Hora do almoço. Decido comer em um restaurante natural perto de casa, para me ''limpar'' um pouco dos estragos gastronômicos cometidos no Paraná...Boto muitos vegetais no prato até o momento em que, antes de encaminhar-me para uma das mesas, deparo com uma ENORME travessa cheia de doce de banana em calda...Nota: no restaurante come-se à vontade por um preço fixo. A sobremesa é livre...No prato normal há uma espécie de nhoque( hoje é dia 29, e acredita-se que comer nhoque neste dia ''dá sorte''). Devoro o prato, pensando no doce que me espera lá em baixo...Para devorá-lo, apropriadamente, há uma grande tigela. Ignoro, simplesmente, as demais sobremesas. Só há lugar, física e mentalmente, para o doce de banana em calda- um desejo antigo...Os super-mercados paulistanos oferecem inúmeras espécies de doce, alguns até importados. Há uma versão para mercados do doce de banana, mas a calda caramelizada tem gosto artificial...Por tudo isto, este doce que devoro hoje, sem culpa, me parece fantástico. No final da primeira tigela- final que pareceu extremamente ''breve'' para mim- o dilema. ''Você quer perder peso após um final-de-semana de total relaxamento gastronômico. Deveria contentar-se com apenas uma tigela de doce de banana'', diz o meu lado ''bonzinho''. Ao que o lado ''diabólico''/ Coringa replica: ''Não está bom? Deixa este papo de dieta para depois...Meta a mão na massa! Ou melhor, no doce!''. Cruel dilema...Não atendi totalmente nenhum dos dois personagens: desci após estas breves divagações e peguei um prato raso de sobremesa. Nele coloquei o que podia do inesquecível doce, e mandei ver a reduzida versão da bananada...Sem brincadeira: COMER ESTE DOCE DE BANANA EM CALDA MUDOU O MEU DIA...Até aquele momento eu oscilava entre o bem-estar que estava sentindo após voltar para a minha cidade e o noticiário ''pesado'' dos jornais e telejornais diários. APÓS O DOCE fui envolvido por uma nostalgia, uma saudade daqueles melhores dias da infância que não voltam mais. Mas isto não me deixava triste. Ao contrário, foi uma bela recordação do melhor que há nesta vida. A partir deste almoço, e da realização deste desejo, o resto me pareceu muito mais belo. Nem ligava mais para o trânsito pesado, as buzinas. Passei na banca de jornais, e o jornaleiro- torcedor do Santos- me provocou logo dizendo que ''o São Paulo não vai muito longe não''. Que o seu time( só porque goleou o fraco time do Vasco da Gama por 5 a 2 na Vila Belmiro)estava iniciando uma ''histórica virada rumo às primeiras colocações''. Eu, cruelmente mas feliz como nunca graças ao doce, repliquei de imediato que o ''peixe'' já estava entre os primeiros times do Campeonato Brasileiro, ''se olhássemos a tabela de baixo para cima''...Estava tão feliz, continuo, que nem liguei para o fato de que o dia ensolarado também prometia uma alta temperatura, com máxima próxima de 30 graus. Olhava embasbacado, como na primeira vez, para todos aqueles prédios altos da Paulista, agora reformada e com canteiros no meio da pista...O sol, aquele mesmo astro-rei que tanto denigro e de que tanto fujo, na hora de alegria serve como fonte de inspiração...''Uso'' o sol para provar que as coisas estão normais, belas, perfeitas como nunca. Mesmo as pessoas, se excluirmos aquele aspecto competitivo e meio ''antipático'' já retratado neste blog, pareciam bem, harmônicas em meio à confusão nossa de cada dia...Aqui as pessoas não andam de short, durante a semana, salvo os turistas ou mais jovens, nem são pródigas em sorrisos, mas são animadas e amigas quando conhecemos novos amigos. Sigo pela Paulista até a Pamplona, onde enfrento o tradicional ''engarrafamento de gente'' de todos os dias: leva-se até 10 minutos para cruzar o quarteirão que separa a Paulista da Alameda Santos, passando por inúmeras lojinhas, McDonald's e Correios. No quarteirão seguinte a lojinha de doces- tão comum por aqui- está lotada, com fila. As ''formiguinhas'' paulistanas se enchem com todas as espécies de doces e um tal de picolé ''coreano'' que faz bastante sucesso por estas bandas...Nem pensar em mais um doce hoje...
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