sábado, 29 de novembro de 2008

Voltando ao Cisne Negro...

A Revista ''Exame'' que acaba de chegar ás bancas estampa na capa uma pergunta: ''Para que servem os analistas''? Uma explicação: refere-se aos caros analistas pagos por instituições financeiras para prevenir riscos...Antes de comentarmos a interessante matéria de ''Exame'', voltemos ao livro ''A Lógica do Cisne Negro'', de Nassim Nicholas Taleb, incrivelmente publicado bem antes da atual crise financeira que varre os mercados mundo afora...Na obra, o libanês Nassim Taleb afirma que ''a Guerra no Líbano e a quebra da Bolsa de 1987 pareciam fenômenos idênticos. Ficou óbvio para mim que quase todos tinham um ponto cego mental( nosso grifo)que os impedia de reconhecer o papel de tais eventos: era como se não fossem capaz de ver esses mastodontes ou como se esquecem deles rapidamente. A resposta estava debaixo do meu nariz: era uma cegueira( grifo do autor)psicológica, talvez até mesmo biológica. O problema não estava na natureza dos eventos, e sim na maneira como os percebíamos''( nosso grifo)(página 52). Vejam ainda este trecho da interessante obra, que se aplica inteiramente à situação em que vivemos: ''Mais tarde, revendo os eventos do período de guerra em minha memória enquanto formulava minhas idéias sobre a percepção de eventos randômicos, desenvolvi a impressão predominante de que nossas mentes são maravilhosas máquinas de explicações(nosso grifo), capazes de atribuir sentido a quase tudo e de acumular explicações para todo tipo de fenômenos, e geralmente incapazes de aceitar a idéia da imprevisibilidade(...)Os eventos eram inexplicáveis, mas pessoas inteligentes pensaram ser capazes de oferecer explicações convincentes para elas- DEPOIS DO EVENTO( nosso grifo).Além do mais, quanto mais inteligente for a pessoa- melhor soará a explicação(...). O MAIS PREOCUPANTE É QUE TODAS AS CRENÇAS E RELATOS PARECIAM LOGICAMENTE COERENTES E ISENTOS DE INCONSISTÊNCIAS( nosso grifo- página 39). Exemplo de imprevisibilidade é isto: não conseguir voltar à letra normal após o início deste trecho. O principal aí está na expressão ''máquinas de explicações'', no trecho ''depois do evento'' e na última frase, mas acabei destacando involuntariamente tudo...Nassim Taleb enfatiza em um subtítulo deste mesmo capítulo: ''Ninguém sabe o que está acontecendo''...Eis mais um trecho, em que ele faz uma crítica implícita aos tais ''analistas de mercado'': ''A incapacidade de se fazer previsões em ambientes sujeitos ao Cisne Negro( OBS: ao imprevisível, ao extraordinário...), aliada à ausência geral de consciência dessa condição, significa que certos profissionais, apesar de acreditarem serem experts, na verdade não o são. Com base em seu registro empírico, eles não sabem mais sobre a própria área de estudos do que a população geral, MAS SÃO MUITO MELHORES EM NARRAR- OU, AINDA PIOR, EM IMPRESSIONAR COM MODELOS MATEMÁTICOS COMPLICADOS(nosso grifo). Eles também são mais inclinados a usar gravatas''( página 19). E também tendem, como se poderá ver nos comentários ao artigo de ''Exame''- que, por motivos técnicos, para não alongar demais este post, serão feitos no próximo texto- a agir em bando, como uma manada, com medo de tomar decisões que os coloquem em um plano diverso e oposto ao da maioria... Alcnol.

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