidade, conhece vários de seus problemas- inúmeros bem antigos( o péssimo estado de conservaçao do centro, por exemplo...). Não há como se interessar pelo que vem sendo discutido. O PT, que sempre elevou o nível do debate político ao introduzir vários temas chamados ''ideológicos''( tal como a honestidade na política), desde a eleição de Lula vem pautando os pleitos por baixo: o ''Bolsa Família'' deixou bem claro quem - e o que- decide as eleições neste país... E isto aprofundou ainda mais o ''fosso cultural'' que nos separa. Desiludidos, eleitores ricos ou de classe média apelam para DVD's ou TV a Cabo na hora do programa eleitoral. E os candidatos ficam lá, tentando iludir a única audiência ''cativa'' que sempre possuíram, com promessas de ''pão e leite''...

sábado, 30 de agosto de 2008

Lembrando mais uma vez...

Inúmeros destes posts já foram gerados por lembranças de fatos ocorridos em plena rua, ou por simples conversas na hora do almoço ou em casa. Se for em casa é mais fácil: basta correr para a frente do computador e digitar. Porém ontem, na hora do almoço, tive pelo menos 3 idéias excelentes para posts seguidas, em função da animada conversa que estava tendo com outra pessoa. E nada de papel e caneta nestas horas...''Perdi'' em definitivo as 3 idéias na hora da sobremesa, um pudim de tirar o fôlego...Aí compreendi, finalmente, que um ''verdadeiro escritor'' não sai de casa sem um laptop( os mais abonados...)ou um simples bloquinho de anotações. Com a idade que tenho, já não é mais tempo de continuar a confiar exclusivamente na claudicante ''memória''. Se é que alguém que constantemente refere-se à realidade entre aspas pode aspirar possuir alguma memória: memória do que? do ''real'' ou do ''imaginário''? Por que simples reflexões acabam gerando extensas auto-recriminações? Ah, sim. Lembrar de comprar caneta e bloco de anotações...

Pesadelos de blogueiro...

Primeiro o fato real. Ontem à noite, enquato tentava postar os últimos dois textos, o blogger apenas dava respostas ''nonsense'' como estas: ''o email apontado não existe'', ''digite novamente sua senha'', ''crie sua conta nova no Google'', ''este email da conta nova já tem proprietário'', e por afora, durante angustiantes 30 minutos...Pensei que o blog tinha ido para o ''beleléu'' desta vez. Não posso mais acessá-lo. Que drama...Mas isto não foi o fim. Postei, ao final do angustiante processo, os dois textos. E não é que, durante o sono, tive um sono relacionado? Agora não foi o Blogger o augoz, e sim o Governo Chinês(?!!!). Eles não haviam gostado do que eu havia escrito sobre aquele país- inclusive das matérias sobre a 25 de março!- e designaram um grupo de hackers para ''apagar totalmente o blog'' !!! E eu tentando tomar alguma medida para impedir este insano gesto. Claro que, na mesma hora, fui tomado por um IMENSO arrependimento por haver escrito ou pensado qualquer coisa sobre a China em qualquer dia de minha vida...Digitava inúmeros códigos, como se entendesse alguma coisa sobre computadores, e mesmo assim o blog inteiro ia sumindo progressivamente, passo a passo...''Amigos'' me perguntavam porque não tinha desistido de escrever sobre temas políticos( e se John McCain ou Lula não tiverem a mesma idéia?, penso do alto de minha megalomania...). Sonhos são isto: paranóia e megalomania juntas, manifestadas... Enquanto as pessoas citadas não tiverem a ''genial idéia'' de eliminar este blog, vocês poderão continuar a ler insanidades como as reveladas neste post...PS: E se tudo isto não for mesmo um ''aviso'', e eu devesse realmente parar de falar destes assuntos???

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Diversão de blogueiro...

Vários cronistas já comentaram os estranhos resultados apontados por seus relógios que registram acessos- como o statcounter.com, por exemplo. Dá até a ''impressão'' de que a gente não faz outra coisa senão ficar olhando o mapinha com os acessos por países, e as estranhas pesquisas feitas no Google que acabam dando como resultado um leitor a mais...Não é impressão: talvez esta seja a única evidência de que há algo acontecendo no site. Uma evidência particular, que não posso mostrar aos outros, mas uma evidência. Começamos a escrever blogs meio na ''porra-louquice''. No início a gente ''aporrinha'' meio mundo: parentes, amigos, conhecidos, ex-colegas da Faculdade, pessoas que encontramos na rua...''Leiam o meu blog'', imploramos, Por Favor, leia o meu blog- é legal''. E, também no início desta louca empreitada, começamos tudo como um tradicional ''diário'' de nossas vidas, como um relatório do que vem acontecendo- geralmente inchado por nossa prolixidade e pela evidente falta do que falar realmente de novo. Esquecemos um pequeno detalhe: a coisa é pública, está aí para todos verem...Depois, com o tempo, já ''desiludidos'' pela falta de resposta de todas aquelas pessoas que tanto chateávamos no inicio, começamos a perceber que nos outros blogs há medidores. E que colocar um reloginho daquele no site não é tarefa das mais difíceis. Você vibra quando vê o nome de algum lugar de que só ouviu falar de nome, e que está acessando o ''seu'' blog... A idéia, pelo simples fato de que o ''seu'' blog é monolingüístico, é atingir algumas cidades do território nacional. Algumas a gente conhece, outras não. Até o inesquecível dia em que você nota, sempre no statcounter, que há uma bandeirinha de um outro país. Detalhe: ninguém comenta nada. Até os seus amigos, aqueles que você encontra pela rua ou os que mandam emails elogiando o site, mesmo estes ficaram ''intimidados'' pela idéia de comentar em público as coisas que você está escrevendo lá. Só nós, mesmos, na nossa ingenuidade, pensamos que não é ''arriscado'' andar por aí postando nossos pensamentos e idéias, repletos de erros de português e reflexões- para os leitores mais assíduos isto já é evidente- contraditórias... Mas você só percebe que ''perdeu inteiramente o controle'' sobre todo o processo quando as bandeirinhas dos países vão se multiplicando( um abraço para os leitores da Turquia!), e que, dos inúmeros textos que vamos postando sem parar, em um ritmo muito mais frenético do que o mais fiel e paciente dos leitores possa acompanhar, não há nenhuma ''ordem'' na leitura. Ou seja, não é livro. As pessoas podem fazer o que quiserem com o que lêem, ler quando quiserem, e o que quiserem. Aquele textinho ''despretensioso'' que postamos há alguns meses pode estar- e como isto aumenta o nosso nervosismo na hora de escrever qualquer coisa!- sendo visto com lupas neste exato instante...Não o que escrevemos hoje, na esperança de termos ''evoluído'' alguma coisa como ''escritores''/narratores/cronistas. Não. Justamente aquele texto lá que você postou ''nas coxas'', querendo manifestar alguma idéia ''original'' para não quebrar 0 ritmo do blog e saciar a curiosidade de seus eventuais leitores( mais para ''testemunhas'' do que qualquer outra coisa), é justamente aquele texto de meses atrás que está sendo lido. Você não tem mais ''controle'' sobre o que criou, não pode mais apagar coisas já ditas, poderia tentar ''melhorá-las''/revisá-las se tivesse tempo e disposição para tal e, simultaneamente, não estivesse preocupado em escrever uns outros posts por dia para provar que está ''vivo''...Agora você já deve estar se perguntando se, afinal, saber que estamos sendo lidos- e é o que indicam os números crescentes do reloginho marcador- é divertido, como fiz alusão no título deste post, ou se é simplesmente mais uma forma de auto-tortura deste iniciante no mundo da ''blogosfera''. Prazer e tortura, ao mesmo tempo, para não fugir deste universo de ''perversões'' que é a Internet... Tem ''tara'' de tudo quanto é tipo. A minha é ficar digitando inúmeras destas letrinhas, sobre diversas coisas que me interessam, e depois ficar olhando por vários minutos os números do reloginho... A sua é ler, quando por acaso houver alguma coisa mais interessante. Não existem ''taras sadias''. Tara é tara. Loucura é loucura. Enquanto você ao menos pode esconder a sua, a minha fica por aqui- aos olhos do( a esta altura) mundo...

Pesquisado...

Sabem aquele famoso comentário ''não acredito em institutos de pesquisa porque nunca respondi nenhuma pesquisa, e nem conheço ninguém que tenha respondido''? Eu não posso mais usá-lo...E isto desde maio, quando respondi a uma extensa pesquisa do Datafolha- verdadeira homenagem ao amigo ''dudaleu'', autor dos blogs''Lelê por dudu'' (www.leledudu.blogspot.com), sobre o dia-a-dia de sua filhinha, e de seu próprio ''O Observador''( www.blogedups.blogspot.com), e ''fã'' há vários anos do Grupo Folha- que levou quase uma hora. Ainda tive de dar o número do telefone para eles checarem, o que dá mostra da seriedade da pesquisa...Agora, ela está sendo publicada todos os domingos, com o nome de ''DNA Paulistano''. Uma pesquisa por regiões da cidade. Na minha, tive até dificuldade de mencionar algum problema...Lembrei, após alguns momentos de hesitação, de uma esquina próxima de casa em que não há semáforo( isto não é minimamente ''problemático'' para mim, mas lembrei dos concidadãos motoristas...). A cidade ''limpa'', de propagandas, anda bem sujinha por estes dias, mas este não é um problema apenas ''do meu bairro''...Eles perguntam qual é o nosso time de futebol( o meu, claro, é o São Paulo, mas há um bairro no extremo da zona leste em que cerca de 40% dos moradores são corintianos...quanto mais miserável o bairro, mais corintianos...). Também respondemos qual é(???)o nosso partido político preferido. Alguém teria? Qual seria o motivo para respondermos esta espécie de pergunta? E quantas vezes por semana freqüentamos livrarias( quase todos os dias...), cinema( 2 a 3 vezes por semana...)e shopping centers( ao menos uma vez por semana...). Em uma região próxima aqui de casa- a Consolação- cerca de 22% dos moradores vão aos cinemas ao menos uma vez por semana, e principalmente a pé. ''Coincidentemente'', esta região concentra alguns dos melhores cinemas de rua de São Paulo( Belas Artes e Espaço Unibanco), o que justifica tamanha adesão dos moradores...Também perguntam o de praxe: grau de escolaridade e renda familiar ( acho que caímos neste ítem, porque não temos mais nenhum automóvel...o país inteiro entrando na ''classe média'', e em casa não há um automóvel e nenhuma máquina de lavar...). Respondida a pesquisa, e acompanhando o resultado no jornal nosso de todos os domingos, ainda resta uma frustração e um desejo: quero, ao menos até o final desta campanha eleitoral para Prefeito e Vereadores, ter a oportunidade de exprimir a ''minha opinião''. Quem sabe o fato de ter de escolher alguém me motive também a optar por alguma ''corrente de opinião'' na hora da pesquisa...Pena que não tenho dupla cidadania para poder votar nas eleições americanas, mas isto já é uma outra estória. Quem sabe, caso não fosse candidato a Presidente dos Estados Unidos, Obama não daria um bom Prefeito de São Paulo?

