O local: Restaurante Oviedo, em Palermo( Calle Beruti, 2602).
Por sinal, este foi um dos lugares onde RETORNARÍAMOS no decorrer desta viagem...
A foto acima mostra o primeiro piso, provavelmente o único onde sobravam mesas vazias nesta noite de sábado...
Abaixo, a única alternativa- para os que não fizeram reservas- era sentar-se em uma das mesas de fundo. Foi o que fiz...
Nossas impressões:
1- Não se pode fazer qualquer generalização a respeito do público frequentador da casa. O motivo: ''Oviedo'' é frequentado tanto por moradores da capital argentina, muitos de idade avançada, como por turistas e casais jovens...
2- A única coisa em comum a todas estas pessoas é o bom gosto. Motivo da lotação deste estabelecimento.
Na mesa ao lado, prestei atenção a um casal de idade avançada. O senhor, com um elegante terno ''fifties''( dos anos 50 do século passado, aproximadamente), possivelmente adquirido em alguma viagem ao Exterior. A senhora, muito bem vestida também.
Fiz um ''atrevido'' comentário sobre algo que eles estavam falando, e a conversa começou a fluir animadamente entre as mesas...Muito simpáticos, chegaram inclusive a elogiar o meu lamentável ''portunhol''- que em terras argentinas, com o seu inimitável sotaque local, é facilmente identificável pelos portenhos...
Conversa vai, conversa vem, o seu desencanto com a política nacional ficou evidente. Chegaram até a afirmar que ao menos no Brasil ''hay Gobierno''...O que replicar? Logo eu, que estou cada vez mais convencido de que ''não há mais Estadistas dignos do nome''...Os atuais, só pensam em pesquisas de opinião e nos seus interesses eleitoreiros imediatos- sem uma visão de longo prazo. Dá até saudade dos ''Planos Quinquenais'' de Stálin, um arremedo de planejamento mas, ao menos, um pouco dele...
O que pude notar neste breve bate-papo é que os argentinos com um mínimo de educação e cultura se sentem ''ilhados'', ''isolados'', ''hostilizados'' por um Governo que se mantém graças a subsídios e ''projetos sociais'' voltados para as ''grandes massas''...
Qualquer semelhança com outros países não é mera coincidência...
Ao menos, resta ao Governo Brasileiro uma vantagem: ele se distanciou do discurso e da prática populistas dos anos 80( ''congelamento de preços'', ''moratória'', etc.),que nos levaram à hiperinflação de 80% ao mês no final do Governo Sarney( 1990)...E até já privatizou diversos empreendimentos: estradas, aeroportos...
Em terras argentinas, o discurso é outro: nacionalização, expropriação de empresas estrangeiras( que deve ter soado aos ouvidos norte-americanos como ''roubo!''), restrição às importações. Um quadro desanimante, que leva ao fechamento de várias grifes estrangeiras que outrora embelezavam as ruas de Buenos Aires...
O que fazer?
Lembrar, de início, que estávamos no ''Oviedo'' para comer. E lugares como este continuam a fazer da capital argentina um dos melhores destinos para isto...
Começamos com uma saladinha orgânica com os melhores ''produtos da horta''.
Junto com um ceviche, prato típico peruano...
Destaque para os pescados fresquíssimos, uma marca registrada deste excelente restaurante.
Voltando para a situação argentina, fiquei surpreso na chegada ao deparar com as ruas lotadas e muito iluminadas. Mesmo com a inflação crescente, e as nada alvissareiras notícias econômicas, o povo argentino é do ''tipo boêmio''. Cafés e restaurantes cheios, uma centena de atrações culturais só na Avenida Corrientes, shows musicais na rua, Feira do Livro...
A Cultura nos atrai e, pelo visto, vai continuar a levar-nos à capital da Argentina por muitas e muitas vezes. ''Apesar de tudo''...
Políticos passam, o país( e a cidade)continuam...
Com a simpatia daquele casal de ''velhinhos'' que, certamente, já vivenciaram dias melhores...
Como prato principal, costeletas de cordeiro.
O mínimo que posso dizer é que nesta casa não deparei com nenhum prato ''mais ou menos''...
E olha que nem tive oportunidade de experimentar as massas...
Alcnol.
PS1: Na ''empolgação'', esqueci de anotar o preço deste jantar. Mas não foi nada que chamasse a atenção por ser ''caro'' ou algo do gênero...
PS2: Atendimento. O serviço é, em Buenos Aires, um pouco ''devagar'' para os padrões ''paulistanos''...Porém, o próprio ritmo da cidade é outro: as pessoas me pareceram mais tranquilas, serenas, e são capazes de passar horas em um café enquanto lêem alguma coisa( assim como na Europa...).
PS3- ''Mañana'' iremos a Puerto Madero para o ''lunch''( almoço)...
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