segunda-feira, 30 de junho de 2008

O ''grande'' e o ''pequeno''

É interessante morar na grande metrópole. E um dos fatos mais interessantes é constar que, no ''grande'' as ''pequenas'' coisas parecem ter mais espaço, elas coexistem com uma intrigante harmonia. Peguemos uma localidade menor, como contraste. Uma cidade menor tem os seus regionalismos. Tem o seu sotaque, a sua comida típica, os seus times de futebol. O que não faz parte dos ''costumes típicos'' locais é visto como ''estranho''. Quanto mais forte o ''local'', menor será o ''estrangeiro/forasteiro/invasor''. Só a mídia consegue superar as rivalidades locais, transcender o ''local'' para mostrar outras realidades. Na grande metrópole há um ''Centro de Tradições Nordestinas''( aliás, esta é uma das maiores comunidades da cidade). Assim como há um bairro inteiro habitado por orientais, com comidas típicas orientais, e com ruas decoradas à moda oriental. Assim como há localidades típicas de judeus, muçulmanos, italianos, gregos, portugueses. O ''pequeno'', as ''minorias'' aqui não tem medo de mostrar-se, assumir-se como tal, defender a própria identidade. Nem isto é visto como ''ameaça'' pelos ''locais''. São Paulo tem o seu regionalismo, isto é certo. Paulistanos ''quatrocentões'' tem os seus hábitos, os seus centros de compra, os seus restaurantes prediletos. Paulistanos nem tão aquinhoados pela fortuna também tem as suas tradições. A TV mostra aos domingos os jogos das equipes locais- Portuguesa, São Paulo, Corínthians, Palmeiras. O paulistano tem um sotaque típico. Tem comidas típicas. Come feijoada- estranhamente- às QUARTAS-FEIRAS e sábados...Não sei qual é a razão desta feijoada às quartas...A cidade, por vezes, se assemelha a um gigantesco escritório. Veste-se como em um escritório, conta piadinhas de escritório, anda pelas ruas em rodinhas de escritório. Porém, mesmo em meio a esta gigantesca multidão de executivos que toma a Avenida Paulista de segunda a sexta-feira, é possível enxergar aqui e ali figuras exóticas. Ontem vi duas ''gringas'' sentadas em um banco, felizes e com as pernas de fora. Volta e meia, nos mais diversos lugares, ouvimos pessoas falando chinês- aliás, com freqüência crescente mesmo- japonês, alemão, inglês, italiano, francês. São Paulo é um MUNDO em si. A materialização de uma utopia em que, como em nenhuma outra parte do planeta, judeus e muçulmanos conseguem conviver em paz. Uma miscelânea de naturais de todos os estados e dos mais diversos países em que todos são livres para manifestar a sua própria identidade, e nem por isto os costumes típicos ''locais'' são enfraquecidos. Talvez se dê justamente o contrário...E o que seria um costume ''puro'' local, em uma cidade em que uma das maiores tradições- a pizza- vem da Itália?

A ''Lei Seca'' no trânsito, e a ''alma nacional''

Não costumo tratar de temas políticos neste blog. Nos últimos tempos, estes assuntos tem me provocado um profundo tédio. Pulo as páginas políticas nos jornais. Quando ouço a chamada ''direto de Brasília'', mudo o canal de TV. Isto não quer dizer que não tenha as minhas opiniões políticas, ou que não vá votar este ano. Isto não quer dizer que jamais me pronunciarei sobre o tema, em quaisquer circunstâncias. Muito embora seja muito mais animador ''escolher'' um candidato a Presidente dos Estados Unidos, este ano, do que qualquer candidato a Prefeito ou Vereador- com as devidas exceções- no Brasil...Mas este não é um ''post'' sobre política( com p minúsculo mesmo). É sobre um tema público. Sobre um tema que todos acabamos discutindo. A chamada ''Lei Seca'', as novas punições aos motoristas que dirigirem alcoolizados. Lembremos, em primeiro lugar, que nos últimos tempos multiplicaram-se os casos de acidentes de trânsito envolvendo motoristas bêbados. Em função disto, houve um verdadeiro ''clamor popular'' por leis mais severas. Agora, que temos a lei, e as punições mais severas, embora não suficientemente severas, estamos nos deparando com um ''clamor'' no sentido inverso. Fala-se em ''inconstitucionalidade'' da lei. A imprensa mostra uma grande quantidade de motoristas punidos. Note-se que o comportamento hesitante e ''ciclotímico'' é algo típico do brasileiro. E que, deste ponto em diante, propositadamente abandonaremos as observações típicas referentes aos ''brasileiros''- ''eles'', ''os outros''- e adotaremos o NÓS. Isto é forte. Outro dia estava falando nos paulistanos, e escolhi falar em ''nós ,paulistanos''. Estava falando das escolhas políticas dos munícipes. ''Nós, paulistanos'', votamos nos políticos que gastaram bilhões em obras viárias que levaram a este trãnsito infernal de hoje...Que não investiram no transporte público...Eu não morava aqui quando tais políticos foram eleitos. Se morasse, não votaria neles. Porém, como cidadão desta cidade, as escolhas políticas erradas me afetam. Eu não estou livre delas. Sou também responsável, indireto, por elas. Assim, ''nós, paulistanos''...Brasileiros, argentinos, italianos, todos tem(os) um ponto em comum. Todos tem(os) opinião sobre tudo. E estas opiniões giram quase sempre sobre o que ''deveria'' ser feito para melhorar algo. Falamos sobre a ''sujeira dos políticos'' como se fosse algo que nos afetasse apenas indiretamente. E como se estes políticos surgissem do nada. ''Ninguém'' os escolheu. ''Ninguém'' votou neles. Como que por ''milagre'', eles se apossaram dos cargos de vereador, prefeito, governador, presidente da república... Do mesmo modo, em tese, apoiamos a tal ''Lei Seca''. ''Apoiamos'', no que não nos atinja. ''É preciso parar a carnificina nas estradas brasileiras'', clamamos. O complemento não dito mas subentendido é ''desde que não dependa de mim''. Desde que ''eu'' não tenha de pagar uma multa de mil reais além de ter a carteira suspensa por um ano ''só'' por ter tomado uma ''pequena dose'' da minha cerveja predileta. A ''Lei Seca'' aqui, como quase todas as leis, é aplicável aos ''outros''. Os ''outros'' não sabem dirigir. Os ''outros'' estão bebendo demais. ''É correto aplicar multas aos que falam no celular enquanto estão dirigindo, mas eu estava 'apenas' falando um pouquinho''...E dá-lhe ''chiadeira'', dá-lhe ''choradinha'', dá-lhe tentativa de subornar os guardas, dá-lhe reclamação contra um ''sistema tão injusto''. E também uma tremenda inveja daquelas nações ''civilizadas de Primeiro Mundo'', onde as pessoas não atiram lixo nas ruas, param os carros para os pedestres atravessarem nas faixas, respeitam as leis de trânsito. O brasileiro- ou melhor, NÓS, brasileiros- é (somos)digno(s) de inspirar um livro como ''O Médico e o Monstro''. Porém, nas nossas cabeças, somos todos ''médicos''. ''Monstros são os outros''...''Alguém precisa fazer alguma coisa'', bradamos em coro, ''desde que não sejamos nós''( pensamos em nosso íntimo). Como pode uma ''Lei Seca'' dar certo em um país em que ninguém pretende parar de beber? O resultado só poderia ser este, o coro crescente contra o ''rigor'' da Lei que outrora defendíamos...''É complicado'', diremos nós, os paulistanos...Aqui, bradamos contra o trânsito infernal, que nos sufoca. ''Alguém tem de fazer alguma coisa''. Que coisa? Aumentar o rodízio, que desrespeitamos usando o carro ''extra'' da família? Cobrar um pedágio urbano, que ''driblaremos'' pegando uma rota alternativa? Ter automóvel, aqui, é mais do que uma necessidade. É símbolo de ''status'', nos define como pessoa. ''Como seria bom, pensamos, se todos os demais motoristas deixassem seus carros em casa e usassem mais o transporte público...''. ''Por que ninguém faz nada a nosso favor?''

sábado, 28 de junho de 2008

Não sobre o amor

Talvez pela vontade de contradizer-me( já que em meu último post eu havia admitido não ir ao teatro), ou movido por um comentário lido no jornal ''Gazeta do Povo'', de Curitiba, em que era mencionada a peça com a adicional informação de que ''não havia previsão de montagem na capital paranaense'', ontem eu fui ao teatro. Em um horário, certamente motivado pelo local- no centro da cidade, no CCBB-pouco usual. 19h30m. Fui de metrô, no final da tarde. Mesmo chegando com meia hora de antecedência, fui informado de que só havia ''um lugar na platéia''. O resto, só no balcão. Como o balcão parecia ser a sobra, e não havia disputa pelo mesmo, preferi, claro, este ''único lugar na platéia''. Mais afastado do palco, embora o teatro seja bem pequeno. Surpreso fiquei quando, na hora do início da peça, vi vários lugares vazios na platéia...O que será isto? Será que as pessoas pagam e não vão, ou reservam e não vão? A peça não é fácil. É estrelada por Leonardo Medeiros, um ator de constante atuação em filmes brasileiros pouco comerciais. O ''amor'' do título, uma estória em que o apaixonado é proibido por sua amada de fazer menções ao amor em suas cartas para ela, talvez atraia alguns incautos mais apressados. O tom é soturno. As cartas do apaixonado, proibido de falar sobre o amor, tratam de diversos temas em que a constante é o exílio. Ele saiu da Rússia para ir para a Europa. Mas o exílio, aqui, é muito mais do que físico: o personagem, Shklovsky, deixa escapar em um momento que ''um estrangeiro é aquele cujo amor está em outro lugar''. Esta é uma peça sobre o amor em que não há arroubos românticos. É uma peça sobre o amor não correspondido, sobre um amor ''virtual''...Enquanto o escritor se esforça para captar a atenção de sua amada tratando de temas que, indiretamente, dão prova de todo o seu amor, ela replica com cartas banais. Ele fala em amor, ela replica que está interessada por um inglês ''bonitão''...O máximo que faz é uma revelação sobre...sua ama de leite! E ainda o critica, ao afirmar que ele dá muita ênfase ao ''quanto'' a ama, ''e no terceiro quanto seguido ela já não aguenta mais...''. O amor dele mais parece aquele trágico ''amor romântico'' dos séculos XVIII e XIX, um amor idealizado, racional( afinal parte de um ''intelectual''), não realizado no mundo físico. Por ele, seguindo os passos do personagem Werther, os apaixonados se matavam, talvez em um anseio de realizar-se amorosamente ''do outro lado''...A peça é pesada, as outras pessoas se contorcem em suas cadeiras, imagino que vários ansiando desesperadamente pelo fim da exibição...Interessante o cenário. em que uma cama e uma mesa são presas no alto das paredes do quarto. E os personagens tem de escalar aquilo que, por incrível que pareça, pelo ângulo que enxergamos parece crível...A montagem também tem vídeos, no melhor estilo do teatro ''moderninho'', e legendas...Enfim, como já afirmei acima, a peça não é ''fácil''. É repleta de metáforas. A própria Alyia, objeto de desejo do escritor, é uma delas. Como informa-nos o programa da montagem, ''a mulher que nega o seu amor é também a impossibilidade de voltar para casa, é a juventude e autoconfiança perdida, é a distância do que somos autenticamente, é a prioridade de olhar para o futuro quando nostos( a volta para casa) + algos ( dor )nos adoece". Alyia, descobrimos, não é ''real''. É quase impossível imaginar uma montagem destas no Rio de Janeiro, onde abundam as peças ''fáceis'' e ''engraçadinhas'' com atores globais ( nada contra a Cidade Maravilhosa, mas esta é uma das piores características de suas produções artísticas...). De todo modo, é incômodo refletir sobre as dores do amor em uma sexta-feira à noite, e mesmo em São Paulo poucos parecem dispostos a fazê-lo...A peça é subsidiada pelo Banco do Brasil- motivo pelo qual os ingressos são vendidos por módicos 15 reais. Se fosse um filme, imagino que ficaria umas duas semanas em cartaz, se os blockbusters permitissem...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Eu, conservador???!