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Atraindo(ou tentando atrair...)com a ''Lei da Atração''

Inúmeros livros e textos já foram escritos sobre a ''Lei da Atração''. O mais famoso deles é o recente ''O Segredo'', que originou inclusive um DVD de nome semelhante. É interessante constatar que uma idéia simples, aparentemente de fácil decodificação, possa ter algumas ''complicações'' decorrentes. O propósito deste post é tentar idenficar algumas destas dificuldades. Imagine que você é o Diretor de um filme. E pensa, rotineiramente, nas coisas que lhe desagradam, e que você jamais pensaria em incluir na sua obra: - ''Detesto vias engarrafadas, detesto pessoas que não sabem se portar em público, detesto dias nublados, detesto ser pressionado para criar algo em pouco tempo, detesto comida chinesa em caixinha, detesto jiló, detesto desertos, detesto carros pequenos/ carros muito grandes, detesto matemática, etc, etc. etc.''. Qual é mesmo o tema deste filme??? Posso correr o risco de simplificar demasiadamente as coisas, mas, se fosse resumir o que é a tal de ''Lei da Atração'', diria que ela funciona de um modo ligeiramente diferente. Sua lógica é a de ''gosto'', ''gosto'', ''aprecio'', ''gosto muito'', ''adoro''. Vejam bem: o mundo existente é muito maior do que o que identificamos no nosso dia-a-dia. As coisas físicas não são ''boas'' nem ''ruins''. Elas são, simplesmente, e acabou. Rótulos fazem parte do nosso sistema de avaliação. O que acontece com as coisas que, por não as apreciarmos suficientemente, não caem sob as órbitas dos nossos ''radares''? Para nós, elas ''não existem''. Jamais algo em que não pensemos sequer por um segundo irá se materializar em nossas vidas, uma vez que só podemos ''criar'' o que é concebível em nossas mentes...Assim como poderei ir, por exemplo, um dia a Manaus, se isto não faz parte dos meus planos? Vai a Manaus quem quer, quem gosta...Isto é fácil de entender. Mais difícil é entender como podemos ter criado- uma vez que se concorde com a noção de que somos ''co-criadores'' junto com o Universo- tantas coisas ''desagradáveis'' em nossas vidas...Aí entra o papel, indispensável, da apreciação. Nossa forma predominante de pensar é pelo sistema binário de sim/não. ''Gosto/não gosto''. Acontece que, pelos padrões deste mundo, o ''não'' não existe...Nas NOSSAS mentes pode fazer sentido uma idéia como esta: a de que quando queremos algo ''não frio'' estamos, ''na verdade'', fazendo alusão a algo quente...O ''não frio'', uma vez que o não não existe, passa simplesmente a idéia de que desejamos o frio- QUE É JUSTAMENTE O QUE ESTAMOS QUERENDO EVITAR COM OS NOSSOS INÚMEROS ''NÃOS''...Na verdade, gastamos boa parte de nossas vidas combatendo coisas que não tem a menor importância em si mesmas. Uma pessoa chata, um emprego maçante, cidades que não apreciamos, cônjuges que não são do jeito que esperávamos, pais/filhos que nos decepcionaram, etc. Por mais desagradáveis que estas coisas possam parecer, elas não tem importância ''por si só''.É a nossa reação a elas que dá a dimensão que elas aparentam ter, para nós mesmos...Como ''Dons Quixotes''- talvez venha daí a grande popularidade deste livro de Cervantes- vamos combatendo inúmeros ''moinhos de vento''( nome, aliás, de um belíssimo bairro de Porto Alegre-RS...)vida afora. E ainda reclamamos do porque estas coisas parecem ''intermináveis''...Talvez a única saída surja de uma simples troca de uma lógica binária de sim/não para uma ainda mais simples: de sim/sim. Do que é que gostamos, de verdade? Por que dedicamos tão pouco tempo para as coisas que mais apreciamos, para passar boa parte do tempo lutando contra aquilo que desprezamos? Do que é que gostamos mesmo? Eu criei este blog, na verdade, para poder lembrar a mim mesmo o quanto gosto de algumas coisas bem simples: passear, viajar, comer bem, ler bons livros, assistir bons filmes, amar, escrever. E não é que, quanto mais falo nestas simples coisas, mais elas se manifestam em minha vida? Hoje, na movimentada Avenida Angélica, em uma gigantesca árvore que parecia querer abraçar a via em seus dois lados, ouvia-se nitidamente o canto de vários passarinhos. Ele estava lá, e já passava do meio-dia, enquanto uma multidão se deslocava rapidamente rumo aos inúmeros restaurantes da região. Tudo isto estava à disposição de quem quisesse ouvir. Bastava unicamente silenciar o ritmo frenético dos nossos pensamentos, e parar um pouco para ouvir o canto dos pássaros em uma das mais movimentadas avenidas da cidade de São Paulo...No final das contas, as coisas a que dizemos ''sim'' ou dizemos ''não'' estão deixando aqui e ali seus inúmeros rastros por nossas vidas. Que tal tentarmos dizer unicamente, ou pelo menos mais vezes do que o normal, simplesmente ''sim''? O ''sim'' rompe barreiras, abre portas, abre caminho para os nossos maiores sonhos. Quiçá descubramos todos, algum dia, que ser feliz é simples como um ''sim'' dito inúmeras vezes...

Blogando...

A grande e gostosa tentação que é a de apertar o botãozinho no alto da página- ''próximo blog''- e sair ''blogando'' por aí...Em meio a inúmeras páginas, que mostram viagens por Roma ou eventos em Cingapura ou no Uruguai( a Maratona Internacional de Punta Del Este...), o mais gostoso é o fato de que ''estamos em movimento''...Ao contrário da mídia ''tradicional''- costumeira, rotineira, com articulistas fixos em cada dia da semana- a sensação é de permanente surpresa. Nem tudo é como a gente esperava, nem tudo é tão bom quanto o que costumamos ''pescar'' aqui e ali em meio ao conhecido, mas é uma aventura. Uma aventura que está a apenas alguns ''cliques'' de distância...Como é gostoso este mundo em que pessoas ''comuns'' blogam, mostram-se, mostram orgulhosamente seus lindos bebês ou a sua vidinha tradicionalmente vista como ''rotineira'', postam as viagens que já fizeram ou estão fazendo neste momento, estabelecem um contato ''virtual'' com outros fãs de seus artistas prediletos ou simplesmente conosco, que estamos apenas dando uma ''espiadinha'' nesta loucura toda...Gostosa loucura esta dos blogs...

O desafio de Obama...

Barack Obama é uma verdadeira unanimidade, mundo afora. Conquistou os europeus, deixando alemães e franceses extasiados. E no entanto, a nível interno, sua candidatura ainda não decolou. Por que será? Será esta mais uma prova do antigo ditado ''santo de casa não faz milagre''? A rigor, nem há uma alternativa de fato a Obama. John McCain significa simplesmente mais do mesmo, uma continuação um pouco melhorada dos anos Bush. A mídia festeja Obama, os eleitores de Obama o idolatram- arrecadam milhões de dólares e lotam eventos públicos- e, no entanto, as pesquisas mostram há semanas um incômodo empate entre os dois...Tudo isto é meio desagradável: lembra as antigas campanhas de Lula. Uma maratona de gigantescos comícios pelas principais capitais, carreatas, inúmeros eleitores vestindo camisetas vermelhas e portando bandeiras do PT, para, ao final, sermos todos ''surpreendidos'' pela eleição do ''outro'', do adversário pouco carismático: não importa se Collor ou FHC. Quem votava no ''outro''? Os grotões, e a imensa massa de eleitores silenciosos -que não se pronunciavam, não brigavam, não agitavam bandeiras, não respondiam a pesquisas, e estavam apenas esperando o dia das eleições para dar o ''troco'' naquela multidão de cabos eleitorais da esquerda...Hoje estes eleitores dos grotões e dos ''currais eleitorais'' votam no Lula que está no Poder, mas esta já é outra estória...Aqueles que esperavam uma ''lavada'' de Obama e dos democratas nestas eleições parecem pensar que toda aquela imensa massa de eleitores de George Bush teria, de uma hora para outra, tomado um ''chá de sumiço''. Vã ilusão. As igrejas protestantes continuam lá, e seus membros votam, as pequenas comunidades do interior continuam lá, e também tem um grande peso no resultado final- que prevemos em outro texto, com larga antecedência, será apertado...Ninguém conseguiu aferir até agora qual será a influência do ''fator raça'' neste pleito: os opositores de Obama alegam que ele é ''despreparado'', ''elitista''(?!!!), sem contar os mais radicais- que o (des)qualificam como ''muçulmano'', ''anticristo'', ''gay'', etc. Barack Obama provoca muito mais resistências pelo que ''é'' do que por suas moderadas propostas. Ele simboliza uma guinada para uma América mais aberta para o mundo, juntando-se aos esforços dos demais países contra o Aquecimento Global, menos intervencionista no plano mundial e, principalmente, representa uma América que já é, queiram ou não seus opositores, multi-racial. Nem todos vêem com bons olhos estas mudanças. As pesquisas mostram que o ''outro lado''- embora ''invisível'' e com menor peso na arena pública- continua vivo, e bem vivo. Com chances concretas de vitória. Obama, inteligentemente, soube tirar partido do ''ôba,ôba'', do ''já ganhou'' de Hillary e seus assessores. Esperamos que, desta vez, ele próprio não seja vítima do mesmo erro...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Momentos de uma partida de futebol...

Todos nós, torcedores dos outros clubes, vibramos com a derrota do Grêmio para o Flamengo. Isto havia dado outro ânimo para um campeonato que parecia ter um vencedor antecipado. E ontem, novamente tivemos oportunidade de torcer contra o tricolor gaúcho. O gol do Náutico só nos deu alento. Uma nova derrota do Grêmio só estimularia ainda mais as outras equipes, e ''botaria fogo'' no Brasileirão. Mas a briosa equipe gaúcha jamais se rende, como nos mostram inúmeras lições do passado. O mesmo Náutico que o diga...E não é que, aos 48 minutos do segundo tempo, o Grêmio conseguiu várias coisas com um único golzinho? Primeiro, acabou com a festa da equipe da casa... Depois, este empate suado acabou tendo ''gosto de vitória'' para a equpe gaúcha. E ainda, mostrou para todas as outras equipes que o tricolor gaúcho está bem vivo na disputa pelo título. E, salvo o Palmeiras, nenhum dos potenciais competidores do Grêmio venceu...Futebol é isto: só se deve comemorar após o apito final...

''Indo aonde nenhum homem jamais esteve''...

Já falei aqui neste mesmo espaço sobre os inúmeros lançamentos de boxes com temporadas de séries de TV, novas e antigas. Para entender a quarta temporada de ''Lost'', quando acabei adquirindo o gosto por este seriado, é necessário assistir tudo desde o início. Assim, sou forçado a comprar as caixinhas com as temporadas 1,2 e 3...Com as caixas em nossas máos, assim como fiz com as temporadas 1,2 e 3 de ''Jornada nas Estrelas''( Star Trek)- a série ''clássica''- é irresistível a idéia de promovermos sessões ''seguidas'' de episódios: um sábado inteiro, um domingo inteiro assistindo nossos seriados prediletos...Às vezes tomamos conhecimento da qualidade de uma série ''antiga'' graças à reprise de um episódio na TV a Cabo. Foi o caso da continuação de ''Jornada'', a ''Jornada nas Estrelas- Nova Geração''. Inicialmente, minha pretensão era a de me limitar aos personagens- ''Capitão Kirk'', ''Doutor Spock'', ''Uhura''- da idolatrada série clássica dos anos 60. Não canso de revê-los, rever os melhores episódios deste programa que, infelizmente, durou tão pouco...Mas assisti um episódio da ''Nova Geração'' no Scifi Channell. Gostei. Depois, vi em uma loja de departamentos uma promoção com uma caixinha da série por metade do preço...Depois, assistindo vários episódios, foi surgindo a ambição de ter tudo, todas as 7 temporadas da ''Nova Geração''. Não, não concretizei ainda este projeto. Esqueceram das 3 temporadas de ''Lost''? Sem contar ''Jeannie'', ''A Feiticeira'' e várias das mais antigas...Bom, toda esta introdução foi apenas para falar de um episódio interessantíssimo que assisti recentemente de ''Jornada nas Estrelas- a Nova Geração''. O título do episódio, aliás um ''carro chefe'' de todas as Star Trek, é mais ou menos ''indo aonde nenhum homem jamais esteve''. O Capitão Picard e sua equipe recebem a bordo da ''Enterprise'' dois cientistas, que pretendem realizar diversas experiências dentro da nave estelar. Em uma delas, a ''Enterprise'' inexplicavelmente dispara e atinge uma velocidade sem precedentes. Resultado: a nave ultrapassa esta galáxia e mais duas outras, ficando a uma distância de 2 MILHÕES e 700 MIL ANOS-LUZ da Terra...Pouca coisa, algo que poderia ser percorrido de volta em cerca de meros...300 ANOS...Em meio ao pasmo e surpresa generalizados, o andróide ''Data'' informa que a velocidade nunca passou de 1 dobra e meia( baixa para os padrões da nave...). Então, como eles puderam ir tão longe? E como voltar? Na tentativa de retornar, a ''Enterprise'' volta a acelerar acima de quaisquer padrões conhecidos. E chega a um lugar UM BILHÃO DE ANOS-LUZ de distância da Terra!!! Principal característica do lugar: os pensamentos dos tripulantes seriam materializados de imediato.Não haveria diferença entre o nosso pensamento e a realidade...Assim, o Capitão Picard se ''reencontra'' com a mãe já falecida, e um dos tripulantes se debate em meio às chamas que ameaçam matá-lo( até que o Capitão o estimule a ''apagar'' as mesmas com o uso de seu pensamento...). Primeiro eles terão de aprender a lidar com a situação, ''domar'' sua imaginação, para finalmente conseguirem iniciar a viagem de volta para o lar( aliás, quase todas as situações extremas expostas em ''Jornada'' usualmente tem soluções ''mentais'' e não físicas, como em jogo de xadrez...). Novamente, para perplexidade geral, ''Data'' informa que os registros indicam que a velocidade nunca passou de um ponto baixo, e que, no plano material, eles não haviam saído do lugar...Espiritualmente, também se debate a existência de mundos superiores não-físicos, onde as coisas se processariam exclusivamente por meio do pensamento, dispensando ações no plano material. Porém, no atual estágio em que nos encontramos, uma vez que as nossas visões e desejos não se realizam de imediato, temos a impressão de que há uma ''realidade'' superior, ''difícil''' de modificar. Esta ''impressão'' é, na verdade, o nosso maior obstáculo. É preciso ''suspender o véu'' das nossas falsas impressões e conceitos- sobre o mundo e sobre nós mesmos- para que possamos ver tudo como é, de fato. O universo é mental, e somos- meio atrapalhadamente, é verdade- seus principais criadores. Para ver tudo isto, às vezes um pouco de ''Ficção Científica'' não faz mal...

