A edição de agosto da revista norte-americana ''Fast Company'' circula com Jeff Bezos( empresário criador da ''Amazon'')na capa, e expõe seus planos de seguir os passos bem-sucedidos de Steve Jobs, da Apple...O texto, do qual expomos apenas alguns trechos ilustrativos em tradução livre, é de Adam L. Penenberg: ''Recentemente, Bezos afirmou que os ''e-books'' do Kindle adicionaram 35% às vendas físicas de livros feitas pela Amazon(...)O analista do Citygroup Mark Mahaney estima que a Amazon vendeu meio milhão de Kindles o ano passado, e projeta o seu lucro anual- incluindo a venda de ''e-books'' e aparelhos próprios para lê-los como o Kindle- na faixa de U$1.2 bilhão no ano de 2010. A compania informa que 275 mil títulos estão disponíveis no formato do Kindle, incluindo aproximadamente todos os 112 best-sellers da lista do jornal The New York Times. A Amazon não disfarça os seus planos, e informa na página do Kindle que 'Nosso projeto é ter todos os livros impressos, em qualquer linguagem, todos disponíveis em menos de 60 segundos''. Muito bonito. Mas quais serão as consequências de toda esta concentração de poder nas mãos da empresa chefiada por Bezos? ''Jeff Bezos'', continua Adam Penemberg, ''está tentando fazer com os Editores o que Steve Jobs, da Apple, fez com a indústria da música''(...)''Se isto acontecer, os editores de livros terão motivos para temer muito mais do que apenas a redução de sua influência. A Amazon poderá retirá-los do jogo completamente, transformando-os nos últimos intermediários órfãos graças à nova tecnologia''... Qual é o peso atual da Amazon? ''A Amazon comanda no plano online, fazendo talvez cerca de 10% ou 15% do total de vendas de livros- mas mantendo uma faixa de mercado de 80% nas vendas feitas pela Internet''. No plano online, concluímos, a Amazon já é virtualmente um monopólio...Mas pretende muito mais...Um editor afirma que o Kindle poderia ajudar a Amazon a ''superar tradicionais editores, por meio de acordos estabelecidos diretamente com autores de grande vendagem''. Adam L. Penemberg, da revista ''Fast Company'', frisa que ''a indústria editorial é especialmente vulnerável porque é um negócio de ''hits'', com um pequeno número de títulos de grande impacto( ''Harry Potter'', ''Crepúsculo'', entre outros)subsidiando todo o resto. Tire dos Editores de Livros os ''best-sellers'', e eles ficarão apenas com as vastas operações não-lucrativas''. Para os autores de livros de grande vendagem, isto poderia até representar um lucro: ''Ao invés do autor famoso receber apenas a taxa padrão de 15% sobre a venda de uma edição de capa dura, por exemplo, a Amazon poderia simplesmente fixar uma cota de 20% a título de distribuição, enquanto o autor receberia todo o resto''...Neste modelo de negócios, enfatiza o Editor entrevistado, ''tudo é estruturado para que você, como o detentor da propriedade intelectual, fique com a ''parte do leão''( ''get the lion's share'')de todo o lucro líquido, e não os Editores. Se os ''e-books'' decolarem, a Amazon poderia simplesmente cooptar os autores mais vendidos, e os Editores se veriam subitamente privados de suas fontes mais rentáveis de lucros''...Mais: a pretexto de cortar as despesas de distribuição, a Amazon poderia simplesmente optar por imprimir diretamente os livros...''O ano passado, como punição aos editores que recusaram reduzir suas margens de lucro, a Amazon desativou o botão ''1- click ordering''( pedido em apenas um clique)em uma vasta quantidade de livros expostos no seu site, tanto aqui quanto no Reino Unido- uma tática que o NYT qualificou como ''a opção nuclear''. Em uma carta aberta a seus autores, Tim Hely Hutchinson, Chefe Executivo da Editora Hachette na Inglaterra, vergastou as ''crescentes demandas'' da Amazon e frisou que, caso isto continue, ''não demorará muito para que a Amazon virtualmente fique com todo o lucro que atualmente é dividido entre autor, editor, distribuidor, impressor, e outras partes''. E qual a situação atual da Apple, empresa que serve como referência para os ambiciosos planos de Jeff Bezos? Steve Jobs ''estabeleceu um virtual monopólio sobre a distribuição digital de música online, e, até o presente momento, mantém uma participação de mercado de 87% dos downloads. Neste processo, incrementado pela invenção do Ipod- que lhe garante uma fatia de 70% de todas as vendas de aparelhos de MP3- além da criação do Iphone, tudo isto representa atualmente mais de 40% dos lucros totais da Apple''...Mas, até o momento, há uma significativa diferença entre as duas empresas: ''enquanto a Apple recebe centavos por cada canção baixada em seu site, a Amazon atualmente perde dinheiro em muitos títulos, com editores recebendo entre U$12 e U$13 por ''e-book''. Você pode achar que ,devido ao fato de os editores lucrarem com tal arranjo, eles estariam satisfeitos. Não estão. A Amazon está criando uma mentalidade de ''preços baratos'' na mente dos consumidores, e redefinindo o custo de um ''livro'' do mesmo modo que a Apple fez com a música...''. Por enquanto tudo não passa de simples conjecturas em um mercado no qual os ''e-books'' representam apenas cerca de 1% a 3% do total de livros vendidos, mas a situação- como mostram os ''fenômenos de Internet'', a exemplo do Twitter- pode mudar completamente em questão não de anos, mas de meses...A própria Amazon, continua o texto de ''Fast Company'', possui suas fragilidades. Uma delas reside no fato de que a Apple poderia estar concebendo, neste exato momento, o seu próprio modelo de ''e-book'', com tela colorida, tocador MP3, DVD Player, etc...A entrada de uma empresa com a dimensão da Apple no mercado de ''e-books'' pode representar, ao menos neste instante, um alento para os Editores de Livros- conclui o artigo de ''Fast Company''. Nada melhor que a competição para evitar que eles fiquem , literalmente , ''nas mãos'' de uma empresa só. Porém um alerta: a empresa de Cupertino ( California, sede da Apple)raramente entra em uma partida que não seja para ganhar. E ''de goleada''...Alcnol.
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