Durante muito tempo, a pergunta acima me pareceria ridícula. Afinal, a vida inteira eu me vi como ''contestador'', ''transformador'', ''inovador''. A própria ''incoerência'' deste blog, em que trato de diversos assuntos ao mesmo tempo, poderia dar a idéia de que, ao menos, eu tento fazer as coisas sempre de modo diferente. Sempre me divertiu, também, apontar o ''conservadorismo'' das pessoas ao meu redor. Meu pai, que tem uma rotina pela qual se poderia acertar os relógios. Minha mãe e seus roteiros sempre iguais. Mas eu? Eu, um ''conservador''? Por trás desta fachada ''mudancista'', percebo que meus amigos- sempre um espelho, um bom indicador do que somos- são todos rotineiros. Que, a eles, desgosta a idéia de um pensamento diferente do seu. Imagino que, neste momento, todos estejam há muito com Obama ''de mala e cuia''. Eu demorei a aderir à ''Onda Obama'', e o fiz sem entusiasmo e com receio...Porém, mesmo no meu dia-a-dia, é possível notar traços de um profundo conservadorismo. Não gosto de inovar no que se refere aos meus pratos favoritos. É raríssimo que eu escolha um prato diferente daqueles de que já gosto. Em um lugar, só peço entre DOIS pratos ( bife de tiras ou bacalhau em lascas ). Sempre. Invariavelmente. Não gosto de mudar os pratos que escolho no almoço. Não gosto de conhecer lugares novos para comer. Gosto de fazer sempre programas semelhantes, em que como em um lugar, e depois vou para um lugar próximo. Sempre vou aos mesmos cafés, mesmo morando em uma cidade em que há inúmeros cafés, diversos de alta qualidade...Na TV, sempre assisto aos mesmos programas, invariavelmente. Leio os mesmos jornais, nos mesmos dias de sempre. Leio o mesmo tipo de livro. Leio as mesmas revistas, todas as semanas ou meses. Vou sempre aos mesmos cinemas. Raramente vou ao teatro, o que me obrigaria a sair da rotina...Se há uma coisa em que gosto de variar é em relação a viagens. Mas, como tristemente pude constatar, se não for por necessidade prefiro visitar sempre as mesmas cidades: Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis...''Choro'' ao ter de abandonar São Paulo para ir a uma cidade próxima. Mas o que poderia me prender a Sampa, a sua infinita possibilidade de roteiros e programações, não é o que me liga a esta maravilhosa cidade. Talvez, muito provavelmente como constato neste ''post'', seja sim a probabilidade de fazer infinitamente as mesmas coisas, ''achando'' que tudo isto- esta rotina em meio às numerosas escolhas- é ''indispensável''. Leio o livro de alguém da minha área, e constato que esta pessoa costuma fazer inúmeras perguntas. Perguntas estas que me incomodam, ou melhor, me incomoda o fato de não estar fazendo as mesmas perguntas ou mesmo diversas outras mais. Rotineiro profissionalmente, é o que constato com tristeza...Me incomoda fazer perguntas, e muito mais responder perguntas que saiam do rotineiro e conhecido. Hoje me incomodam- como incomodavam as pessoas da época em que eu era mais jovem- os ruídos produzidos pelos mais jovens. Me incomodam os sons que eles escutam. Me incomoda vê-los agrupados, com suas roupas estranhas e copos de bebida na mão. Me incomoda ouvir as piadinhas ridículas que eles contam entre si. Me incomoda ter de submeter-me volta e meia a ''recadastramentos'', sob pena de ter o meu CPF suspenso. Me incomoda a fúria legiferante dos diversos parlamentos brasileiros. Me incomoda chegar a um mercado e ver dezenas de opções diferentes para um mesmo produto- sobre isto, ver o excelente livro ''O Paradoxo da Escolha''. É, como vocês podem constatar, hoje eu sou um perfeito conservador. Na melhor linha TFP ( tradição, família e propriedade ). Talvez só não tenha morrido ainda porque também me incomodam diversas outras coisas que aí estão, e com as quais não compactuo. E sobre as quais já me pronunciei diversas vezes neste mesmo blog. Contra umas coisas ali, a favor de outras ali. No fundo, e lamento constatá-lo, eu sou mesmo é igual a todo mundo. Para quem se achava ''diferente'' e ''especial'', eis uma dolorosa admissão...Melhor parar por aqui...

terça-feira, 24 de junho de 2008

Segunda-feira gelada...

Saí para almoçar por volta de meio-dia e meia. Atravessei a Paulista rumo à Consolação. Desci a mesma. Alguns metros após, o relógio de rua marcava cerca de 13 graus de temperatura. A sensação térmica era de menos de 10...Neste dia era possível utilizar o quentíssimo casaco comprado em uma rede de lojas que tem sede em Curitiba-PR. A última vez que usei o mesmo, em outro dia de frio, mal aguentei andar cerca de 15 minutos. Ele é bastante quente. Bastante útil para situações extremas...Ontem era um destes casos. Seria possível usá-lo, mas eu não tive a idéia, e saí ''apenas'' com uma camiseta simples coberta por uma malha. Se senti frio? Sim. Divirtam-se aqueles que me lêem cantar loas ao frio...Acontece que tenho uma pequena tese sobre este assunto: devemos sim proteger-nos contra o frio, mas não a ponto de eliminá-lo totalmente...Isto mesmo: o frio é necessário. É preciso sentir um pouco de frio, até mesmo para aumentar a nossa resistência ao mesmo...Não é o que pensam as multidões . Por toda parte: em cursos, shoppings, livrarias, há uma pressão constante para que a sensação térmica de frio seja eliminada. Como resultado, sentimos um ''choque térmico'' ao visitar tais lugares. Saímos do frio para um ambiente em que circulam muitas pessoas e em que, invariavelmente, o ar condicionado está DESLIGADO para agradar os muitos friorentos...Não é de admirar que a gripe também campeie em tais lugares...Estou usando aqui- mais do que em outros lugares- mantas, jaquetas, meias de lã. Seria loucura, podendo, não fazê-lo. Mas continuo fiel à tese que, como tantas outras coisas, o frio é necessário. Há todo um equilíbrio por trás desta alternância de dias ensolarados e chuvosos. E cobrir-me totalmente, em uma insana busca de ''proteção contra o frio'' que eliminasse totalmente os seus efeitos, soaria como uma ''traição'' contra a natureza que me proporcionou toda esta beleza do inverno paulistano. Eu quero, pasmem!, é MAIS frio...

Saindo da rotina...

O inverno chegou pontualmente na sexta-feira, e sábado já tivemos um dia fechado e de muito frio. Bem ao meu gosto...Domingo, para ter a sensação de mudança de ares, decidi ir a um lugar próximo. Fui a Campinas, de ônibus. Uma hora e vinte minutos de viagem. Cidade diferente, bastante bonita e arborizada. Almoço em um restaurante italiano de lá que já conhecia, bem cotado no Guia 4 Rodas. Fato engraçado na entrada: havia espera, pela hora em que cheguei( 2 da tarde). Enquanto beberiscava uma água mineral, reparei em um casal que estava sentado próximo, no balcão. O cara, quando alguém entrava ou saía, levantava-se de imediato para FECHAR A PORTA, que insistia em permanecer meio aberta. Ele fez isto umas 2 ou 3 vezes. Devia estar ''incomodado'' com o frio, que nem era tanto assim: mais ou menos 20 graus, com sol...Após o bom almoço, uma ida a um shopping local para conhecer a Livraria Cultura de lá. As livrarias em geral, mesmo as de uma mesma rede, tem um estoque próprio, no qual vão fazendo pequenas alterações. Por isto, por possuírem este estoque próprio, nenhuma livraria é igual à outra. Encontramos um livro em destaque na Cultura do Market Place, em São Paulo, que está apenas nas estantes da Cultura do Conjunto Nacional. Uma privilegia um tema, a outra o subestima...Só na Internet é possível ter acesso a todos os títulos daquela loja. Enfim, a ida ao shopping Iguatemi de Campinas, além do passeio, me proporcionou acesso a DUAS megastores, uma vez que havia também uma Saraiva- de tamanho fora da média- naquele conjunto comercial. Um passeio aqui, outro ali, ida aos inúmeros cafés daquele centro comercial e, por volta das 7 da noite, já estava de volta à Rodoviária nova, onde voltei para São Paulo. A rodoviária campineira mais parecia um Aeroporto. Bonita, banheiros novos e pagos, teto de vidro. Como aquele era o primeiro dia, estava também caótica: os ônibus iam chegando e, no ''gogó'', iam anunciando seus horários para os aflitos passageiros. O acesso aos mesmos era bloqueado por paredes de vidro, e os fiscais não sabiam informar nada. Um pequeno ''caos rodoviário'', bem semelhante ao caos aéreo permanente em que vivemos há um ano e pouco...Meu ônibus, o das 19 horas, saiu DEPOIS dos de 19h1m e 19h10m ! A justificativa para tal absurdo era que o carro estava vindo de Poços de Caldas- MG...Some-se a tudo isto o fato de que a nova rodoviária fica próxima à antiga e, nas estreitas ruas ao redor, inúmeros automóveis se aglomeravam. Ou seja, como é comum neste país, uma obra nova não é precedida de obras conseqüentes no sistema viário próximo...O resultado é o caos...Mas nada que tirasse o prazer de um dia em um lugar diferente, ainda que tão próximo como é Campinas...Também é possível fazer o mesmo quanto ao litoral, que fica a meros 60 KM. Ida a Santos ou ao Guarujá, almoço, passeio...Aí já será uma outra estória...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

As palavras: portas de entrada para outros mundos...

No universo, segundo pesquisa mostrada no post anterior, os átomos representam apenas 4,6% de tudo o que existe. E mesmo estes átomos, conforme apontaram diversos físicos de renome, não formam lá corpos e objetos muito sólidos. São sólidos apenas na aparência. Eis uma coisa que aprecio no mar: é uma matéria, mas em eterno movimento. E visível aos nossos olhos. As pessoas que habitam locais litorâneos tendem a sincronizar seus ritmos ao ritmo dos oceanos, da vida. Por isto, várias delas tem aquele jeito meio ''zen'' de ser, que é visto pelos demais como ''preguiçoso''. A vida passa, tem-se consciência mais ali que em qualquer outra parte. Tudo está se movendo. Tudo muda. Semana passada ouvi um comentário interessante na hora do almoço. Alguém, provavelmente algum estudante de arte, disse à sua parceira de refeição: ''- Isto de exigir coerência dos outros é complicado( sic ). O cineasta Ingmar Bergman pertenceu à Juventude Hitlerista em sua juventude. Depois produziu um dos maiores filmes já vistos- O Ovo da Serpente- renegando seus antigos ideais e alertando para o seu risco. Dá para condenar a 'incoerência' de Bergman?". Não estamos aqui para ser ''coerentes''. Ao contrário. A ''coerência'' indica que o indivíduo não evoluiu. Estagnou. Conseguiu passar inerte á grande mudança que é a vida. Só os perfeitos podem se dar ao luxo de ser coerentes, mas este mundo não é habitado por seres perfeitos...E a palavra? O que representa a palavra no processo da vida? A palavra, tal como as notas musicais e as imagens, nos introduz a uma nova dimensão. Nenhuma palavra significa apenas o que decodificamos literalmente. As palavras tem conexões, e nos evocam sentimentos. Uma ''simples'' palavra como ''paz'', ''beleza'', ''harmonia'', ''amor'' traz á tona sentimentos, lembranças. No mundo das palavras, bem como em todo o resto, podemos constatar o quanto a humanidade anda às cegas, envolta com forças gigantescas que nós, ao mesmo tempo, tememos e amamos...Uma palavra só tem poder. Frases inteiras de palavras tem muito mais poder. As palavrinhas que não nos largam em nenhum momento- nos nossos cerca de 50 mil pensamentos diários- guiam as nossas ações o tempo inteiro. Ontem ouvi um garotinho dizendo para os pais que havia aprendido que ''as pessoas são más''. Os pais ficaram perplexos... Há alguns anos o consenso era que ''o ser humano é bom''. Era a época dos reformadores, geralmente identificados com ideais de ''esquerda''. ''O ser humano é bom, mas o sistema é mal. Logo, é preciso mudar o sistema em que vivemos para que o melhor que há nas pessoas possa fluir livremente''. Um ''simples'' pensamento- o de que os seres humanos possam ser ''bons'' ou ''perversos''- evoca dois caminhos totalmente diferentes. Caminho pelas ruas, pensando em como é bom viver, e em como ''eu sou bom'' e as demais pessoas são ''boas''. Este simples gesto, este simples pensamento já me desperta outros sentimentos. Sorrio, sinto-me pleno, á vontade, seguro. Senhor dos meus próprios pensamentos e ações. As crianças, até que sejam devidamente podadas pelos pais com inúmeros ''nãos'' e alertas, não tem vergonha de se aproximar de nós, de olhar-nos nos olhos, de conversar conosco., dar um abraço. Por isto, toda criança é bela, independemente da sua aparência física. Elas são naturais, alegres. Agora, troquemos as palavras e, conseqüentemente, os pensamentos. Saio pela rua pensando em como as coisas são ''injustas'', em como o meu chefe está empenhado em ''destruir-me, porque não vai com a minha cara''. Em como as mulheres são ''falsas'', porque a minha última esposa me ''traiu''. Em como todos são ''ruins'' e ''perversos'', e porque ''estes políticos todos não votam leis mais rigorosas para botar estes bandidos todos na cadeia''. Uma só palavra destas últimas escolhidas já tem um PESO enorme. ''Ruindade'', ''falsidade'', ''maldade''. E elas tem conexões ocultas, que as unem a termos semelhantes. Tudo isto gera uma ENERGIA correspondente, que ATRAI pessoas que pensam de modo igual. Tudo isto, é óbvio mas depois nos mostramos ''surpresos'' com o processo todo, leva a ações correspondentes. Pois uma palavra nunca é ''apenas'' uma palavra. Uma palavra é um mundo inteiro, uma completa visão de mundo. O ''drama'' que estamos vivendo a nível planetário deriva do fato de que a poluição que vemos a olhos vistos talvez seja apenas a ''ponta de um gigantesco iceberg'' que parte de dentro de nós mesmos...Uma palavra fere, mas também cura...

domingo, 22 de junho de 2008

A composição do universo: aha!

