Vivi boa parte de minha existência como um homem ''das palavras''. Exceto pelos primeiros anos da infância, quando gostava de conversar com todo mundo e fazer mil perguntas complexas sobre o Univers0- para a agonia de meus pais e dos mais próximos- com o decorrer dos anos rumei em direção a um virtual auto-enclasuramento no mundo das idéias. ''Nossos maiores amigos são os livros'', que estão sempre ao nosso lado, eis uma frase com a qual concordava em gênero, número e grau...No entanto, de uns tempos para cá, descobri na fotografia e neste blog uma espécie de caminho reconciliatório com o mundo...De tímido e cabisbaixo, me transformei subitamente em falador- discorrendo cotidianamente sobre os mais diversos aspectos da existência- e, mais importante, em observador. O mundo das palavras é um excelente refúgio para as mazelas da existência. Lá, somos consolados o tempo todo pelos maiores pensadores que este mundo já possuiu. Ainda continuo sendo um amante incondicional das palavras, ressalto. No entanto, a fotografia me reconduziu para um plano meio esquecido. A fotografia me devolveu o lado externo da vida. Graças a ela, voltei a ser como aquele menino que olhava com atenção para todas as coisas e pessoas, e se encantava com as coisas diferentes, originais. Isto é, no fundo, uma ''molecagem''- reconheço. Destacar algo insólito, engraçado, belo, histórico, tudo isto passou a fazer parte do meu dia- e a grande cidade é um excelente laboratório: não para de fornecer-me, cotidianamente, os mais diversos materiais que compõem o fundo desta atividade blogueira...''Moleque'', ''criança'', ''irresponsável'', ''inconsequente'', ''questionador''- estas palavras, inseridas neste contexto que descrevemos- soam menos como ofensas que como pequenas prendas...Buscar algo que nem sabemos o que é, desenvolvendo um projeto que- no fundo- não passa de um blog ''em eterno movimento''( tentanto acompanhar um pouco o ritmo da existência moderna), é algo que nos dá um prazer imensurável por um simples motivo: graças a isto fizemos a ponte entre o pseudo-intelectual da meia-idade e o menino, com predominância nítida deste último...Alcnol.
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