''Cuidado com o que você escreve na web'', é o título de reportagem do ''The Wall Street Journal'' publicada ontem no jornal ''Valor Econômico''( edição de 21 de maio): ''Em março de 2008, a americana Shellee Hale, de Bellevue, Estado de Washington,postou perguntas e comentários em vários fóruns on-line sobre o ataque de um hacker a uma empresa de software que acompanha as vendas para sites de entretenimento adulto. Ela alegava que a informação pessoal dos clientes dos sites estava comprometida. Cerca de três meses depois, a empresa do software- que alegava que nenhum dado de cliente foi comprometido- processou Hale em um tribunal estadual de Nova Jersey, acusando-a de ter iniciado ''uma campanha para difamar e caluniar' a companhia em suas mensagens postadas em salas de bate-papo''. O curioso é que ,em sua defesa, Hale alegou que estava coberta por leis que protegem jornalistas de processos, porque ''estava agindo como repórter free-lance''...A discussão toda ocorre em um momento em que se discute qual será o destino do jornalismo impresso. Há poucos dias o suplemento ''Mais'', da Folha de São Paulo, publicou uma polêmica entre um crítico dos blogs e o estudioso Steve Johnson- partidário das novas formas de informação via Internet. O grande argumento dos partidários do atual modelo de jornalismo impresso- impossível não lembrá-lo neste momento- é justamente o fato de que blogueiros não tem estrutura para cobrir detalhadamente episódios ocorridos no outro lado do mundo, e costumam valer-se, para seus comentários, de textos publicados na mídia ''oficial''...Este é o meu caso, assumo...Blogueiros não teriam o poder que os jornais tem de enfrentar governos( como no episódio ''The Washington Post x Nixon, lembre-se). Acrescente-se agora que, evidentemente, blogueiros são mais frágeis para enfrentar as grandes comporações judicialmente...A mesma matéria de ''Valor Econômico'' acrescenta que ''até agora já foram concedidos cerca de US$17,4 milhões em indenizações em ações legais contra blogueiros''...Somos informados que ''empresas vasculham a Internet em busca de material protegido por direitos autorais e comentários negativos'', em uma clara tentativa de sufocar quaisquer críticas...Segundo uma sócia de um escritório de advocacia, ''embora o queixoso tenha pouca chance de vencer a causa, 'você pode ir à falência'( OBS: nos Estados Unidos existe o expediente da ''Falência Pessoal''...)só por se defender''. Em consequência deste gigantesco ''Big Brother'' empreendido por várias empresas que vasculham a Internet, ''sites que se propõem a dar notas para todo tipo de serviços, de professores universitários até médicos e empreiteiros, estão sendo processados pelos que são alvo de comentários depreciativos''. Segundo um blogueiro entrevistado pela matéria que estamos a comentar, ''como blogueiro pessoal, quando seus únicos leitores são você mesmo e sua mãe, você não imagina que algum dia vai receber advertências de um escritório de advocacia, diz Cadenhead, que começou a escrever blogs como hobby pessoal''. E Hale, a blogueira de Bellevue do início da reportagem, como consegue defender-se? Graças, vejam que sorte, a uma apólice de seguro, que a está ajudando a pagar sua defesa legal...Como nem todos tem a mesma sorte, constatamos que hoje a Internet está repleta de ''cascas de banana'' para aqueles que buscam exercer a sua expressão pessoal...Sinal dos tempos: empresas filmam o comportamento de consumidores nos mercados para estudar formas de vencer as suas defesas e vender-lhes mais produtos( isto é considerado ''lícito''). Enquanto a presença de consumidores nos estabelecimentos com celulares e câmeras digitais é hostilizada( eu que o diga...). Após o fim do Comunismo estaríamos às vésperas de um ''Big Brother''( estamos falando do livro ''1984'', de George Orwell, e não dos programas de TV com este nome...)comandado com propósitos ''estritamente comerciais''? Do mesmo modo que se discute os limites legais para comentários na Internet, é preciso repensar quais são os limites do uso de nossos dados ,quando navegamos pela Web, por parte de inúmeras empresas. O futuro é assustador. Impossível não ler uma obra como ''Numerati'', de Stephen Baker'', sem estremecer um bocado com o que já está sendo feito em termos de rastreamento comercial na Internet...Alcnol.
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