quarta-feira, 13 de junho de 2012

Primeiro de Maio e o cenário: Plaza de Mayo...

Francamente, eu não achei que iria dar muita gente neste ato da Plaza de Mayo.
Primeiro porque- ao contrário de outros anos, em que multidões tomavam todos os cantos da gigantesca Avenida 9 de Julio nesta data- o movimento sindical argentino está rachado.
Muitos sindicalistas participaram do comício governista no estádio do Vélez, que antecedeu a nossa chegada a Buenos Aires. Em razão disto, não estava dispostos a sair novamente às ruas...
O principal líder da Central Sindical CGT( Hugo Moyano)está ''rompido'' com o Governo Cristina Kirchner e, em função disto, não preparou nenhum ato...
Para aquele Primeiro de Maio- Dia Internacional do Trabalho- estavam previstos apenas 3 eventos: um na Federação de Boxe, reunindo alguns sindicalistas governistas( teve 1000 pessoas, segundo os jornais do dia seguinte). Um outro da CTA, central opositora, na região da Avenida 9 de Julio( não consegui informar-me sobre o local exato). E este terceiro na Plaza de Maio, local fácil de achar, reunindo sindicalistas opositores e partidos de extrema-esquerda. Pensando em eventos similares no Brasil, pensei que não chegaria sequer a 500 o número de presentes...
Para piorar, ao contrário dos últimos dias, esta terça-feira estava ENSOLARADA na capital argentina( para mim um claro recado de que estava na hora de ir embora...). O que me forçava a, em um lugar aberto, procurar alguma ''sombra'' enquanto esperava o início do ''espetáculo''...
Francamente: ato de sindicalistas opositores e partidos ultra-minoritários, sem apoio oficial e sem ''shows'' musicais marcados, e sem a distribuição de ''brindes'' e ''lanches'' aos participantes- como é comum neste tipo de eventos- quantas pessoas iriam participar? ''Muy poucas'', eu previa...
Sem contar que estes caras estavam contra uma Presidenta que foi reeleita com maioria absoluta de votos, que contava ali com cerca de 70% de aprovação nas principais pesquisas de opinião e que havia acabado de expropriar as ações da IPF( principal companhia petrolífera do país)em poder de empresários espanhóis, com praticamente o apoio unânime do Congresso Argentino...
Mas, repito, era Primeiro de Maio. E eu, a qualquer custo- inclusive do meu almoço, como mencionei- estava disposto a assistir um ''ato típico argentino''.
Em um país no qual os torcedores sempre apoiam os seus times- mesmo perdendo de 3 x 0- e fazem um ''espetáculo'' incomparável nas arquibancadas( com muita violência também, há que se admitir...), e no qual o ato de ''protesto'' virou quase uma instituição nacional( as ruas e avenidas da capital são ''cortadas'' quase que diariamente por manifestantes de todos os tipos, até mesmo ''a favor''( como sindicalistas ''pelegos'', Avós da Praça de Maio e ''piqueteiros'' pró- Governo)um ato nunca é apenas um ato...
Reclamam vários brasileiros da nossa passividade, comparando-nos aos argentinos. Certo é que a combatividade do povo vizinho não livrou-os de ditaduras, corrupção, problemas de todas as espécies que prosseguem até hoje em dia. ''Resistir'', ''combater'' algo, não significa que estas coisas ruins a que nos opomos desapareçam como que por encanto...
Mas que o nosso país seria bem mais divertido com umas ''marchas'' destas cortando as ruas das principais cidades- principalmente a Capital da República- ah, isto seria...
Alcnol.
PS: A seguir, mostraremos como foi o ato de Primeiro de Maio da ''Frente de Esquerda'' argentina...

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