sábado, 7 de abril de 2012

O que é mesmo aquele ônibus vermelho que vemos por todas as partes em Santiago?

As fotos que ilustram este post possuem algo em comum: todas elas foram tiradas não do nível da rua, e sim do segundo andar de um ônibus.
E este ônibus- o ''Turistik''- possui algo especial: ele percorre, em uma hora e meia, os principais pontos turísticos da capital chilena...
Nós o pegamos no Mercado Municipal. E não é difícil identificar os seus potenciais usuários, numa ''tórrida'' tarde de verão: são todos aqueles com ''pinta de turistas'', que buscam ''refugiar-se'' à sombra de uma das raras árvores daquela região...
Ao contrário, porém, do Linha Turismo, que percorre os principais pontos de Curitiba, não se paga a passagem a bordo, o que pode gerar um pequeno constrangimento...
Os bilhetes- $19.000 cada, ou U$39,50, ou R$61,00, a cotações de fevereiro/2012- são eletrônicos, e dão direito a um dia completo de uso( sem contar vantagens como a possibilidade de visitar Museus sem pagar ingresso, já incluído no valor acima descrito...).
Mas devem ser adquiridos ANTES de subirmos a bordo...
A moça só confere eletronicamente cada bilhete...
Menos mal que os ''esquecidos'' como nós podem corrigir o seu erro no caminho: há uma parada, em Providencia, onde podemos descer para adquirir os mesmos...
Desfeito o mal-entendido, é curtir o restante do passeio...
Bom mas, se conhecemos pessoalmente boa parte do percurso- incluindo o bairro ''El Golf'', a Avenida Isidora Goynechea, a Alonso de Córdova, o bairro de Providencia, o Shopping Parque Arauco, uma das principais paradas- então qual é o sentido de fazer este passeio?
Digamos que, se você tem pouco tempo para ficar em Santiago- uns dois dias, mais ou menos- esta é uma maneira sintética de ficar a par dos principais pontos turísticos da cidade...
Eu, particularmente, gostaria imensamente de ver a Cordilheira dos Andes coberta de neve...
Só poderei fazê-lo em outra oportunidade, claro...
Uma desculpa a mais para voltar a Santiago...
Quanto ''sacrifício''...
Alcnol.

Expressões Curitibanas: o ''daí''...

À primeira vista, o sotaque curitibano não é tão identificável quanto o de outras localidades.
O ''chiado'' de cariocas e paraenses( ''maish'', ao invés de mais), os ''bahs'' e ''nés'' dos gaúchos, o ''não estou entende-indo'' dos paulistanos, todas estas são expressões pelas quais podemos ''classificá-los'' a metros de distância...
Curitibano que é curitibano, vá lá, usa o tradicional ''LeitE QuentE''( leitê quentê). Mas outras localidades paranaenses também o usam. Outro dia deparei com uma senhora de Sorocaba-SP que falava assim. Mas com uma razão: o marido é curitibano...
Não sendo o seu sotaque de fácil identificação, e não tendo o Paraná fortes rompantes bairristas, saltou-me aos olhos( melhor dizer ''aos ouvidos'')em um ''approach'' inicial o uso frequente da expressão ''DAÍ''.
Na conversa de um curitibano é possível ouvir ''daís'' a todo momento, em um uso que, confesso, pode ser inicialmente desconfortável para quem ouve...
Não, não exagero quando digo que os curitibanos usam o daí ''a torto e a direito''.
Vejamos alguns destes possíveis usos:
1- ''Daí'' como uma saudação, um início de conversa.
''Daí João, como estás?''.
Soa meio diferente, se pensarmos no ''daí'' como tradicionalmente é empregado: como um conector de frases.
''Daí'', como então, logo, etc...
2- Este pode ser considerado o segundo uso da expressão pelos curitibanos.
''Fui à casa dela; daí, nos fomos ao cinema juntos''.
Que dizer, porém, de um improvável ''daí'' como conclusão de uma conversa?
Este é o uso 3, o qual dificilmente veremos alguém além de um curitibano ''de quatro costados''( ''da gema'')empregar...
''Viajamos para Florianópolis, DAÍ''...
Diante destas expressões um tanto exóticas, que contrariam um pouco a visão que temos dos curitibanos como seres ''fechados'' e que não gostam de chamar a atenção, podemos nos indagar de onde surgiram tais expressões.
Como a cidade é uma mistura de diversas nacionalidades- alemães, ucranianos, italianos, japoneses- seria de se indagar se esta expressão teria sido copiada/adaptada de alguma destas culturas.
Ou, hipótese ainda mais complexa, se teria vindo de alguma outra localidade paranaense, ou mesmo além de nossas fronteiras.
Até que esta improvável ''resposta'' apareça, fiquemos com a modesta conclusão: se quiser identificar algum curitibano, preste atenção nos seus ''daís'' empregados a torto e a direito...
Alcnol.

