O bairro paulistano ''Chácara Klabin'' é um forte exemplo de uma determinada tendência da dita ''modernidade'', com grandes chances de se generalizar em um futuro próximo: os bairros artificias, construídos ''on demand''...Sim, porque este bairro não surgiu naturalmente. Ele foi fruto da enorme procura por novos imóveis de alto padrão na cidade. Assim, eles demarcaram uma região que, claramente, já foi local de várias chácaras, e aproveitaram-na para construir inúmeros edifícios. Criado que foi pelas empreiteiras, ressente-se da falta de equipamentos públicos. OK, lá estão algumas praças- em geral vazias...Enquanto passeava por ali senti um certo arrepio( de desconforto, óbvio): quase ninguém- exceto, talvez, os empregados de todos aqueles altos edifícios- nas ruas, e muitos, mas muitos mesmo, automóveis circulando apressadamente por todos os cantos( não se engane pelas fotos de ruas vazias...). Você pode perguntar se, afinal, eu não achei sequer um café. Para falar a verdade sim. Dois( um era de uma rede famosa: ''Fran's Café'', e o outro da ''Copenhagen''...). Mas nada típico. Nada que me motivasse a sair daqui, da vizinhança da Avenida Paulista, para me dirigir até um local que eu saiba que só existe ali- na ''Chácara Klabin''...A região me lembrou alguns bairros semi-desertos de cidades que conheço: o Lago Sul, em Brasília, ou o Alto do Pinheiros, aqui em São Paulo. Com a diferença que o ''deserto'', aqui, era composto de edifícios, e não de casas...A vida nas gaiolas, digo, condomínios, é assim: de casa para o trabalho, óbviamente de automóvel, e vice-versa. Nenhum contato com ''estranhos'' no caminho. Nada de passeios a pé pela vizinhança. Assinaturas de jornais e revistas para não ter de ir até a banca de jornais...Um modo de vida que, embora compreensível porque motivado pelo medo, é radicalmente oposto ao de grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo( repletas de cafés, livrarias, cinemas, praças cheias de gente, servidas por metrôs que percorrem boa parte dos dois grandes centros). Com todo o respeito em relação aos leitores que virtualmente residam em lugares semelhantes, andar pelo bairro de ''Chácara Klabin'' me lembrou o México nos dias de ''quarentena'' após o início da epidemia de ''Gripe A''...Mas, reconheço também, tais comentários de nada servem. Estes bairros artificiais- alguns repletos de restaurantes, parques, cinemas e shoppings fechados, para o uso exclusivo de seus moradores- isto cheira cada vez mais a presente e futuro do nosso país. Queiramos ou não. E, por mais que isto pareça ''confortável'', a vida ''atrás das grades'' não tem feito boas coisas para a cabeça dos jovens que vivem nestes espaços fechados e exclusivos( com raras exceções...). Alcnol.
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