Na última sexta-feira, assisti ''Trato é trato''( comédia mórbida britânica)no Cine Bombril 1- do Conjunto Nacional- pensando tratar-se de um ''aperitivo'' antes da grande atração da noite: ''Sinédoque- Nova Iorque'', a ser exibida no Bourbon Pompéia. E montei uma verdadeira ''operação de guerra'' para garantir o meu lugar. No entanto esta obra dirigida por Charlie Kaufman- o roteirista do memorável ''Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças''- e protagonizada por Philip Seymour Hoffman lembra mais aquelas peças de teatro repletas de atores de TV: piadinhas raseiras e prontas, para o riso ''fácil'' da platéia...Após alguns intermináveis minutos disto, até mesmo a fórmula começa a desgastar-se. Os risos começam a diminuir, a estória parece ''cerebral'' demais e inverossímil- quebrando os nossos laços com a magia da sétima arte...No entanto, e creio que esta foi a reação de muitas pessoas na platéia, a gente fica ali, esperando que algo ''genial'' brote de repente da cabeça do diretor/roteirista. Foram intermináveis minutos, em um cinema lotado e com o ar refrigerado desligado, até perceber que a estória- sinteticamente descrita no Guia da Folha de São Paulo do seguinte modo: ''Diretor teatral escreve uma peça baseada em sua vida de fracassos, na esperança de reviver momentos, recuperar emoções e, quem sabe, mudar alguns detalhes''- era só aquilo mesmo. Gostamos do cinema pelo seu lado ''fake'' de realidade reconstruída, idealizada. No entanto, o ''pacto'' que celebramos com cada Diretor que vem a público mostrar o seu trabalho é no sentido de que o ''fake'' deve ser, ao menos, disfarçado para se tornar mais palatável...''Sinédoque- Nova Iorque'' é, infelizmente, um desperdício de ótimos atores- com a ressalva de que Philip Seymour lembrou mais seu personagem caricato e chato de ''Capote'', com verdadeiros ''tiques'' repetitivos ao interpretar- um verdadeiro exemplo do pior que o chamado ''cinema alternativo'' norte-americano pode oferecer. Admito, claro- uma vez que o cinema não é uma ''ciência objetiva''- opiniões em contrário. Só me arrependo de uma coisa: de não ter seguido o meu primeiro ''impulso'' de deixar a sala nos 30 minutos iniciais...
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