sábado, 19 de julho de 2008

A escrita como alternativa á morte

No post anterior, falamos ''en passant'' sobre o suicídio do poeta russo Maiakovski. O suicídio, em nossa concepção, é um gesto incompleto. Morrer, de fato, seria nunca ter existido, ou conseguir apagar todos os sinais de nossa presença neste planeta- missão quase impossível...Ao escrever vamos aqui e ali - mesmo em meio à dor e à morte que fazem parte da dita ''realidade''- deixando rastros. Ou seja, é o oposto da morte completa. Da morte ''ideal'' que nenhum suicida poderá jamais alcançar. Ao escrever lidamos cotidianamente com morte e vida, brincamos com as duas, e ficamos deliberadamente com a segunda...A escrita é a prova material, concreta, da viabilidade da existência, uma prova tão fática quanto o que vamos descrevendo, os objetos de nossa paixão: a cidade grande, onde nos encontramos por ora, é lugar de dor, morte, medo, solidão. Assim parece, para muitos, assim estes a vivem. Porém, mesmo em doses homeopáticas, quase imperceptíveis, ela também é plena de vida. O sol nasce e se põe todos os dias, o verde- quando o encontramos- é um enorme prazer, habitamos um pequeno universo onde o raro e o belo nunca faltam ,e sempre dizem :''presente!''. Enquanto pudermos observar, com quaisquer de nossos sentidos, haverá vida e escrita, inseparáveis uma e outra. O blog, como as demais manifestações ''artísticas'', é perpetuação. A ''anti-morte''. O ''anti-suicídio''. Megalomania. Egocentrismo. Vida que segue...

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