Como provavelmente estou falando para mentes lógicas e racionais, toda a minha defesa anterior do Universo como mental pode soar como mais uma ''opinião''. Sendo assim recorro desta vez à ciência. Uma longa matéria desta semana da revista ''Veja'', sobre o ''Big Bang''( o surgimento do Universo ), informa-nos, na página 118, que ''análises da sonda espacial Wilkinson, da Nasa, mostram que o universo é composto de 72% de energia escura, 23% de matéria escura, 4,6% de ÁTOMOS, e menos de 1% de neutrinos. Na prática, isto quer dizer que menos de 5% do universo é feito do tipo de matéria que conhecemos e é visível aos nossos olhos''. Ou seja, todas as nossas construções sobre o que é ''real'' são baseadas nestes meros 4,6% de átomos que formam as coisas que ''vemos''...Há muito mais nisto tudo do que supõe a nossa vã consciência...E mesmo que a visão materialista seja predominante em nossa sociedade- concretizada na frase ''what you see is what you get''( você tem o que puder ver, o que vê- em tradução apressada)- na prática não conseguimos chegar a um consenso sobre o que é a existência. O que é ''real'' para você não é para mim, e vice-versa. Pois só é ''real'', para nós, o que pudermos conceber e imaginar. O que podemos processar com nossas mentes. Eu aqui falando de passarinhos e dias de sol, e você pode estar neste momento pensando em que como será ''difícil'' chegar ao fim do mês com o seu salário...Só conseguimos captar qualquer mensagem trazendo-a para o nosso sistema, para algo cognoscível aos nossos pensamentos. Se o Universo fosse composto apenas pela matéria, convenhamos, isto não daria sequer o prefácio de um livro ou a introdução de um filme...

sábado, 21 de junho de 2008

Navegando pelos blogs...

É tentadora a idéia de postar o meu texto e sair navegando pelos demais blogs. Aqui e ali, encontro blogs que contam a estória de bebês, casais, belas adolescentes, tudo muito bonito, repleto de belas fotos. Nada assim especial, que prenda a minha atenção por mais de alguns segundos. Alguns estão em polonês, alemão, alguma língua árabe, até mesmo em inglês. A impressão que tenho, ao ver estes blogs ''ao redor'' do meu, é que é tudo muito bonito, visual. Sinto falta de textos. A leitura dos jornais diários ainda é imprescindível. Poderia, isto sim, procurar na blogosfera alguns dos meus colunistas favoritos. Mas não se pode deixar de ressaltar que todo este mundo de ''pessoas comuns'', que descrevem suas existências na Internet, é algo inédito na estória da humanidade. Isto meio que quebra a visão tradicional do que é ''arte'' e o que não é. Mesmo eu, que estou longe de pretender ser um ''artista'' ou ''escritor'', posso estar aqui quase diariamente escrevendo, expondo-me- expondo minhas idéias. Um dia, ao sair por aí a esmo visitando outros blogs, espero encontrar alguma coisa especial- um outro blog, talvez, mais voltado para a escrita e não para as imagens- tão inesperadamente como descubro coisas especiais andando pela rua. Então, eu terei o prazer de recomendar a vocês a leitura deste outro blog, desta descoberta. Por enquanto, deparo-me com blogs de empresas, com fotos de bebês, fotos de casais, de belas adolescentes em viagem por incríveis lugares...

Um dia de sol, e eu gostei??!!!

Foi o último dia de outono. Oficialmente, o inverno começaria ontem às 20h59m. Na hora em que saí de casa, para almoçar, fazia sol. Talvez porque ontem eu havia decidido(!???)me sentir bem( como se houvesse escolha, né? mas se não temos controle sobre o que sentimos, quem terá? de quem será o controle de nossas vidas? otimista, prefiro pensar que somos nós, mas estou aberto a ouvir posições contrárias...). APESAR DO SOL. E, por incrível que pareça, quando estamos bem NEM O SOL pode nos afetar negativamente( lembrem-se que eu funciono às avessas: gosto dos lugares frios, não suporto calor- vide textos anteriores deste blog)...Ontem havia meio que uma eletricidade no ar. Tudo parecia, talvez porque eu havia escolhido que as coisas fossem assim, harmônico, belo. Tudo parecia no lugar. Passei na lavanderia, nos correios, em uma lotérica para pagar a TV a Cabo, e fui almoçar. Em um velho conhecido, um restaurante que já foi definido como um ''aquário''( como este é o meu signo, me sinto- desculpem o trocadilho- como um ''peixe dentro d'água nele...). Teto de vidro, mesas inclusive na calçada em frente, ampla visão para os carros e pessoas que passam na badalada rua dos Jardins. Pela hora, quase 2 horas, fui acomodado no lugar superior, onde quase não dava para ver nada. Mesmo assim, gostei. Tudo estava bom: o dia, a comida, o astral das pessoas ao redor. E, ao sair daquele lugar, constatei que havia algo novo mesmo no ar. Um fator que deu um movimento extra aos restaurantes e ás lojas daquela rua: a São Paulo Fashion Week. Modelos, ou jovens estilistas belíssimas e muito bem vestidas, encheram os restaurantes na região, e circulavam aos montes pela próxima Rua Augusta...Para aqueles que não concordaram com a minha possibilidade de escolha dos meus sentimentos, que este fato sirva como ''justificativa oficial'' para um dia perfeito em que ATÉ O SOL parecia encaixar-se como uma luva. Até mesmo para os que ''não gostam'' de sol...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Abrindo os olhos do espírito...

O despertar espiritual é um processo de abertura dos sentidos. Como que de repente, passa-se a ouvir, sentir, ver coisas que normalmente não reparamos em nosso cotidiano. Tudo isto é um ''voltar para dentro'', no sentido de notar que há algo mais em nosso ser do que um corpo, e um ''voltar para fora'', mas mirando um exterior que vai além das outras pessoas e das coisas materiais. No dia-a-dia de milhões de indivíduos, em especial nas grandes metrópoles, e uma vez que o ser humano é bombardeado por BILHÕES de informações diferentes a cada segundo, processa-se um gigantesco movimento de embotamento coletivo. Para ''escapar'' das coisas desagradáveis, de um cotidiano massacrante, os seres humanos bebem, consomem drogas, assistem TV. Vidas inteiras transcorrem em ''ponto morto'', em um processo contínuo de repetição. ''Não tenho tempo'', é o mantra das pessoas ocupadas. ''Não tenho tempo'' para: ler, brincar com os meus filhos, me divertir, viajar, dar mais atenção à minha mulher/meu marido, fazer as coisas que me dão prazer. No entanto, engana-se quem considera necessário deslocar-se fisicamente para despertar para as coisas do espírito. Elas não estão na Índia, exclusivamente. Estão aqui, sob os nossos olhos, onde nós passamos. O mundo espiritual não está no ''céu'', onde todos imaginam. Em plena cidade de São Paulo, e competindo com o som irritante dos carros e obras de um lugar que se orgulha de ''nunca parar'', ouço neste instante, ao fundo, o canto de pássaros...Ser espiritual, estar aberto para as coisas do espírito, não significa fugir das obrigações deste mundo. Não significa fugir do que este mundo tem de ruim, mas também de bom. Aqui e agora, onde você estiver, existem outras coisas a que dar atenção. Ser ''espiritual'', termo que amedronta tanta gente, é abrir olhos, ouvidos, mente para TUDO o que está ao nosso redor. ''Qual é o limite?'', me pergunto em um dia feliz. ''Qual é o limite da felicidade?''. É possível, sim, viver uma vida de contínuo aprimoramento, e de abertura para as infinitas ''coincidências'' com que o Universo nos brinda. Melhor seria até dizer que a vida ''brinca'' conosco, com os nossos desejos e anseios, e nos dá, invariavelmente, aquilo a que damos mais atenção. Este é o sentido de afirmar que precisamos ''estar preparados'' para atingir determinada meta. Um ''estar preparado'' significando aqui, à guisa de conclusão, uma maior abertura para as infinitas energias que nos cercam, em uma eterna ''peleja cósmica'' em que não há ''perdedores'' e nem ''derrotas'' definitivas. Não ''somos'' isto ou aquilo. ''Estamos'' todos, nesta ou naquela condição, passageira como tudo é em uma existência- nossa e do cosmo- sem fim...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Curitiba no Inverno

Os que me conhecem bem já devem estar estranhando o fato de que- após postar cerca de 157 textos neste blog- eu ainda não falei especificamente em nenhum deles de uma de minhas cidades prediletas: Curitiba. Isto porque, em minhas conversas, eu costumo ''alugar'' todos com referências constantes àquele belo lugar. Que deve estar, e este é o motivo principal deste ''post'', ainda mais belo nesta época de frio. Inverno em Curitiba! O que haveria de tão especial na capital paranaense, vocês poderiam perguntar? Meu primeiro contato com Curitiba foi tardio. Há cerca de 4 anos. No mês anterior havia visitado Buenos Aires, e só falava em Argentina em todas as conversas que tinha. Meu pai que o diga! Junte-se a primeira viagem ao exterior com a primeira visita a um lugar de que já havia ouvido falar mas não conhecia de perto, e o resultado é o que descrevo nesta crônica. O que Curitiba tem de tão especial? Talvez a sorte de ter recebido tantos imigrantes( japoneses, alemães, poloneses, etc.). E que estas pessoas tenham ido para lá não com a tradicional visão de saquear, e sim com a intenção de construir um lugar para viver e para legar aos seus filhos. Acrescente-se o fato de que esta cidade, que não foi ''planejada'' como Brasília, teve também a fortuna de contar com uma série de administradores da mesma corrente política. E que os seus sucessores não se empenharam, como em outros lugares, em desfazer o que o antecessor havia feito. O modelo de transporte de Curitiba é reconhecido pelo mundo.Com seus ònibus bi ou tri-articulados, as modernosas ''estações tubo'' e as canaletas exclusivas para circulação dos mesmos. Outro dia, na Livraria Cultura, vi um grosso livro de arquitetura e urbanismo em que o autor comparava as experiências modelos de Curitiba e Barcelona, duas referências mundiais de qualidade de vida...Mas o fato de ser organizada, de transpirar ordem e beleza, de estar muito bem situada entre São Paulo ( a 400 KM de distância) e Florianópolis( a 300 KM), e perto do mar( a apenas 70 km), de ser uma das cidades mais arborizadas do país, tudo isto se completa com o fato notório de que Curitiba tem um clima peculiar. É divertido assistir as previsões de tempo do ''Bom Dia Brasil'', na TV Globo, e ver invariavelmente a repórter dizer: ''a mínima em Curitiba é x, e a máxima em Teresina é y...''. O clima, ''apenas'' o clima já justificaria todo o nosso entusiasmo com aquela cidade...Mas não é só. Campos do Jordão também é fria, e nem por isto eu fiz uma ''ode'' àquela cidade paulista. Caxias do Sul é também muito fria, e dela só ouvimos falar até hoje do time- o Juventude...Curitiba ''te fisga'' por possuir a melhor Linha Turismo do país, com ônibus especializados que ligam os principais pontos turísticos e que só não circulam às segundas-feiras. E mais: eles tiveram a ''ousadia'' de distribuir folhetos e colocar placas nos pontos destes ônibus com os horários. Horários, no Brasil...E seguem, diga-se de passagem, os tais horários rigorosamente. Sem atrasos. 11h31m. E o ônibus branquinho está lá, para nossa surpresa. A cidade ''nos fisga'' também por ser uma especial mistura de cidadezinha com metrópole. Tudo que há de melhor em uma cidade grande Curitiba tem: livrarias, cinemas modernos, shopping centers, ótimos restaurantes, cafés, etc. E, ao mesmo tempo, lá eu vi cenas que se encaixariam melhor em um roteiro pelo interior: os sábados na Rua das Flores, com ''shows'' ao vivo de artistas, a venda de quadros, as famílias circulando, os aposentados sentados nos banquinhos, o bondinho que não circula mais mas está lá como uma das principais atrações, as discussões na ''Boca Maldita''. A cidade é cheia de vida. ''Olho'' ( com os olhos da mente, da memória, do espírito...)para o céu neste instante, em mais um dia frio, ''coberto'' como as pessoas que circulam com suas roupas de inverno...Sair um dia do Planalto Central de avião, tempo ensolarado, passando por São Paulo, também ensolarada, para a seguir chegar a uma das capitais do Sul com tempo fechado e frio é uma experiência inesquecível...Mostra o quanto este país é completo e complexo, com as suas mais diversas culturas. Dentre elas, uma das mais belas- com suas comidas típicas, seus times fortes de futebol, o seu sotaque peculiar, suas lindas meninas- está em Curitiba. O amor que cultivamos em nossas mentes transcende as distâncias...''Estamos''( mais de alma do que fisicamente)onde está o objeto do nosso amor. Seja uma pessoa, ou uma cidade como Curitiba...