A última crônica de Diogo Mainardi e suas possíveis interpretações...

Segundo o imperdível cronista da revista ''Veja'', em seu texto desta semana- sob o título ''Temperamento de Rebanho''- ''O Brasil fracassa no esporte pelo mesmo motivo por que fracassa como país: temos uma sociedade acovardada, fujona, avessa à luta. Tudo aqui é feito para desestimular a disputa, para reprimir o desafio pessoal, para amolecer o caráter: o parasitismo estatal, a política fundada no escambo, a cultura baseada no conchavo, a repulsa por idéias discordantes. Esse nosso temperamento de rebanho inibe qualquer forma de atrito, qualquer tipo de inconformismo, qualquer espécie de enfrentamento. Quando temos de competir, afinamos. Por isso aprovamos uma escola que produz analfabetos. Por isso aprovamos governantes que roubam. A gente se satisfaz com facilidade: basta fazer o quatro''. Certo, Diogo. Porém, após a leitura sobre o livro que mostra as formas ''fixa'' e ''construtiva'' de pensar, observamos o texto de Diogo Mainardi com outros olhos. Quantas vezes não fazemos, no nosso dia-a-dia, reflexões semelhantes ou ainda mais duras? Estivesse certo o nosso Diogo, e ainda não teríamos saído da Idade das Cavernas como país...E inúmeras empresas brasileiras não estariam disputando mercados mundo afora...Brasileiros e argentinos disputam um estranho campeonato: o ''campeonato'' das reflexões de ''por que o nosso país não deu certo''...Ainda lembro de todas aquelas livrarias em Buenos Aires, com diversos ''best sellers'' repetindo este mesmo ''mantra''. Brasileiros e argentinos adoram fazer este tipo de ''reflexão'' de preferência com amigos, em uma mesa de bar...Certo, Diogo. Temos verdadeiramente esta ''mentalidade de rebanho''. E quando o líder do rebanho vai na direção errada, então é um horror...Porém, e aqui estabelecemos uma diferença substancial em relação às pessoas que gostam de fazer reflexões semelhantes às de Diogo Mainardi- e sem o seu brilhantismo- se pensarmos nestes fatos de modo ''construtivo'' e não ''fixo'', veremos que as coisas não ''são'' deste modo para toda a eternidade...Este, na verdade, é o nosso maior desafio: como sair desta situação de ''rebanho'' para podermos construir uma nação de fato forte e soberana? A mentalidade de ''rebanho''- vista de modo construtivo- pode e deve ser modificada para que possamos dar saltos maiores, conquistando inúmeras ''medalhas'' em todos os campos de nossas vidas. Devemos ler textos como o de Diogo Mainardi não com o fatalismo dos que reconhecem com pesar- ''é isto mesmo''- mas sim com a mentalidade aberta daqueles que, ao mesmo tempo em que aceitam a triste verdade mostrada naquelas breves e duras palavras, também se perguntam: ''e o que faremos com isto?''. Menos reflexões, uma vez que estamos todos ''fartos'' de saber que as coisas se processam assim atualmente no nosso país, e mais ações- eis o que precisamos. Menos ideologia e mais pragmatismo, eis o que o Brasil anda necessitando um pouco...Como saímos do ''rebanho''? Talvez pensando um pouco mais como indivíduos livres...

A mente e o sucesso

O principal fator de sucesso está na mente, na nossa forma de pensar/reagir a cada circunstância que é posta em nosso caminho. Este é o grande mérito do livro ''Por que algumas pessoas fazem sucesso e outras não, de Carol S.Dweck, recém-publicado no Brasil pela Editora Fontanar. Com base em inúmeras pesquisas, e no trabalho com jovens, a autora demonstra que os indivíduos acabam se dividindo em duas grandes formas de pensar: o ''pensamento fixo''- segundo o qual as coisas ''são'' ou ''não são'': ''somos'' talentosos ou não, ''nascemos com o dom'' de fazer uma coisa ou não- e o ''pensamento construtivo'', segundo o qual- através de nossos esforços e contínuo auto-aperfeiçoamento- podemos ''adquirir a capacidade'' de fazer alguma coisa. E como se comportam as pessoas que pensam de cada uma destas formas diante dos desafios da vida? Os de ''pensamento fixo'', que muitas vezes em suas infâncias foram rotulados como ''inteligentes'' ou ''talentosos'', sentem pânico diante da possibilidade de perderem tais ''títulos''. A conseqüência é que, diante de situações problemáticas, eles tendem a colocar a ''culpa'' nos outros( fugindo da responsabilidade)e até mesmo a ''desistir'' de lutar contra os fatos ''inevitáveis''. Em suma, eles não lutam contra tais situações...Como lidam com o fracasso? Segundo Carol S. Dweck, ''não farei nada'', ''ficarei na cama'', ''vou encher a cara'', ''vou comer'', ''vou dar uma bronca em alguém se tiver oportunidade'', ''vou comer chocolate'', ''vou ouvir música e ficar de cara feia'', ''vou entrar no armário e ficar lá dentro'', ''vou arranjar uma briga com alguém'', ''vou chorar'', ''vou quebrar alguma coisa''. Que mais posso fazer?(...)Quando propus a mesma situação a pessoas de código mental construtivo, eis o que responderam: ''Preciso esforçar-me mais na aula e ser mais cuidadoso quando estacionar o carro. E imagino que meu amigo teve um dia difícil'', ''A nota cinco mostra que devo dedicar-me muito mais às aulas, mas ainda tenho o resto do semestre para melhorar a média''. Houve muitas outras respostas como estas, mas acho que você já entendeu. Agora, como estas pessoas enfrentariam o fracasso? Claro que de frente''( páginas 14/15). São raros livros como este, em que o autor coloca a síntese da obra nas primeiras páginas e vai exemplificando a sua tese no decorrer da mesma. Escritores raramente mostram o ''pulo do gato'' em um livro só, ou porque não o descobriram ou porque seria ''pouco lucrativo'' revelar tudo o que sabem de uma só vez... Não é o caso deste livro. Aliás, é um pouco difícil rotular esta obra: a autora é psicóloga, o título parece com o de livros de ''auto-ajuda'', mas ela também faz o estudo de diversos casos ocorridos no mundo dos negócios( como quando compara os executivos Lee Iacocca e Jack Welch, respectivamente exemplos de pensamento fixo e pensamento construtivo...). Indubitavelmente, podemos afirmar que tal leitura- dolorosa mas reveladora- ajudou a revelar um pouco mais sobre nós mesmos. Sobre nossos pontos fracos, em inúmeras áreas da vida...Valeu como uma( ou melhor, várias)sessões de análise. Além de minha própria tendência a pensar de modo ''fixo'', acabei percebendo- nestas Olimpíadas- o quanto as pessoas deste país tendem a pensar de modo semelhante. E com resultados semelhantes...Enquanto Maurren Maggi soube dar a volta por cima, após uma acusação de dopping que poderia ter acabado com sua carreira, inúmeras vezes seguidas vários dos melhores competidores brasileiros- no momento em que disputavam medalhas de ouro- simplesmente curvaram-se diante das dificuldades. Literalmente, ''entregaram o ouro''...Foi o caso das meninas do futebol, de Diego Hipólyto, da seleção de vôlei masculino, etc. etc. etc...Vivemos em um país de pessoas que pensam pela cartilha do código fixo: como as coisas não melhoram automaticamente, nós simplesmente nos omitimos. Entregamos, por desgosto, o destino de nosso país nas mãos daqueles que são os menos motivados e gabaritados para promover qualquer mudança: os políticos. Inúmeras vezes, nós brasileiros fazemos comentários ou agimos movidos por esta estúpida mas influente lógica de ''tudo ou nada''. Divulgamos com todas as letras as nossas imensas mazelas, enquanto os índices de queda na criminalidade em determinados lugares( inclusive neste nosso Estado de São Paulo)são objeto de pequenas notas de rodapé, escondidas e envergonhadas no meio de tantas desgraças...Nosso linguajar ajuda a explicar um pouco mais as coisas: abusamos da voz passiva e de expressões indiretas- ''eles'' não querem, ''somos vítimas'', ''ninguém merece isto''- mostramos o tempo inteiro nas conversas o quanto estamos insatisfeitos, mas não fazemos nada para mudar todo este quadro...Preferimos pensar que o êxito de outras nações é devido ao seu ''dom'', à sua ''habilidade em lidar com situações complicadas'', à ''bondade e educação de seus habitantes'', como se não fosse decorrente de um longo e árduo processo que envolveu até mesmo guerras pelo caminho...O ''código da mente'', o ''código do sucesso''- ou do fracasso- como resultado de uma forma de pensar muito mais em soluções do que nos problemas, este livro promove uma ''revolução'' no nosso modo de ver a vida. Nunca é tarde para abandonar os nossos mal-sucedidos conceitos de ''pensamento fixo'' , e abraçar sem restrições a grande idéia que sintetiza o melhor do pensamento construtivo: ''quanto mais difícil o problema, melhor''...Alguém duvida que vários dos nossos maiores ''gênios'' pensavam deste modo ''construtivo''???

sábado, 23 de agosto de 2008

Condições ''adequadas''...

Não há família ''ideal''. Não existe país ''perfeito''. Não há hora ''certa''. Não existe tempo meteorologicamente ''bom'' ou ''ruim''. Não há idade ''adequada''. Não existe pessoa ''perfeita'', ''ideal''. Não existe peso ''próprio''. Não há lugar, cidade ''ideal''. Não existe momento ''adequado'', ''próprio''. A ÚNICA CONDIÇÃO que precisamos para atingir QUALQUER COISA está bem aqui, dentro de nós, no interior de nossas mentes. Não somos ''condicionados'' por quaisquer fatos, por mais importantes que sejam. NADA se contrapõe a uma vontade forte, ilimitada, sem resistência. Quando sabemos o que queremos, e não opomos nenhuma resistência, atingimos nossas metas tão rapidamente como uma flecha atinge o seu alvo...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

''A sorte está lançada''...

