Em uma outra postagem, eu citei o livro de Henry Miller ''Os livros da minha vida''. Porém, como as menções foram numerosas, e os trechos escolhidos de trás para frente da obra, diversos trechos interessantes foram suprimidos na ocasião. Motivo pelo qual estamos novamente abordando este assunto. Interessa-nos, especificamente, o que ele diz sobre a leitura. Ou melhor, do alerta que Henry Miller, um escritor, faz sobre o risco do ''excesso de leitura''. Vejamos: ''Dei-me conta de que vinte a trinta mil livros( uau! este comentário é nosso...)é uma média razoável para um indivíduo culto do nosso tempo. Quanto a mim, ainda que possa estar a incorrer em erro, duvido que tenha lido mais de cinco mil''( p. 148). Esta outra citação de Henry Miller, de uma frase de Miguel de Unamuno, se aplicaria perfeitamente à nossa atual verborragia veiculada pela Internet: ''Todos os dias, diz Miguel de Unamuno, acredito menos na questão social, na questão política, na questão moral, e em todas as questões que as pessoas inventaram para não terem de enfrentar resolutamente a única questão real que existe: a questão humana. Desde que não a enfrentemos, tudo o que nos limitamos a fazer é produzir um tal ruído que simplesmente não a podemos ouvir" (p.141). É, como vocês podem constatar eu estou retrocedendo. As páginas vão recuando: 148, 141...Nesta hora, o escriba amador que sou se transforma em mero ''catilógrafo''. Nosso único trabalho torna-se o de escolher, aqui e ali, os trechos mais marcantes da obra deste gênio, e reproduzí-los neste espaço. A maior frustração de qualquer aspirante a escritor é justamente esta, a de pensar: ''por que diabos eu não escrevi isto?''. Mesmo o gigante Henry Miller assume, por vezes, o papel menor de dar voz aos sábios que o precederam, ou foram seus contemporâneos. No fundo, há uma sensação de que, aqui, em todo este trabalho de reflexão desenvolvido séculos afora por escritores, filósofos, artistas, juristas, sábios espirituais, há um sentido maior de UNIDADE, de CONEXÃO. Está tudo INTERLIGADO, e nós podemos escolher interagir, por meio do pensamento, com quaisquer destas figuras todas. Mesmo que nosso papel se resuma a citar o que de melhor elas fizeram...A maior mensagem do livro de Henry Miller , a meu ver aquela que sintetiza toda a obra, é a que se segue: ''(...)Neste momento, um impulso irresistível leva-me a dar um conselho gratuito. É o seguinte: LEIAM O MENOS POSSÍVEL, MENOS QUE O POSSÍVEL! ( nosso grifo). É certo que invejei aqueles que se afogavam em livros. Também eu desejaria secretamente ler até o fim todos os livros que acalentei durante tanto tempo no meu espírito. Mas sei que não é importante. Estou agora consciente de que não precisava ter lido NEM UM DÉCIMO( nosso grifo)do que li. A coisa mais difícil na vida é aprendermos a fazer apenas aquilo que é extremamente vantajoso e vital para o nosso bem- estar''( p.26). Conselho difícil de seguir este...Mas o mestre está, mais uma vez, certo...Difícil também resistir à tentação de citar mais alguns trechos desta bela obra. Porém, o principal está aqui. A tarefa está concluída. O livro- ''Os livros da minha vida'', Henry Miller, Ed.Antígona- tem muito mais, é o que queríamos dizer como conclusão. Henry Miller tem também o mérito de me fazer despertar para a obra de Krishnamurti, mas isto é tema para um outro ''post''...O que Krishnamurti diz sobre ''o observador''...Me aguardem...
Nenhum comentário:
Postar um comentário