quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Nem tudo está perdido...

O jornal ''O Globo'' de ontem, 17 de dezembro, publicou matéria com o título ''Nem tudo está perdido, mostram dois casos''. O tema é o desvio para uso pessoal, feito por militares e voluntários, de diversas das doações feitas aos desabrigados de Santa Catarina. Segundo o texto, ''um dia depois de aparecerem em rede nacional levando para casa artigos doados às vítimas das enchentes, a dona-de-casa Teresilda Longen e o marido dela, o operador de máquinas Rogério Longen, foram chamados de ladrões até pela mãe dele, Blandina Piva Longen. Depois de ver a reportagem na TV, ela mandou devolver imediatamente as fraudas geriátricas que o casal retirou do depósito em Blumenau''. E não ficamos só nisto. Outro desabrigado das enchentes, Daniel Manoel da Silva, ''devolveu ontem ao dono R$20 mil( vinte mil reais, frisemos)em espécie que encontrou na manga de um casaco de pele que sua família recebeu como doação. Ele disse que não poderia ficar com um dinheiro que não é dele''. O jornalismo costuma lidar com fatos inusitados, excepcionais, aquilo que chama a nossa atenção. Infelizmente, o mal trato com a Coisa Pública transformou-se, nos últimos anos, quase em regra, fazendo-nos esquecer o que verdadeiramente ''ser bem educado''...Na última viagem a Porto Alegre, aconteceu um fato semelhante aos acima relatados. Costumo guardar uma pequena reserva para emergências durante viagens a outras cidades. No último sábado, quando me preparava para fazer um passeio pelo centro da cidade e pelos shoppings, retirei uma determinada quantia de um saquinho plástico onde guardava as reservas. E, enquanto pensava onde acomodar o saquinho- se no bolso, na mala, no cofre, etc.- distraí-me e acabei saindo do quarto crente que havia ''guardado tudo''. Passeei, comprei, almocei, até o momento em que lembrei que precisa de um pequeno reforço. ''Cadê o saco plástico com as reservas de toda a viagem?'', pensei já em pânico. A esta altura cogitava até mesmo ter perdido tudo em pleno Shopping Bourbon, e já pensava em como completar a viagem e retornar a São Paulo ''a pão e água''. Voltei para o quarto de hotel, já meio resignado, e qual não foi o meu assombro ao constatar que o cômodo havia sido perfeitamente arrumado, e o pequeno saco plástico com todas as minhas reservas estava como deixei, sobre a pia do banheiro...É óbvio que, ao arrumar tudo, a funcionária do hotel não podia ter deixado de ver o pequeno saquinho plástico, contendo, sei lá, talvez o equivalente ao seu salário do mês. No entanto, tal como as pessoas citadas por ''O Globo'', ela não se apropriou indevidamente do que não é dela. Eis um belíssimo exemplo de que ''nem tudo está perdido'' neste mundo. Não fossem pessoas como esta arrumadeira, ou a mãe de um dos furtadores de doações para os desabrigados, ou do senhor humilde que fez questão de devolver 20 mil reais que estavam no bolso do casaco que havia recebido por solidariedade humana, seria inconcebível continuar vivendo neste planeta. Mas, felizmente, o mundo não é feito apenas de ''anões do orçamento'' ou ''mensaleiros''. Não cheguei sequer a ver a face deste meu ''anjo da guarda''. Mas, antes de deixar a cidade no domingo, fiz questão de deixar um pequeno bilhete de agradecimento junto a uma recompensa. Tirei inúmeras fotos da cidade, mostrando alguns de seus lugares mais belos. Mas nada foi capaz de igualar o gesto desta arrumadeira, em um perfeito exemplo daquele que é o verdadeiro ''espírito natalino''...Alcnol.

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