Enquanto continuamos a elaborar cotidianamente os textos deste blog, não há muito tempo para voltar atrás. De rever textos antigos. Este prazer é seu, caro leitor. A nós são reservados todos os ''riscos'': de ter feito algo muito ruim, de contradizer algumas idéias que eu mesmo expus aqui, de dizer absurdos, de cometer inúmeros erros de Português, etc. Digo ''riscos'' entre aspas porque tenho feito justamente isto, à exaustão, por uma vida inteira. A única diferença é que agora estou fazendo estas coisas ''em público'', o que pode gerar eventualmente algum espanto por parte de alguém menos avisado...O ''risco'' é ainda maior porque o ritmo de leitura de um blog não é como o de um livro. O blog, claramente, vai sendo ''descoberto'' o tempo inteiro, e seus leitores tem suas preferências. Muitas vezes por um texto ''antigo'', do qual não tenho mais a menor idéia...Este é outro ''risco'' a assumir: quando não se faz algo especializado, de tema único, temos de constantemente ''inventar'' assuntos novos. Alguns de ''preferência do leitor'', outros não. A vantagem é que cada um escolhe o que for, para si, mais interessante. Este papel, individual, ninguém pode substituir...A desvantagem é a heterogeneidade, assumida, de um blog constante mas irregular, de ''altos e baixos''( e todas as chamadas obras ''de arte'' não são assim também, na verdade? compramos um CD de um grupo que amamos, só por causa de duas ou três músicas...assistimos inúmeros filmes, na metragem usual de uma hora e meia ou duas horas, para gostar de verdade só de cerca de meia hora...e quantos livros não tem um imenso ''blá-blá-blá'', para chegar ao tema principal apenas nos parágrafos finais?). A partir do momento em que postamos estas letrinhas todas, não dá mais para ter arrependimento. Não dá para apagar. Mesmo que, de uma hora para outra, eu decidisse acabar com tudo, eliminar totalmente o blog, a forma usual de leitura- salvando para o computador de cada um- me impediria de voltar para o ''ponto inicial'' e dizer que ''nada havia ocorrido''. Não tem volta. Mais do que uma ''exposição'' de suas obras de arte, geralmente quem se ''expõe'' é o próprio artista...Com todas as conseqüências- boas ou ruins- que isto geralmente acarreta...Escrever é repetir o tempo inteiro as palavras que o grande Júlio César proferiu quando cruzou o rio Rubicão- queimando os navios com a finalidade de eliminar qualquer possibilidade de recuo- para penetrar na Itália e avançar com suas tropas até Roma: ''a sorte está lançada''...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Resistindo ao ''fim''

(Em homenagem aos 153 mortos do acidente aéreo na Espanha): A gente sempre acha que terá uma vida ''normal'', com início- meio e fim. Usualmente pensamos que acharemos, qualquer dia destes, tempo para dizer a certas pessoas que as amamos, ou para podermos proporcionar a nós mesmos momentos de leveza e alegria perdidos nas lembranças de nossas infâncias felizes...Precisamos- em meio ao caos de motocicletas e carros velozes em relação aos quais temos de estar atentos o tempo inteiro porque ''a cidade grande não perdoa pequenos erros'', helicópteros que decolam e pousam sobre nossas cabeças, inúmeros aviões que partem ou chegam( e este pode ser também o nosso vôo, o ''último vôo...)- manter em meio a todo este ''caos'' uma aparência de ''normalidade''. Acreditar que, em meio a tantos mortos e feridos que alimentam as estatísticas de toda esta aparente ''normalidade'', nós estaremos aqui amanhã, com todos os nossos órgãos perfeitos e funcionando...Em meio a tanta dor naquele aeroporto, lá como aqui as pessoas que podem prestar alguma informação nestas horas somem. A dor diante das evasivas e silêncio é ainda maior do que a própria dor derivada do que ocorreu...Sabemos que o avião caiu, acidentou-se. Mas a falta de dados concretos sobre o que houve manterá este vôo da Espanair e seus passageiros ''em suspenso'' por mais alguns dias...Talvez não haja mesmo o que explicar ou especular: o transporte mais veloz e ''seguro'' que existe também tem seus dias em que nada dá certo...Nervosos olhamos para nossos laptops, escutamos nossos Ipod's, lemos nossos jornais, livros ou revistas, ansiosamente esperando outro ''vôo''( ou partida de ônibus, ou viagem que faremos de automóvel, ou passeio que faremos por qualquer uma das ruas desta cidade no dia de hoje) que está para partir...O nosso nervosismo reflete apenas temor diante do óbvio: a vida é incerta...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A Física dos Anjos

O livro interessante, recém-editado pela Aleph, mostra um diálogo entre Matthew Fox- teólogo e ministro da Igreja Episcopal dos Estados Unidos(Comunhão Anglicana)- e Rupert Sheldrake- biólogo, mundialmente famoso por suas teorias dos Campos Mórficos e da Ressonância Mórfica, autor do livro ''A sensação de estar sendo observado''( no qual analisa cientificamente inclusive a telepatia, e a ''comunicação'' entre animais e seus donos...). Os dois debatem, neste livro que analisamos, os textos de 3 religiosos ocidentais que trataram da questão dos anjos: Dionísio, o Areopagita, um monge sírio cujo clássico As Hierarquias Celestiais foi escrito no século VI, Hildegarda de Bingen, madre superiora alemã do século XII, e São Tomás de Aquino, teólogo-filósofo do século XIII. Selecionamos alguns trechos deste inusitado diálogo entre um religioso e um cientista sobre os anjos. SOBRE A INTUIÇÃO: ''São especialistas em intuição, e podem auxiliar nossa intuição. Esse é um dos motivos pelos quais anjos e artistas são tão amigos. Quando olhamos para as maravilhosas imagens de anjos criadas pelos artistas, estamos lidando não apenas com quadros, mas com um relacionamento entre estes dois seres. A intuição é a estrada pela qual os anjos vagam''( Matthew- página 16). PAPEL DO UNIVERSO: ''Isso é muito interessante porque, no século XX, perguntaram a Einstein: 'Qual a pergunta mais importante na vida?' E ele respondeu: 'O universo é um lugar amistoso ou não?' É a mesma pergunta. Eu digo a meus alunos que sempre que nos deparamos com os anjos ao ler a Bíblia devemos pensar em Einstein, porque estamos lidando com a mesma questão. É a maior questão cosmológica. Podemos confiar no cosmo? O cosmo é afável ou não?''( Matthew). A pergunta assume uma importância ainda maior quando pensamos que o Universo não se materializa do mesmo modo para todas as pessoas. Logo, a nossa forma de vê-lo influenciará de modo decisivo nos acontecimentos que atraímos ao longo de nossas existências...POLARIZAÇÃO ''EM CIMA/EM BAIXO''(Rupert): ''Acredito que sim. Mas também acho que existe valor nas imagens ''em cima/abaixo''. Quando olhamos para cima, vemos o céu. Olhar para os céus é muito importante. Acredito que a maioria de nós, no mundo moderno, não olha para cima tanto quanto deveria(nosso grifo). Nosso olhar é fixo na terra e nas coisas da Terra. Quase tudo o que compramos e vendemos vem da terra, assim como o dinheiro com que as compramos ou vendemos. O Céu, o ambiente celestial, a potencialidade sem limites do espaço, a grande variedade de seres celestiais, simplesmente não faz parte do nosso olhar. (Matthew): Efetivamente, estamos olhando para cima ou para fora? Por exemplo, se formos para um lugar alto o suficiente, digamos sobre uma montanha ou desde um avião ou satélite, sabemos que estamos olhando para fora, e é justamente quando o universo se torna vasto. Em outras palavras, só olhamos para fora desta maneira limitada porque nossos olhos não estão no topo da cabeça. É uma restrição anatômica termos de erguer a cabeça para vermos as estrelas. Mas nem sempre é assim. Quando há horizontes- gosto desta palavra, horizontes- olhamos para fora, além da terra. E estou pensando agora sobre aquilo que chamam de grande céu, em Montana, onde realmente sentimos o horizonte lá fora, onde podemos ver o céu apenas olhando para a frente. E me lembro uma vez, em Dakota do Sul, saindo de uma ''tenda do suor''( ritual indígena de purificação), e a Via Láctea estava realmente em chamas: era possível ver todas as estrelas, mas elas passavam como um arco-íris desde a Terra, em um espaço curvo, voltando para a Terra de novo. Mas, como você diz, nas cidades as pessoas são forçadas a olhar para cima mais vezes, porque destruímos o horizonte. De qualquer forma, não deixo de concordar com sua idéia principal , porque é a vastidão do cosmo que estamos perdendo por causa da maneira como olhamos o mundo. (Rupert): Concordo que olhar para fora é uma boa maneira de colocar a questão. E a melhor maneira de olhar para as estrelas é deitando-se no chão( nosso grifo). Assim, podemos olhar sem ter de virar o pescoço, e podemos realmente apreciar o céu. Imagino que os primeiros observadores das estrelas eram pessoas como os pastores, que dormiam a céu aberto''( páginas 40/41). SOBRE A NOSSA VERDADEIRA DIMENSÃO: ''Deixando de lado a idéia de que a alma está no corpo, vamos simplesmente dizer que o corpo está na alma(nosso grifo). A que distância, quão próximos do horizonte nossos campos de alma podem vagar? Em outras palavras, nossos pensamentos, nossas esperanças, nossos sonhos, nossas paixões, nosso conhecimento? De alguma maneira, tudo o que estamos falando está encapsulado em nosso campo de alma. Só podemos falar sobre o que sabemos, ou sobre o que imaginamos que sabemos, e assim nossos campos, ou seja, nossas almas, estão crescendo de várias maneiras, conforme alcançamos os perímetros do universo. Então, podemos dizer que há um despertar do campo humano(nosso grifo). Estamos renunciando á pequenez da alma circunscrita à glândula pineal ou ao córtex cerebral que a Era Moderna dispensou a ela enquanto dinâmica ''encapsuladora'', a consciência de tudo o que podemos saber''( Matthew- página 45). SOBRE A IMPORTÂNCIA DOS PADRÕES: ''Por que estamos em uma busca por padrões? Talvez seja isto que a mente faz. Ou ela cria padrões ou os descobre. Por qualquer razão, a mente procura padrões(nosso grifo). É interessante a afirmação de Erich Jantsch de que ''Deus é a mente do universo'', e que a mente evolui. Seria o mesmo que dizer que Deus é o padrão do universo, a mente por trás do padrão? Nossa busca por comunhão com o Divino é uma busca por comunhão com o padrão das coisas. Por isto, há uma grande alegria e um grande êxtase em encontrar padrões. Quer os encontremos por meio da ciência, quer por meio da contemplação, os padrões nos encantam. O que é uma peça musical, o que é uma dança? Toda arte não é, de alguma forma, um padrão? Talvez toda a criatividade. O próprio caos, como estamos aprendendo, se diferencia da ordem porque tem um padrão mais sutil( Matthew- página 62). Buscamos padrões, o tempo inteiro. Criamos os nossos próprios padrões. E, como eles são inúmeros e distintos, cada ser neste planeta vai moldando a sua própria existência por meio dos padrões que vai desenhando ou encontrando nas areias do cosmo...PAPEL DA ESCURIDÃO: (trecho da obra de Hildegarda de Bingen- Deus disse...)''É ali onde reinam as trevas, mas essas trevas estão, simultaneamente, a serviço de todas as luzes de minha reputação. Como a luz poderia ser reconhecida senão pela escuridão? E como alguém reconheceria a escuridão senão pela escuridão? E como alguém conheceria a escuridão senão por meio do esplendor radiante de meus servos de luz? Se não fosse assim, então meu poder não seria perfeito; pois nem todos os meus feitos maravilhosos poderiam ser descritos''. ( Rupert): ''(...)A luz é formada por ondas. Um lado é luz; o outro escuridão. E, como Hildegarda diz, a escuridão é necessária para que a luz seja reconhecida. Toda percepção depende do contraste(nosso grifo)''. ( Matthew): ''E fica claro que o Criador fez os quatro pontos, incluindo a escuridão. Mas a escuridão, segundo ela, está a serviço de todas as luzes. Portanto, a escuridão serve à luz, e a luz serve á escuridão(nosso grifo). (...)Na verdade, a escuridão também é um de nossos professores. Os místicos se referem a esse mergulho na escuridão como a via negativa. (...)( Rupert): Presume-se que corresponda à escuridão, à vastidão do espaço. (Matthew): E também à vastidão da região escura da alma, onde você sente que não há chão quando mergulha na dor, no sofrimento e no pesar verdadeiros. O pesar não tem chão nem teto. Ele toca o infinito, como se nunca fosse acabar''(nosso grifo- páginas 145/146/147, trechos selecionados). Percebo, a esta altura, que não selecionei nenhum trecho sobre os inúmeros que falam sobre os anjos. Diante da magnitude e beleza deste profundo diálogo, pouco importa- ao final- se acreditamos ou não na existência dos mesmos...Cada leitor faz a sua leitura particular sobre o que foi dito, e aqui selecionado única e exlusivamente para servir como ''aperitivo'', um convite a lermos esta obra tão original...Selecionei muitos trechos mais, mas é bom ficar por aqui. Meu estômago ronca, os dedos doem, sinto uma imensa vontade de tocar o solo com os meus pés, voltando meus olhos para cima em mais este dia ensolarado na grande metrópole que se gaba de ''nunca parar''...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Em mãos certas...

