À primeira vista, o sotaque curitibano não é tão identificável quanto o de outras localidades.
O ''chiado'' de cariocas e paraenses( ''maish'', ao invés de mais), os ''bahs'' e ''nés'' dos gaúchos, o ''não estou entende-indo'' dos paulistanos, todas estas são expressões pelas quais podemos ''classificá-los'' a metros de distância...
Curitibano que é curitibano, vá lá, usa o tradicional ''LeitE QuentE''( leitê quentê). Mas outras localidades paranaenses também o usam. Outro dia deparei com uma senhora de Sorocaba-SP que falava assim. Mas com uma razão: o marido é curitibano...
Não sendo o seu sotaque de fácil identificação, e não tendo o Paraná fortes rompantes bairristas, saltou-me aos olhos( melhor dizer ''aos ouvidos'')em um ''approach'' inicial o uso frequente da expressão ''DAÍ''.
Na conversa de um curitibano é possível ouvir ''daís'' a todo momento, em um uso que, confesso, pode ser inicialmente desconfortável para quem ouve...
Não, não exagero quando digo que os curitibanos usam o daí ''a torto e a direito''.
Vejamos alguns destes possíveis usos:
1- ''Daí'' como uma saudação, um início de conversa.
''Daí João, como estás?''.
Soa meio diferente, se pensarmos no ''daí'' como tradicionalmente é empregado: como um conector de frases.
''Daí'', como então, logo, etc...
2- Este pode ser considerado o segundo uso da expressão pelos curitibanos.
''Fui à casa dela; daí, nos fomos ao cinema juntos''.
Que dizer, porém, de um improvável ''daí'' como conclusão de uma conversa?
Este é o uso 3, o qual dificilmente veremos alguém além de um curitibano ''de quatro costados''( ''da gema'')empregar...
''Viajamos para Florianópolis, DAÍ''...
Diante destas expressões um tanto exóticas, que contrariam um pouco a visão que temos dos curitibanos como seres ''fechados'' e que não gostam de chamar a atenção, podemos nos indagar de onde surgiram tais expressões.
Como a cidade é uma mistura de diversas nacionalidades- alemães, ucranianos, italianos, japoneses- seria de se indagar se esta expressão teria sido copiada/adaptada de alguma destas culturas.
Ou, hipótese ainda mais complexa, se teria vindo de alguma outra localidade paranaense, ou mesmo além de nossas fronteiras.
Até que esta improvável ''resposta'' apareça, fiquemos com a modesta conclusão: se quiser identificar algum curitibano, preste atenção nos seus ''daís'' empregados a torto e a direito...
Alcnol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário