Acabei de ler, com certo atraso, duas das profecias mais terríveis sobre o futuro da imprensa e da literatura já feitas. A primeira foi em uma entrevista com o escritor norte-americano Norman Mailer. Segundo ele no futuro, em cerca de 20 anos, os ''leitores'' serão um grupo ainda mais restrito. Como hoje são os adeptos de música clássica...A leitura como uma prática de uma seita, um grupo minúsculo. Algo no estilo ''Farenheit'', com a diferença em que, naquela obra, a leitura era proibida. Uma iniciativa do gênero, hoje em dia, seria ridícula e desnecessária. A leitura já é algo ''secundário'' na vida de muita gente. E, no entanto, escreve-se como nunca...O segundo prognóstico aterrador foi feito em um especial sobre o futuro da imprensa publicado no caderno ''Mais'', da Folha de São Paulo. Nele, na verdade uma tradução de um texto publicado na revista ''New Yorker'', mostra-se que o valor dos ''jornalões'' está em queda livre nos Estados Unidos. Com quedas de até 80% de seu preço de mercado. E que, de 1990 em diante, cerca de 25 por cento de todos os empregos na área do Jornalismo foram extintos. A imprensa brasileira sonha estar fazendo uma trajetória oposta, alardeando um suposto ''crescimento'' na tiragem dos jornais, mas, na verdade, boa parte dos números divulgados deve-se ao crescimento dos jornais gratuitos, como o ''Metro'' de São Paulo, ou daqueles ditos ''populares'', versões diminutas- em todos os sentidos- e baratas dos jornais tradicionais. Os preços variam de 25 centavos a 1 real. Seus leitores estão ''lendo'', assim como os leitores de certos ''best-sellers''. Nem por isto podemos falar em um fortalecimento da literatura, e muito menos do jornalismo impresso. Tudo isto, mostrado pelos próprios ''jornalões'', é muito incômodo, assustador. Mas não precisamos ir muito longe para constatar estes fatos. Tirando o diário esportivo ''Lance'', não costumamos ver adolescentes comprando jornais, ou com jornais nas mãos...
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