O SP-TV Primeira Edição de hoje, 19/8, mostrou uma cena raríssima: uma nota de 100 REAIS foi perdida em uma estação de trem da CPTM. Prontamente um garotinho de pouco mais de 10 anos, sem hesitar, achou-a e entregou-a a um segurança da estação. Este, também sem pestanejar, entregou-a ao setor de achados e perdidos. Tudo isto filmado, documentado...Não é animar cenas como esta? Tal como a natureza, tão maltratada e destruída, a sociedade tem uma capacidade de regeneração e auto-cura considerável. Assim como aquela nota foi parar nas mãos certas, e não na de oportunistas que só querem saber dos próprios interesses, precisamos fazer um esforço para que os bens públicos também caiam em mãos como aquelas. Que pensam mais em dar do que em receber, que não buscam recompensas, que pensam nas outras pessoas...Impossível? Se os Tribunais Superiores não se importam em eliminar os ''fichas sujas'' da política, nós temos de fazê-lo- com os nossos meios. Não dá para votar em candidatos cuja ficha mais parece prontuário policial...Uma nota em boas mãos volta para nós- em serviços, em mais escolas, hospitais, polícia nas ruas, transporte de qualidade. Em mãos menos abonadas, precisaremos fazer o ''milagre da multiplicação'' para não termos de pagar ainda mais impostos- outras notas- para custear tudo isto e outras coisas mais...

Brasil X Argentina

Depois de assistir um dos piores primeiros tempos de partidas de futebol que já assisti- normal em se tratando de um Brasil X Argentina, jogo super-disputado- pensei: é impossível jogar menos do que isto aí. A tendência é melhorar...Na Globo, Arnaldo César Coelho- éx-árbitro de futebol- havia previsto que o jogo ''iria para a prorrogação''. Mas o futebol não é dado a ''acasos''. Ganhou, e bem, a equipe que demonstrou um mínimo de senso tático e determinação. Ganhou quem soube, como no primeiro gol, abrir a defesa fechada do adversário com uma jogada pelas pontas...O Brasil, pasmem, só chutou a sua primeira bola a gol aos 52 minutos de jogo...Não adianta reclamar: o melhor do futebol brasileiro estava ali: Ronaldinho Gaúcho, Pato, Rafael Sóbis, Thiago Neves, Diego...Esta pode ter sido a última chance do Brasil em Olimpíadas uma vez que, por pressão dos clubes europeus, estuda-se a possibilidade de eliminar esta modalidade dos Jogos Olímpicos. O ''país do futebol'' agora torce, desesperadamente, para as MENINAS- Marta, Cristiane, Formiga- antes tão desprezadas e criticadas mas que, hoje, estão apresentando um futebol muito melhor do que o de muitos marmanjos...O gol de Cristiane contra a Alemanha, passando por 3 zagueiras, foi algo que não vemos há muito tempo. Para não admitir que as Olimpíadas já acabaram, quem sabe apareça algum outro ouro ''casualmente''- de um outro César Cielo. É triste comentar estas Olimpíadas...Mal vejo a hora de voltar a falar do Campeonato Brasileiro, tão criticado mas nosso...

Somos ''imperfeitos''. E daí?

Por que amamos as crianças? O que amamos nelas? Talvez, em se tratando de seres nitidamente ''incompletos'' e em estado de construção, amemos nelas o seu potencial, a chance que elas tem de se tornarem pessoas bem melhores que nós mesmos ou que aqueles com os quais convivemos...Amamos as crianças, enquanto criticamos os nossos semelhantes ''defeituosos'' e ''imperfeitos''. Nas pessoas ''adultas'' não toleramos as mesmas falhas e imperfeições que achamos engraçadas nos nossos ''fedelhos'', na suposição de que, como seres crescidos, elas deveriam ''saber como se portar''. Em função disto tudo, nossas relações com os mais próximos são repletas de incompreensão e conflitos. Passamos boa parte do tempo reclamando das ''falhas'' dos que estão por perto...Porém, quem disse que há- em qualquer parte deste planeta- algum ser que possa ser avaliado como ''completo''? Assumamos não a nossa suposta ''perfeição'' e ''completude'', mas sim a nossa ''imperfeição''... Somos todos- adultos e crianças- seres em estado de construção...Vejamo-nos a nós mesmos bem como a TODOS os demais do mesmo modo que o Criador nos vê , sem exceção: como crianças- das mais diversas idades- brincando no ''parquinho'' chamado Planeta Terra...Somos, ao contrário de nossos corpos, seres infinitos, em permanente estado de aperfeiçoamento e evolução. Estamos aprendendo, todos. Então, que tal amarmos uns aos outros PELOS MESMOS MOTIVOS PELOS QUAIS AMAMOS AS CRIANÇAS- estes seres visivelmente ''incompletos'' e ''imperfeitos''???

A solução está na simplicidade...

Quantas vezes as pessoas utilizam nesta ''Paulicéia Desvairada'' a expressão ''complicado''...Na verdade, no mundo, não existe nada ''complicado'', de fato. Certos problemas são complexos. Há que se considerar mais de um ângulo da estória para resolvê-la. No entanto, mesmo nestes casos a solução invariavelmente reside no mais simples...Como estamos preocupados mais com resultados do que com problemas, fico animado com a notícia que vi no ''Estadão'' do último dia 16/8: ''Ao menos 40 cidades dos EUA retomam a aposta nos bondes: Cincinnati planeja linha circular de 12 km, que vai custar US$132 milhões''. Enquanto isto, para fazer 1 QUILÔMETRO de metrô, em São Paulo, gasta-se muito mais...Segundo a matéria, na verdade a tradução de um texto do ''New York Times'', Portland(Oregon)construiu o primeiro sistema de bondes modernos dos Estados Unidos, em 2001. As vantagens deste meio de transporte ficam evidentes quando se constata que ''desde que Portland anunciou o novo sistema, mais de 10 mil unidades residenciais foram construídas e US$3,5 bilhões foram investidos em propriedades num raio de dois quarteirões de distância da malha''. Detalhe: estamos falando em reocupação de áreas centrais das grandes cidades, abandonadas pela classe média que- lá como aqui no Brasil- debandou em massa para condomínios localizados nos arredores dos grandes centros...A finalidade da implementação dos bondes, informa-nos a matéria, ''é estimular a economia, aliviar os congestionamentos e atrair jovens profissionais e casais cujos filhos já saíram de casa de volta para a cidade, tirando-os do subúrbio. Uma dúzia de cidades dispõe atualmente de linhas de bonde, incluindo New Orleans, que está recuperando um sistema devastado pelo furacão Katrina, Denver, Houston, Salt Lake City e Charlotte inauguraram sistema de bonde na última década''. Sem contar o sistema mais famoso, o de São Francisco- que costumamos admirar nos filmes...Para adotar a nova ''moda'', o Brasil terá de iniciar praticamente do zero: salvo o sistema do Rio de Janeiro, que serve o bairro de Santa Teresa, as principais capitais brasileiras desativaram os seus bondes há muito tempo...Motivados por aquele que parecia ser a principal solução ''do momento'': o automóvel...Hoje, a principal saída apontada para os crescentes engarrafamentos que ameaçam paralisar as principais metrópoles do Brasil- o metrô- é uma proposta caríssima e, por isto mesmo, de longo prazo. O metrô da capital da República, Brasília, custou mais do que um BILHÃO de reais...O metrô paulistano cresce lentamente, com obras também na faixa dos BILHÕES. Agora é esperar que algum ''gênio'' nacional repare na nova ''moda'' que vem do Norte, e que é bem mais em conta...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Olimpíadas...

No restaurante cheio uma voz se destaca. Segundo ela, ''acordei hoje às 7 da manhã para ver o Diego Hipolyto ganhar uma medalha de ouro. O narrador da Globo, eufórico, se prepara para anunciar medalha de ouro para o Brasil, quando o Diego cai de repente de bunda no tablado!''. Os demais acompanhantes daquela mesa discutiam, animadamente, porque o Brasil continua fracassando em Jogos Olímpicos...Ressalve-se que, no quadro de medalhas, estamos à frente da Argentina, que tem apenas UMA medalha de bronze...Cuba, isto é novidade, também ganhou apenas uma medalha de ouro, porém está à nossa frente por ter 3 de prata...Mas o Brasil, em Olimpíadas, está para estas como o Afeganistão está para as Copas do Mundo de Futebol...Muita euforia dos narradores de TV- aliás, como a imagem do Sportv é boa: parece que os comentaristas estão falando daqui, de território brasileiro- e pouco resultado...Passamos ilesos por esportes individuais, que garantem um caminhão de medalhas para Estados Unidos e China, e temos chances apenas em esportes coletivos- dificílimos e que podem nos assegurar, caso triunfemos, apenas UMA medalha de ouro( é o caso de vôlei de praia e futebol masculino e feminino). Isto é a Olimpíada, para o Brasil: um evento em que encarnamos de fato o ''espírito olímpico''- ''o importante é competir''...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Impressões sobre a China

Provavelmente você não achará aqui nenhuma declaração ou posição ''originais'' sobre aquele país do Oriente. A China, a mim como a meio mundo, fascina e atemoriza ao mesmo tempo. Em uma matéria sobre ''As Catedrais de Xangai'', publicada na revista ''Veja'' do último dia 06 de agosto, em meio a inúmeras informações sobre aquela interessante metrópole chinesa, somos informados que ''Desde 1992, mais de 3000 prédios com mais de trinta andares foram construídos em Xangai. Sim, você leu certo: mais de 3000. É a maior concentração de arranha-céus que existe. O governo teve de conter a fúria dos incorporadores, em 2003, porque o solo da cidade estava afundando sob tanto peso(nosso grifo). Mas conter, na China, significa diminuir a velocidade de 300 para 200 quilômetros por hora. Xangai contabiliza, nestes meados de 2008, dez dos 100 edifícios mais altos do planeta. Está empatada com a rival Hong Kong''. Nada mau para pessoas como eu, fascinadas pelas megalópoles como São Paulo(onde vivo), New York e Tóquio( que só ''conheço'' das imagens dos filmes...). Esta China pujante, ultra-moderna, nos empolga. Mas não nos enganemos: trata-se de um pequeno enclave dentro de um país gigantesco, que abriga- como o Brasil- cenas da mais completa modernidade assim como inúmeras práticas medievais...A China é contraditória, bem mais que o restante do mundo...O mais interessante desta ''nova'' China que está sendo apresentada ao mundo nestas Olimpíadas é o fato de um país ainda formalmente ''comunista'' conseguir despertar bem menos desconfianças e ódio que seus antecessores russos... Não, não vamos aqui levantar suspeitas sobre imaginários planos chineses para ''conquistar o mundo'', e levar o seu ''regime socialista'' para todos os lugares...Longe disto. A China atual é, na prática, um país capitalista como todos os outros. Mais do que com sonhos de uma ''utopia socialista'', os dirigentes chineses atuais estão verdadeiramente preocupados é em ganhar dinheiro. Custe o que custar...O maior perigo neste país ,que faz a largos passos a sua transição para o capitalismo, é a permanência de antigos e arraigados hábitos mentais. Não sei onde surgiu esta frase outrora atribuída aos comunistas: ''o fim justifica os meios''. Nenhum pensador socialista jamais afirmou isto. A prática dos grupos pró-Moscou é que se encaixava perfeitamente neste ''pensamento''. O regime soviético, por exemplo, foi um dos primeiros a reconhecer- movido mais por interesses comerciais do que por outra coisa- o regime chileno do General Augusto Pinochet, após o Golpe de Estado de 1973...Os chineses, apesar de todo o gosto que tem mostrado pelo lucro, mantém vivas igualmente formas de pensar que bem se amoldam á frase acima citada( diga-se de passagem que todas as empresas ocidentais que lutam para estabelecer-se no mercado chinês a todo custo, em que pese a pirataria a céu aberto e a repressão a nações livres invadidas pela China, como o Tibete, só reforçam a impressão de que a frase ''o fim justifica os meios'' não é popular apenas entre os comunistas...). Diariamente somos informados sobre o ''caos ambiental'' derivado do grande crescimento do ''Tigre Asiático'': extrema poluição em Pequim, uma ''nuvem'' que cobre não apenas aquele país bem como uma imensa região asiática- e que é perceptível do espaço- rios poluídos e, alguns, com ameaça de secar...Além disto, a ditadura chinesa é pioneira- segnndo nos informa o número de julho da revista ''Rolling Stone- Brasil''- no uso massificado de 2 milhões de câmeras em uma única cidade, considerada a ''mais segura'' do mundo. O resultado disto é que, diante dos últimos protestos no Tibete, os policiais chineses limitavam-se a FILMAR tudo o que estava acontecendo. Depois, os principais líderes dos protestos- devidamente registrados e documentados- foram sendo presos aos poucos...A ditadura, que já controla o acesso à Internet, ameaça agora criar um sistema perfeito de repressão ''high tech'', com o auxílio de empresas ocidentais de tecnologia...A China, este país surpreendente e de mil faces, que produz bilhões de produtos baratos e de baixa qualidade que vem invadindo os mercados do mundo todo, é a mesma que, segundo os jornais, também já ocupa o primeiro lugar na exportação de bens manufaturados de alta tecnologia...À guisa de ''conclusão''- algo praticamente impossível no que se refere ao gigante chinês que desponta- afirmamos categoricamente que nenhuma dominação é boa. Porém, há níveis e níveis de dominação, umas mais ''suaves'' que as outras. Não nos enganemos: a face bela e ''sorridente'' do país oriental, mostrada neste evento espetacular que é as Olimpíadas, mal consegue mascarar o fato de que, movidos por idéias confucionistas e pragmáticas, os chineses estão literalmente ''dispostos a tudo''- como nenhum outro país em qualquer outra época- para atingir os seus propósitos... Como irmãos siameses, estamos cada vez mais misturados aos humores e sinais que vem daquela emergente nação- um espirro lá, como naquela bela estória da borboleta que ao agitar suas asas causa um tufão no outro lado do mundo- pode produzir solavancos inesperados aqui...