Terminal Pinheirinho, na conclusão do passeio pela Linha Verde...

O Terminal Pinheirinho localiza-se na Zona Sul da cidade de Curitiba.
De lá, é possível pegar outros ônibus- linhas ''alimentadoras''- com destino a outras localidades ainda mais distantes...
O sistema de Bogotá/Colômbia( o chamado ''Transmilenio'', inspirado no da capital paranaense)utiliza as mesmas linhas ''alimentadoras'', saindo dos principais Terminais de ônibus daquela cidade...
Curiosidades:
1- do Pinheirinho ao Terminal do Portão levamos apenas 11 minutos;
2- do Pinheirinho à Praça Osvaldo Cruz( Shopping Curitiba)foram 33 minutos. A próxima parada desta linha é a Praça Rui Barbosa( ponto final).
3- A primeira linha prevista do futuro Metrô curitibano seguirá do Pinheirinho à Rua XV de Novembro( ''Rua das Flores''). As atuais canaletas- pistas exclusivas- de ônibus serão transformadas em um grande parque de superfície...
Alcnol.

Linha Verde, em Curitiba- conclusão(?)

Agora, satisfazendo a minha curiosidade e a dos leitores, vamos embarcar na Estação-Tubo Marechal Floriano( na Linha Verde)com destino ao Terminal Pinheirinho.
O ônibus escolhido é o ''Ligeirão''( de cor azul, para em apenas alguns pontos durante o trajeto...).
 A própria estação-tubo( nova, em bom estado, com sinalização em painéis eletrônicos)estabelece, assim como a própria Linha Verde, um novo padrão no que se refere ao transporte público da capital paranaense.
Painéis eletrônicos do mesmo gênero devem ser instalados em outras estações nos próximos meses, segundo promessa da Prefeitura de Curitiba.
Alguém há de estranhar a falta de fotos do ônibus( exterior e interior).
Lamentavelmente, não foi possível tirá-las porque o mesmo estava- para variar- LOTADO...
Porém, contrariando cenas similares ocorridas em outros grandes centros, levamos apenas 14 MINUTOS para chegar ao Terminal Pinheirinho...
Como a Estação Marechal Floriano fica na metade do caminho entre a Praça Carlos Gomes e o Terminal Pinheirinho, acreditamos que o percurso todo, no Ligeirão, possa ser feito em cerca de 30 minutos...
Sofrido, mas rápido...
Alcnol.
PS: A seguir, Terminal Pinheirinho...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Linha Verde, em Curitiba- continuação...

No momento em que discute a mobilidade urbana durante a Copa do Mundo de 2014, esta Linha Verde de Curitiba surge como um interessante modelo.
A começar pela ciclovia, que fica afastada da pista por onde circulam os demais veículos...
Por enquanto, é difícil vislumbrar ciclistas e pedestres passando por ali. O cenário, ao menos na área onde estivemos, está repleto de indústrias. Tem pouca cara de ambiente residencial.
Tendo em vista, porém, que a Linha Verde é um todo- que contempla a construção de moradias e centros comerciais ao seu redor- esta ciclovia foi feita pensando no futuro...
Esperamos que as demais obras, incluindo a reforma da Avenida das Torres- que leva ao Aeroporto de São José dos Pinhais- sigam este mesmo padrão: note-se que há uma grande ''canaleta'' - pista exclusiva para ônibus- no centro, uma característica típica da capital paranaense.
A seguir, quando embarcarmos em um ''Ligeirão'' com destino ao bairro do ''Pinheirinho'', mostraremos o quanto uma simples medida como esta pode significar em termos de tempo( e dinheiro)...
Alcnol.

Linha Verde, em Curitiba...

O que é ''Linha Verde''?
Trata-se, além de uma espécie de Anel Rodoviário- que visa retirar o tráfego de caminhões e veículos pesados da região central da cidade- do mais novo pólo de crescimento da capital paranaense.
Planeja-se a criação de conjuntos residenciais e centros comerciais por ali.
Mas por que estivemos especificamente neste lugar?
Tudo começou com uma visita ao bairro do Parolin. Depois, na hora de ir embora, verifiquei que estava perto da Avenida Marechal Floriano. No tubo, onde pensei em embarcar inicialmente de volta para o centro, perguntei o que era aquela estação-tubo lá embaixo.
-''Ali se pode pegar o Ligeirão Pinheirinho'', respondeu o cobrador.
Esta linha, que sai da Praça Carlos Gomes( centro), para em apenas alguns pontos( ''estações-tubo''). Por isto, é conhecido como ''Ligeirão''( ao contrário do ônibus comum, que para em todos os pontos...).
Ao ouvir a informação, resolvi fotografar os arredores do alto do Viaduto da Floriano Peixoto- incluindo a nova Estação-Tubo lá de baixo- e embarcar neste caminho até então desconhecido.
O que implicaria em descer até a Estação...
O resto desta estória você verá no próximo post...
Alcnol.