Imagens no Blog

Estas não são ainda as tiradas com o meu celular. Tirei-as da Internet. Duas são de São Paulo, e duas de Curitiba. As duas de Curitiba são de um dos lugares mais belos e especiais da cidade: o Bosque Alemão. E sua bela trilha que conta, em várias placas, a estória de João e Maria. O Bosque Alemão tem, além disto, uma das mais bonitas vistas da cidade. Em São Paulo, selecionei uma foto do Parque Trianon, na Paulista ( outro de meus parques prediletos é o da Aclimação, um lugar propício para cenas de cinema...)e outro de Pinheiros, de um lugar elevado, com o Alto da Lapa ao fundo...E o celular, perguntariam vocês? Infelizmente não é fácil adquirir cabos USB para o modelo que adquiri. Isto é frustrante. Procuro nas lojas da TIM, e nada. Comprei um cabo em uma loja de rua, e ele não é reconhecido pelo meu computador. Enquanto esta novela não termina, vocês ficam com as imagens que escolhi- e com os textos, afinal de contas o principal motivo deste blog...Bom dia a todos!

O Universo conspira a meu favor...

Uma tia que mora no Rio de Janeiro escutou este mantra em um programa feminino destes da TV, contado junto com uma estorinha de alguém que utilizou-o e foi bem sucedida. E agora, esta minha tia passou a repetí-lo, interna e externamente, a todo momento. Mal não faz. Coincidentemente, a frase acabou estimulando-a na sua mais recente empreitada, após estar parada por anos. Ela repetiu-a para uma irmã- outra tia- que me disse isto por telefone. A frase eu ouvi também da primeira, ao vivo, aqui em São Paulo. Ela estava muito feliz, elétrica, animada como nunca a vi. Explicou-nos quais eram os seus planos, e como a frase se encaixava com todas as mudanças que estava experimentando nos últimos tempos. Espiritualistas mais aprofundados dizem que não precisamos ''pedir'' nada ao Universo. TUDO está à nossa disposição. Basta, ''somente'', que abramos mão das nossas convicções de escassez, pobreza, não-merecimento, ''necessidade de sofrimento para expurgar os nossos pecados''. Neste sentido, a frase ''O Universo conspira a nosso favor'' é verdadeira. Quem não conspira, e essa faz uma ENORME diferença, somos nós...Então, que a frase acima sirva de inspiração para novos rumos e mudanças. Repito: mal não faz ''O universo conspira a nosso favor''. '' E eu, de agora em diante, vou passar a conspirar também a meu favor''...Quem poderá ''perder'', estando ao lado da maior força que existe???

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Encontro com D...

Vocês bem queriam que eu dissesse ''Encontro com Deus'', né? Vão ter de esperar mais um pouquinho para ver que encontro foi este... Na verdade, esta crônica é a junção de 3 possíveis crônicas. Em um primeiro momento- por sinal o tempo está ''ruim'', na minha modesta opinião, faz sol...- eu fui deixar roupas em uma lavanderia próxima. Enquanto estava sendo atendido, uma música de Rita Lee tocava ao fundo, ''Meu Doce Vampiro'': ''(...)sempre reclamando da vida, me ferindo e me curando as feridas(...)''. No mesmo instante entrava na loja uma senhora de idade e, por incrível que pareça, ao invés de reclamar de alguma coisa ela comentou: ''que bom que o inverno está chegando, com o fim daquele calor insuportável''...Eu achei graça do contraste entre o comentário OPORTUNO e SAGAZ desta senhora, referendado pela funcionária da lavanderia que nos atendera, e a letra da música. Mas outras emoções me aguardavam, suficientes para outras duas crônicas independentes. Acho que a letra da música de Rita Lee foi PREMONITÓRIA, e vocês vão ver porque...Decidi almoçar, como faço pelo menos uma vez por semana, em um restaurante de Higienópolis que tem um bufê formidável. Mas é mais que um simples bufê. Tem uma mesa de massas fantástica, no meio do restaurante, onde escolhemos diretamente as massas que queremos comer. Tem combinações como ''pizza com salada'', ou ''salada com grelhados''( frango, peixe, picanha, cordeiro, etc.). Faz parte de uma rede de restaurantes- Ráscal- espalhada por toda a cidade. Pertence ao mesmo grupo do ''Viena''. Enfim, é um senhor restaurante, de muita qualidade e preço mais ou menos acessível( fica entre os mais baratos e os mais caros, em um nível intermediário). Ele fica situado bem na entrada do shopping Higienópolis, com um lado externo que tem uma bela vista de todos que estão passando. Já tirei até uma foto da fachada do shopping, que vocês verão...qualquer dia destes! Faltavam 20 minutos para 1 da tarde. O restaurante ainda estava vazio. Eu fui o primeiro a ocupar uma das mesas da área externa. Comi um prato de saladas e, por incrível que pareça, em meio ao burburinho das pessoas que passavam e daquelas que conversavam em alta voz em um café próximo- Cristallo- eu pude identificar o som de um passarinho. Eu juro! Em meio ao eterno e onipresente ruído paulistano, que cotidianamente deixa a mim e aos demais meio surdos, eu ouvi um passarinho cantando, e ele fazia ''piu, piu, piu'' espaçadamente, e de uma forma que eu jamais havia escutado. Parecia sozinho. O som era baixo, mas suficiente para qualquer um que quisesse ouvir. Então foram se acomodando outras pessoas na área externa. Primeiro um casal de idosos em uma mesa distante. Depois uma senhora em uma mesa mais próxima. De repente, eu começo a ouvir um diálogo mais alto que o normal em uma mesa bem próxima também: ''porque eu disse para o Gushiken isto'', ''porque o Ministério da Pesca aquilo'', ''porque há um grande interesse no exterior pela pesca no Brasil'', ''porque a montadora tal copiou o slogan do meu programa 'No coração do Brasil' ''. Nesta hora a conversa, que eu buscava evitar pensando tratar-se de mais um destes sindicalistas pelegos que circulam como peixes dentro d'água em Brasília e no governo Lula, começou a tomar outro signicado. Juntos os termos ''Band'' e ''No Coração do Brasil'' deram um ''click'' dentro de minha cabeça e eu voltei a cabeça para o lado onde estava sendo emitida a conversa. Lá estava o jornalista José Luís Datena, do programa ''Brasil Urgente'', e equipe. Ainda dei outras duas olhadas para a mesa, a esta altura o centro de minhas preocupações, e não mais as comuns e belas ''mortais'' que passavam pela minha frente na mesa estrategicamente localizada em frente à entrada do shopping ...Pedi um café e a conta e, na hora de assinar a nota, solicitei ao garçom que trouxesse um pedaço de papel. Subitamente, os demais membros da equipe se levantaram em conjunto, deixando o ''Datenão'' só por um minuto. Peguei a caneta com que assinara a nota, o pedaço de papel, e me aproximei em um pulo da mesa vizinha. ''Datenão, eu e meu pai somos seus fãs. Você poderia me dar um autógrafo?''. Muito simpático ele atendeu o meu pedido. Eu ainda comentei: ''Que pena que eu não trouxe o meu celular para documentar este encontro especial''. Ele perguntou qual era o número do meu pai. Sacou um Iphone último tipo, digitou o código de Brasília- 61- e o número que eu havia dado. ''Como vai, seu Alcindo?'', ele saudou quando meu pai atendeu. ''Eu estava aqui, almoçando, quando encontrei o seu filho''. Nesta hora a música de Rita Lee meio que deu o ''fecho'' da coisa toda: ''sempre reclamando da vida, me ferindo e me curando as feridas''. A quem mais se aplicaria a letra de ''Meu doce vampiro''? Duro com quem merece- políticos e bandidos- e extremamente doce com seus fãs e com os desprotegidos da vida. Com um linguajar rude, meio ''peão'', abusando de expressões rudes como ''porra'' e ''cara...'' misturado com o assemelhado ''caramba''. Um homem bem sucedido, competente no que faz, comendo em um lugar bacana, alguém que eu imaginava cercado de seguranças por todos os lados, mas cercado apenas por um pequeno grupo de assessores, e que também tem um pé na chamada ''realidade'', mostrando diariamente as mazelas que este país tanto produz. Que se indigna com aqueles que lucram com a violência, a miséria, e torcem para que as coisas continuem assim. Este cara- o ''Datenão''- é a síntese do Brasil. Eu, como todo mundo, gosto destes caras que ''descem a lenha'' em políticos e autoridades incompetentes. Admiro Diogo Mainardi, que já vi outrora em uma casa de sucos de Ipanema, no Rio. Alguém tem mesmo que ''meter o pau'' nesta corja toda. Mas isto tem um preço, e você deve estar amparado em alguma instituição forte para poder pagá-lo. O preço maior é passar uma existência inteira revirando esta m...toda, sem ver coisa alguma mudar. Já estou cansado disto tudo, ainda que supostamente ''apenas'' no meio de uma vida. Deixo o palco para os bravos ''combatentes'', e volto a prestar atenção em dias frios, passarinhos cantando em meio ao barulho da metrópole e outras ''alienações'' do tipo. A vida continua...PS: Um encontro especial destes, e eu nem para sair com o meu celular para fotografar a coisa toda...Que ''jornalista'' é este??? O dia, na ''pequena'' metrópole onde tudo parece possível, está apenas começando...

terça-feira, 17 de junho de 2008

Tempo bom...

Hoje até fez um solzinho mais quente que o de ontem. Cheguei a sentir um pouco de calor no início da tarde, e marcou 19 graus na Paulista esta hora. Mas este não é o ''tempo bom'' do título...''Tempo bom'' é apenas uma convenção. Você chega a outra cidade, pega um táxi, e já vem aquele manjado comentário de que o tempo está ''bom''- leia-se sol aberto, forte- ou ''ruim'', o oposto. Embora esta CONVENÇÃO- a de que há um tempo ''bom''- esteja disseminada por todas as partes, ela não se aplica a todo mundo. Para mim, o tempo está bom quando faz frio. Está bom quando chove. Está bom quando ponho dois ou três casacos, e saio para caminhar, e o sol está por trás das nuvens...É, por mais estranho que isto possa parecer, eu detesto calor. Um pouco de sol, e já começo a transpirar. Tenho de usar, para me sentir melhor, umas 2 a 3 camisas diferentes nestes lugares muito quentes. Sem contar a chatice que é ter de tomar banho toda hora. O frio, por outro lado, é bom. Muito bom. O frio me desperta, enquanto o calor amolece. O frio arrepia. O frio me faz sentir vivo. Um dos melhores filmes que assisti no Festival Internacional de Cinema de São Paulo, ano passado, era um filme argentino. Nele, um casal trafega com uma menininha. Um carro se choca contra o veículo deles. Aí o filme já passa para um lugar bem frio, na Patagônia Argentina. O pai foi o único sobrevivente, ao que tudo indica. Ele vai trabalhar no Sul do país vizinho, em um Aeroporto. Devido ás condições inclementes de tempo, pouquíssimos aviões conseguem pousar naquele lugar tão inóspito. O cara fica o tempo todo recebendo misteriosas ligações em seu celular, mas nunca as atende. Nem quando é incentivado pelos colegas a fazê-lo. O final eu não conto. Mas não há nada como um lugar frio para curar qualquer ferida, para nos fazer esquecê-las, para nos fazer concentrar-nos no que é essencial ali: sobreviver. Gaúchos, uruguaios e argentinos costumam- para meu prazer- fazer volta e meia estes filmes ''on the road'', nos quais as pessoas fogem para lugares frios para resolver dilemas existenciais. Pode ser até uma praia, mas fora da temporada. Aquela praia imensa, com muitas dunas, mas deserta...Por este costume, que me é tão simpático, considero estes povos minhas nações afins. Irmãos. O ''frio'' aqui bate recordes. Chegou a 7 graus esta manhã. É bom, muito bom. Melhor ainda ler que, em Curitiba, chegou a 1 grau negativo...A 5,7 graus negativos em São Joaquim- SC...O tempo bom, para mim, se espalha por todo o Sul e o Sudeste deste país. Uma bela confraria de casacos, cachecóis, meias de lã, sobretudos se espalha pelas ruas da cidade, mesmo que sejam na verdade velhos- de outras temporadas. Eu tiro os meus do armário, com cheiro estranho de naftalina. Sequer posso usá-los direito. Mesmo os mais finos, com uma camiseta por baixo, me causam calor. Transpiro. Acho que já falei nisto, não? Será que estamos no início ou no fim deste post? Talvez sejam apenas reflexos de um tempo- bom ou ruim, não importa- congelado...Acho que o ''céu'', caso exista, deve ser deste jeitinho: tudo branquinho( ou ''cinzento'', para os críticos), frio, geladinho...E Deus- oh, blasfêmia!- deve ter a aparência de um esquimó ou um pinguim...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Frio com sol

Inacreditavelmente, não estava frio dentro de casa. Pensei até em botar uma camisa de mangas curtas. Porém, antes de sair consultei o site do Yahoo, e sua previsão de tempo. Pelo site, estava fazendo 11 graus, com máxima de 16 prevista para a tarde. Após o almoço, cruzei com várias pessoas- quase sempre mulheres- com braços cruzados e cara de quem estava sentindo muito frio. Era início de tarde, e o relógio de rua em frente ao Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, marcava 12 graus. Conforme ia andando, o tempo foi abrindo. Cheguei mesmo a lamentar não ter levado o meu protetor solar de bolso( isto antes de ver quanto marcava o primeiro relógio de rua, aquele dos 12 graus...). O sol foi me acompanhando, e ditando a leve subida de temperatura. O próximo relógio de rua marcava 13. Na altura da Brigadeiro Luís Antônio, meu ponto final de caminhada, já estava marcando 14. A volta foi contra o sol, mas pela rua paralela à Paulista- Luís Carlos Pinhal. Como sempre, fiz questão de passar pelo Elevado sobre a Avenida 9 de Julho. Que tem uma bela vista panorâmica, e altura equivalente à de um prédio de 7 andares. Em um café, entre executivos e adolescentes, havia uma senhora oriental com seu filhinho. Ela falava chinês, que eu aprendi a diferenciar do japonês pelos filmes chineses. O linguajar do país mais populoso do mundo é meio musical, tem uma sonoridade bem peculiar. O tempo mudava rápido como meus pensamentos. E senti que, desta vez, não haveria nenhum lugar especial de chegada, ou uma ''mensagem'' por trás daquilo que descrevo. Passeei. Passei.

