No último domingo o Corínthians- time do qual estou longe de ser ''simpatizante''- jogou pela primeira vez com sua nova camisa número 3. E, a exemplo de vários times europeus, o clube do Parque São Jorge, optou por uma cor diferente: o grená( vinho ).
No dia seguinte, e a nosso ver de modo muito oportuno, o jornal Folha de São Paulo circulou com a seguinte manchete na capa: ''Timão Tricolor''. Mostrava um membro de torcida organizada que, revoltado com a ''traição'' às cores tradicionais do time, exibia a camisa tradicional para um dos jogadores ''neo-grenás''.
A polêmica deve, em nossa opinião, passar longe de considerações puramente estéticas, do tipo ''curti''/ ''não curti''.
Na verdade, mesmo torcendo para outras equipes- São Paulo e Fluminense- acredito ser preocupante o papel do ''marketing'' no plano esportivo. Este é, verdadeiramente, o tema deste post.
Um dos maiores ''marqueteiros'' do século XX foi o ditador alemão Adolf Hitler. Em sua principal obra- Mein Kampf, ''Minha Luta''- Hitler dava atenção inclusive para detalhes menores que acabaram contribuindo decisivamente para sua ascensão ao Poder. Entre eles detalhes, a importância dos símbolos: o estandarte, as cores do Partido. As marchas dos nazistas pelas principais cidades alemãs tinham o aspecto de verdadeiras festas: bumbos, bandeiras ao vento, milhares de militantes marchando a plenos pulmões.
Antes que alguém pense que eu ''pirei'', mostrando uma até aqui insuspeita simpatia por ideais de extrema-direita, ressalto que este é apenas um exemplo histórico que mostra a importância de distintivos, símbolos, bandeiras, cores no imaginário popular de todos os tempos.
Os fascistas de Mussolini notabilizaram-se por suas ''camisas pretas''. E o vermelho acabou tornando-se o símbolo dos revolucionários de todo o mundo( particularmente os comunistas).
Municípios, Estados, Países, grupos e organizações políticas, todos ostentam com orgulho os seus símbolos( hinos e bandeiras entre eles). No caso de nosso país, a inconfundível combinação verde e amarelo- reconhecida mundo afora de imediato, especialmente nas épocas de Copa do Mundo...
O futebol não é diferente. Temos o ''colorado'' gaúcho( Internacional), os ''tricolores''( cada um com sua combinação distinta de cores) Grêmio, Fluminense, São Paulo, Paraná Clube, os ''alviverdes'' Coritiba e Palmeiras, os ''rubro-negros'' Flamengo, Vitória-BA, Sport-PE e Atletico-PR, os ''alvinegros'' Botafogo, Ceará, Atlético-MG e, pelo menos até aqui, o Corínthians...
Os símbolos e, por que não?, as cores de nossas equipes prediletas são parte inseparável da nossa paixão. Muitas vezes, e de modo equivocado- deixemos bem claro- estes símbolos são até mesmo confundidos com estandartes de guerra- dos quais guardam, é preciso reconhecer, uma certa semelhança- e bandos de torcedores se engalfinham em lugares públicos para supostamente ''defendê-los''. Isto só mostra a importância dos mesmos no imaginário popular...
''Marqueteiros'', ao contrário, são conhecidos por zombar de tudo. Movem-se não por paixões- sentimentos que devem considerar ''menores'', pois pouco ''úteis''- e sim por dinheiro. Comerciais debocham de tudo: costumes, religiões, símbolos históricos, nacionais, políticos( Che Guevara já foi objeto de um sem-número de comerciais...).
Exatamente por não se prenderem a nada, consideram-se ''livres'' para falar sobre qualquer assunto. O que conta- infelizmente este também é o tom de parte da Internet hoje em dia- é a ''novidade''...
Pois bem. Um dia o tal ''marqueteiro'' a serviço do Corínthians lê em algum lugar que o time do Torino( Itália)morreu em um acidente de avião em meados do século passado. E, admirado com a bela cor daquela equipe, decide ''homenageá-la'' criando um novo uniforme para o ''Timão''...
Não se trata de uma questão puramente estética, repetimos.
A cor escolhida, o grená, é belíssima. Outro dia até mesmo comprei um jogo de cama na loja ''Zêlo'' exatamente desta cor. Tenho várias camisas, inclusive duas de times de futebol- o Juventus da Mooca, e o Fluminense- RJ- exatamente desta tonalidade.
O problema é de outra ordem.
Esta cor notabiliza a smpática equipe da Mooca, o célebre ''Moleque Travesso'', atualmente na Terceira Divisão do futebol paulista. E é uma das 3 cores características do Tricolor das Laranjeiras( possuidor, aliás, da camisa mais bonita do futebol brasileiro...).
Revoltado, e com razão, ficou o torcedor que acordou um dia e viu algo que ''não é Corínthians''. Não tem nada a ver com a história e com as tradições daquele clube. Algo feito apenas para vender camisas e encher os cofres daquela agremiação.
Mais acertado ainda foi o jornal Folha de São Paulo, que ''meteu o dedo na ferida'' com sua manchete ''Timão Tricolor''. Afinal, existem 7 cores principais das quais todas as outras são derivadas. Preto é a ausência de cor, dizem os livros especializados. Branco é a junção de todas as cores. Grená, vejam só, é apenas uma cor derivada do vermelho- uma subtonalidade.
Por causa da ''brincadeirinha'' de algum garoto ''marqueteiro'', naquele dia o ''Timão'' vestiu de verdade 3 cores, uma das quais derivadas do vermelho. Que notabiliza, vejam só, o seu ''arqui-rival'' São Paulo...
O título da Folha estava coberto de razão...
O torcedor tem toda a razão também, ao menos desta vez, em resistir contra estas artimanhas do marketing, feitas por gente que não sabe o que é realmente o que é sofrer por alguma coisa- ainda mais pelas vestes de uma ''simples'' equipe de futebol...
Ele, como muitos outros aliás, honra os símbolos que ostenta com orgulho em seu peito- e a tradição da equipe pela qual torce...
Alcnol.
PS: De todas as peças acima, só a almofada é ''puramente'' vermelha. Mas vejam só como se parece com as demais peças retratadas...Seria ''equívoco'' de nossa câmera digital?
PS2: Eu também não quero ver meu time vestindo azul, amanhã, por exigência de algum marqueteiro ou patrocinador...
PS2: Eu também não quero ver meu time vestindo azul, amanhã, por exigência de algum marqueteiro ou patrocinador...