No post anterior- ''O Paradoxo da Mudança''- examinamos como épocas de mudança são aquelas em que, paradoxalmente, as pessoas menos querem saber de mudanças. Isto porque, quando a nossa sobrevivência está em risco, este é o momento em que estaremos menos propícios a ouvir falar em ''novos métodos'' e ''novos rumos'', uma vez que já estamos no meio destes ''novos tempos''! E com a nossa cara- e outras coisas mais- exposta na janela para todo mundo ver( e jogar ovos, frutas estragadas, entre outras coisas mais...). Daí que a recessão de 29 conduziu ao nazismo e ao fascismo, ideologias conservadoras, e que a ''revolução jovem'' dos anos 60 foi feita em anos de ''bonança'' e criação de empregos...O ''paradoxo da escolha'' advém do fato de que, quanto mais coisas são postas à nossa disposição, temos mais tendência a escolher as mesmas coisas que sempre escolhemos...Peguemos as marcas de cigarro. Qualquer tabacaria de hoje tem dezenas de marcas de cigarro diferentes, com todas aquelas sub-divisões( mentolado, light, etc...). As mais vendidas, eis uma comprovação deste ''paradoxo da escolha'', são apenas umas 4 ou 5...Nenhuma novidade, apenas as mesmas marcas que já eram sucesso quando tínhamos ao todo apenas 4 ou 5 marcas...Claro que não podemos generalizar. Algumas pessoas, uma minoria, são movidas a novidades. Querem sempre experimentar, provar coisas novas. Para estas, o ideal é viver em um grande centro. Nunca estarão enjoadas...No entanto, existem muitas outras pessoas para quem a quantidade ''confunde'' ou ''cansa''. Para estas, existem partidos e candidatos ''demais'' para escolher. Existem também produtos ''demais'' nos mercados, e elas acabam, intimidadas, levando a mesma marca de sempre...Para elas, os muitos canais de TV a Cabo intimidam. E elas, caso algum dia assinem alguma destas TV's, acabarão sempre escolhendo 2 ou 3 entre os 90 que existem( exemplo brasileiro...Paulo Francis falava de 500 opções lá em Nova Iorque...). Internet? Nem pensar. ''Só em ter de escolher entre aqueles trilhões de sites...''. Há muito a humanidade se divide entre cidades ''abertas''- muito mais prósperas e progressistas- e ''fechadas''. O primeiro povo ''aberto'' foi o Fenício, lá onde se situa hoje o Líbano. Não por acaso uma nação de comerciantes...Seus navios percorriam toda a região do Mediterrâneo, boa parte do mundo à época. Roma, em decorrência de suas conquistas, acabou se tornando uma cidade ''aberta''. Seu progresso adveio disto. Como crescer e prosperar sem diferenças ou oposições internas? A América, cujo maior símbolo é a Estátua da Liberdade, cresceu acolhendo pessoas de todas as etnias, vindas de todas as partes. Nenhum outro povo muito ''homogêneo'' conseguiu sequer aproximar-se das vitórias norte-americanas. O melhor de se viver em um lugar livre é ter o direito de escolha. Poder optar entre milhares de produtos diferentes, todos lutando implacavelmente entre si por um lugar ao sol, e poder sobretudo escolher entre ideologias e candidatos diferentes a cada eleição. Tudo isto parece um ''caos'' para mentes limitadas, mas é um ''caos construtivo'' que acaba dando certo ao final- caso contrário já estaríamos todos mortos...Os soviéticos almejavam, por volta do final dos anos 50 e início dos 60, ''conquistar o mundo''. Hoje os produtos escassos dos mercados de ''propriedade do povo'' são apenas peças de museu...Quem venceu? Justamente aqueles que tinham sonhos para oferecer, e escolhas, muitas escolhas para preencher as nossas mentes. O ''paradoxo da escolha'' acaba se ligando ao ''paradoxo da mudança'': ambas são formas de tentar negar o momento único que estamos atravessando. No ''mundo plano'' de hoje tudo está ligado. Estamos todos, por isto falei outrora aqui em ''neodarwinismo'', disputando uns com os outros. Como indivíduos, e como nações. A vida não perdoa aqueles que vivem dos ''louros'' de conquistas passadas. O que você, ou seus compatriotas, não querem fazer, saiba que há milhões de ''chinezinhos'' ávidos para tal, por um décimo de seu salário...Diante das mudanças, todas estas mudanças conexas em um processo histórico irreversível, temos duas opções: temer e recuar diante dos riscos envolvidos, ou mergulhar ''de cabeça'' na corrente das mudanças. Aqueles que optarem pelo segundo caminho sairão( já estão se saindo, aliás)vencedores. Bem-vindo ao mundo da ''mudança perpétua'', a mudança continua em permanente estado de (auto)transformação...Não há nada a temer, pois já estamos dentro deste processo de ''revolução permanente'', lutando para manter nossas cabeças sobre as águas...Querer mais, e diferentemente, abundantemente, é a regra no mundo de hoje, ao qual os mais jovens parecem se adaptar com muito mais facilidade...E sem falsos dilemas ou ''paradoxos''...
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