Esta eleição de Obama teve a cara daquelas antigas corridas para a Presidência do Brasil, em tempos de crise econômica: posições opostas e apaixonadas, reviravoltas surpreendentes, pesquisas desencontradas, e muita paixão dos eleitores na hora de votar. Há poucos dias tive oportunidade de comentar as eleições municipais daqui, que assumiram um caráter muito mais ''Primeiro Mundista'': racionalidade do eleitor, previsibilidade, posições meio parecidas dos principais candidatos- a ''chatice'' havia chegado a este país antes eternamente em crise e, agora, em meio a um dos crescimentos econômicos mais consistentes de toda a sua História. Mas a América fez um movimento oposto: há muito miscigenado e repleto de imigrantes das mais diversas etnias, o país agora- em plena crise econõmica e perspectiva de grave recessão para os próximos anos- tratava de fazer as pazes com a sua própria história. Os eleitores, como nunca desde o distante ano de 1908, trataram de mostrar massivamente o seu anseio por mudanças. Sessões eleitorais lotadas por todo o país, campanhas apaixonadas, ampla participação dos jovens eleitores, tudo muito distante do tradicional perfil das eleições norte-americanas. Confesso que, na época em que tínhamos eleições com estas características, a eleição de um Fernando Collor me fez temer cada vez mais estes pleitos, digamos assim, ''messiânicos''. Por isto, saudei com alegria a nossa mudança para eleições mais racionais e menos apaixonadas...No entanto, desta vez a emoção toda não desembocou em medo e ira. Americanos saíram às ruas em inéditos ''buzinaços'' noite afora, abraçavam-se nas ruas por todos os EUA, portavam ''bottons'', bandeiras, camisetas, tudo isto que já caracterizou uma eleição por aqui- antes da decepção com determinadas práticas políticas...A América foi ontem um pouco mais ''brasileira''- como nos velhos tempos daqui- e elegeu alguém que, por aqui, já havia balançado muitos corações e mentes...Só me lembro de ter visto cenas semelhantes ás de ontem, nos Estados Unidos, naquelas imagens todas dos anos 60 por lá- com os ''hippies'' e os protestos contra a Guerra do Vietnâ. Ainda bem que este dia, e principalmente, esta noite de júbilo ''à lá 1968'' não terminou com a Polícia distribuindo bordoadas e cassetadas pela multidão...E, tal como as torcidas organizadas no Maracanã- que cantam ''aha, uhu, o Maraca é nosso''- hoje o povo norte-americano pode entoar um ''aha, uhu, a Casa Branca é um pouco mais nossa''...Grandes e inesquecíveis dias estes que estamos vivendo...Alcnol.
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