Ainda Flamengo X São Paulo...

Mais que uma simples partida de futebol, este foi o confronto de duas cidades e de dois estilos. Os ''atirados'' e apaixonados cariocas, que se lançaram desde o início do jogo em busca do gol, incentivados pela multidão presente de mais de 55 mil torcedores. Contra os ''contidos'', eficientes, ''low profile'' paulistanos, que não foram ao Maracanã para garantir um empate ou se limitar a defender. Este seria o caminho certo para o insucesso...O São Paulo, nos contra-ataques certeiros e fatais, é mais do que um time: é um fenômeno da natureza. Como os furacões e os tsunamis...Caio Júnior, o treinador ''boa praça'' do Flamengo, é desenvolto, fala mansa, extrovertido. Como o time que comanda. Já o treinador do São Paulo, Muricy, mais parece um mineiro. É econômico nas declarações, sarcástico, sizudo, rabugento. Mesmo quando ''abre a boca'', Muricy aparenta muito mais estar desviando as atenções dos jornalistas- que o adoram por suas declarações ''sinceras''- do que revelando alguma informação relevante. É este estilo ''low profile'' de Muricy que disfarça o fato de que sua equipe, que para muitos ainda não ''encaixou'' este ano, está sempre entre os primeiros em qualquer torneio que dispute. Assim foi no Paulistão, onde chegou ás semifinais, bem como na Libertadores. Muricy jamais pode ser subestimado. Parece ''bronco'', inclusive na aparência, mas é, na realidade, um jogador de xadrez. É viciado, como todos os grandes talentos em qualquer área, naquilo que faz- e muito bem. Nas horas vagas assiste jogos de outras equipes, inclusive de basquete, para analisar suas posturas táticas. Neste Flamengo X São Paulo do último fim-de-semana, Muricy deu mais um de seus ''bailes'' nos técnicos adversários. Alguém duvida que o São Paulo já é um dos favoritos ao título? Não perguntem isto ao Muricy. O negócio dele é fazer o tipo ''aborrecido'', ''preocupado''...

Do infinito: trecho do último livro de Deepak Chopra

''Quando minha neta estava com quatro anos, eu a levei para um passeio na praia. Era uma noite linda, e as estrelas e a Lua brilhavam no céu. Eu me virei para ela e disse: ''Tara, eu a amo muito''. Assim que terminei de dizer a frase, ela perguntou: ''Quanto?''. Eu disse: ''Bem, eu a amo mais que as estrelas e a Lua''. E assim que terminei a frase, Tara perguntou: ''Por quê?'' Eu respondi: ''Porque você veio de lá''. E ela: ''Como?''. Pensei com meus botões: Não sei se consigo explicar isso para ela, mas vou tentar. ''Sabe, Tara, quando você come frutas e verduras, foi a luz do Sol, das estrelas e da Lua que fez a comida que você come. E, quando você come, está pegando a luz das estrelas para formar o seu corpo, porque tudo vem da luz. Você é um ser de luz; seu corpo é feito de luz''. Tive mais uma idéia e disse a ela: ''Até mesmo seus olhos são feitos de luz. As estrelas fizeram seus olhos para que elas pudessem se ver''. Tara pensou, pensou, e pela primeira vez ficou em silêncio. Mas, quando estávamos indo embora da praia, ela disse: ''Vovô, olhe para cima. As estrelas querem se ver''. ( Fonte: ''A fonte da felicidade duradoura': Poder, Liberdade e Graça"( em inglês: Power, Freedom and Grace), de Deepak Shopra, Editora Best Seller, 2008, páginas 185/186).

Filme interessante

A julgar pela reação da crítica, pensei que este ''Fim dos Tempos''( The Happening)- do diretor M. Night Shyamalan- seria mais uma ''bomba''. Muito pelo contrário. Aliás, ao reverso do que acontece tradicionalmente nos filmes atuais, muito explícitos e cheios de efeitos especiais, a estória é narrada em um crescendo. Pessoas param em um parque de Nova Iorque. Em outro lugar da cidade, outras começam a pular do alto dos prédios, em um estranho ímpeto suicida coletivo. Isto, e mais a musiquinha de suspense de fundo, começa a atrair a nossa atenção de modo irresistível. Notícias desencontradas informam que pode tratar-se de um ataque ''terrorista''. As pessoas fogem em massa. Uma coisa interessante foi ver como é a reação atual a uma catástrofe. Este filme retratou muito bem o que é uma catástrofe nos nossos tempos midiáticos. Todos tentam comunicar-se freneticamente com seus parentes por meio de...celulares...O truque funciona por um tempo, até que os celulares emudecem definitivamente. A viagem/fuga de trem dos protagonistas acaba em uma pequena cidade do interior, quando os funcionários do trem perdem qualquer contato com as demais localidades. Não há um vilão ''personificado''. A explicação, fantasiosa mas bem interessante, é que as plantas costumam reagir quando atacadas. Aquela seria a reação da natureza ao ataque dos humanos, emitindo um gás que eliminaria o senso de auto-preservação das pessoas e levando-as ao suicídio. Um filme de suspense com mensagem ecológica: o que mais poderíamos esperar? ''Fim dos tempos'' é diversão garantida. Nenhuma pretensão a obra-prima( o próprio diretor disse tratar-se de um filme ''tipo B'', ao estilo dos filmes com monstros dos anos 50). A estória é convincente, e cada ''ventinho'' que sacode as plantas nos dá um arrepio correspondente também...O filme consegue a difícil proeza de acalmar e silenciar as ruidosas platéias contemporâneas, e isto também é muito bom...Resta saber se agradará as platéias norte-americanas, uma vez que o nome do Diretor M. Night está em jogo. Mais um fracasso...Isto é o que deve estar assustando o próprio cineasta neste instante...

Um jogo memorável

Para um semestre cheio de grandes partidas de futebol, praticamente uma a cada quarta-feira- o dia dos ''Matas-matas''- é difícil qualificar este jogo ocorrido entre Flamengo e São Paulo, no último sábado. A primeira expressão que me vem á cabeça é ''Jogo do Século''. Mas logo penso melhor, e lembro que dois outros jogaços foram as duas partidas entre Fluminense X São Paulo, e Fluminense X Boca, sem contar as finais e semifinais dos Campeonatos Carioca e Paulista, e a recente final da Copa do Brasil...Enfim, mais apropriado seria qualificar a partida entre o tricolor paulista e o rubro-negro carioca como uma verdadeira DECISÃO do Brasileiro, sem nenhum exagero. Não é fácil jogar lá dentro do ''Caldeirão'' dos Urubus. Lá, eles venceram praticamente todas as partidas que fizeram no último Campeonato Brasileiro. Nem o campeão São Paulo conseguiu vencer lá. Aliás, perdeu por 1 X 0...A torcida pega no pé dos adversários mesmo, e os medianos jogadores flamenguistas viram ''leões'' incentivados pela massa que, como em Roma, ''quer ver sangue''... Neste último jogo, por sinal, até o juiz foi pressionado. Após ter a coragem de anular um gol ilegítimo do Flamengo, o árbitro deu uma ''mãozinha'' para compensar. Aliás, duas: dois pênaltis para o time da casa. Tudo conforme o figurino dos ''caldeirões''. Porém, do outro lado estava uma equipe guerreira e muito aplicada. Um time sem estrelas, agora que Adriano está de volta ao futebol europeu( aliás, como melhora este São Paulo sem Adriano...). Mas muitíssimo bem treinado. O São Paulo fez seu primeiro ataque apenas aos 25 minutos do primeiro tempo. Marcou...O Flamengo foi para cima, empurrado pela massa. Marcou no início do segundo tempo, de PÊNALTI. Nem assim o São Paulo deixou-se intimidar e, em dois contra-ataques, calou a torcida rubro-negra( auto-intitulada a ''maior do mundo'')com dois gols. Jogo decidido? Nunca, quando o negócio é Flamengo. Mais um pênalti, defendido parcialmente por Rogério Ceni mas convertido por Marcinho no rebote, e o Maraca volta a levantar. O Flamengo vai com tudo para o ataque. Faltam cerca de 20 minutos. O script parece indicar uma reação, uma virada rubro-negra. A torcida começa a gritar que o mengão é o ''time da virada''. Luzes se acendem por todas as arquibancadas. Mas o São Paulo, atual campeão brasileiro, não estava ali para ajudar, como mero coadjuvante. O time se fecha, bem ao estilo Muricy. Sua formação inclui uma linha de quatro, na defesa ( um dos quais fazendo papel de líbero), cinco no meio campo, e apenas um atacante. ''Defensivo'' este Muricy, né? Com esta formação o time fez o QUARTO gol já nos acréscimos, calando a imensa torcida local no ex ''maior do mundo''. Venceu um rival que disparava na liderança. Com esta vitória o tricolor paulista começa a ''botar fogo'' na disputa do Brasileirão/2008. Lembrem-se que foi no Maracanã, contra o Botafogo carioca, que o São Paulo( com uma expressiva vitória por 2 X 0 sobre o então líder do Brasileiro)começou a conquistar o título do ano passado. O semestre está terminando, mas não as emoções ligadas ao futebol. Estas estão ainda no início. E, para imitar algum destes inúmeros narradores do esporte bretão, ''haja coração!''. Semana que vem tem a final da Libertadores...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O ''futuro'' da imprensa...

Acabei de ler, com certo atraso, duas das profecias mais terríveis sobre o futuro da imprensa e da literatura já feitas. A primeira foi em uma entrevista com o escritor norte-americano Norman Mailer. Segundo ele no futuro, em cerca de 20 anos, os ''leitores'' serão um grupo ainda mais restrito. Como hoje são os adeptos de música clássica...A leitura como uma prática de uma seita, um grupo minúsculo. Algo no estilo ''Farenheit'', com a diferença em que, naquela obra, a leitura era proibida. Uma iniciativa do gênero, hoje em dia, seria ridícula e desnecessária. A leitura já é algo ''secundário'' na vida de muita gente. E, no entanto, escreve-se como nunca...O segundo prognóstico aterrador foi feito em um especial sobre o futuro da imprensa publicado no caderno ''Mais'', da Folha de São Paulo. Nele, na verdade uma tradução de um texto publicado na revista ''New Yorker'', mostra-se que o valor dos ''jornalões'' está em queda livre nos Estados Unidos. Com quedas de até 80% de seu preço de mercado. E que, de 1990 em diante, cerca de 25 por cento de todos os empregos na área do Jornalismo foram extintos. A imprensa brasileira sonha estar fazendo uma trajetória oposta, alardeando um suposto ''crescimento'' na tiragem dos jornais, mas, na verdade, boa parte dos números divulgados deve-se ao crescimento dos jornais gratuitos, como o ''Metro'' de São Paulo, ou daqueles ditos ''populares'', versões diminutas- em todos os sentidos- e baratas dos jornais tradicionais. Os preços variam de 25 centavos a 1 real. Seus leitores estão ''lendo'', assim como os leitores de certos ''best-sellers''. Nem por isto podemos falar em um fortalecimento da literatura, e muito menos do jornalismo impresso. Tudo isto, mostrado pelos próprios ''jornalões'', é muito incômodo, assustador. Mas não precisamos ir muito longe para constatar estes fatos. Tirando o diário esportivo ''Lance'', não costumamos ver adolescentes comprando jornais, ou com jornais nas mãos...

Cena bucólica, ao cair da tarde...

