quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Pirataria ''não-oficial'' e pirataria ''oficial''

Em um texto não muito recente sobre o ''fake'', relatamos que até mesmo os produtos fabricados pelas chamadas ''grifes'' tem origem em lugares inusitados como Peru( Lacoste) ou Sri Lanka( Tommy Hilfiger). Nada contra estes países. O surpreendente é que a Lacoste é uma marca ''francesa'', e a Tommy norte-americana...É preciso saber como, nestes outros lugares que eles escolheram para confeccionar suas peças, incluindo a China, são tratados os trabalhadores locais, se eles não vivem um regime de semi-escravidão. Poderíamos qualificar esta produção mundo afora como uma ''pirataria oficial'', movida também pelo interesse de baixar os custos( e maximizar os lucros...). A revista ''Veja'' desta semana, em uma matéria localizada na parte de ''Artes e Espetáculos'' intitulada ''Uma cidade sem Deus'', trata de ''Gomorra'', livro e filme que mostra a Camorra, organização criminosa sediada em Nápoles, na Itália. Segundo a reportagem, ''as grandes grifes italianas de roupas produzem suas peças exclusivas nas fabriquetas da área de Nápoles. Como estas só recebem após a entrega do produto pronto, dependem do financiamento da Camorra para entrar na disputa pelas encomendas. Os artesãos são operários que vivem do seu trabalho exímio( e mal pago, e sem nenhum benefício). Mas, em última análise, são empregados da Camorra, como o livro mostra num episódio de partir o coração, dedicado ao alfaiate Pasquale- que entra em depressão ao ver Angelina Jolie, no tapete vermelho do Oscar, vestindo o terninho branco que ele confeccionou anonimamente( no filme, o conjunto de Angelina vira um vestido para Scarlett Johansson). As peças excedentes, idênticas às que serão vendidas nas lojas das grifes, são distribuídas pela Camorra com o silêncio cúmplice das marcas. Isso faz com que elas cheguem, como ''falsificações'', a consumidores que de outra forma não poderiam adquirí-las, ampliando a fama das marcas sem prejuízo de sua imagem de qualidade( nosso grifo)''. O que é de ressaltar aqui é o suposto uso, por parte das marcas famosas, de práticas usualmente ligadas à pirataria: super-exploração dos empregados, sonegação de impostos, entre outras. Tudo muito ilegal e grave, enfim mostrado em um filme- quem diria...Alcnol.

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