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Expressões...

Por costume, formalidade, ou mesmo medo de que alguém nos confronte com um direto ''discordo, isto é completamente absurdo'', costumamos utilizar, quando afirmamos algo em público, termos singelos e bem-educados como ''me parece'', ''acredito que'', ''salvo melhor juízo''. Infelizmente não somos tão precavidos no nosso próprio diálogo interior. Não afirmamos, a nós mesmos, que ''temos a impressão'' de que algo é de determinada forma. Não. Aquela pessoa é ''boba'', e ponto. Tal cidade é ''horrível'', e não admitimos ouvir opiniões contrárias. Meu time ''é o melhor'', e acabou...O maior RISCO reside justamente nestas nossas impressões de objetividade...Questionar-se, questionar as próprias idéias e certezas pré-estabelecidas, pareceria ''coisa de louco'', certo? Mas ''loucos'' não são justamente aqueles que se apegam a idéias e conceitos fixos? Justamente por isto, um outro termo apropriado para ''louco'' não seria ''maníaco''? Reflitamos...

Papel dos criadores...

O texto de Millôr Fernandes a que irei me referir foi publicado na ''Veja'' do último dia 6 de agosto, sob o título ''Elogio das Competências Restantes''. Nele, Millôr afirma textualmente que: ''O mundo não foi feito para competentes. Mesmo que apenas 'galera'. A humanidade- estatística minha tão válida quanto qualquer outra- é composta de 95% de debilóides da pátria. Sobram 5%- que podemos discutir. Você, claro, está entre esses. Que não estou aqui para perder leitores. Agora o lado otimista. Temos que admitir que uma pessoa em cada 1000( nosso grifo)nasce com qualidades de excelência e tem meios sociais de levar, desenvolver essas qualidades ao seu ótimum. Temos então no mundo 6000000 ( seis milhões)de pessoas extraordinárias por natureza, e preparadas por condições excepcionais. Fazendo coisas que nos embasbacam, nos deixam perplexos. Nas artes, nas ciências, no esporte, na mais variada das sacanagens do bem''. No fundo, sempre tive uma impressão parecida a esta do Millôr. Mas uma estatística qualquer, um número qualquer- por mais arbitrário que seja- ajuda a clarear os nossos pensamentos. Acredito que o número, aproximado, seja este mesmo, na base de 1 por mil. Pensemos nos números locais também, para aprofundar este raciocínio. Brasília tem cerca de 3 milhões de habitantes. Difícil será achar um destes gênios criadores entre os membros do atual Congresso Nacional...mas, na proporção de 1000 para cada um, dá cerca de 3000 mil criadores na Capital da República. Nos grandes centros, sentimos mais fortemente a presença de todos estes gênios. São Paulo, por exemplo, é pólo de atração para eles, exerce uma forte presença que os atrai inexoravelmente. O ''número mágico'' aqui seria de 15 mil pessoas, considerando o número de habitantes da Grande São Paulo. Não incluímos neste número bastante restrito os ''aspirantes'' a qualquer coisa. Limitemo-nos a listar alguns dos criadores de cada área: Alex Atala e Bel Coelho( Culinária), Nizan Guanaes e Washington Olivetto( Publicidade), Carlos Reichenbach( Cinema), Ignácio de Loyola Brandão, Lygia Fagundes Telles, Marcelo Rubens Paiva(Literatura), Jânio de Freitas, Marcelo Coelho, Marcelo Tas(Jornalismo), Luís Flávio Gomes(Direito). Cada uma destas áreas admitiria inúmeros outros nomes, em uma discussão infindável. Nosso único propósito é exemplificativo. Excluímos todos aqueles alunos do curso de cinema, que freqüentam as mostras da Cinemateca, com seus ares de ''futuros diretores geniais''. Excluímos estudantes de jornalismo e publicidade, que ainda não ''aconteceram''. Excluímos os alunos todos das Faculdades de Design, que escutamos habitualmente em discussões interessantes na hora do almoço. Excluímos inúmeros blogueiros que ainda não publicaram nada, ou músicos que não gravaram nenhum disco...Peguemos apenas os que estão ''maduros'', e produzindo. Este pequeno universo de criadores, em constante contato entre si, separa a humanidade de hoje do homem das cavernas. Não fossem eles- incluindo também um Ruy Castro, e um Nélson Motta(no Rio)- e seríamos ainda um povo de criadores de cabra ou plantadores de café( nada contra estas duas belas, e indispensáveis, atividades...). Queremos chegar á seguinte conclusão: na razoável proporção de 1 para 1000 estabelecida por Millôr no texto mencionado, os criadores buscam estar preferencialmente uns com os outros- por isto as grandes cidades como Rio e São Paulo atraem tanta gente em busca de um ''lugar ao sol'' em cada um destes ramos criativos- e, melhor, eles ''puxam'' e acabam influenciando grandemente todo o resto...Mesmo que dezenas de anos após, todos acabamos nos beneficiando deste contínuo fluxo criativo...Este ''grupo do bem'' tem um poder e influência muito maiores do que o seu número exíguo. Neles residem, de verdade, as maiores esperanças da humanidade em relação a dias melhores. 6 milhões de criadores nos separam da barbárie a nível mundial. Antes de pensarmos em fazer qualquer ''queixa'' diante dos nossos problemas, lembremo-nos daqueles que, mais do que problemas, estão buscando continuamente apresentar soluções para os mesmos...Criar não é uma atividade muito popular, admitimos, porque demolir coisas é muito mais fácil do que construir...

Lembranças...

O blog é assim, tal como a Internet: não tem seqüências, ''inícios'', meio ou ''fim''. Pode ser lido em qualquer ''ordem''. Do mesmo modo as coisas funcionam na cabeça de seu ''criador''. Posso falar aqui de coisas que aconteceram há 3 meses ou mais, mas que estão sendo ''pensadas'', relembradas neste instante. Uma delas eu considero o melhor filme brasileiro deste ano, que ficou meras DUAS semanas em cartaz aqui em São Paulo. Trata-se da obra ''Otávio e as Letras'', de Marcelo Masagão. Uma película decididamente ''esquisita'' e ''anti-comercial'': mostra uma capital paulista- certamente filmada nos finais de semana e em horários pouco usuais- soturna e VAZIA. E o que faz este ''Otávio'', o personagem principal? ''Otávio'' é visto comprando revistas e livros usados em sebos. Em casa, ele freneticamente recorta palavras e as cola em folhas de papel- que depois são enroladas e deixadas em lugares estratégicos pelas ruas. Estas são as ''armas'' e as ''bombas culturais''( este é o termo utilizado no filme) do nosso personagem ''Otávio''. De que ele vive não se fala. Sabemos que tem poucos recursos, já que ele pede usualmente ''descontos'' para os proprietários dos sebos e mora em um lugar muito simples, recursos estes todos utilizados nesta prosaica ''guerrilha pelo saber''. Outro personagem interessante é um motorista de táxi que dirige um velho fusquinha. No teto do carro foi colocado um mapa da Cidade de São Paulo. Enquanto dirige o seu estranho táxi, ele vai contando a história de cada uma daquelas ruas para os passageiros que, interessados, fazem algum comentário sobre o mapa no teto interior do veículo...''Otávio'' tem uma interessante vizinha que- suspeitamos, pelas viagens noturnas que ela faz de táxi- vive de ''programas''( sexuais, não televisivos...). Ela entrará na vida de ''Otávio'' em determinada hora do filme, e isto é o mais próximo que temos de uma estória ''convencional''...O que nos interessa nesta descrição toda de ''Otávio e as Letras'' é que esta obra é uma narrativa de alguém que faz o mesmo que todos os blogueiros, porém usando métodos tradicionais, ''do passado''( é triste pensar em um mundo onde livros e palavras escritas e publicadas em meios tradicionais como o papel referem-se ao ''passado'', mas esta é uma forte tendência da atualidade...). Lançar aqui e ali inofensivas ''bombas culturais'', com referência a fatos estranhos e alheios à realidade de seus receptores, é o esporte favorito de todos os que escrevem- seja de que forma for. A palavra, tanto no filme mencionado como na realidade crescentemente dominada por meios audiovisuais de grande apelo, como ato de subversão. De resistência. Assumidamente ''demodeé'', ultrapassados, lançamos aqui e ali nossas palavras ao vento, como náufragos que mandam uma mensagem dentro de uma garrafa para fora da ilha deserta onde fomos jogados...As palavras são as nossas pontes, nossas balsas, nossos foguetes e aviões, enviados mundo afora como sinais de vida, de existência. ''Penso, logo existo''. E escrevo, para lembrar-me desta existência cada vez mais fluida e ''virtual'' ,em meio a um mundo de imagens e lembranças. Nossas ''bombas'', felizmente, não tem ''inimigos'', nem ''alvos'' a destruir. Como dizer que a leitura está em ''declínio'' ,em um meio dominado pela palavra, lida e escrita? Enquanto houver alguém querendo escrever- seja de que modo for- e alguém querendo ler algo em forma de palavras, isto é sinal de que nem tudo está perdido. ''Otávio'', este ser estranho e indefinido cuja única atividade na vida é soltar aqui e ali as suas ''bombas culturais'' cuidadosamente confeccionadas durante suas leituras, é um interessante exemplo de mediador: ele envia as palavras escritas e reunidas ao ''acaso'' para seus potenciais leitores, que podem estar em qualquer lugar. Faz a junção entre o que foi escrito e criado e aqueles que possam estar, eventualmente, interessados nestas informações. ''Antiquado'', pelo meio, e ''moderno'', pelo papel que executa, ''Otávio'' é a cara desta nossa pós-modernidade extremamente veloz e ''técnica'', mas ainda indefinida. A vida não tem, para infelicidade de uns e alegria de outros entre os quais me incluo, ''Manuais de Instrução''. Nosso grande ''método'' ainda é este: ''erro'', correção, ''erro'', correção, ''acerto'', novo ''erro''...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Vida vivida, pensada, imaginada, vista...

Enquanto somos soterrados por toneladas de informações, dados, em um carnaval contínuo e incessante de imagens, torna-se cada vez mais difícil separar o que é ''real'' ou ''imaginário''. É impressionante como este simples escriba, assim como diversas pessoas de seu meio, vai se revelando cada vez mais incapaz de distingüir entre ''realidade'' e ''ficção''. Incorporamos todos- nas nossas cotidianas referências a programas de TV, livros, filmes, comerciais- o que está ao redor, nos alimenta e se alimenta de nossas carências, o imaginário e o imaginado( por alguém). A nossa vida, hoje, é isto. É inseparável disto. Mesmo os nossos mais profundos sonhos já estão colonizados por isto. Sonhamos com atrizes da TV- interagindo com elas, beijando-as, sendo beijados e amados por elas- como se tudo isto fosse ''a mais real das realidades''. A única surpresa, aqui, é que o inconsciente reserva pequenas surpresas: a atriz que ''amamos'' nos nossos sonhos não é a mesma ''favorita'' dos nossos pensamentos cotidianos...Citamos, aqui e ali, ''personalidades'' imaginárias do ''mundo dos sonhos'' como se fossem personagens de carne-e-osso: ''Capitão Kirk'' e ''Doutor Spock'', ''Kwai Chang Kane''( da série Kung Fú, sucesso nos anos 70...), ''As Panteras'', ''Batgirl e Mulher Gato'', ''Pinguim'', ''Charada'', e por aí vai. Mesmo a mais simples peça de teatro, apesar da reação e estranheza iniciais, captura invariavelmente os nossos sonhos, faz-nos acreditar que aquele sujeito ali, ao lado de uma simples cadeira e amarrado a esta por uma corda, é o tal de ''escritor contemporâneo''; que aquelas duas mulheres, acompanhadas por uma simples mesa e duas cadeiras, além de um carrinho que transporta imaginários e deliciosos ''pratos de comida'' de um restaurante ideal, estão ali naquele palco servindo pessoas ''de verdade'' logo ali ao lado...Quem não se pegou freqüentando lugares e países aonde nunca esteve, e com toda a naturalidade? Quem não visitou outras épocas e mundos? Que ''velho'' não se vê ainda como jovem, a cortejar mulheres ideais? Que ''jovem'' não se imagina feliz e realizado, habitando uma casa especial na praia dos seus sonhos, adquirida com o suor de seu trabalho? O ''faz-de-conta'' cotidiano- transformado em modo de produção- nos engana. Sabemos disto. Somos ''enganados'' porque queremos isto, não podemos viver sem isto tudo. Cativos em nossos sonhos mais recônditos, ''explorados'' no nosso imaginário, por vezes não trocaríamos estes ''últimos dos prazeres'' por uma gota de ''realidade''...''A vida é sonho'', dizem os budistas. E hoje, entre o sonho ''real'' e o sonho ''imaginado'', é cada vez mais difícil estabelecer qualquer distinção...E quem deseja isto, de verdade?

Brasil: país de classe média(??!!!)

Este dado surpreendente foi revelado, como todos devem saber, por uma recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas. Segundo o critério utilizado, para ser membro da ''classe média'', no Brasil, basta auferir rendimentos entre MIL e quatro mil e quinhentos reais. Elástico este conceito, não? Mil e trezentos DÓLARES é a ''linha da pobreza'' nos Estados Unidos: abaixo disto é miséria mesmo...Na Argentina, para ser de classe média, é preciso ganhar no mínimo dois mil reais. No Brasil o critério é este, e segundo o critério da pesquisa apontada, 52% dos brasileiros já estão na classe média. Somos um país de classe média! Eu não acredito nisto, diga-se de passagem, nem as pessoas da periferia entrevistadas por alguns jornais: ''inacreditável'', ''ridículo'', ''sem pé nem cabeça'' ,foi o que ELAS disseram, espantadas...Algumas até ganhavam mais do que o valor mínimo apontado. Algo entre 2 mil e 3 mil reais. E, morando em um subúrbio distante, sem o menor apoio do Poder Público, acossadas pelo crime, sem condições de fazer coisas que são consideradas habitualmente como atividades de classe média( comer fora, ir ao shopping, freqüentar cinemas, etc.), estas pessoas se sentiram insultadas. Quem sou eu para contradizê-las? Os conceitos de classe são um pouco mais complexos do que o fator econômico. Vejamos a ''pirataria''- hoje sinônimo de indústria das cópias, falsificações. O conceito clássico de ''pirata'' referia-se a navegadores que, sem bandeiras que os ligassem a reinos ou nações, dedicavam-se a singelas atividades como assassinatos e pilhagens. Ladrões e bandidos, entenda-se, atuando em alto mar...Por mais rico que fosse, jamais um pirata ou ex-pirata poderia se igualar à nobreza, entrar no seu meio. A aristocracia, mais do que um conceito econômico, era um modo de vida, uma maneira de pensar e existir. Copiava-se os nobres e os aristocratas, uma vez que eles eram referência no que se refere a maneiras e bom gosto. Hoje, para nosso desprazer, as coisas estão muito mais misturadas. Com a proliferação de ''novos ricos'', a aristocracia- embora continue a existir- fechou-se a quatro portas. Podemos, quiçá, identificá-los em algum lugar público( shopping, restaurante cinco estrelas): eles estarão falando em viagens a Aspen, no Colorado( EUA), a Paris e a algum lugar exótico no Oriente como nós falamos em ''viagens'' para a Baixada Santista...Eles costumam freqüentar os mesmos lugares( clubes, Jockey Clube, Academias seletas), e conhecem bem uns aos outros. Embora a situação atual mais pareça um Faroeste, em que marginais de diversas espécies dedicam-se diuturnamente a uma constante caça ao ''butim'', caça ao ouro como se este fosse capaz de camuflar as suas maldades e perversidades, um Fernandinho Beira-Mar ou um Abadia- bem como diversos de nossos políticos- JAMAIS farão parte da chamada ''classe A''...Não tem cacife para isto. Não é simplesmente o dinheiro que caracteriza a nobreza: mesmo tendo seus bens expropriados pelos bolcheviques após a Revolução Russa, os nobres daquele país constituíram comunidades de refugiados no exílio europeu que se apoiavam mutuamente. Um ''Comissário do Povo'' na recém-criada União Soviética, embora vivendo nababescamente em meio aos palácios, quadros e objetos de valor confiscados, jamais conseguiu emparelhar-se ao mais empobrecido dos nobres. Exagero? De onde vem o ditado ''quem foi Rei nunca perde a majestade''? Voltemos à atualidade. Alguém pode enriquecer subitamente, pelos mais diversos meios- lícitos ou não. Esta pessoa pode até mesmo adquirir os bens, a mansão de uma antiga família de aristocratas subitamente empobrecida. Mergulhar em sua piscina. Dormir em suas camas. Sentir a maciez de seus travesseiros, enquanto fuma um charuto qualquer para dar um ''ar'' de seriedade às suas ações. Mas o que é a aristocracia? Seria apenas possuir um bocado de dinheiro? Não é simples copiar as ações e hábitos de um grupo que representa a História. Que herda não apenas os bens de seus pais- objetos que, embora valiosos, são dispensáveis, substituíveis- mas também um ''jeito de ser'' e viver. O aristocrata de hoje é filho do de ontem, e neto do que antecedeu o seu pai no mesmo meio...Talvez isto tudo soe romântico, saudosista. Vamos nos limitar, exemplificativamente, apenas ao conceito de ''classe média'', objeto deste post. Um conceito tradicionalmente fluido, indefinido. Um professor, embora mal remunerado, sempre pareceu muito mais classe média do que o motorista de uma ''van'' que se dedica ao chamado ''transporte alternativo'' nos grandes centros, ou um camelô...Ser de classe média, embora esteja ligado também à posse de um determinado nível financeiro, requer também um fator cultural. Estamos todos muito eufóricos com o retorno ao crescimento econômico consistente do Brasil, após anos de estagnação. Milhões de pessoas tornaram-se consumidoras de uma hora para outra. Felizes, as pessoas percebem que, com a inflação baixa, podem fazer compras a perder de vista. E vão enchendo suas casas de aparelhos que, em outros tempos, seriam inacessíveis aos mais pobres: televisores, computadores, geladeiras, fornos micro-ondas, máquinas de lavar roupa. Isto é muito bom. Quiçá o nosso crescimento seja ainda maior, e duradouro, a ponto de que todos os brasileiros possam fazer isto algum dia. Porém o ''nó'' de tudo isto, o ponto que nos separa não de países do chamado ''Primeiro Mundo'' mas de outros que começaram no mesmo nível em que estamos mas podem ser chamados hoje, tranqüila e inapelavelmente, de ''nações de classe média'' ( caso da Coréia do Sul) é a Educação. Sem a Educação, sem um ensino de qualidade, continuaremos a ser ''bárbaros'' bem vestidos, nutridos, mas ainda assim ''bárbaros''. As pessoas entrevistadas na periferia, que rejeitaram prontamente o fato de economicamente serem classificadas como ''classe média'', conhecem muito mais o que falta para atingirem este padrão( e modo de vida, existencial, mental)do que os institutos de pesquisa. Não nos iludamos. Ainda falta muito para nos tornarmos, como é desejável, uma nação de pessoas bem nutridas, vestidas- com residências confortáveis, seguras- com acesso à Internet, mas sobretudo, acima de tudo, LEITORAS. Capazes de ler e compreender textos, consumidoras de bons livros, peças de teatro, filmes. Que saibam, porque são bem educadas, identificar as falácias e mentiras dos políticos que elas costumavam eleger. Educação não é sinônimo de ''classe média'', ressalve-se. Ignorância não é privilégio nem exclusividade dos mais pobres. Diversas pessoas formalmente ''pobres'' tem um jeito de ser muito mais elevado do que o de vários ''ricos'' que andam circulando por aí...Educar, educar-se, educar-nos para ler e saber CONVIVER junto aos nossos semelhantes de maneira civilizada, é a principal, e ainda desprestigiada e relegada a segundo plano, tarefa de uma nação que pretende crescer, atingir os mais elevados níveis. Não nos enganemos: o Brasil , por mais que cresça economicamente, ainda está longe de atingir o padrão ''classe média'' das nações...Por que não COPIAR - já que a moda é esta atualmente no mundo da produção- o que está dando certo na Coréia do Sul e na Finlândia?

domingo, 10 de agosto de 2008

Em busca de um ''lugar ao sol'' na fervente São Paulo cultural...

