Este é o título de uma matéria do jornal ''O Globo'' de ontem, 14/9. Na matéria, o senador Sérgio Guerra, Presidente do PSDB, afirma que ''a oposição no Brasil foi revogada, saiu de moda''. Destaque-se que a ''nova postura'' dos partidos de oposição tem até razão de ser: as últimas pesquisas apontam para uma popularidade de cerca de 64% para Lula, inclusive nos grandes centros e lugares outrora refratários como São Paulo. A coluna ''Painel'',da Folha de São Paulo de ontem, estampa como título um surpreendente ''Lula tudo bem''. Segundo a colunista Renata Lo Prete, os tucanos pretendem utilizar em suas campanhas eleitorais o inusitado slogan ''Lula tudo bem. O problema é o PT''. a frase, martelada em um dos comerciais da nova fase da propaganda de Geraldo Alckmin, indica um tom que vai além da campanha paulistana, ditado pelo recorde histórico de aprovação ao presidente em pesquisa Datafolha. O comando do PSDB já sinalizou que fará vista grossa ao esforço de seus candidatos, por todo o país, para se associarem ainda que 'de lado' à imagem de Lula. O mesmo se passa com o DEM, cujo candidato em melhor situação nas capitais( ACM Neto, líder em Salvador)não se cansa de fazer mea culpa pelas críticas do passado e de repetir que, se eleito, terá plenas condições de trabalhar ''em parceria com o Planalto''( nosso grifo). Será então que, salvo as vozes isoladas dos jornalistas Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo- colunistas da revista Veja- viramos então todos ''lulistas''? E isto seria bom ou ruim para o país? Notem que, na matéria de ''O Globo'' há uma voz distoante em todo este processo. O senador Cristovam Buarque ( PDT-DF, ex-membro da bancada petista), ressalta que ''Não dá para negar que Lula avançou, mas sua capacidade de aglutinação representa hoje um retrocesso no nível de consciência do país. Os anos Lula serão lembrados como anos de silêncio intelectual''. Repete-se hoje, com novos nomes, a mesma euforia dos anos da ditadura. Do chamado ''milagre econômico''. ''A economia vai bem, danem-se os escrúpulos''. Note-se que a adesão entusiástica ao governo( qualquer Governo, seja Federal, Estadual ou Municipal)é uma característica típica do brasileiro. As pesquisas revelam que boa parte dos atuais prefeitos candidatos à reeleição tem grandes chances de vitória. Daí a verdade daquele artigo de Diogo Mainardi, comentado aqui, que falava do ''comportamento de rebanho'' de nosso povo. Isto se reflete até no futebol: da ''metade para cima'' do país( centro-oeste, norte e nordeste)quase todos torcem para o Flamengo. QUAL A GRAÇA DE TORCER PARA UM TIME PELO QUAL QUASE TODOS TORCEM? O brasileiro acha graça disto, prefere estar do lado ''da maioria'', do ''lado vencedor''...''Então está ruim?'', vocês poderiam perguntar. Não está ruim, inclusive para mim mesmo. O país vai bem, no sentido econômico da coisa. Continua crescendo. Tem credibilidade lá fora. Mas ainda tem muitos problemas( segurança, saúde, educação, etc.), que não justificam qualquer tipo de ''euforia'' momentânea. O ideal é típico de nações mais evoluídas e civilizadas. O certo é termos eleições polêmicas, concorridas, acirrados debates, ''claques'' organizadas de um lado e de outro. Nestas horas, acho que o Brasil caminha para trás, e dá vontade de ser ''gaúcho''( com bombachas, chimarrão e lenço vermelho)...Mas o brasileiro, - como no Plano Cruzado, no Governo Collor, nos Anos FHC- este gosta de embarcar em massa em qualquer canoa. Até o barco afundar e aí sim, toda a provisória ''maioria'' acordar e subitamente tomar-se de escrúpulos tardios e começar a criticar- como se não tivessem feito parte ''daquilo''. Festa e desilusão. Espero sinceramente que não afunde mais uma vez, já que estou nele. Mas quando quase toda a tripulação e os passageiros se movimentam em um só sentido de um navio- desequilibrando-o- nestas horas é difícil manter-se à tona...Já afundamos moralmente, este é o sentido das sábias palavras do senador Cristovam Buarque, um primeiro passo para o naufrágio definitivo. Nestas horas, é melhor treinar para uma virtual sobrevivência na ilha de Lost...
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