Sabe-se que o ser humano, na Antigüidade, costumava reverenciar o sol, a lua e as estrelas como ''Deuses'' distintos. Os chamados ''pagãos'', todos os que possuíam pensamentos espirituais distintos da Igreja ''oficial'' e do chamado ''Deus Único'', também eram simpáticos a este conceito de vários ''Deuses''. No final do mês de dezembro havia uma festa ''pagã'', que foi devidamente apropriada pelos católicos como o Natal...Em plena Idade Média, os druidas veneravam a natureza. A natureza era o seu ''Deus''. Os druidas, aliás, costumavam abraçar as árvores- tal o seu amor pela natureza, ou melhor, pelo seu ''Deus''...Pois estas práticas ditas ''primitivas'' foram substituídas, no decorrer do tempo, por uma conjunção de fatores: no plano religioso, pela idéia de um ''Deus Ùnico''- motivo pelo qual foram massacradas milhares de pessoas adeptas das antigas tradições- e no plano científico pela noção cartesiana de um cientista apartado de seu objeto de estudo. Esta conjunção de idéias religiosas e científicas contribuiu decisivamente para promover o maior período de crescimento econômico de toda a história da Humanidade, assim como a época de maior destruição da natureza e de enormes massacres de povos ''primitivos'' em nome da chamada ''civilização''...Como Deus estava agora ''lá em cima'', distante de nós, aqui ''em baixo'' tudo era permitido. Colonização de nações, escravidão, exploração selvagem do meio-ambiente, massacres políticos e religiosos, tudo isto era comum até pouco tempo atrás( a metade do século XX). O antropocentrismo estava em alta, bem como uma visão utilitarista da existência. Tudo isto nos conduziu, na realidade, ao atual impasse em que estamos vivendo: o ''crash'' das Bolsas é o marco de um momento de violentas crises em todos os planos( político, econômico, social, espiritual, ambiental, científico). O que nos conduziu até aqui não poderá ser mantido por muito tempo mais. Não restam mais tantas árvores a desmatar, nem tantos campos de petróleo a descobrir...Talvez seja chegado o momento de olhar um pouco para trás e perguntar: não seria melhor que o ser humano tivesse continuado a ver a natureza e seus fenômenos como ''Deuses''? Não seria melhor um mundo em que fôssemos todos um pouco ''cariocas'', daqueles que aplaudem o pôr-do-sol em Ipanema? Não seria melhor um mundo em que não mais separássemos o nosso Deus das ações que praticamos no nosso cotidiano? Talvez seja chegado o momento, tal como na propaganda de uma marca de automóveis, de ''rever os nossos conceitos''. Um pouco mais de ''primitivismo'' não faria mal a ninguém...Alcnol.
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