domingo, 20 de julho de 2008

Tendências...

Não sou eu a inventar certos termos. Por isto, nada melhor do que utilizar expressões como ''coisificação do ser humano''- o ser humano como objeto- entre aspas. Até aí, sem novidades. A graça da coisa, o seu interesse para nós, começa quando- paralelamente a esta tendência da época- começamos a observar, aqui e ali, outras tendências igualmente fortes. Vamos a elas. Uma novidade é a ''personificação de objetos''. Comerciais de automóveis são peritos nisto. Um deles mostra como ''ele'' ( o carro, ora bolas! )''voltou diferente das últimas férias''. ''Ele''- o veículo 4 X 4 último tipo- é mostrado atraindo diversos tipos de metal, como se fosse um imã. E, como se fosse uma pessoa e não uma coisa, surge ''de repente'' nos mais diversos lugares...Conheço gente que batizou o ''possante'' com nome de personalidades. Mulheres que batizaram seus veículos como ''Brad Pitt''. Faz sentido, encarado de modo diverso. Um homem montar sua ''Angelina'' e sair por aí, nesta atividade prazerosa que é conduzir um automóvel ( à exceção da cidade de São Paulo e arredores, claro...). Com todo o respeito à bela e talentosíssima atriz norte-americana...A Sociedade do Espetáculo nos infantiliza a todos. Todos queremos parecer jovens. Tudo é uma gigantesca BRINCADEIRA, se olharmos estas tendências exóticas atuais por um prisma mais isento. Enfim, voltando às tendências- o objetivo deste post- outra muito forte é a da ''personificação de animais''. Quando criança eu também quis ter o meu cachorrinho. A reação de minha mãe foi tão forte, e com tantos argumentos enfáticos contrários, que eu desenvolvi um TRAUMA de cachorros. Bastava passar um, por menor que seja, e eu saía em desabalada carreira- um ''convite'' para que os animaizinhos também corressem no mesmo sentido...Hoje já não tenho medo de ''auaus'', mas tampouco desenvolvi um apego especial aos mesmos. Talvez por causa de tantas corridas...Mas não sei se é apropriado chamar este ENORME grupo de apreciadores de cachorros de ''confraria''. Este termo é mais apropriado para os poucos e fiéis apreciadores dos caros vinhos...Cachorros, ao contrário, estão por toda a parte, e já gozam, no mínimo, de um ''status'' equivalente ao dos humanos. Juro que ainda não vi alguém fazer tanta festa com um bebê humano quanto fazem com um totó...Alguns donos, mais empolgados, costumam conversar e ''ralhar'' com seus ''filhinhos''. Talvez a própria ''chatice'' do ser humano atual, já apontada em outro post, explique esta IMENSA popularidade dos cães. Os argumentos, inevitáveis, são: ''eles são amorosos'', ''fiéis'', não dão ''trabalho''. Vejam como um admirador de cachorros é quase sempre, e pelas mesmas razões, um detrator da espécie humana...Infelizmente o ''status'' dos bebês humanos, tão abundantes neste e em outros países de Terceiro Mundo, não está no mesmo nível. Outro dia, em Brasília, um cara quase foi linchado por maltratar um...CACHORRO...Seria a reação tão grande se fosse com uma criança? A popularidade dos animais já é tão grande que surgiu um forte mercado de serviços para cães. ''Hotéis'', ''spas'', shopping centers- como o Pátio Higienópolis aqui em Sampa- que tem até bebedouros especiais para os bichinhos...Porém, mesmo com toda esta popularidade dos nossos irmãos caninos, outro dia me surpreendi com mais este espaço que eles conquistaram. Em plena LIVRARIA CULTURA, do Conjunto Nacional, uma mulher transitava tranqüilamente com seu totó...E não era um cãozinho qualquer: era BEM grande...Seremos interrompidos, futuramente, ao olharmos para os nossos livros tão queridos- e pelos motivos pelos quais alguns preferem os cachorros...- por LATIDOS em pleno ''Templo do Saber''? Talvez este seja um forte argumento para adquirir logo um Ipod, este verdadeiro ''espanta-chatos'' e, agora, uivos e latidos animais...PS: No ritmo em que estamos- e aí vai uma tendência que mereceria um texto inteiro- logo se tornarão populares aquelas viseiras com quem iremos interagir pelas ruas do mundo, mergulhando de vez no mundo ''virtual'' enquanto o ''físico'' dá mostras de esgotamento...Toda esta popularidade dos cães não é casual. O homem moderno, ilhado, torna-se cada vez mais ''chato'' e ''inconveniente'' para os outros. O chamado virtual, aqui, entra como uma tentativa de fuga ainda mais perfeita que as outras( cinema e TV)...E aqui, como fecho, lanço a pergunta: sobre o que iremos falar, no meio virtual, quando finalmente atingirmos a ''meta'' de nos isolarmos- através de Ipods, coleiras virtuais, muros de arame farpado, veículos blindados, cães ferozes, etc. - de todo mundo???

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