Hoje foi um dia banal, sem novidades. Sem descobertas, ou caminhos nunca percorridos. Tudo foi igual até um momento, no meio da tarde, em que saí para fazer compras em um supermercado próximo. Descendo as ruas dos Jardins, de repente senti ''aquele'' ventinho gostoso, de mudança de tempo. Nada excepcional. A previsão é que, neste fim-de-semana, a temperatura permaneça na mesma faixa, típica de outono- 24,25 graus. O ventinho não era frio. Não prenunciava uma noite de temperaturas baixas. Ele ''apenas'' deu aquela refrescada, um pequeno sinal de transformações potenciais em meio a uma realidade supostamente igual ao de ''sempre''. Gostosa recordação de tempos ancestrais em que, para nós, TUDO dependia do tempo, e nos quais adorávamos ''deuses'' como o sol e a lua...Este vento me empurrou, e não foi para baixo...Este fato foi o principal do meu dia. Que as coisas continuem assim, ''pequenas'', ''banais'' confrontadas com a realidade dos noticiários...

Já estamos em um futuro profetizado por alguém...

Sabe aqueles filmes de ficção científica estilo ''Blade Runner'', com as cidades sujas, poluídas, super-lotadas, divididas e muradas, e ainda caindo uma eterna chuvinha do céu? O gênero scifi sempre se notabilizou por buscar retratar um futuro que ainda não havia chegado. Exagerava-se as piores características do presente, como uma espécie de alerta para dias piores que poderiam vir. Pois hoje ''caiu a ficha'', e eu refleti- por breves instantes- que este futuro ''tenebroso'' já pode ter chegado. A estreita ligação entre automóveis e morte foi bem retratada por J.G. Ballard em sua obra ''Crash'', que posteriormente foi filmada. Hoje os automóveis, ao menos no Brasil, são muito mais que um meio de transporte. Mata-se cotidianamente- em brigas, atropelamentos, batidas, etc.- e, este ano, o suicídio de pessoas passou a assumir características perigosas: pessoas que viveram na ''contramão'' escolhem agora a contramão como meio para morrer. São 7 casos apenas nas estradas do Estado de São Paulo em cerca de 3 meses...É o suicídio ''espetacular, midiático''. Uma espécie de ''roleta russa'' sobre 4 rodas. Os suicidas, não referidos assim pela imprensa e pelas autoridades, para as quais tudo não passa de ''acidentes'', sonham não apenas com a própria morte- mas também com a possibilidade de levar outros consigo. Fracassam até em seus últimos projetos. Pelo menos 2 se chocaram contra carretas, cujos motoristas mal sentiram os efeitos do impacto...Outro dia, no Japão, um jovem escolheu uma movimentada região comercial do centro de Tóquio para atropelar diversas pessoas com uma caminhonete, além de esfaquear diversos dos passantes. Ele alegou que estava ''cansado da existência''. Alguém com certeza deve ter imaginado tudo isto, uma realidade em que estamos todos ''próximos'' uns dos outros- graças à Internet e aos meios de comunicação de massa- e, ao mesmo tempo, mais distantes do que nunca. Vários destes ''solitários doidões'', que sequer tem recursos para pagar um psicanalista para ouví-los, sonham neste momento com um ''grande gesto'' capaz de ''acabar com o seu sofrimento'', silencioso e ignorado pelos demais. Quem quer ''apenas'' morrer pode fazê-lo de diversas formas. Mas ao ''suicida midiático'' isto parece ''pouco''. Ele quer ''acertar as contas'' de preferência da maneira mais ruidosa e espetacular possível. Com platéia. Com direito a aparecer no ''You Tube''...Alguém, com certeza, deve ter antecipado este ''futuro'' em que vivemos. Alguém, com certeza, deve ter alertado para dias em que bandidos explodiriam Delegacias de Polícia. Em que os noticiários, mesmo na rede controlada pelos ''irmãos'' de uma igreja evangélica, mais pareceriam Teatros de Horrores. Aliás, neste canal ''espiritual'' parece que a ordem é mesmo mostrar os piores horrores, em novelas e noticiários, para que as pessoas se sintam estimuladas a encontrar algum ''alívio'' e ''segurança'' sob o teto da Igreja...O que poderia soar mais terrível do que um ''futuro'' como este? Nestas horas a gente quer mais é esquecer as ''previsões'' para um futuro quiçá ainda mais fatal que tudo isto. E, para isto, ao menos contamos com os filmes nos cinemas e TV's abertas e a cabo. Mas, por favor, não sugira que eu alugue uma fita de horror. Por ora estou cheio disto...

Ainda o celular...

Embora nunca tivesse possuído um aparelho celular, o uso do mesmo está se revelando muito mais fácil do que eu esperava. Sem precisar recorrer ao manual de instruções, já me vejo fotografando e fazendo muitas coisas- escolhendo papel de parede, etc. Até já ousei explicar á usuária de outro aparelho como o DELA funcionava...Devo isto à prática com o computador. O celular simplesmente imita algo com que estamos habituados na Internet: o uso de ícones para simbolizar funções. Então, simples como qualquer criança pode entender, basta clicar em uma câmera fotográfica para abrir o Menu de filmes( é, o meu até filma...)e fotos. Ontem até me animei a sair com ele, para tirar as minhas fotos pela cidade. Infelizmente, a bateria acabou pelo caminho, impedindo-me de tirar uma foto da Livraria Cultura do Conjunto Nacional...Tirar fotos é simples, e já está incorporado ao meu cotidiano de usuário de celular. Falta agora descobrir como TRANSFERIR as mesmas para o meu computador e, quiçá, para este blog. Este parece ser um longo caminho...Será?

Final de mais uma ''Onda Timão''

Nos últimos dias era possível sentir a eletricidade no ar. Em todos os lugares, mesmo, corintianos especulavam sobre uma possível ida para a Liberdadores da América- título que o clube jamais conquistou. Os mais animados, diziam inclusive estar reservando os ingressos para a ''final'' da Libertadores no ano que vem...E alardeavam ter ''40 milhões'' de torcedores, coisa que só o Flamengo, quiçá, pode alardear hoje em dia...Após o rebaixamento para a série B, e a não classificação para as finais do Paulistão, o Corínthians estava de volta, com toda força. Colunistas se precipitaram, fazendo um incrível paralelo entre o time do Parque São Jorge com o...Fluminense! Muitos diziam que o time estava jogando um futebol ''fantástico''. Eu dizia, cá com os meus botões, ''menos''. A campanha do ''timão'' não passou por nenhum adversário de peso, à exceção do sofrido Botafogo( logo após a perda de mais um título na final para o Flamengo...). Jogou com o São Caetano, um time da segundona. Enquanto isto, o Sport atropelou Internacional, Palmeiras(respectivamente campeões gaúcho e paulista), assim como o Vasco da Gama de Edmundo e cia. A euforia corintiana aumentou com o primeiro jogo da final da Copa do Brasil, quando o Sport equivocadamente jogou para empatar ou perder ''de pouco'', e quase botou tudo a perder. Foi salvo, após estar perdendo por 3 X O por um gol de Enílton no finalzinho. Ontem, na ''Ilha de Lost'' ou ''Bombonilha'', o Corínthians sentiu o quanto aquele golzinho fez diferença. Bastava ao Sport fazer 2 gols em casa, e não sofrer nenhum. O time pernambucano fez o seu papel, com folga. A equipe paulista só ''acordou'' e partiu para o jogo na segunda etapa, quando já estava perdendo por 2 gols de diferença. A inoperância de seu ataque, e do argentino Herrera, lembrou aquele grupo que foi rebaixado para a Série B no final do ano passado, e que era dirigido pelo mesmo Nelsinho Batista que hoje treina o Sport...A derrota foi inapelável. A festa ensaiada pela Fiel ''ficou para as cucuias''. Ontem, só quem comemorou gols em São Paulo foi a torcida...dos adversários do Corínthians. Timidamente, alguns foram para as janelas gritar contra os corintianos, ouvimos fogos e alguns buzinaços e só. Para nossa felicidade, além de ver um adversário cair inapelavelmente- pondo fim a uma perigosa ascensão- ainda tivemos uma das noites mais tranqüilas dos últimos tempos...O Corínthians não é, definitivamente, o Fluminense...

quarta-feira, 11 de junho de 2008

A escolha de Obama

O maior risco na escolha de Obama pelos democratas não é sequer o pouco que conhecemos sobre sua vida e suas propostas. É o fato de que Obama- um candidato que não tem adeptos , mas sim FÃS, na imprensa brasileira inclusive- tem um apoio muito maior fora que dentro dos Estados Unidos...O mundo inteiro se identifica com a origem simples do candidato, com sua imagem, porém as pesquisas norte-americanas mostram que sua diferença para McCain não passa da casa dos 5/6 pontos. Ou seja, internamente Obama ainda não ''decolou''. E o jogo sujo dos republicanos, que irão vasculhar os ''podres'' de Obama de modo ainda mais incisivo que os Clinton jamais poderiam imaginar, sequer começou de verdade...Nosso prognóstico é que esta será uma das eleições mais disputadas, e sujas, de todos os tempos. Será algo no estilo Kennedy X Nixon. Decidida por uns 2 pontos de diferença...A favor de Obama a juventude e a disposição para enfrentar os adversários em todos os estados, fato que o ajudou decisivamente a derrotar Hillary. Obama também não tem a imagem desgastada de um político profissional, o que o ajuda especialmente na hora de receber doações de milhões de eleitores- muitos dos quais já haviam desistido inclusive de votar nas viciadas eleições americanas. Enfim, escolhido candidato democrata Obama tem agora a nossa ''torcida''. O que não quer dizer que fecharemos os olhos para eventuais erros de campanha e de um virtual Governo Obama. O apoiamos por ser o candidato democrata que pode por fim aos desastrosos anos Bush. Deixemos aos jornalistas brasileiros, entre eles os Sérgios ( Augusto, do Estadão, e D'Ávila, da Folha)e o americano-''brasileiro'' Matthew Shirts, o papel de ''fãs'' incondicionais. E preparemo-nos para o ''tsunami'' que será a próxima eleição presidencial norte-americana...

terça-feira, 10 de junho de 2008

Incômoda prática: os ''chiqueirinhos'' nos estádios de futebol...

Claro que você quer mais que o outro time se dane mesmo. Que seja massacrado. Mas dentro de campo. O que está se generalizando, na acomodação das torcidas adversárias em estádios de futebol, vai além do mínimo de civilidade. Nós últimos 2 jogos do Corínthians na Copa do Brasil, em um estádio com capacidade para 70 mil pessoas como é o Morumbi, as torcidas adversárias- de Botafogo e Sport- foram ''agraciadas'' com cerca de...mil ingressos...Dizem que há uma tentativa de regulamentação por parte da CBF, e que as duas equipes acima referidas ''não comunicaram ao órgão superior do futebol brasileiro com 3 dias de antecedência'', etc. Conversa fiada! O torcedor das equipes visitantes é sempre maltratado nos estádios de futebol, e obrigado a ocupar os piores lugares. Sua presença é ''pro forma'', uma vez que é difícil quantificar quanto representam 1000 torcedores em 65 mil. Isto está se generalizando, e é aceito por todos como uma forma de ''evitar brigas entre torcedores de times rivais''. Assim, um Atletiba normal tem 30 mil torcedores do Coritiba, no Couto Pereira, contra 2 mil atleticanos. Um Figueirense X Avaí tem casa cheia de torcedores do Figueirense, e cerca de mil torcedores do Avaí- que mal conseguem se fazer notar( a não ser que o seu time ganhe...). No Parque Antártica, estádio do Palmeiras, as torcidas rivais são colocadas em um lugar fora do anel das arquibancadas. Não é nem atrás de um dos gols...Em nome da ''segurança'' ou do que quer que seja, generalizam-se os jogos ''de uma torcida só''. Apenas o Maracanã e o Mineirão, para falarmos dos grandes centros futebolísticos nacionais, comportam finais de campeonato com divisões equânimes de ingressos para as duas torcidas dos times finalistas. Toda esta prática dos ''chiqueirinhos'' me parece odiosa, fascista. Agora, na final da Copa do Brasil, uma das equipes praticantes desta conduta anti-desportiva vai colher o resultado do que plantou: jogará a segunda partida em Recife e, ''como de praxe'', receberá meros...2 mil ingressos...A maior torcida de São Paulo terá de contentar-se com 2 mil ingressos em uma decisão de campeonato...Este é o retrato de uma prática odiosa, disseminada por todos os lados. Não sei sequer se ''disciplinar'' a questão garantindo um mínimo de 10% dos ingressos para os visitantes significaria muita coisa. Tratar as ''visitas'' deste modo, em qualquer outro sentido que não seja o do futebol, ah, isto significa muita coisa...

Perto e longe do mar...

