Antes de me mudar para a capital paulista, São Paulo era um dos meus destinos prediletos.
Cheguei a invejar um morador de Nova Iorque que, em um documentário, afirmou que ''não viajava há 8 anos''. Motivo: ''não sentia necessidade''( tinha tudo o que queria ao seu alcance...).
Com o tempo minha relação com a cidade em que vivo sofreu uma significativa modificação. Assim como quase todo mundo, passei a sentir uma necessidade crescente de viajar. Nos últimos 12 meses- graças principalmente a programas de milhagem de companhias aéreas nacionais- visitei 4 capitais latino-americanas diferentes: Montevidéu, Santiago, Buenos Aires e Bogotá( nesta ordem).
Tudo isto não parte do acaso.
Estou, na verdade, fechando um ciclo. Meus dias como morador da capital paulista- cidade impressionante pelo contraste entre as suas vantagens( possui o ''melhor de tudo'')e suas desvantagens( seus problemas, pelo gigantismo, também são os ''maiores problemas'' do nosso país e, quiçá, de toda a América do Sul...)- estão chegado ao fim...
Minha passagem por aqui, assim como as visitas que fiz a diversas capitais brasileiras, foi especialmente útil para que pudesse decidir com calma onde quero viver. Mas não revelarei esta pequena ''surpresa'' neste momento. O tema é outro: viagem a Lima, no Peru...
O que vem à nossa cabeça quando pensamos naquele país sul-americano?
Em primeiro lugar, o Império Inca. O maior de toda a nossa região.
Depois, a parte cultural. Os livros que já lemos de Mário Vargas Llosa- um dos maiores escritores do mundo: ''Os Chefes'', ''Conversações na Catedral'', ''História de Mayta'', entre muitos outros.
Infelizmente, o Peru também foi o campo de atuação de uma das mais sanguinárias organizações políticas de todos os tempos, o ''Sendero Luminoso''. Milhares de vidas foram perdidas graças ao trabalho deste grupo.
O atual Presidente Alan Garcia protagonizou um dos mais desastrados episódios da história daquele país ao decretar a Mooratória nos pagamentos da dívida externa- medida defendida pelas correntes mais radicais da esquerda- no distante ano de 1987. A crise econômica decorrente daquela medida acabou com o que restava de sua popularidade, e ele levou muitos anos para poder candidatar-se novamente à Presidência...
Nos últimos anos, porém, o Peru começou a notabilizar-se também por seu lado bom. O competente chef Gastón Acurio o colocou entre as maiores nações da Gastronomia mundial- originando o que se pode denominar hoje de ''peregrinação culinária''( aprofundaremos este tema quando mostrarmos os seus restaurantes em Lima...). E fiquei bastante surpreso ao ler que, nos últimos 5 anos, aquela nação foi a que mais cresceu na América do Sul( com índices que se aproximaram da casa dos 10%...). Não foi o Brasil, e muito menos o Chile( país que, em uma primeira impressão, é o que tem mais ''cara de Primeiro Mundo'' em toda a América Latina...).
As recentes eleições peruanas nos assustaram um pouco. No segundo turno, o país foi forçado a escolher entre duas opções extremistas: o militar nacionalista Ollanta Humala e a filha do ex-ditador Alberto Fujimori( Keiko Fujimori). Com a vitória de Humala, alguns velhos temores vieram à tona: seguirá ele o caminho do venezuelano Hugo Chávez? Após crescer e voltar-se para o mundo, estará o Peru condenado a fechar-se como as demais nações conduzidas por regimes castristas ou ''bolivarianos''?
Estas são as nossas considerações e questões iniciais. Começamos, a partir deste post, uma série de textos( e fotos, muitas fotos) sobre a viagem que fizemos recentemente a Lima( capital do Peru). Desde já adianto que a realidade é bem diferente das poucas informações que possuímos a respeito daquela belíssima nação...
Alcnol.
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