segunda-feira, 7 de julho de 2008
Público X Privado
Por motivos que não vem ao caso, procurei a companhia aérea com 6 horas de antecedência para o meu vôo. ''Lamentavelmente'', eles me informaram, ''como a sua passagem foi comprada na promoção, não podemos antecipar o seu vôo''. Um atendente chegou a me indicar uma loja da mesma companhia aérea. Imaginei que, certamente, teria de desembolsar uma diferença. Tudo bem. Exceto ter de passar 6 horas no Aeroporto de uma outra cidade que não aquela onde eu vivo. ''Só'' que a diferença que eu deveria pagar para embarcar em um outro vôo era MAIOR do que aquela paga pela passagem original...! ''Política da companhia'', informaram-me as atendentes como quem cita a Bíblia...Optei, claro, por passar as sofridas 6 horas no Aeroporto. Detalhe: o vôo que antecedia o meu estava meio vazio...A companhia aérea que (des)tratou-me desta forma auto-intitula-se ''Linhas Aéreas Inteligentes''...Uma vez perguntaram-me qual seria a melhor empresa de celulares do Brasil. Na época eu sequer possuía um. Mas, pelas leituras de jornal, informei que ''tanto faz. Todas elas são campeãs de reclamações nos Procons''. Tudo isto me faz perguntar como é que empresas particulares que são notórias por tratar mal seus consumidores podem subsistir. Que ''milagre'' é este, no Brasil, que premia os caros e ineficientes? Trata-se de uma forma ''sui generis'' de economia de ''livre mercado'' que fez a transição do sistema estatal para um duopólio/oligopólio comandado por poucas empresas que não tem diferenças entre si. No livre mercado real, uma empresa é punida por destratar um consumidor. Punida com perda de mercado, e de lucro. Não aqui. Neste país, os consumidores insatisfeitos de uma vão parar alegremente nos braços de outra que tem prática semelhantes. E isto ocorre em diversos setores estratégicos: telefonia, TV a Cabo, companhias aéreas. Trocamos as Teles por lojinhas de venda de celulares que levam meia-hora ou mais para atender um consumidor que procura por um acessório. Detalhe: não havia fila...Você pega a senha, e fica esperando eles atenderem os consumidores que estão na frente. E o tempo vai passando: 10 minutos. Nada. 15 minutos, nada. Meia hora, nada. Até que percamos a paciência, e deixemos a loja. Assim como perdemos a paciência com ''call centers'' como o de certa empresa de TV a Cabo, notório por deixar seus usuários esperando mais de 15 minutos ouvindo aquela barulhenta e irritante musiquinha( além da lembrança de que ''nossos atendentes estão ocupados no momento...''). A privatização significou um avanço considerável, no que se refere aos preços pagos e equipamentos utilizados. Porém, no que diz respeito ao atendimento ao consumidor, NADA- NADA MESMO- mudou...Talvez este seja mais um problema ''cultural'' ( de falta de cultura, leia-se) deste país...Saímos da Estatização, mas não fomos parar em um sistema de Livre Mercado. Onde estamos? Talvez na ilha de Lost...Ou não, já que no episódio final da temporada a ilha mudou de lugar...
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