Ainda em estado de felicidade, resquício do último fim-de-semana, revejo em São Paulo a chamada ''realidade'' dos noticiários. Desperto com o telejornal matutino da Record, o ''Fala Brasil''. Em uma das notícias, somos informados de que os candidatos a Prefeito do Rio de Janeiro- segunda maior cidade do país- estão sendo impedidos de fazer campanha em diversas favelas controladas por traficantes ou ''milícias''...Bom. Nada contra suas excelências, em especial o simpático candidato Fernando Gabeira, que estão no exercício legítimo de uma das prerrogativas do Estado de Direito. Mas a notícia assim, neste momento, exerce um papel de alerta. Durante anos ignoramos, ou buscamos ignorar, o papel exercido pelos traficantes do Rio. Hoje não dá mais para esconder: são uma FORÇA BELIGERANTE, que exerce a ''lei'' ( própria...), ''julga'' e executa aqueles que são contrários à sua (des)''ordem''. Enquanto as ''autoridades''(oficiais, eleitas pelo povo)não tomam medidas contundentes e necessárias para eliminar este ESTADO PARALELO, do ''outro lado'' os traficantes não temem nada nem ninguém no exercício de seu ''poder''. Eles não querem nada com as ''autoridades'' oficiais, não tem pudor em dizer em alto e bom tom que ''políticos não são bem-vindos aqui''. E o outro lado, o ''nosso lado'', o que vai fazer agora? Vamos ignorá-los mais uma vez, enquanto eles crescem, ou é chegada a hora de acordar e tomar medidas mais do que urgentes e necessárias? O Poder, que nunca é tímido e nem tergiversador, parece- pelo tom das declarações- muito mais do ''outro lado''. Mas admito provas em contrário...Na coluna Sonia Racy, do Estadão de terça-feira 29/7, sob o título ''A coisa tá feia'', informa-se que ''A Presidência da República pretende comprar 350 coletes à prova de balas, do tipo ''dissimulados''. Já o preço e o peso não são tão dissimulados assim. O pacote custa R$177 mil, e o maior coletinho pesa mais de 3 quilos...". Quem usará o maior coletinho? Você tem alguma dúvida? Se ele, lá no Planalto, está pensando em comprar super-coletes para a própria proteção, nós deveríamos comprar o que??? A última nota a comentar, da colunista Monica Bergamo da Folha de São Paulo, sob o título ''Desafinados'', informa que ''No sábado, um desfile de Ferraris e Maseratis interrompeu a apresentação da Orquesta Pão de Açúcar no Festival de Inverno de Campos do Jordão. Os motoristas aceleravam os carros provocando um ruído que contrastava com a sinfonia de Bach, que era interpretada no palco da Praça do Capivari. Os 2 mil apresentadores presentes reagiram com vaias e gritos de ''Fora, fora'', que acabaram expulsando o cortejo''. Eis um belo exemplo de ''Barbárie Classe A'': dane-se a cultura, e viva o desfile infantil de ''carrões'' importados...Silenciamos Bach em prol das Ferraris! A que ponto chegamos neste país... Diante de tal realidade, dantesca, prefiro voltar doravante ao blog, este exercício interior, retrato de pensamentos que podem, ou não, ter contato com este mundo não real, mas ''mundo que é mostrado como mundo''...Tão belo mas, por instantes, tão (i)mundo...
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