A Folha bem que tentou e, além de um caderno exclusivo sobre as eleições americanas, ainda dedicou boa parte do suplemento ''Mais'' ao tema. Mas o melhor deste final-de-semana nos jornais é, sem dúvida, o debate entre o economista Eduardo Gianetti da Fonseca e o psicanalista Tales Ab'Sáber- que inaugurou a série ''Diálogos Aliás'' do jornal ''O Estado de São Paulo''. O tema? Claro que só podia ser a Crise Econômica...A seguir, alguns trechos( a fonte é o ''Estadão'' de domingo, 02/11): ( Gianetti)- ''Mas eu insisto. Por que o reconhecimento do outro hoje está tão calcado nos valores do econômico, da posse, do consumo, da ostentação? Os gregos tinham ciência, filosofia, estética, e nunca se preocuparam em mobilizar o conhecimento científico para assuntos econômicos. Na Idade Média, a vida era organizada em torno da religião. O modo contemporâneo é a busca da aprovação por meio da métrica econômica. A tentativa de suprimir isso levou a desastres no século 20. Talvez os países mais apegados hoje ao mundo material sejam exatamente aqueles nos quais se buscou reprimir esse anseio de reconhecimento pelo sucesso econômico. Na Rússia, onde estive recentemente, fiquei chocado com o poder do dinheiro no comportamento humano''. ( Nossa observação: nesta recente ''Mostra Internacional de Cinema'' ,ocorrida em São Paulo, era incrível a recorrência do tema dinheiro por trás dos mais diversos conflitos humanos. Em um filme italiano, só se pensava ou falava sobre isto...Um personagem chegou a afirmar que, ''se você não tem dinheiro neste país, é como se você fosse igual aos imigrantes...''). Continuando os diálogos do ''Aliás'', Ab'Sáber afirmou que ''o que tenho visto no consultório é que a crise ainda não alcançou a vida real, está distante da realidade das pessoas. Elas se ''desresponsabilizaram'' de tal modo que, apesar de saberem que existe uma crise, isso se torna problema dos governos ou dos senhores do dinheiro e, portanto, não existe. É uma negação. As pessoas aprenderam a não ser sujeitos dos processos históricos que as envolvem. Elas só passam a se envolver quando perdem o emprego, por exemplo''. A FACE INJUSTA: (Ab'Sáber)- ''A grande injustiça dessa crise é uma questão de política macroeconômica. É o Estado mobilizando massas de dinheiro para salvar empresas privadas para que elas se reponham na mesma ordem. Posso perguntar: Por que não dão dinheiro para mim?''. (Gianetti)- ''Concordo. Enquanto os bancos ganhavam uma fortuna, os lucros eram privados. Quando se tem prejuízo, socializa-se. Tem alguma coisa eticamente errada aí''. ( Nossa observação: Mais grave ainda é quando se toma conhecimento- a informação é do ''Mais'' da Folha de São Paulo- que uma nação como os EUA gasta cerca de 40% de todos os seus recursos na área de Defesa. São cerca de U$560 Bilhões de dólares por ano, sem contar a conta salgada de mais de U$ 1 Trilhão de dólares para salvar o Mercado Financeiro local. Isto é ou não é a tão condenada ''redistribuição de riquezas'' mencionada por McCain? Só que ''às avessas'', tirando de áreas vitais como a saúde, a educação, auxílio aos sem-teto...). Voltando ao debate do economista com o psicólogo: ( Gianetti)- ''Capitalismo é uma substantivação do sistema econômico que o torna sujeito de alguma coisa. O sistema econômico não age, não decide. Dizer que o capitalismo fez isso ou aquilo, impõe isso ou aquilo...É preciso tomr cuidado para não tornar sujeito uma abstração. O único sujeito que conheço é o indivíduo''. Ainda Gianetti- ''De repente houve a percepção de que um pedaço desse mundo era pó. Os investidores se desequilibraram. Aí, veio o Estado e colocou uma rede de proteção embaixo, para que isso não se torne um desmonte completo. Não só na economia, mas na vida em geral, nós subestimamos a insegurança do mundo. Talvez não seja de todo mal fazer isso, porque se nos déssemos conta da precariedade das coisas com as quais contamos, nos deprimiríamos para valer''( nosso grifo). Ignoramos os ''cisnes negros'', na realidade...Ab'Sáber- ''A ideologia de todo o poder e de toda a existência pelo hábito de consumir deixa as pessoas doentes, tanto do ponto de vista dos que tem dinheiro quanto dos que não têm. Os que têm, perdem todos os parâmetros de valores humanos, os que não têm se despedaçam nessa tensão''( nosso grifo). Gianetti- ''Acho que a crise virá, mas ela será imposta por crises ambientais. Essa é a minha intuição. A humanidade vai caminhar para situações agudas de desequilíbrio climático e ambiental, e aí o imperativo de encontrar outras formas de organizar nossa existência na sociedade vai se impor de maneira muito mais sofrida e violenta. Vai ser pelo caminho da dor, da calamidade, da maneira mais custosa, mais burra. Infelizmente''( nosso grifo). Tristes palavras. Mas, pelo que temos feito até agora, alguém poderia dizer o oposto??? Alcnol.
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