Hoje é o ''Dia Mundial sem Automóvel''. No mundo inteiro, ativistas partidários dos meios de transporte alternativos farão manifestações. Só não espere grandes adesões na Capital Paulista...As imagens que ilustram este texto, Paulista no cruzamento com a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, foram tiradas em um domingo à tarde...Bom, para marcar o evento a ''Revista da Folha''( que circula com o jornal exclusivamente na Grande São Paulo aos domingos)teve como tema esta semana a reportagem ''Um a menos: as razões que levam cada vez mais moradores de São Paulo a trocar o carro por outro meio de transporte''. Na capa, um morador que, feitas as contas, decidiu optar pela bicicleta. A matéria mostra 4 pessoas que decidiram desfazer-se de seus automóveis, pelos mais variados motivos: alto custo, ''selvageria'' do trânsito, ''menos poluição e mais cidadania''. Por enquanto estas ainda são atitudes isoladas em uma cidade que possui cerca de 6 milhões de automóveis, uma frota descomunal engrossada a cada dia por 800 novos licenciamentos de veículos...Mas o importante é que estão crescendo. Eu tive meu próprio motivo para desfazer-me de meu carro aqui. Quando ia para um destes shopping centers, por exemplo, era comum ficar no mínimo meia-hora procurando uma vaga qualquer. Com isto, fica praticamente inviável programar quaisquer atividades. O filme começa às 4 da tarde. Você chega ''com antecedência'' ao estacionamento 30 minutos antes. Só não sabe quando irá vagar algum lugar por ali. Se tiver ''sorte'', levará ''apenas'' cerca de 20 a 30 minutos de procura. Depois, é correr para as bilheterias- provavelmente também cheias, com uma longa fila de espera- e ver que o filme ''das 4'' já era...Ficar para a sessão seguinte também significa desembolsar mais alguns trocados por todo este tempo na garagem...A outra opção, ir de táxi, é muito mais conveniente e econômica. Dependendo da região e da distância, leva-se de 10 a 15 minutos no final-de-semana. Entramos ''direto'' no shopping, e nos encaminhamos para as bilheterias do cinema, podendo adquirir nossos ingressos ''na frente'' de todas aquelas pessoas que se engalfinham na garagem em busca por uma vaga. Não nos estressamos e, graças ao tempo que sobra, dá até para tomar um cafézinho com toda a tranqüilidade...O que você prefere? A garagem pode sair pelo ''mesmo preço'' que uma corrida de táxi, com uma diferença: você está pagando, ''sem saber'', também pelo IPVA, pelos inúmeros consertos do veículo ou pela simples manutenção, pelo seguro, e pelo combustível que utiliza...Feitas as contas, decidi viver ''sem carro'' na metrópole que mais parece um templo da civilização do automóvel. Ando para cima e para baixo, sem ter de preocupar-me com a segurança de meu ''patrimônio''. Para ir para um local mais distante, sobram o metrô ou os táxis( melhor usá-los no sábado ou no domingo...). Viver sem carro, aqui, é possível. E, para concluir, as belas palavras de uma das pessoas entrevistadas pela Folha de São Paulo: ''Sinto que exerço melhor minha cidadania assim'', resume a atriz e professora Luciana Canton, 36, quando questionada sobre sua decisão de vender o carro, há quase um ano. ''Mas, antes disto, eu era uma patricinha que andava pela cidade com os vidros sempre fechados, com medo'', completa. A decisão foi tomada depois de três anos vivendo em Nova York, uma cidade em que, para estacionar, é preciso desembolsar, em média, US$40 diários( cerca de RS$75). ''Nova York é uma cidade para se andar a pé. Foi lá que 'desbitolei', brinca. ''Hoje estou acostumada a pegar ônibus, metrô ou trem''( detalhe: sua foto foi tirada dentro de um ônibus...). Segundo Luciana, vários amigos alertaram para as possibilidades de violência nas ruas. Para esses, a atriz tem um bom argumento: ''A única vez em que fui assaltada eu estava de carro. E não é o medo que vai me fazer parar de andar pela rua''. A matéria da Folha finaliza informando que na cidade de São Paulo, 80% das fontes poluidoras são compostas por veículos automotores''( ''Revista da Folha'', domingo, 21 de setembro de 2008). Por estes, e muitos outros, motivos, viva o Dia Mundial Sem Automóvel...
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