Quando menino, eu era viciado em mar. A ponto de passar horas dentro d'água, sem entender porque todos aqueles adultos se contentavam em apenas ficar na areia- tomando sol/conversando/lendo, etc. Eu nasci longe do mar, no Planalto Central, e por este motivo contava os dias e as horas para, enfim, poder voltar a ''pular'' as ondas, ''pegar jacaré'', construir os meus castelos na areia, caminhar por quilômetros à beira-mar, sem sequer pensar em cansaço. Hoje eu moro não à beira-mar, mas muito mais próximo do mesmo do que jamais em minha vida. Basta um pequeno ''pulo'' de cerca de uma hora- aumentada para pelo menos 5 horas nos feriados- para poder botar os meus pés na areia. No último fim-de-semana o convite apareceu e eu, para minha própria surpresa, rejeitei a idéia com veemência. Mesmo morando em São Paulo, o que para qualquer ser humano ''normal'' já seria pretexto para sonhar com uma mudança de ares, a idéia de passar um fim-de-semana inteiro à beira-mar me pareceu um ''desperdício''. Aqui eu tinha muito mais coisas ''interessantes'' a fazer.Um almoço gostoso aqui, outro filme legal ali, uma passadinha em uma livraria, lanche em um café, jantar em uma boa lanchonete... É, adulto eu estou ''dando as costas'' para o mar. Como todos aqueles adultos que, para meu horror, faziam isto quando eu era menino...Mesmo quando chega o final do ano, e eu faço meus programas à beira-mar, ou quando consigo dar uma ''escapadinha'' para visitar a Cidade Maravilhosa, mesmo lá o mar parece distante, ''inconquistável''. Lá, podendo me esbaldar, mergulhar, passar horas dentro d'água como fazia quando era menino, eu me junto a todos aqueles adultos que passeiam pelo calçadão das praias da Zona Sul. Até mesmo entro por aquelas ruas todas de Ipanema e do Leblon, em busca de outras atrações como Casas de Suco, Livrarias e Restaurantes, e acabo me contentando com a proximidade do mar, com aquele ventinho gostoso que compensa o fato de estarmos em uma cidade onde a temperatura média se aproxima dos 40 graus...No Rio, para surpresa dos meus conhecidos, eu não me queixo de calor...Mas o que estávamos falando é como alguém, que era ''viciado'' em entrar no mar, em tomar banho de mar, acaba virando mais um adulto para o qual o mar é mais uma ''vista'' qualquer- e que vista!- do que uma necessidade visceral. No que se refere ao mar isto é inegável: minha relação hoje em dia é muito mais de ''voyer'' do que de participante ativo...Nestas horas é de se indagar mesmo se toda a nossa ''grandeza''- todos os nossos aparelhos tecnológicos, automóveis, televisores, shopping centers, celulares- se tudo isto não está mesmo nos levando a uma loucura coletiva, a um estado de alucinação generalizado em que pensamos que somos maiores do que as ''pequenas'' coisas da natureza( como o sol, o mar, os pássaros cantando, os rios, etc.). Não somos...Neste último final-de-semana eu pude ir ao mar e não fui. Isto é mais do que uma ''pequena decisão''. Há muito mais implícito neste gesto do que eu possa imaginar. Melhor parar este ''post'' por aqui, porque tudo o mais que eu tentar explicar poderá ser utilizado contra mim mesmo...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Melhores momentos de ''A Chinesa''

A musiquinha engraçada, como o refrão ''Mao, Mao''. A pilha de pequenos ''Livros Vermelhos'', de capa vermelha claro, espalhada no centro da sala. O ''teatro revolucionário'', em que eles simbolizaram a situação do Vietnã, à época: pequenos aviões davam voltas em torno de uma jovem que simbolizava aquela nação asiática, emquanto ela berrava por socorro( - ''socorro, messiê Kossiguin!"). A ''ginástica revolucionária'': ginástica mais slogans revolucionários a cada movimento...

domingo, 8 de junho de 2008

Ecos de 1968- ''A Chinesa''

Desde o início do ano a cidade de São Paulo vem sendo tomada por eventos relativos ao ano de 1968. O CCBB realizou uma mostra de filmes e exposição sobre Guy Debord. Estava prevista uma passeata pelo centro da cidade para finalizar a Mostra. Há umas duas semanas, estive no Sesc/Pompéia- que não conhecia ainda- para assistir uma Mostra sobre a Contracultura. Com direito a filmes sobre os ''Panteras Negras'' e os Weathermen ( organização terrorista norte-americana formada por ex-membros da SDS- Students for a Democratic Society- grupo que liderou os principais protestos contra a Guerra do Vietnã e as ocupações das principais Universidades naquela época ). Diante do método utilizado para destruir os Black Panthers, até entendo porque o Obama faz tanto questão de bancar o estilo ''certinho'': a Polícia descobria onde estavam os líderes, e metralhava a casa inteira. A versão oficial era que ''houve resistência''...Mas toda esta ''Onda 1968'' não chegou aos livros. Pode-se dizer, ao contrário, que não há um grande livro publicado no Brasil sobre Maio de 1968. As editoras ''requentaram'' o livro de Zuenir Ventura, publicaram um ou outro livro estrangeiro, mas a ''grande obra''- indispensável- não deu as caras por aqui. ''Sociedade do Espetáculo'', de Guy Debord, ajuda a entender aquela época, mas não é específico sobre os acontecimentos de Maio na França. Aliás, para que alguém possa dizer que ''participou ativamente'' do Maio de 68, aqui ou lá fora, deve ter hoje em dia pelo menos 60 anos...Não é o meu caso. O ''meu Maio de 68'' eu curti por alguns livros. Há um especial, pequeno, se não me engano de Olgária Matos, da Editora Brasiliense, legal por mostrar vários dos ''slogans'' da época. Mas não ter vivido algo nunca nos impediu de desfrutar esta coisa. A esquerda marxista até hoje enche a boca para falar da Revolução Russa de 1917. Os ''beatniks'' até hoje são ''hot'', tantos anos após a morte de Jack Kerouac...Enfim, na busca por algo que me desse uma boa visão da época, de 1968, eu cruzei ontem a cidade. Estava passando um filme de Godard na Cinemateca, na Vila Mariana. Mas eu almocei em Higienópolis, indo depois para a região da Pompéia. O que me obrigou a pegar um metrô na Barra Funda, passando pela estação da Sé, e depois indo para a Vila Mariana- coisa de uns 40 minutos. O filme iria passar às 6 da tarde de sábado, grátis, em uma mostra de filmes sobre 68. Eu já havia assistido ''A Chinesa'' antes, há cerca de 15 ou 20 anos, na Cultura Inglesa de Brasília. Lembrava-me apenas das imagens fortes, com muito vermelho. Impactante, visualmente falando. Mas, qual não foi a minha surpresa ao constatar que a obra- que eu desejava ardentemente adquirir em DVD- está inevitavelmente DATADA. Como é maçante assistir todos aqueles personagens brandindo ''slogans'' revolucionários em uma comuna maoísta no ano de 67. O filme, que eu ligava aos acontecimentos de Maio de 1968, é, na verdade, o ''Anti-Maio'': não há ação, os personagens assistem aulas chatíssimas de marxismo-leninismo, ''A Internacional'' toca o tempo todo para eles, até na hora de dormir, as relações internas acabam sendo o elemento de maior dinamismo da obra. É nelas que vamos percebendo que algo está errado, está se fragmentando. Há a cena cômica de uma garota que dá o ''fora'' no namorado inesperadamente, colocando uma música ao fundo(para mostrar que é possível ''fazer duas coisas ao mesmo tempo''!!???), um membro que manifesta simpatia pelo ''reformista'' Partido Comunista Francês( PCF)- justamente o maior inimigo dos membros da ''Comuna''...um racha na hora de implementar uma linha pró- Luta Armada. O irônico de tudo isto é que, enquanto os estudantes e intelectuais franceses se abriam para as idéias e propostas de Mao, na China o próprio Mao- em luta contra a posição majoritária do Comitê Central do Partido Comunista Chinês- se apoiava nos jovens ''Guardas Vermelhos'' para triunfar. E o que faziam estes jovens ''braços armados'' do Maoísmo? O mesmo que foi feito depois no Camboja e no Vietnã: invasão de Universidades e tortura de professores e intelectuais, e envio dos mais recalcitrantes para ''campos de reeducação'' bem distantes. Uma jovem personagem de ''A Chinesa'' compara hotéis do ''Club Mediterranée'' aos campos de concentração nazistas da Segunda Guerra. E prega, pasmem, que se atire bombas sobre a Sorbonne e outras Faculdades francesas! Enfim, é tudo muito verborrágico- bem ao estilo francês, e da esquerda em geral. Fala-se muito, mas fazer, que é bom, nada. Bom retrato de uma época, e talvez de alguns grupos que participaram de Maio de 68, mas DATADO. E maçante. Interrompido umas 3 vezes para trocar o rolo de filme...Em uma destas interrupções, duas sortudas espectadoras de mais idade ''aproveitaram'' o momento para dar uma ''escapada'' daquilo...O filme é imprescindível para jovens aspirantes a cineasta, e talvez a platéia fosse composta em sua maioria por pessoas desta categoria. A reação à obra foi pífia: uma risadinha aqui e ali, sem empolgação ou aplausos ao final. Não foi desta vez, nem nos longos ''Amantes Constantes'' e outros filmes que procuraram retratar aquela época, que se fez um bom balanço de Maio de 68. Talvez nunca seja feito: ao contrário das demais ''revoluções'', a de 1968 é uma obra em aberto- e continua, como nunca, a influenciar a nossa época. Mesmo que seja por antítese...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Grazi

Nunca achei a menor graça nos programas do estilo do ''Big Brother''. Não vejo a menor graça em ver pessoas comuns, que SABEM que estão sendo filmadas. Talvez seja oriunda desta minha antipatia a atitude que tomei em relação à figura de Grazi Massafera. Enquanto todos louvavam a beleza e o talento desta jovem paranaense, eu ficava incrédulo e, pior, ainda manifestava em público o meu ceticismo- o que me garantiu calorosas discussões em público com suas fãs...Para mim a moça não era diferente destas pretensiosas vendedoras de butique ou lojas de grife. Era bonitinha, como são bonitinhas várias secretárias ou atendentes de consultório ( nada contra estas nobres profissões: o que quero ressaltar é que a beleza feminina, no Brasil, é algo abundante; para se destacar, nesta área, tem de ser acima da média...). Continuo achando isto. Porém, à medida em que passei a ver a imagem de Grazi na TV, em anúncios, em revistas, confesso que a minha atração pela figura foi crescendo. E muito. Famosa, o que era comum passou a colonizar os meus pensamentos. Hoje admito que, se a visse passando pela rua, certamente eu iria parar para admirá-la. E não só: assistindo ontem à noite ao programa ''Casos e Acasos'', na TV Globo, eu fiquei igualmente pasmo e indignado, como a imensa maioria dos telespectadores do sexo masculino deve ter ficado, com o personagem que, fazendo um favor a um amigo, abriga a Grazi ( o nome da personagem dela também era este...que engraçado...)em seu apartamento e não tenta nada. A moça o tempo todo soprando no ouvido do cara que eu e o fulano ''somos apenas amigos'', ela pedindo para se secar da chuva que faz lá fora, a luz que cai providencialmente, e o sujeito ali se mordendo para não atacar a menina...Depois, na manhã seguinte, o próprio amigo pergunta por que diabos o cara não ''caiu matando''...O amigo já estava com outra... A conclusão deste post é que, assistindo esta estória, eu também estava- como todo mundo- ''babando'' ao ver a sombra da Grazi tomando banho. O comum, ''famoso'', torna-se belo e atraente. Mesmo sem ter jamais assistido o ''Big Brother'', e nem pretendendo fazê-lo em um futuro próximo, a minha nova reação à figura da Grazi já mostra porque estes programas fazem tanto sucesso...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Vitória Maiúscula e merecida, com ''cara de campeão''

O placar até engana- 3 X 1- mas o jogo foi uma BATALHA. Apesar de ter vários jogadores habilidosos- Dodô, Washington, Conca, Thiago Neves, Thiago Silva, Gabriel- o Fluminense caracterizou-se, nesta disputa da Libertadores, por sua flexibilidade, e por jamais ''baixar a cabeça'' para os adversários, mesmo após sofrer um gol. Foi assim contra o São Paulo, o confronto de duas escolas. Um futebol com resquícios do ''futebol-arte'', ofensivo, com dois alas bem abertos, com vários craques, contra um time competitivo e batalhador, com espírito de equipe. O Fluminense, contra todas as expectativas, passou merecidamente pelo São Paulo. Agora, contra o Boca, o adversário foi ainda mais ''encardido''. O Boca não bate. Os dois jogos, aqui e em Buenos Aires, tiveram pouquíssimas faltas. Mas luta o tempo inteiro. Ontem, em pleno Maracanã, praticamente só deu Boca Juniors no primeiro tempo. O Fluminense parecia jogar pelo resultado que o favorecia- empate por O X 0 ou 1 X 1. Diversos jogadores tricolores admitiram, ao descer para os vestiários, que o time precisava ''jogar mais bola'' para vencer. E emoções, além de futebol, não faltaram no segundo tempo. O Boca ''colaborou'' para acordar o time do Fluminense. Fez o primeiro gol. E, tal como nos jogos contra o São Paulo e contra o Boca em Buenos Aires, o Fluminense não se entregou e fez um gol logo a seguir. Washington, de falta. Pressão total do Boca. O Flu encolhe. Então, como em um passe de mágica, e uma prova de que a sorte costuma favorecer os campeões, Conca chuta uma bola despretensiosa. A bola bate em um defensor argentino, e é o segundo gol do Fluminense. Desde o início, o jogo é raçudo. Os dois times dão tudo pela vitória. O resultado é imprevisível. O clima é de tensão, eletricidade. Até que ele entra, e decide mais um jogo. O ''artilheiro dos gols bonitos'': Dodô. A graça do futebol é que nem sempre o melhor vence. É nisto que se fiam os times mais fracos: um golpe de sorte aqui e ali, e a ''zebrinha'' pinta outra vez na área...Porém, e este é o lado mais belo do nobre esporte bretão, há dias em que o vencedor é, de fato, a melhor equipe. A que tem a melhor campanha, o conjunto mais forte, mais harmônico, mais centrado, os melhores jogadores, e ainda jogando em casa para uma multidão de 80 mil pessoas. Que empatou na casa do adversário e, em casa, venceu pelo largo placar de 3 X 1 ( coincidentemente, o mesmo placar da vitória sobre o tricolor paulista...)A noite é do Flu, o time que os argentinos ''não conheciam'', ou fingiam desconhecer. Agora nem na Libertadores, após 43 anos de ''freguesia'' dos times brasileiros, os ''hermanos'' prevalecem mais. As palavras finais são de Renato Gaúcho: ''Prazer. Este é o Fluminense''...

