Uma ampla parcela da população desta cidade prefere a rapidez e o preço à saúde, isto é um fato. Daí tantas pizzarias, padarias, lugares que servem ''cachorros quentes''. Mas também é uma realidade o fato de que a mesma cidade é servida por uma ampla rede de restaurantes vegetarianos- estamos relatando isto aqui quase todos os dias...Pelo histórico, podemos dizer que os restaurantes e entrepostos de produtos orgânicos tem travado uma árdua luta para se implantar por aqui. Seria impensável pensar, no momento, em um estabelecimento que sirva apenas produtos da chamada ''culinária viva''- como no Rio de Janeiro. Só este ano, os apreciadores de produtos orgânicos aqui em São Paulo tiveram dois contratempos, com o encerramento das atividades do restaurante ''Empório Siriúba''- memorável lugar, com um belíssimo jardim onde comíamos à sombra das árvores- e do Empório Orgânico Taya- ambos situados nos Jardins. Por isto mesmo, a notícia da abertura de um novo estabelecimento da linha de produtos orgânicos- este ''Le Manjue Bistrô'', na Rua Inácio Pereira da Rocha, 273, Vila Madalena- deve ser saudado com aplausos por todos aqueles que buscam a alimentação mais saudável e, ao mesmo tempo, saborosa. O chef, quem diria, é o mesmo Renato Caleffi- que conduzia a cozinha nos tempos do Siriúba, com uma inventiva linha de pratos que incluía até mesmo uma inédita ''sopa de banana''...Caleffi é especialista em gastronomia funcional e molecular, tendo criado e adaptado diversos pratos para celíacos(alérgicos ao trigo), intolerantes à lactose, diabéticos e desintoxicantes. Além da preocupação com a saúde, o lugar também está ligado à chamada Responsabilidade Social: em parceria com a ONG ''Projeto Arrastão'', treina e recruta jovens talentos, dando-lhes não só a oportunidade de conquistarem o primeiro emprego como também de exercerem sua cidadania. Diversas peças da decoração, quadros e utensílios expostos no ''Le Manjue Bistrô'' foram confeccionados por jovens desta mesma ONG, e estão á venda no local- com renda totalmente convertida para os projetos desta instituição. A decoração original do lugar mescla traços da ''Belle Époque'' francesa e elementos da arte modernista brasileira, estilo concebido durante a Semana de Arte Moderna de 1922( entre os seus representantes podemos citar Mário de Andrade, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral). Bom, e a comida? Começamos com uma sopa de abóbora de entrada, acompanhando pedaços pequenos de torrada e uma colher com caldo de goiaba. O prato principal foi penne integral com hambúrguer orgânico( só a carne, bem macia e saborosa...). Fechando, compota de jaca com uma bola de sorvete de doce de leite orgânico- além de uma pequena farofa de quinua cobrindo tudo isto. Eu ficaria até bastante surpreso com a qualidade e delícia desta refeição, se já não conhecesse o trabalho anterior deste chef no Empório Siriúba. Quem disse que não se pode aliar a saúde ao gosto? E ao preço, pois tudo isto- incluindo o café orgânico no fecho- saiu por módicos 30 reais( detalhe: este é o prato executivo; pedidos ''a la carte'' podem ter preços diferenciados). Ao sair, ainda descobri que o bistrô fica a poucos passos da Rua Fradique Coutinho e, melhor!, da Livraria da Vila- um ótimo ''programa casado''...PS: Aquele pano pintado e cheio de flores é o guardanapo do restaurante( deu até pena de ter de sujá-lo após a refeição...).
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