Almoço de terça no Mercado Público de Santiago

Nas fotos, músicos se apresentam- tocando, entre outras coisas, ''Guantanamera''- para a multidão que lotou as dependências dos restaurantes do Mercado Público de Santiago naquele dia...
A foto foi tirada da sacada de um deles, no primeiro andar...

Marcante experiência gastronômica em Santiago: restaurante ''Boragó''...

A existência de um restaurante na capital chilena que segue a culinária ''técnico-emocional'' ou ''molecular'' criada pelo chef espanhol Ferran Adriá chamou minha atenção.
Eu ''tinha'' de conhecer este estabelecimento...
Do Brasil tentei fazer minha reserva. ''Desanimei'' quando pediram um número de telefone no Chile( sequer havia feito a reserva do hotel). E ''deixei isto para lá'' esperando que, ao chegar, pudesse enfim visitar esta exótica casa...
Os teclados de computador usados naquele país também não ajudaram em nada: foi uma missão hercúlea, e ao final impossível, tentar acessar minha conta de email enquanto estive em Santiago. Como teclar o ''arroba''? Lá é bem mais complicado. Os atendentes de cybercafés explicavam: ''tecla isto, depois alt, depois control'', e eu sempre esquecia tudo no final...
O resultado é que decidi ir do jeito que estava, sem reservas nem nada. Ajudou o fato de que a capital chilena estava meio vazia neste final de verão...
Os comensais sem reserva acabaram acomodados em uma área ao ar livre própria para fumantes( talvez esta tenha sido minha única experiência incômoda da noite...).
Como a capital chilena não conta com uma Lei Anti-fumo forte, os adeptos da fumaça acabam ficando com as mais belas áreas dos restaurantes: aquelas ao ar livre...
Prosseguindo, tentei anotar tudo o que passava pela nossa mesa- por incrível que pareça, o Boragó desmente a lenda segundo a qual ''come-se mal em restaurantes de vanguarda''...acabamos, por volta de 24 horas, dispensando alguns ítens de um menu gigantesco...a pessoa que estava comigo quase passou mal de tanto comer...- mas esta era uma missão ''quase impossível''.
Destaque para o pisco sour( invenção peruana? chilena?)de maracujá, ao lado de água mineral colhida da água da chuva no Sul do Chile...
Melhor, como sempre faço neste blog- que não é, ao contrário do que se pensa, ''especializado'' em gastronomia- falar de nossas impressões/sensações...
Ah, e o pequeno ''bonsai'' aí em cima não é só enfeite: comemos as frutinhas espetadas em seus ''galhos''... 
E esta não seria a maior surpresa...
Para aqueles que pensam que comida ''molecular'' é apenas um ''show''- sem preocupação com o conteúdo- é de se destacar que, como os pratos  contém grande quantidade de proteína, a tendência é que fiquemos satisfeitos logo, mesmo em uma sequência de pratos aparentemente pequenos...
Este foi o nosso maior erro: pensamos em pedir um menu maior com medo de ficar com ''fome'', e o resultado foi que não aguentamos toda a sequência...
O Boragó, além da inventividade com que prepara as suas refeições, destaca-se por utilizar muitos elementos de seu país. Valoriza os vegetais, peixes, carnes ''da casa''( leia-se, do Chile...).
Exatamente por isto, ao contrário de algumas redes internacionais de gastronomia, torna-se extremamente difícil ''transplantar'' para outros países pratos que fazem sentido no contexto local.
Em suma: embora a técnica seja internacional, com características que podem levar a comparações com estabelecimentos similares de outros países( vide o ''Manu'' em Curitiba-PR, que mostramos neste blog), o material utilizado na preparação destes pratos valoriza o uso de elementos locais( chilenos)... 
Tudo o que sai da média, dos padrões estabelecidos e respeitados na gastronomia predominante, tende a assumir um caráter de ''tudo ou nada'', de ''pegar ou largar''. Ou seja, o risco assumido por estes empreendedores é bem maior...
No caso do Boragó- que certamente deve insuflar a ''fúria'' dos críticos com lances espetaculosos como o uso da famosa ''fumacinha à mesa''( há inclusive um prato que, quando mordido, faz com que a fumaça saia de nossas bocas)- eu respondo categoricamente: ''pego''. 
Ou seja, não dá para ignorar o que, muito provavelmente, será a sua Experiência Gastronômica( com maiúsculas mesmo)mais marcante na capital chilena...
Alcnol.
PS: Enquanto jantávamos, pude observar uma cena pouco comum. Além de presenciar carros de polícia que passavam com uma frequência pouco usual em nosso país( ou seja, constantemente), notei que, até mesmo depois das 23 horas, havia moradores praticando ''cooper'' ou caminhando pela Avenida Nueva Costanera( local do restaurante). Que, mal comparando, seria uma espécie de ''Avenida Europa''( SP). Quem conseguiria imaginar cenas semelhantes nos Jardins, à noite???!