Estórias...

(...)''No outro dia eu estava vendo um desenho animado. Snoopy está dançando, realmente enlouquecendo, totalmente feliz, em samádi. E a Lucy olha para ele e diz: ''Pare com isto! Pare com isto! O mundo está em grande miséria. Você não pode ver que as pessoas estão sofrendo? Como você pode estar tão contente quando o mundo está em tal inferno?'' Há uma grande condenação nos olhos dela. Por um segundo, até o Snoopy para. E a Lucy diz: ''Você não está ciente, seu estúpido? Você não está ciente do que está acontecendo no mundo? É este o momento de dançar de um jeito tão completo e estúpido?" Snoopy diz: ''Mas minhas pernas estão se sentindo muito, muito felizes, e eu estou realmente desfrutando a dança. E agradeço a Deus por ser alguém tão ignorante''. E começa a dançar novamente(...)''. ( Extraído de ''A Revolução: Conversas sobre Kabir'', de Osho/Rajneesh) Outra estória, do mesmo livro: ''Havia um escritor que submeteu ao Reader's Digest ( a nossa Seleções )uma estória intitulada: ''O dia em que conheci um urso pardo nos grandes bosques do norte''. ''A estória é boa'', disseram os editores da revista, ''mas o título precisa de mais animação''. Então o escritor tentou novamente. Dessa vez ele intitulou a estória: ''Como minha vida mudou no dia em que conheci um urso pardo nos grandes bosques do norte''. ''Você está na trilha certa'', disseram os editores. ''Tente de novo''. O escritor, exasperado, escreveu então: ''Como encontrei Deus no dia em que conheci um urso pardo nos grandes bosques do norte''. Mas os editores ainda não estavam satisfeitos e a estória permaneceu inédita até que o escritor, algumas semanas depois, submeteu-a novamente sob o título: ''O dia em que transei com um urso pardo e encontrei Deus nos grandes bosques do norte''...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Do Eu ( ''doeu''?)

Não há nada mais egocêntrico do que uma pessoa realizadora. Ela não se escuda atrás de desculpas, ou do comportamento dos outros. Para ela, explicando a sua trajetória de sucesso, tudo é ''eu''. ''Eu fiz assim, eu fiz assado''. Todos nós nascemos com um ego gigantesco. Nada mais egocêntrico do que aquela ''doce e inocente'' criancinha, que inferniza dia e noite os seus pais em busca de atenção. Veja se ela está ''preocupada'' com o bem-estar e com os interesses de seus genitores...Ela quer ser amada, bem tratada, atendida como um senhor. As crianças de hoje, em especial nos lares de classe média para cima, ORDENAM mesmo. Elas DITAM o que querem e, caso seus pais caiam na armadilha da negação, elas CHORAM e BERRAM em público- que é onde nós nos sentimos mais constrangidos...O ''tratamento'' para o nosso egocentrismo é bem conhecido: ouvimos durante anos, da infância à adolescência, milhares de ''NÃOS''. Se o ''massacre'' for bem-sucedido, nos tornaremos adultos sem força. ''Bem-educados'', ''bonzinhos'', o orgulho da mamãe, do papai, da titia, dos avós. Em suma, neuróticos. E seremos bons criadores de novos escravos: mesmo tendo jurado que não imitaríamos jamais nossos pais, subitamente estaremos duelando com nossos filhos, berrando intermináveis ''nãos'' e suas diversas justificativas: ''não é o momento'', ''não é adequado'', ''não quero que você faça isto'', ''isto não é coisa que um bom filho/a faça''. A estória dos fracos, das pessoas enfraquecidas em seus egos, é uma estória de rancor. Do EU bem grande de nossas infâncias passamos para o ELES proferido com raiva. ''Porque ELES não estão preocupados com o interesse do povo'', ''porque ELES são todos uns corruptos e safados''. Quem diz ''ELES'' ao invés de ''EU'' é fraco: da voz ativa da infância passamos todos para a voz passiva da irresponsabilidade coletiva. ''EU FAÇO'', ''EU DECIDI'', ''EU QUERO'' é forte, indica vontade própria. ''ELES'' não querem saber de nada é a tentativa de atribuir a um terceiro, mais forte que nós, a decisão sobre o nosso destino. Passando para o ''ELES'', para o universo da Culpa, da mágoa, do ressentimento, nós praticamente abandonamos aquele ''EU'' tão forte da nossa infância. Tudo vira ''culpa'' dos outros. Dos pais, dos vizinhos, dos políticos, do marido/esposa, dos filhos, do patrão, do Universo, até mesmo de Deus...O aprender, na nossa maturidade, acaba tendo de ser um processo oposto: das certezas que ''nos foram impostas''( ou melhor, na voz ativa: as certezas que ''nós permitimos que entrassem em nossas consciências...'')temos de nos livrar, em um processo contínuo de esvaziamento. Esvaziamos os ''outros'' e reforçamos gradualmente aquele velho ''euzinho'' de nossas infâncias, já tão esquecido. Um EU amadurecido, que já não necessita da colaboração dos demais para ser feliz nem para satisfazer as próprias necessidades. E aí, contando as nossas próprias estórias, a nossa trajetória de vida, diremos com um ar de travessura: ''EU queria isto, aquilo, aquela/aquele e FUI ATRÁS, arcando com todas as conseqüências''. ''Sofri muito, mas EU CONSEGUI- ou não consegui, mas eu tentei, EU FIZ tudo o que podia, estava ao meu alcance''. Só nós somos responsáveis, no final de contas, por nossas vidas. Já é um peso muito grande carregar a responsabilidade por nossa própria existência- que dirá se quisermos colocar a dos demais sobre os nossos ombros já tão calejados...Se todos nós estivéssemos ocupados em progredir e melhorar em todos os aspectos, como TAREFA PRINCIPAL de nossas vidas, isto já seria muita coisa, muita mesmo...Quem não quiser assim, que tome conta ''deles''...

Sexo ou Futebol?

O brasileiro é apaixonado por futebol, e não é de hoje. O futebol, para os homens em sua quase totalidade, é muito mais do que um esporte. Ele define a nossa identidade. Pegue uma segunda-feira após um clássico local. Pela cidade inteira ouvimos um constante ''zun-zun-zun'' sobre a peleja. Nos bares, no transporte público, nos escritórios, na portaria dos edifícios, nas bancas de jornal, nas obras, todos estão comentando sobre a partida. Vá a um estádio, e você terá uma forma de identidade. A sua identidade é dada pelo grupo. Em uma multidão de torcedores do seu time você se sente acolhido, seguro, ( salvo se for entre flamenguistas, que já vi brigarem entre si...). Fora dali, nas rodinhas, o seu time é a sua identidade- ele te individualiza, personifica. Na portaria do meu prédio, eu sou o ''são-paulino''. Nós todos nos conhecemos pelos nomes. Mas a graça é chamar o outro de ''botafoguense'', ''palmeirense'', ''corintiano''. Na minha banca de jornal predileta também sou conhecido como ''são-paulino''. Há um funcionário palmeirense, outro são-paulino, e o dono é santista. Ele acha graça quando digo que ''não basta que o meu time ganhe: é preciso, para que minha alegria seja completa, que o Corínthians perca também...'' Não basta mesmo torcer só pelo nosso time: no último jogo do Corínthians contra o Botafogo ouvi um grande coro de ''goooool'' nas imediações de meu apartamento na hora do gol do Botafogo. Claro que o Botafogo não tem uma torcida significativa em São Paulo: aquele era o somatório das vozes de santistas, palmeirenses e são-paulinos- inclusive este que vos fala- todos ''secando'' a imensa nação corintiana. Na hora do gol ''deles'' também foi uma festa só, mas apenas dos corintianos...Os adversários também ''secaram'' o São Paulo contra o Fluminense e, em plena meia-noite de quarta para quinta-feira, ouvia-se os rojões dos adversários dos tricolores paulistas festejando alegremente a vitória do Tricolor das Laranjeiras...Como estamos vendo, o futebol não é apenas um esporte qualquer no Brasil. Ele é a nossa vida, a razão de nossas existências, de boa parte de nossas alegrias e tristezas. Em função disto é que passo a analisar a pesquisa que apontou que, para os britânicos, futebol é mais importante que sexo. Antes que alguém diga que ''estes ingleses não são de nada mesmo, e as próprias mulheres inglesas disseram que para elas o sexo estava em SÉTIMO LUGAR após chocolate e várias outras coisas'', vejam bem: a resposta padrão, ''normal'' para uma pergunta como esta é ''claro que o sexo vem em primeiro lugar''. Eu ''nunca iria trocar uma noitada com uma gata para ver um bando de marmanjos em trajes minúsculos correndo atrás de uma bola''. Você, ao pensar em responder algo do gênero, já está ''jogando para a platéia''. Quer dar uma de ''macho'', dizer- como todo bom dependente- que ''quando eu quiser parar eu posso''. A resposta normal é esta mesmo, você está coberto de razão. Mas a vida não nos coloca em situações ''normais'' e ''confortáveis''. Vamos complicar a pergunta: digamos que seja uma final de campeonato estadual( um Atletiba, um Flaflu, um Inter X Grêmio, um Atlético X Cruzeiro), e que o SEU time esteja disputando esta final. Complicado, não? Vamos apertar. Já que o Brasileirão, pelo sistema de pontos corridos, não tem mais uma ''final'' como as de antigamente, pensemos então na Libertadores. Você torce para o Fluminense. Justamente HOJE À NOITE, dia da grande partida da semi-final contra o Boca Juniors, e na HORA DO JOGO, a Juliana Paes( ou a Giselle Bündchen, ou a Ana Paula Arósio, ou a sua vizinha, secretária ou mesmo a sua namorada- dependendo de como anda o namoro...) resolve dar uma ''incerta'' na sua casa...Mesmo que você responda ''claro que eu vou ficar com a mulher, f...o jogo'', tenho a certeza quase absoluta que, na hora H, você estará pensando no jogo! Você lá, no meio da transa, ouvindo os gritos de ''nense'' ( fosse outro o jogo, ''mengo'', ''vasco'', ''São Paulo'', etc.): hája concentração para continuar até o final. Louvo a sua força de vontade se você, na sua resposta, disser que vai até o fim. Larga a final do estadual, da Libertadores, do Mundial em Yokohama em prol de uma ''rapidinha''...Toda pergunta merece uma resposta contextualizada. ''Depende'' diriam os profissionais do Direito, com toda razão. Se você for sincero constatará que, em determinadas ocasiões, até mesmo o sexo perderá para um bom jogo de futebol. Pois, para quem gosta, uma partida de futebol nunca é APENAS uma partida de futebol. Ela influenciará o seu humor durante a semana inteira de um modo tão completo que talvez nem uma boa transa consiga ser páreo. Se você não filmar o sexo, terá de se fiar apenas no valor de sua palavra que, convenhamos, neste quesito não é dos maiores. Todos tendemos a exagerar nesta área... Mas, gravando ou não gravando o jogo, caso o seu time seja vencedor, no dia seguinte- ao vestir o ''manto sagrado'' do seu clube- você será o REI. Seus conhecidos ou não que torcem para os rivais estarão todos se mordendo de inveja e rancor...Vale trocar este sentimento por uma noite de sexo? Aliás, alguém em sãs condições ousaria comparar estes dois prazeres tão grandes? Isto só poderia mesmo dar uma boa piada, uma pesquisa e um texto no blog...