''Lugar ao sol'', vocês sabem, é mera força de expressão. Chove desde quinta-feira, e a temperatura média está- no meio da tarde- em torno de 15/16 graus. Mas comprei sexta-feira um ingresso para a peça de teatro ''Literatura Contemporânea'', de Fernando Bonassi( horário de exibição: 20 h de sábado), e pretendia completar o programa assistindo o filme ''Lemon Tree'', outra estréia deste fim-de-semana. Almoço na Avanhandava, vendo a chuva cair lá fora e pessoas passando com casacos de frio é cachecóis( os mais exagerados...). Saio do restaurante quase 4 da tarde, e vou andando pela Rua Augusta até chegar á Paulista. Tenho de escolher entre os cinemas Belas Artes e Reserva Cultural. Decido pelo último, pela possibilidade de fazer um ''programa casado'' com a Fnac. Compro o ingresso, para 5 e meia, e fico fazendo hora na loja que é um misto de livraria com produtos eletrônicos. Já foi inaugurado um ''corner'' com produtos exclusivos da Apple, bastante concorrido. Olho para os Ipods todos, sonhando com mais uma queda de preço...Saio da loja com antecedência para o horário do filme, sonhando em comer algum doce no Starbucks. Chove forte. Abro meu guarda-chuva. Ao entrar no café, percebo que há uma fila imensa, e todos os lugares estão ocupados. Desisto imediatamente...Vou para o cinema sem comer nada...Para falarmos do filme ''Lemon Tree'', é preciso informar previamente que há um ''Festival do Cinema Judaico'' em cartaz, mais um fato a agitar a semana cultural paulistana. Este filme foi exibido no Festival,e agora estréia no circuito aberto. As ''amostras'' que assisti do Festival Judaico foram muito boas, e mostram uma não usual abertura de pensamento do povo hebreu: em ''O Pequeno Traidor'', baseado em romance do escritor israelense Amos Oz, um garotinho de 11 anos, ''membro da resistência'' judaica contra a presença dos soldados ingleses na Palestina, vê seus ideais colocados em cheque quando faz amizade com um soldado ''inimigo''( eis um belo filme contra o fanatismo); já o filme francês ''Má Fé'' mostra uma difícil relação entre uma judia, que espera um filho, e um filho de palestinos, ambos morando em Paris( a película traz imagens, na TV, de comunidades livres habitadas por judeus e por palestinos na Cisjordânia...). Ela revela aos pais o relacionamento, e o fato de que também espera uma criança. A mãe ''passa mal'' e deixa a mesa...Ele esconde da máe, muçulmana, o fato de estar se relacionando com uma judia...Brigam também por causa do nome do bebê, que ele deseja ser o mesmo de seu pai muçulmano radical...Eis outro filme que mostra todas as intolerâncias, e a dificuldade de junção entre ''opostos''. ''Lemon Tree'' é outro filme da Mostra. Também foi feito para comemorar o aniversário do Estado de Israel. Também foi patrocinado com verbas do Estado judaico. O que torna tudo mais estranho...A estória é sobre um Ministro da Defesa de Israel que decide morar próximo à fronteira com os palestinos. Ao lado de sua mansão, há uma plantação de limoeiros de propriedade de uma mulher palestina que herdou tudo de seu avô. Após instalar-se com todos os seus seguranças, muros, câmeras e guaritas, o Ministro percebe que a humilde plantação de limões é uma ''ameaça'' á sua segurança. Dali ''poderiam ser iniciados atentados contra a sua casa''...''Generosamente'' os judeus propõem retirar a mulher palestina dali, oferecendo uma indenização. Ela recorre a todas as vias, inclusive à ''Justiça Militar'' ( entre aspas mesmo, como se militares fossem capazes de julgar com isenção questões referentes aos civis...)israelense, sempre sem sucesso. Após chegar à última instância da Justiça Comum, sem nenhum resultado, e assessorada por um jovem advogado recém-chegado da Rússia, ela opta por entrar com um apelo na Corte Suprema de Israel...Como retaliação, os seguranças do Ministro da Defesa cercam toda a sua plantação de limões, e a impedem de continuar a cultivá-los...Ela não obedece. Continua a, sorrateiramente, ver como estão os seus cada vez mais secos limões. A briga jurídica continua, mas a briga pelo cultivo da terra parece cada vez mais difícil em meio a todo o conflito. Para ''complicar'', ela vai se envolvendo com o jovem advogado palestino- com cerca de metade da idade dela...Não vou contar o final. Apenas menciono, de passagem, a frase do advogado ao final do processo: ''finais felizes só mesmo em filmes americanos''. O filme é bastante forte, impactante. E produzido pelo Instituto de Cinema de Israel...Isto sim é cultura: cultura é saber rir de si mesmo, das suas próprias insãnias e erros. Enquanto isto, este espírito de questionamento e abertura, permanecer, a cultura judaica( saliento: não sou judeu, nem filho de judeus, sequer conheço alguém desta comunidade; assisti os filmes citados por amor à ''sétima arte...)continuará viva. Muito mais viva do que a dos vários adversários que buscaram, em vão, ''eliminá-la''...Terminado o filme eu saí às pressas rumo ao teatro. Antes uma nova passada no café norte-americano mencionado. Continua cheio, mas a fila é menor. Consigo um lugar recém-abandonado por seus ocupantes. Dá tempo de tomar um chocolate quente e comer um sanduíche de queijo, junto com uma barrinha de côco com doce de leite...Faltam 15 minutos para a peça...Ando apressadamente. São 10 minutos de caminhada até a Unidade Sesc Provisória da Avenida Paulista. Lá, a peça será exibida no décimo terceiro andar. Subimos de elevador...Por que faço tanta questão de assistir esta peça? Pelo nome- ''Literatura Contemporânea- vocês já devem ter alguma idéia...A montagem mostra, em breves porém densos 60 minutos, as agruras de um personagem que não tem nome. Refere-se a si próprio como ''escritor contemporâneo''. Em um cenário simples( uma cadeira, uma corda, uma parede em branco onde ele vai escrevendo letras a pedido da platéia, uma lata de tinta)ele desfila as suas misérias: quem sustenta a casa do ''escritor contemporâneo'' é a mulher, que tem um emprego ''de verdade''; ele, mal pago e frustrado por vender ''centenas e não milhões de suas obras'', é obrigado a fazer contorcionismos para manter sua coluna diária na imprensa. Como criar algo, se não se vive de verdade? De que é feita esta ''sua'' criação, recheada de palavras alheias de outros mais célebres escritores? Este ser ''desajustado'' anseia por uma vida ''normal'', ele que tem uma existência que poderia parecer ''invejavel'' a muitos profissionais de escritório...A peça não é fácil. Não tem ''apelo comercial''. Não tem outros atores contracenando: é um simples monólogo. Parece mais um desabafo. Atraiu para os poucos lugares do teatro uma platéia que não chega a preencher os mesmos, mas mostra uma grande simpatia pelos temas que são discutidos ali. Ainda impactado por esta encenação, desço o elevador para constatar lá embaixo, e já a bons metros de distância, que havia esquecido o meu guarda-chuva. Começa a chover, e eu procuro a próxima estação de metrô. Esta noite chuvosa, fria, alguém poderia pensar que eu poderia fazer um paralelo entre isto- esta situação habitualmente tida como ''triste''- e a dura vida de escritor da imprensa diária, ''paga''. Enganam-se. É apenas o final de mais um ''sábado cultural'': a única ''frustração''- comum a quem vive nestes lugares, e tem de escolher entre centenas de programas igualmente válidos e interessantes- é não poder ver tudo, ter tudo. Se você puder acostumar-se a esta ''frustração'', e ainda puder ''gabar-se'' perante os amigos por viver em uma cidade que possui quase 300 cinemas e cerca de 100 peças de teatro sendo exibidas( esconda o fato de que, neste dia, você ''só'' poderá assistir, na melhor das hipóteses, um ou dois filmes e uma peça...), então este será o lugar perfeito, o momento perfeito e, após passar na banca para comprar os jornais de ''amanhã''( domingo), mais um dia se encerra...

sábado, 9 de agosto de 2008

Interpretações...

Interpretar é algo que fazemos o tempo inteiro. De tal modo que, por ser uma atividade cotidiana, acaba muitas vezes passando despercebida. De nós mesmos. Choveu forte nos últimos dois dias em São Paulo. Após um mês e pouco da maior seca que esta metrópole já teve nesta época do ano, chove e faz um pouco de frio. Ontem fazia 15 graus no meio da tarde na Avenida Paulista. Marca esta que caiu para 14 no fim de tarde. Contrariadas, as pessoas botam mais uma vez todas as suas roupas de frio guardadas nos armários, sabe-se lá se conservadas com naftalina...E voltam os mesmos velhos comentários de como ''o tempo está feio, ruim''. Para mim, o tempo nunca esteve TÃO BOM! É assim que eu o interpreto. Em um plano maior, não há tempo ''bom'' ou ''ruim''. A alternância entre dias frios e quentes faz parte de qualquer ecossistema equilibrado. O perigo é justamente o fato de estarmos perdendo cada vez mais estas alternâncias...Tudo é interpretável. Mesmo o assassinato, maior dos crimes, pode ser justificável diante das circunstâncias. Assim entende o sistema juridico. Por isto, as decisões dos Tribunais são repletas de termos como este: ''por si só''. O fato y, ''por si só'', não justifica a ação x. Até poderia, dependendo do caso concreto...Voltando ao tema interpretação, um dos campos que mais dá campo a interpretações é o campo da espiritualidade. Por isto, o mundo está cheio das mais distintas e exóticas religiões. Peguemos, para exemplificar o ato de interpretação, uma expressão comum em determinada ordem religiosa familiar a nós todos. Uma frase de uma oração bem popular, o ''Pai Nosso'': ''Seja feita a Vossa Vontade''. Costuma-se proferir tal frase como se estivéssemos indo para a forca. ''Nada deu certo. Rendo-me. Seja feita a Vossa Vontade''...Profere-se estas palavras com tristeza, e um profundo fatalismo...Porém, como tudo na vida, estas simples palavrinhas comportam um mundo de interpretações. Lidamos com um Universo aparentemente misterioso. Como pode um Poder- e entendemos esta palavra em termos humanos- não interferir diante do ''mal'', ''ralhar'', ordenar, comandar, destruir os nossos ''inimigos''? A fé que temos está entrelaçada o tempo inteiro com dúvidas e questionamentos semelhantes. Utilizamos nossos termos- expressões como ''Pai'', ''Poder''- para tentar compreender coisas muito maiores, além da nossa simples compreensão. Pensamos em Deus como ''alguém'' que está em ''algum lugar'', não é? E é para este ''ser'' que dirigimos os nossos mais desesperados apelos e queixas, muitas vezes ''não ouvidos''...Afinal, um Poder comum tem Palácios, certo? Tem uma Capital, o mais das vezes luxuosa. Tem uma ''corte'', onde estão os nobres que assessoram o Rei a governar. Tem Leis que, caso não obedecidas, implicam em severas punições para os seus ''transgressores''...Um Poder, nos nossos termos, tem de mandar. Deve mostrar toda a sua força. Atemorizar seus inimigos. Pensar em um Poder não-local( está em tudo, em todos os lugares, mesmo aqui dentro de nós), que não busca comandar ou explorar, que admite ser negado ou contestado, que parece ''invisível'', que não se mostra para que todos o obedeçam, que aceita a nossa plena liberdade- até mesmo para que cometamos os piores e mais indefensáveis atos- isto tudo dá um ''nó'' em nossas mentes, certo? Aqui entram os'' Quatro Compromissos''. Um deles afirma taxativamente: ''Não acredite em si mesmo''. Louco isto, não? Precisamos calar as nossas ''vozes interiores''- a nossa ''estória pessoal'' de tristezas, insucessos, dor, sofrimento- para alcançar os nossos maiores sonhos. Não é Deus que nos impede de atingir nossas metas: somos nós próprios...Aqui, o ''seja feita a Vossa Vontade'' já começa a ganhar um novo e possível significado: ''sabemos que os Vossos Planos para as nossas vidas são muito MELHORES do que os MAIORES planos que nós possamos ter concebido algum dia. Decidimos suspender as nossas barreiras, os campos de força ( os fãs de Ficção Científica conhecem bem o conceito...)que criamos ao nosso redor, com propósitos defensivos, mas que estão neste exato momento nos impedindo de receber as inúmeras dádivas que o Senhor concebeu para nossas existências''. Aos que crêem, de verdade, como poderia a vontade Dele ser contraposta à nossa? A única ''batalha'' está em nossas mentes...Podemos escolher como nos sentimos. Certos dias, ficamos tão felizes que parece que vamos ''explodir'' de tanta alegria. Não conseguimos sequer colocar isto em palavras que os outros possam compreender. Quem nos ouviria, de fato? Quem estaria disposto a ouvir os nossos uivos de felicidade? Sentimos, nesta hora, que é preciso utilizar uma linguagem comum à de nossos semelhantes. ''Baixamos'' a nossa energia- que estava em um estado semelhante ao de quando éramos CRIANÇAS- para podermos nos comunicar melhor com nossos amigos e conhecidos. Se quisermos ''platéia'', nestas horas, temos de falar de nossa ''dor''. Ouvimos suas lamentações, suas mágoas, para replicar com as nossas. Insano, não? Os praticantes disto dizem que dá um ''alívio''...A grande dificuldade é que tentamos atingir um estado de ''Felicidade'' por meio das nossas dores e sofrimentos...O ''seja feita a Vossa Vontade'' suspende as barreiras, não as elimina( nem à nossa autonomia e liberdade). Devolve-nos ao nosso estado natural, estabelece um ponto inicial de diálogo com um Criador que é pura Alegria. Ao final deste processo, nos tornamos todos crianças novamente- brincando animadamente ao redor de nossas ''bolas'', ''carrinhos'' e ''bonecas'' ( metáforas para exemplificar os nossos desejos) pelos quais pedíamos e suplicávamos com tanta tristeza e rancor...