domingo, 14 de setembro de 2008

Vendedores de ilusões( e sabonetes)...

O que foi o lançamento da candidata a vice de George Bush III, digo John McCain, senão uma genial jogada de marketing? Já questionamos aqui a ''inatacável'' candidatura de Obama que, ao que tudo indicava e quase todos esperavam, em meio a discursos triunfais para estádios lotados e ao apoio generalizado das mega-estrelas de Hollywood, caminhava a largos passos para uma esmagadora vitória. Só esqueceram de combinar com os adversários...Lembram-se dos massivos desfiles nas ruas de militantes com camisas e bandeiras vermelhas nas sucessivas derrotas de Lula e do PT? Derrotados por hordas de ''invisíveis'' cansados de tanta ''agitação''? Obama foi incensado pela mídia, e depois ''feito em pedacinhos''. Diante de sua figura, inúmeros cidadãos- inclusive jornalistas- desmanchavam-se em lágrimas diante daquele que parecia a materialização de um ''sonho''. O sonho de uma América multi-racial, da ''mudança'', e de um mundo sem guerras. Obama é ''o cara'', as pessoas ''sentiam''. E não havia argumento político, da parte de seus oponentes, que pudesse se contrapor a isto. Então os republicanos, que aliás quase sempre mantiveram-se próximos nas pesquisas mesmo nos piores momentos, decidiram retrucar o ''marketing'' com outro ''marketing''. Lançaram, para surpresa geral, uma mulher ( na tentativa não sutil de captar os votos de eleitoras de Hillary descontentes)''caipira'' do Alaska. Pasmo geral: uma ex-miss, bonitinha, e ''desbocada''. Assim como parecia quase impossível atacar um negro muito popular, qualquer ataque a uma mulher interiorana será tomado como uma ''ofensa pessoal'' por seus adeptos. As idéias de Palin, porta-voz da ala mais radical do partido republicano, não estão em questão. Desde sua indicação na convenção republicana, ela comete ''gafe'' após ''gafe''. Diz que o aquecimento global ''não importa''. Defende o uso de armas contra a Rússia de Pútin. Quem se importa? Palin sacudiu o que parecia um pleito modorrento e tedioso. Deu voz a todos aqueles que estavam calados até então: os evangélicos, os grupos contra o Aborto, contra o ''casamento gay'', contra o sexo antes do casamento. Os comícios republicanos mais parecem shows agora, com todos aqueles novos ''fãs'' de Sarah Palin...Contra Obama, o ''rei sol'', levanta-se toda uma América escondida nas ''sombras''. Uma América rancorosa e isolada do resto do mundo e, talvez por isto mesmo, incrivelmente forte e auto-confiante. Quem quer saber de idéias e programas políticos, afinal? Os democratas ascenderam pelo uso de competentes técnicas de marketing, do predomínio da ''emoção'' em detrimento de argumentos políticos ''racionais'', e podem perecer vítimas do próprio remédio...Nada, a não ser a sutil manipulação, é capaz de explicar as súbitas ''guinadas eleitorais'' que estamos presenciando em toda parte. Um candidato ''cai 10 pontos'' em uma semana, enquanto seu adversário ''sobe 12''. Políticos são vendidos como sabonetes, com o uso das mesmas técnicas. Sabem o ''ÃO'', da propaganda do ''Estadão''? Um marqueteiro fez uma versão parecida, rimando Alckmin com ''SIM''...A campanha da Marta Suplicy é quase a mesma- à exceção do competente bordão ''deixa o homem trabalhar''- da de Lula. E Kassab, o atual prefeito, dobrou suas intenções de voto com um programa, e principalmente, com um marqueteiro competente. Vá lá tentar conversar com alguém que ''sente'' que tal político é ''legal'', ''competente'', ''honesto'', ''realizador''. A emoção, exacerbada e manipulada, representa o fim de qualquer possibilidade de diálogo. ''Liberais'' tendem a ouvir/ler seus parceiros ideológicos, e ''conservadores'' idem. Nos fechamos em guetos, grupelhos, do qual só somos retirados e agitados um pouco pelas técnicas de mídia...PS: Agora Palin está no centro do palco, e terá sua vida vasculhada pelos ''tubarões'' da imprensa. Obama ainda não está morto. Provavelmente prepara um fulminante contra-ataque ''midiático'', nos mesmos moldes impactantes utilizados na Convenção Republicana...

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